Noah
Depois do almoço eu subi para o meu quarto e arrastei Nour comigo, ela disse que vai me ajudar a escolher uma roupa para o "encontro".
- que tal essa? - mostrei uma calça jeans azul, e uma blusa branca.
- não, muito simples. - ela disse, então me empurrou para trás, e jogou as roupas todas para fora.
- você vai arrumar a bagunça. - falei pegando as roupas e colocando em cima da mesinha.
- que seja. Toma. - olhei as roupas que ela em entregou, era uma calça preta com uma blusa vermelha e um tênis vans.
- o seu senso de moda ficou bem longe, né? - falei enquanto olhava as roupas.
- isso, é estilo. O seu estilo, então você vai assim.
- o que tá acontecendo aqui? Que bagunça é essa? - mamãe entrou no closet.
- foi a Nour que fez a bagunça.
- eu tô ajudando o Noah com o encotro dele. - ela falou e dei um beliscão nela.
- como assim, vai sair com alguém e não me avisou? Quem é? Eu conheço? - eu travei enquanto Nour ria passando a mão no braço.
- er...
- é o Josh.
- eu sabia que o Josh ia entrar pra família. - minha mãe falou me olhando maliciosa e eu corei
- MÃE!
- que foi, meu bebê tá crescendo. Não volta tarde. - ela saiu e Nour continuava rindo.
- se me beliscar de novo eu arranco seus cabelos. Vai tomar banho logo pra não perder a hora.
Ela então saiu do meu quarto e eu fui para o banheiro, tirei a roupa e entrei em baixo do chuveiro. Enquanto tomava banho comecei a refletir em como a minha vida mudou em tão pouco tempo. E fiquei pensando em como tudo só aconteceu por causa de uma mudança de pais, talvez se AQUILO não tivesse acontecido eu não teria que mudar de país e conhecer pessoas tão importantes, pessoas em que eu realmente consigo confiar de verdade, porque eles ganharam a minha confiança. E não se engane, eu não estou agradecendo por ter sido violentado, eu nunca agradeceria por isso, mas agradeço pelo destino ter colocado pessoas tão importantes na minha vida, para me ajudarem a curar uma ferida que ainda não sarou por completo.
Voltei para a realidade e desliguei a água, me enrolei em uma toalha e sai do banheiro, fui até o meu closet e vesti a roupa que Nour separou pra mim, e até que não ficou tão ruim.
Depois de passar perfume e arrumar o cabelo, desci as escadas e mamãe estava sentada no sofá assistindo alguma coisa televisão. Ela sorriu e levantou assim que me viu descendo.
- tá bonito filho, o Josh já chegou? - ela perguntou arrumando a gola da minha camisa.
- ainda não, mas eu queria saber se a roupa tá boa.
- tá ótima filho, foi sua irmã que escolheu?
- sim
- é tão bom ver você se abrindo para as pessoas, deixando os seus amigos entrarem no seu coraçãozinho. - ela falou apontando pro meu peito.
- mãe, não começa.
- Me deixa, eu sou sua mãe e preciso te fazer chorar. Mas é sério, eu fico muito feliz em te ver feliz.
- eu te amo, mãe.
- eu também te amo, meu filho. - nós abraçamos e logo depois a campanhia tocou.
- desligou a Luz?
- ela tava com problemas, vou olhar depois. Quer que eu atenda?
- não, eu vou. - Separei o abraço e abri a porta, Josh se encontrava parado lá com um sorriso tímido no rosto.
- oi. - falei sorrindo.
- tudo bem? Você tá bem? Eu tô bem, você tá bem? - ele se enrolou nas palavras e eu ri mais alto.
- calma, respira.
- desculpa.
- tudo bem. mãe tô saindo. - gritei e ela falou pra não chegar muito tarde. Sai de casa e fechei a porta, Josh começou a andar pela calçada e eu apenas acompanhei ele em silêncio.
- então, a gente tá indo pra onde?
- eu soube que você gosta do por do sol, eu conheço um lugar legal pra ver.
- eu amo o por do sol, quando eu era pequeno a minha mãe levava Nour e eu para ver, a gente sentava no térreo e ficava lá olhando. Era lindo.
- muito lindo. - ele falou me encarando, eu olhei pra ele sorrindo tímido e ele sorriu de volta
[...]
O tal lugar que Josh falou é uma praça, onde várias crianças estão brincando e alguns idosos estão se exercitando. Josh comprou sorvetes para a gente, mesmo eu dizendo que não precisava, e agora estamos sentados em um dos bancos olhando para o sol que já se esconde aos poucos.
- sabe, os meus pais nem sempre foram uns monstros. - ele falou depois de um tempo em silêncio. - quando éramos crianças, eles nos traziam aqui, enquanto a Sav cantava, Sofya e eu dançávamos, a gente era uma família tão feliz, e eu não consigo nem imaginar em que dia isso tudo mudou, não éramos apenas crianças, e de repente a nossa pureza foi tomada. - uma lágrima escorria pelo seu rosto e eu me aproximei colocando o sorvete em cima do banco e puxando ele para um abraço.
Eu sei o que ele sente, porque foi o que eu senti durante esse tempo. Eu não era mais uma criança, mas eu ainda pensava como uma, eu não tinha noção da maldade das pessoas, e acabei me dando mal, nós não temos culpa por ser tão ingênuos.
- Josh, eu sei o que você sente, sentir que seu corpo vai estar sempre sujo, mesmo que você tome um banho a cada dois minutos. Mas você não teve culpa, você só confiou na pessoa que deveria te proteger, e foi ferido. E ele pode ter morrido, mas você não, você ainda tá vivo e precisa deixar que as pessoas que te amam cure essa ferida que você guarda no coração. Eu também tenho essa ferida, mas vocês estão conseguindo cura-la, aos poucos.
- vocês?
- Sofya, Sav, Nour, Shiv, Krys, você, e até o Bailey, porque vocês conseguiram restaurar a parte boa de mim que morreu naquele dia.
- Noah, eu ia te dizer que eu gosto de você. Mas eu sou tão quebrado que tenho medo de te machucar, de te fazer sofrer, e eu não posso te fazer sofrer, porque você é muito precioso.
- então eu tenho uma notícia nada boa pra você, eu também sou muito quebrado. - ele riu baixo - e se a gente se concertar? Talvez as peças quebradas de um, se encaixe na do outro e a gente consiga concertar duas pessoas, em uma só.
- você me faz bem, Noah Urrea.
- você me faz bem, Josh Beauchamp.
O sol se escondendo no horizonte, nossos rostos frente a frente e se aproximando mais a cada segundo, olhos fechados, lábios encostando...
Senti sua boca encostar na minha e me entreguei ao seu beijo, seus lábios são macios com uma nuvem, talvez isso seja um sonho, e eu não quero acordar. Separamos o beijo por causa da falta de ar e ele entrelaçou nossos dedos.
- é o seu primeiro beijo? - ele perguntou
- é... - respondi tímido.
- quer o segundo? - balancei a cabeça em consenso e nos beijamos novamente
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𝚂𝚊𝚟𝚎 𝙼𝚎 𝙵𝚛𝚘𝚖 𝚃𝚑𝚎 𝙳𝚊𝚛𝚔𝚗𝚎𝚜𝚜 - 𝙽𝚘𝚜𝚑 ( Livro 1)
Fiksi Penggemar" Salve-Me Da Escuridão." Nosso passado é algo que só cabe a nós mesmo, assim como nossas vidas. Em todos os caminhos que tomamos, deixamos rastros, marcas que por ali passamos. Se o seu passado é algo escuro, tome cuidado, pois uma hora ele vai vo...