Estamos a caminho do lugar em que o Giovanni e a Alessandra estão sendo mantidos e eu não poderia estar mais nervosa. Da última vez que eu os vi o Giovanni estava me surrando e a Alessandra dizendo como iria conquistar o meu marido quando eu morresse, o que não aconteceu graças ao Salvatore.
Eu preciso dizer a ele que eu o amo, da última vez que eu deixei por isso eu quase morri sem poder dizer a ele e eu não quero que isso aconteça. Eu preciso falar e ele precisa ouvir. Eu odeio a forma como nos conhecemos, mas olha onde chegamos, eu amo esse mafioso obsessivo e louco, eu sei que algumas pessoas podem pensar que é síndrome de Estocolmo¹ mas não é, eu nunca tentei me identificar com o Salvatore, nunca tentei achar uma desculpa para o que ele fez ou suavizar a situação. Ele nunca desistiu, tentou me conquistar desde o início, nunca desistiu de me conquistar e sempre demonstrou carinho e afeição, algo que mais ninguém viu dele até eu chegar, ele mudou e eu sei disso. Do jeito que ele era quando eu cheguei, sempre grosso ou impaciente com os seus subordinados, ele mudou e muito.
Sou tirada dos meus pensamentos com o carro freando em frente a um prédio de cimento sem janelas e com uma porta de aço fundido. Salvatore desce primeiro do carro e da a volta para abrir a porta para mim. Sua expressão é temerosa. Eu sei que ele não queria que eu viesse aqui, tivemos uma discussão essa manhã sobre eu vir aqui onde ele deixou claro que achava uma má ideia, mas como ele prometeu apoiar as minhas decisões ele resolveu deixar, porém vir comigo. Eu não iria querer vir sozinha mesmo. Mesmo com os seguranças eu ainda sinto medo do Giovanni por tudo o que ele fez. Além de sentir raiva também daquele doente.
Caminhamos lado a lado pelo chão de cimento até a porta de aço. Salvatore passa por mim para destrancar a porta, quando o faz da um passo para o lado para que eu passe. Fico alguns segundos apenas parada, olhando para a porta, tentando tomar coragem de dar um passo a frente pra finalmente entrar. Respirando fundo, tomo coragem e entro. Salvatore me segue em seguida e tranca a porta novamente. Olho em volta e faço uma careta. O lugar, assim como do lado de fora, é de cimento puro, não há janelas e apenas uma luz amarela ilumina o ambiente. Bem a minha frente há uma porta de ferro assim como a da entrada. Eles com certeza estão atrás daquela porta, há apenas duas portas nesse lugar e eu passei por uma delas. Olho para o Salvatore e ele me dá um olhar confiante, me dando coragem para continuar. Ele abre a próxima porta e tudo o que eu vejo é o escuro, até que ele aperta um botão e a luz se acende. A visão que eu vejo me deixa assustada. De um lado está Giovanni e do outro Alessandra, os dois estão machucados e sangrando. O chão e as paredes do lugar tem machas escuras e respingos de sangue, as manchas eu sei que são de sangue seco porque tem um tom de vermelho muito escuro, quase preto. Uma mesa está porta entre os dois, encostada na parede, nela há várias ferramentas, como serrote, alicate, martelo e várias outras que eu sei que são tortura. Nem quero imaginar em como eles usariam elas.
Um movimento chama a minha atenção, Giovanni está acordando, sua cabeça está balançando levemente e ele solta um gemido. Ele levanta a cabeça levemente e pisca os olhos repetidas vezes. Primeiro os seus olhos travam em Alessandra à sua frente antes de olhar para mim e o Salvatore na porta. Ele faz uma careta mas logo em seguida um sorriso debochado se abre em seus lábios.
- Ora ora, se não são meu filho querido e sua vadia. - ele fala zombeteiro e cospe no chão. - Eu tentei te ajudar me livrando dessa vagabunda e é assim que você me trata filho? - ele pergunta falando a palavra "filho" com deboche.
Salvatore rosna e caminha até o Giovanni, acertando um soco no queixo dele. Giovanni geme e movimenta o maxilar.
- Tentando me ajudar? Você esqueceu as regras da máfia? As regras que você ajudou a mater durante seus anos de comando porra! - Salvatore grita furioso e da outro soco na cara do pai. Olho assustada pra ele, eu sei que ele vai fazer pior que dar alguns socos no Giovanni mas ainda sim, vê-lo nesse nível de raiva me assusta um pouco. - Você chama de me ajudar, sequestrar a minha mulher e o meu filho e bater nela? - ele rosna furioso, seu rosto está vermelho, como se a qualquer momento ele fosse explodir.
Giovanni fica branco por um segundo, logo ele fica vermelho e seu rosto é tomado por uma expressão odiosa. Seus olhos disparam para mim e ele me olha despejando todo o ódio e desprezo que está sentindo.
- Você é mesmo uma vagabundinha experta não é? Conseguiu dar o golpe da barriga no idiota do meu filho. - ele solta uma risada debochada e cospe sangue no chão. Quando ele volta a olhar pra mim deu olhar tem uma determinação macabra. - Pois saiba que eu vou fugir daqui e a primeira coisa que eu vou fazer vai ser caçar você e esse bastardo e estripa-los. - ele ameaça.
Dessa vez quem caminha até ele sou eu. Uma raiva assassina toma conta de mim ao ouvir o que ele falou sobre o meu filho. Quando chego perto o suficiente eu me abaixo na altura do seu rosto e um sorriso doentio surge em meus lábios.
- Você acha que vai sair daqui? Talvez seu corpo. - falo com deboche. - Você está nos seus últimos dias de vida no máximo e está tentando alongar o tempo? Você traiu a confiança do seu filho por motivos ridículos. Você é um ser humano desprezível que eu fico até feliz em dizer que a terra vai ser um lugar melhor sem você pisando nela. - rosno no seu rosto e vejo ele ficar vermelho de raiva.
Me levanto e olho para a Alessandra que está nos olhando assustada. Não me importo em falar com ela, tudo o que eu queria era olhar uma última vez na cara desse homem desprezível que não exitou em bater em mim e pior ainda, teve prazer com isso. Não quero ser um ser humano ruim que deseja o mal dos outros, mas plantamos o que colhemos e esse homem plantou uma porrada de coisa ruim durante a vida. Olho para o Salvatore que me olha com um misto de surpresa e orgulho. Ele e a Anna são as únicas coisas boas que aquele homem fez.
- Vamos embora? - pergunto e ele confirma com a cabeça.
Caminho na frente dele, tomando cuidado para não bater com os braços engessados na porta. Salvatore me segue para fora trancando as portas atrás dele.
Eu posso estar morrendo de dor, minhas pernas doendo, braço e mais quebrados, pescoço latejando, mas pela primeira vez na vida eu realmente me sinto bem e segura. Não tem mais nada para ameaçar a minha família. Eu estou finalmente bem e segura.
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Nas mãos de um mafioso
RomanceSabe aquele momento em que você está no fundo do poço e acha que a sua situação não pode piorar? Pois bem, me deixe dizer que na verdade você pode cavar para ir ainda mais fundo. Eu já estava morrendo de fome, largada na rua sem ninguém para me ajud...