Me remexo e faço uma careta. Meu pescoço dói, assim como as minhas costas. Estou deitada em algo duro mas macio e quente ao mesmo tempo, é meio confuso. Abro os olhos lentamente e coço o olho direito. A primeira coisa que eu vejo é um tecido preto de algodão, onde eu estava deitada. Coço o meu olho novamente e olho para cima. Salvatore está dormindo tranquilamente embaixo de mim, seus cabelos negros estão os revoltos e a sua boca como sempre está com um tom avermelhado, como se tivesse acabado de beijar.
Eu não faço ideia do que estou sentindo por ele. Quando na conhecemos tudo o que eu sentia era raiva e medo, depois foi confusão e agora eu não sei dizer o que sinto, não sei dizer com total certeza o que eu sinto por ele, só sei que a cada dia que passa eu desejo mais a companhia dele.
Depois do que houve ontem na cozinha eu e a Anna decidimos ver um filme e o Salvatore ficou conosco. Ele só volta para o trabalho amanhã então ficamos todos juntos vendo filme no enorme sofá da sala de televisão. A Anna ficou deitada na outra extremidade enquanto eu e o Salvatore ficamos juntos. Ele se deitou contra o encosto do sofá e me fez deitar em suas costas. Ficamos algum tempo vendo o filme, era muito legal, escolhemos Hush A morte ouve. Eu já tinha visto outro trabalho dessa atriz que faz a principal do filme, a série A Maldição da Residência Hill, também tem a Maldição da Mansão Bly, tinha visto em meu tempo livre alguns episódios mas infelizmente não cheguei a terminar, isso é algo que eu pretendo corrigir.
Salvatore se remexe debaixo de mim me fazendo acordar dos meus devaneios. Não faço ideia de que hora seja mas está escuro lá fora. Olho novamente para o rosto dele e vejo os seus olhos piscando lentamente, ele está acordando. Sorrio e faço carinho em seu peito, ele sorri com o meu gesto e usa a mão esquerda para coçar os olhos.
- Oi. - cumprimento de forma tímida e apoio o meu queixo no seu peito.
- Oi meu amor. - ele cumprimenta de volta. Seu sorriso nunca vacilando. - Que horas são? - pergunta após um tempo de silêncio.
- Não sei, mas já é noite. - respondo olhando para a janela. Salvatore segue o meu olhar e suspira.
- Vamos, temos que comer algo antes de ir para o quarto. - ele fala e eu me levanto do seu peito. Já de pé me espreguiço e vejo quando ele se levanta também. - Chame a Anna, vou providenciar nosso jantar. - ele fala enquanto arruma a sua camisa que tinha subido. Pisco algumas vezes e desvio o meu olhar do seu abdômen trabalhado. Olho para a Anna e solto uma risada ao ver a posição nada confortável que ela se encontra, até parece estar possuída. Um braço está atrás da cabeça todo retorcido, me pergunto se está deslocado. O outro está embaixo do corpo e as pernas estão espalhadas pelo sofá, uma esticada e a outra está repousada no encosto do sofá. Como ela foi parar desse jeito meu Deus?
- Não sei, ela me parece muito confortável. - comento rindo. Ele olha para a Anna e acaba rindo também. Ela está tudo, menos confortável. - Tá bom, vai lá providência a janta que eu vou acordar a menina do exorcista. - ele ri novamente com o meu comentário e segue em direção a cozinha. Me aproximou da Anna e me sento ao seu lado no sofá. Ela está ressoando baixo e, agora de perto, eu consigo ver um fio de baba saindo da sua boca, isso me faz rir de novo. - Anna. Anna é hora de acordar. - chamo a sacudindo levemente. Anna resmunga e se vira para o lada oposto que eu estou. - Anna. - chamo novamente e a sacudi com mais força.
- O que? - ela pergunta com a voz baixa e rouca e coça o olho direito.
- Vamo. Já é noite. O Salvatore foi providenciar a janta para nós irmos dormir. - falo e me levanto do sofá quando ela começa a de virar de barriga pra cima.
- O que vai ter de janta? - pergunta fazendo uma careta e acariciando a barriga.
- Não sei ainda, mas levante-se, já é tarde e nós precisamos nos recolher. - decreto e sigo para a cozinha. Ouço ela se espreguiçar e o sofá reclamar enquanto se levanta.
Entro na cozinha e vejo o Salvatore mexendo em algumas panelas. Sorrio surpresa ao ver ele fazer a janta como se soubesse cozinhar desde sempre. Esse homem é uma caixa de surpresas. Ele tem empregados, tenho certeza que desde pequeno, já que é filho de pais ricos. É um homem ocupado e cheio de tarefas. Saber cozinhar era a última coisa que eu esperava, achei que ele iria pedir para uma empregada fazer ou que se ele tentasse eu iria chegar aqui vendo fumaça e ele desesperado.
- Onde você aprendeu a cozinhar? - pergunto me aproximando dele e apoio minha mão direito nas suas costas.
- Quando meu pai não estava em casa a minha mãe me fazia cozinhar com ela. Ele achava que cozinhar era coisa de mulheres e que os homens deviam suprir o lar, e que as mulheres deviam cuidar das necessidades dos maridos. - explica com os olhos ainda travados nas panelas em cima do fogão.
- Um pensamento muito retrógrado na minha opinião. - comento fazendo uma careta. Detesto pensamentos assim, de homens ou até mesmo mulheres que acham que a mulher é um ser inferior que tem o seu lugar unicamente debaixo das asas de um homem. O lugar da mulher é onde ela quiser.
- Eu concordo. Não posso mudar as leis da máfia agora, levando em consideração que meu pai ainda é vivo e maior parte dos membros do concelho são velhos com pensamentos retrógrados, mas tenho poder na minha casa e na minha casa a minha mulher não é inferior. Eu sou o rei e você é minha rainha. - ele declara olhando diretamente nos meus olhos e eu sorrio feliz.
- Eu acho que você é fruto da minha imaginação, porque do jeito que você me trata e pensa, não pode ser real. - falo rindo e ele pisca para mim.
- Então você desejava ser sequestrada por um maluco e ser forçada a se casar? Devo ligar para um hospício? - Anna pergunta entrando na cozinha e eu mostro o dedo do meio pra ela.
- Não se meta Anna. - Salvatore ralha e ela apenas gargalha antes de se sentar em um dos bancos da ilha.
- Acho que vou ficar a postos com o meu celular na mão em caso de incêndio. - ela fala olhando para as panelas e coloca o celular em cima da ilha. É a mina vez de gargalhar ao ver o olhar mortal que o Salvatore lança para a irmã.
Balanço a cabeça negativamente e começo a arrumar a ilha para nós jantarmos. Anna continua com duas provocações com o Salvatore e eu continuo olhando a pequena discussão dos dois.
- Quando vamos começar o treinamento? - pergunto quando eles param de provocar um ao outro. Ele desliga a última panela e se vira de frente para mim.
- Tenho algumas coisas para resolver agora, mas podemos começar na quarta-feira, na academia daqui de casa. - ele fala e eu confirmo com a cabeça.
- As sete da manhã? - pergunto e ele confirma. Colocamos as panelas na ilha e o resto da janta foi feita em meio a conversas e risadas. Uma sensação estranha se apoderou do meu peito de repente, como se esses momentos estivessem prestes a acabar, e isso me deixou assustada.
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Nas mãos de um mafioso
RomanceSabe aquele momento em que você está no fundo do poço e acha que a sua situação não pode piorar? Pois bem, me deixe dizer que na verdade você pode cavar para ir ainda mais fundo. Eu já estava morrendo de fome, largada na rua sem ninguém para me ajud...