Mail

1.6K 153 224
                                    

A bebida desceu por sua garganta, gerando a queimação costumeira. Ele adorava, não mentiria. Não era, simplesmente, um hábito que criado tentar impressionar outros homens. Ele havia pegado o gosto para bebida alcoólica havia muito tempo. Agora, era tarde demais para abrir mão dela. Aonde quer que fosse, ele estaria bebendo.

Fora uma decisão que tomara para a sua vida

Assim como aquele emprego.

Ser guarda costas da máfia era perigoso e excitante, como havia sonhado na juventude. Mas a parte entediante nunca esteve presente em seus . Ficar esperando, em pé, enquanto os superiores dialogavam, riam, se xingavam ou até mesmo se matavam era tão chato quanto aa aulas de sociologia que tivera no ensino médio.

A bebida era a sua única companheira naqueles momentos. Sexo era bom, óbvio. Mas prostitutas lhe distraiam com suas línguas habilidosas. Ele tinha que se manter atento. Estar sempre preparado fazia parte do seu emprego. E mesmo que os chefes presentes fossem todos muito fiéis uns aos outros, ele tinha que estar atento. Ele fazia parte da máfia. Estava acostumado com traições e ataques pelas costas de quem menos se espera.

No entanto, ele não era o único guarda costas de seu líder. Muito menos o favorito. Ele, se quer, era para estar ali. Fora convocado como mão de obra extra apenas por estar a conversar com um dos guarda costas favoritos do líder no momento em que eles decidiram sair para a reunião.

Ele odiava aquelas reuniões. Eram sempre tão diplomáticas. Cheias de conversa, enrolação e risadas escandalosas sem motivo nenhum. Preferia mil vezes as ocasiões em que se reunião para torturar ou matar alguém. Eram mais divertidas. Os gritos de desespero, os clamores inúteis por piedade e as expressões cômicas... Tudo aquilo era uma boa ideia de entretenimento para si.

Quando soube que as famílias se reuniriam em uma casa noturna no sub-solo, ficou animado. Haviam dois lugares em que eles poderiam realizar tortura nos Estados Unidos: propriedades privadas de tamanhos consideráveis; ou boates bastante movimentadas. O primeiro, fornecia a privacidade que um grande espaço poderia ter; o segundo fornecia som alto constantemente, abadando os acontecimentos que aconteciam em particular nos bastidores da casa noturna.

Os chefes das oito facções presentes no local gargalhavam ao zombar de algumas facções rivais. Três deles eram japoneses, um era italiano, e outros dois americanos. Conversavam sempre transitando entre as línguas, uma vez que dominavam as três muito bem, devido aos negócios. Haviam se reunido para debater sobre os negócios, mas, agora, jogavam o tempo fora com conversas sem valor algum.

Toshiro olhou para baixo, através as janela do camarote reservado para eles, encarando toda a multidão que pulava, bebendo e se drogando, ao som da música eletrônica tocada pelo DJ com máscara de animal. Nunca gostou daquele tipo de ambiente. A única coisa que, algum dia, lhe motivara a entrar em uma boate americana, era a bebida. E então, a sua atenção fora chamado pelos líderes e a sua conversa.

- vamos falar sério, agora. A liderança da Nemus pode ter sido muito jovem. E a Nemus pode ter durado pouco. Mas os nossos negócios decolaram com ela por perto – comentou o americano de cabelos louros levando o charuto aos lábios.

O italiano meneou em concordância.

- ainda não sabemos quem a traiu – ditou o japonês mais velho com seriedade.

- sabemos que não foi nenhum de nós. E a polícia não descobriu nada sobre o atentado –

- o pior é que eu via futuro na garota –

- eu vou ao banheiro – murmurou para um dos guarda costas de seu chefe, começando a se retirar do camarote.

Assim que fechou a porta, fora recebido pela bagunça do corredor, onde algumas pessoas de outros camarotes se encontravam aos beijos ou risos. Desviando de todos com certa paciência, o homem asiático acabou por se distrair com uma discussão entre dois homens. Ele gostava de encrenca e de analisar ela. Podia perceber, claramente, que daquela discussão sairia uma briga física e que o louro apanharia do moreno, antes de puxar sua arma da cintura. Em meio a sua análise, o homem acabou esbarrando em alguém.

Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora