Alexander adentrou a sala com naturalidade, embora se encontrasse animado. Já fazia algum tempo que o garoto vinha se mostrando comunicativo. Embora ele não lhe fornecesse as informações que queria, ele, pelo menos, começará a conversar. Seria questão de tempo para que a criança começasse a se abrir consigo.
O homem de olhos verdes, cabelos escuros devidamente cortados e pele bronzeada se sentou em uma das cadeiras metálicas do pequeno ambiente. A sala de interrogatório era se encontrava vazia, ainda. O garoto, geralmente, era colocado ali depois que os responsáveis prla condução do interrogatório chegavam. A porta se abriu e Alexander olhou por sobre os ombros, vendo um homem relativamente alto, pele escura e chapéu adentrar o ambiente com três copos de café em mãos.
- cheguei cedo? – questionou Alan vendo o moreno de olhos verdes negar ckm a cabeça.
- estão indo buscar o garoto – respondeu o Hale mudando o olhar do colega de trabalho para a câmera ao seu lado.
- pra quê o café? – indagou Alexander enquanto se erguia e se aproximava da câmera, verificando se a mesma estava pronta.
- achei que não seria uma boa ideia chegar de mãos abanando – respondeu o Deaton colocando um café diante de cada uma das cadeiras.
Alexander franziu o cenho para os copos.
Ele não podia evitar, muito menos negar. Estava ficando paranoico nos últimos dias. O caso Alice estava mexendo consigo mesmo depois de parcialmente resolvido. O garoto estava preso. O culpado estava atrás das grades, os crimes misteriosos envolvendo cartas de baralho e mortes brutais finalmente haviam parado. Então, por que? Ele se questionava. Por que continuava tão paranoico quanto quando havia descoberto a identidade do verdadeiro culpado por tudo?
Talvez tenham sido todos esses momentos de diálogos com Alice. A criança havia colocado em sua cabeça a sensação de insegurança. O garoto sempre era cauteloso. Analisava todos que adentravam aquela sala minuciosamente; rejeitava comidas e bebidas entregues por alguém que não fosse Alexander, sempre questionando a origem do alimento para o Hale. O garoto de longos cabelos castanhos lhe disse, quando questionado o motivo de tanta desconfiança, que um gato poderia se voltar contra o dono com um sorriso no rosto quando ameaçado, mesmo eu tivesse sido criado por ele desde o nascimento.
“Cuidado com quem você confia, senhor Hale. As vezes, tudo o que um louco precisa para se passar de são, é um chapéu onde esconder as suas afronesias”
As palavras do garoto ecoaram em sua mente.
O som das correntes se arrastando pelo corredor alcançou a sala, chamando a atenção dos dois homens. O local eram bem equipado para abafar o som ali dentro. Se o som das correntes se arrastando pelo chão havia adentrado aquela sala, significava que o garoto algemado já se encontrava na entrada da sala. Os dois homens apenas tiveram tempo de olhar para a porta. A mesma se abriu revelando um oficial, que escoltava a criança até a sala, sendo acompanhado de outro policial. Ambos estavam armados com os cassetetes em mãos, indicando o quanto queriam repreender qualquer atitude indevida da criança.
Alexander, ainda no alcance da câmera, sorriu para o garoto de cabelos castanhos, que sorria minimamente. Um sorriso orgulhoso. Os olhos do garoto se moveram de Alexander para a presença parada ao lado da porta. Quando o seu olhar caiu sobre o homem, o seu sorriso morreu, surpreendendo Alexander e Alan.
- o que ele faz aqui? – inquiriu Alice enquanto caminhava para o seu lugar, já colocando as suas correntes no lugar em que seriam presas para limitar a sua movimentação.
Alan desviou o olhar para Alexander, que lhe fitou surpreso, antes de balançar brevemente a cabeça, se recuperando do choque da mudança repentina de humor. Coçando a garganta, o Hale recuperou a voz, se aproximando de sua cadeira e se sentando de frente para o garoto. Alan imitou o movimento do colega de trabalho.
- Alice, este é...
- Agente Alan Percival Deaton. Filho de Hippies, o orgulho da família. Não tenho muitas informações dos sua família, mas tenho certeza que não deve ter muito a acrescentar, estou certo? Afinal, você é o único deles que me interessa – Alice cortou o Hale em sua apresentação, demonstrando identificar o homem a sua frente.
- você o conhece? – inquiriu Alexander, surpreso.
- eu conheço cada um dos homens que trabalharam em minha busca. Sei a identidade de cada um deles posso citar alguns nomes, idade, altura, registro de identificação, nome de cônjuges e de pais ou parentes próximos. Eu estou sempre a frente de vocês, Alexander – ditou o garoto antes de lançar um olhar entediado para a câmera.
Alan sorriu.
- imaginei que fosse reagir negativamente a presença de outra pessoa que não fosse Alexander, mas eu não esperava uma reação tão agressiva – o agente Deaton levando o copo de café aos lábios, bebericando do mesmo
- mais uma prova do fracasso de vocês – comentou o mais novo vendo o homem lhe fitar com naturalidade.
- aceita um café? Já que vamos conversar, pensei em deixar tudo mais agradável – indagou o homem vendo o garoto lhe fitar com seriedade.
- não é estranhamente conveniente trazer café para a maior ameaça do seu país no primeiro ida de contato? – inquiriu Alice vendo o homem sorrir ladino.
- sua política rígida de segurança própria é perturbadoramente fascinante – comentou o Deaton vendo o menor sorrir ladino.
- beba – ordenou o garoto, chamando a atenção dos dois
- como? – indagou Alan, surpreso.
- beba do meu copo – explicou Alice vendo o homem franzir o cenho em sua direção.
- está suspeitando que eu envenenei o seu café? – inquiriu o mais velho, vendo o mais novo sorrir ladino
Respirando fundo, Alice se calou.
- então... Alice, vamos continuar? – perguntou Alexander, tentando chamar a atenção do garoto para si.
O garoto nada respondeu. Ele apenas empurrou o copo de café para a frente, o afastando de si.
- e então? Como você dormiu essa noite? – inquiriu o agente Hale vendo o garoto suspirar antes de lhe fitar com seriedade.
- eu não durmo há dois dias, Alexander. Eu apenas deito naquela cama e finjo estar dormindo, para os patetas que ficam me assistindo pelas câmeras – respondeu o garoto de cabelos longos, jogando a cabeça para a esquerda, ajustando a sua franja.
O Hale piscou os olhos alguma vez.
- mas ontem você disse que dormiu bem – alegou o moreno, desconfiado.
- há dias em que consigo dormir, e há dias em que não consigo dormir – argumentou o adolescente antes de lamber os lábios, pacientemente.
- e por que não consegue dormir? – questionou Alan vendo o garoto lhe fitar com seriedade.
- certamente, não é por excesso de café. A minha cafeteira quebrou e ainda não mandaram nenhum técnico na minha suíte para resolver o problema. A hospitalidade aqui é horrível – ironizou o mais novo, venenoso.
Alan, irritado, simplesmente agarrou o copo de café que comprou para o garoto, e bebeu um grande gole do líquido escuro.
- satisfeito? – questionou tampando o copo e o empurrando na direção do garoto.
- não. Agora eu tenho pouco café – respondeu Alice dando e ombros e não se importando com o copo a sua frente.
- por que não consegue dormir? – indagou o agente Hale.
- os outros não me deixam dormir – os dois homens franziram o cenho em sua direção
- outros? – inquiriu Alexander, confuso.
- você está na solitária. Não há mais ninguém com você – rebateu Alan e o garoto sorriu.
- eu nunca estou sozinho, agente Deaton – ditou o castanho levando a mão a própria cabeça, batendo na têmpora com a ponta do indicador algumas vezes.
- está me dizendo... Que há vozes em sua cabeça? – perguntou o agente Hale, surpreso.
- vozes, não. Pessoas. Não sei como entraram, mas são extremamente irritantes – respondeu levando o copo de café aos lábios, tomando um gole do mesmo.
- e o que essas pessoas lhe dizem? – inquiriu o Hale, anotando algo em sua pasta de arquivo.
- nada de útil, na maioria do tempo – disse com tranquilidade, antes de, elegantemente, ajustar uma mexa de cabelo atrás da orelha.
- e eles fazem algo com você? Eles... lhe machucam? – inquiriu o agente Hale, preocupado.
Alice riu, debochado.
- como poderiam? Estão na minha cabeça. Não tem corpo próprio para me ferir. Sem contar que vivem em meu corpo, agora. Me machucar séria machucar eles mesmos – respondeu ainda rindo da ideia absurda do outro.
- Alex, podemos falar a sós por um instantinho? – o agente Deaton chamou pelo companheiro, apertando o ombro do mesmo e se erguendo.
- nos dê um minuto – pediu o Hale já se erguendo.
Os dois adultos se retiraram da sala de interrogatório, deixando apenas o garoto e o guarda que sempre ficava na sala para conter o mais novo, caso fosse necessário. Assim que fechou a porta da dala de interrogatório, Alexander seguiu Alan até a sala onde outros agentes assistiam ao interrogatório, encontrando lá Peter Tate, Chris Argent, Gerard Argent, Marin Morrell e Rafael McCall.
- isso é ruim – afirmou Marin assim que Alan e Alexander surgiram na sala.
- de fato, é péssimo – disse Rafael cruzando os braços.
- ele pode alegar insanidade e escapar da prisão no julgamento - falou o Deaton vendo o Hale suspirar.
- desgraçado – praguejou Chris, cerrando o punho.
- nunca vi uma pessoa tão jovem com uma inteligência incrível e tamanha crueldade no peito – comentou a agente Deaton cruzando os braços sob os seios.
- esse garoto é peça rara. Creio que nunca veremos alguém assim outra vez. Precisamos ser cautelosos – ditou Alan vendo a irmã menear positivamente.
- ele não vai alegar insanidade – disse Peter, ainda com os olhos grudados no garoto de longos cabelos castanhos, chamando a atenção dos outros agentes.
- por que acha isso? – inquiriu Gerard, curioso.
- ele é extremamente inteligente, com habilidades surpreendentes. Alegar insanidade seria como trapacear contra uma criança que acabou de descobrir a existência do jogo. Não há glória ou honra alguma – argumentou o Tate vendo o garoto finalizar o café levado por Alan e começando a brincar com a tampa do copo, a girando na mesa como uma moeda.
- mas esse seria o único jeito de se livrar de ser preso. Seria o único jeito de ele não passar o resto da vida na solitária da segurança máxima antes de ser executado na cadeira elétrica – argumentou Chris vendo o louro abaixar o olhar pensativo.
- é porque ele não quer fugir da prisão. Ele quer ser preso. – ditou Alexander, antes de dar um leve tapa no batente da porta e começar a marchar de volta para a sala de interrogatório.
Alan seguiu o moreno de olhos verdes, adentrando a sala de interrogatório poucos segundos atrás do outro. O assassino que se intitulava Alice encarou os dois homens com seriedade, antes de um sorriso ladino dominar os seus lábios.
- então, podemos falar mais sobre essas pessoas em sua cabeça? – perguntou Alexander, curioso.
O garoto não respondeu.
- como elas se parecem? Se parecem com você? - inquiriu enquanto girava a caneta entre os dedos.
- só uma delas. As outras vocês sabem como são – respondeu com tranquilidade.
- eles lhe forçam? – indagou Alan, curioso.
- como é? – o garoto soou confuso.
- eles lhe forçam a fazer coisas? Como... Machucar os outros? – o agente reformulou a pergunta.
A criança gargalhou.
- acha que eles me forçam a matar os outros? – questionou ainda risonho
- entendo. Vocês se retiraram para reformular uma abordagem. Estavam preocupados que eu alegasse insanidade e escapasse da prisão – comentou o garoto, surpreendendo os três adultos na sala de interrogatório e os outros agentes que estavam assistindo tudo através do espelho da sala.
Os adultos se viram surpresos com a capacidade de raciocínio do garoto envolvendo a lei e as suas brechas. Alice gargalhou baixinho, de forma simpática.
- deixe-me tranquilizar vocês: não, eu não pretendo e nem vou alegar insanidade ao juiz. Não teria a menor graça – ditou com calma e tranquilidade, como uma adulto que debate sobre o clima.
Marin, Chris, Rafael e Gerard desviaram o olhar para Peter.
- de quem você testa fugindo? – indagou Alexander, chamando a atenção de todos de volta para o interrogatório.
Peter se viu surpreso com a pergunta feita pelo cunhado.
O garoto riu.
- estava demorando para que alguém interpretasse dessa forma – ditou o adolescente negando com a cabeça e abaixando o olhar.
- isso é uma confirmação? Se não for, qual é a sua versão da ideia? – indagou Alan vendo o garoto direcionar um olhar entediado para o espelho, amtes de desviar o olhar para a câmera.
- quem assiste a esses interrogatórios? Quem tem acesso a esses vídeos? – inquiriu o castanho com seriedade.
Alexander e Alan se entreolharam.
- nós não temos permissão...
- outros agentes do FBI, Interpol e outros cargos importantes da segurança nacional, o juiz que será responsável por seu caso, o júri e o seu advogado também terão acesso – respondeu Alexander sendo encarado pelo Deaton logo em seguida.
Um sorriso traquino tomou os lábios joviais.
- não adianta mentir. É melhor ser o mais sincero possível com esse garoto – disse o agente Hale vendo o Deaton suspirar e permanecer em silêncio.
- vocês querem saber o motivo de eu querer ser preso? – questionou Alice, chamando a atenção de todos os agentes.
- eu estou deixando as coisas interessantes – respondeu o pequeno de cabelos longos, sorrindo vitorioso.
- como? – inquiriu Alan, confuso.
- qual é a graça de se vencer um jogo se for tão fácil? Então eu decidi vir pra cá, dar alguma vantagem ao adversário – respondeu Alice vendo os dois adultos lhe fitarem com curiosidade.
- jogo? Você acha que estar preso aqui é um jogo? – indagou o agente de pele preta vendo o garoto de cabelos castanhos sorrir debochado.
- vocês são meros passatempos – ditou Alice, surpreendendo o homem.
- você é só uma criança. Não tem noção da verdadeira gravidade da situação. Você se encontra em Alcatraz, a prisão de maior segurança desse país – explicou o homem, com tranquilidade, observando o menor rir brevemente em resposta
E então silêncio.
- dar uma vantagem. Do jeito que falou, parece até que você está caçando alguém. – comentou Alexander e o garoto sorriu vitorioso.
- é um jogo bem divertido. Mas fica bem mais interessante com intervenção externa – argumentou a criança e o homem franziu o cenho.
- a polícia? – inquiriu Alexander.
- a corrida contra o tempo é demasiadamente excitante, não acham? – questionou o garoto, em resposta.
- mas quem você está caçando? – perguntou Alan, tentando arrancar alguma informação útil.
- alguém que merece morrer. Alguém que ajudou a começar isso tudo e agora vai ser o final – ditou o castanho, com seriedade desviando o olhar para a câmera de vídeo, lançando à mesma um sorriso ladino.
- você está se vingando – comentou Alexander, surpreso
- está vendo? É por isso que eu gosto de você, Alex. Você liga os pontos – ditou o garoto sorrindo gentil na direção do mais velho.
- eu só lhe faço uma pergunta – disse Alan, chamando a atenção para si.
O sorriso nos lábios de Alice morreu.
- está valendo a pena? – o homem pronunciou, vendo ao olhos do garoto tomarem um leve brilho surpreso.
O suspiro que escapou dos lábios finos denunciava o quão entediado estava. Os cabelos castanhos já batendo em seu pescoço lhe incomodavam um pouco a pele. Ele tinha mais o costume de ter cabelos compridos. As pontas dos fios castanhos pinicavam um pouco a pele de seu pescoço, gerando o instinto de coçar a região incomodada. O movimento de sua mão em seu pescoço gerou um brilho de luxuria nos olhos do homem sentado a sua frente, por um mísero segundo. O sorriso largo surgiu nos lábios alheio, antes de o homem jogar dois cigarros sobre a mesa.
- eu cubro – disse o homem com macacão laranja de mangas rasgadas, exibindo as suas tatuagens dos ombros, sorrindo, enquanto apoiava as mãos sobre as cartas.
Stiles olhou curiosamente para baixo, analisando bem os dois cilindros brancos com ponta amarelada. O suspiro de tédio que escapou por seus lábios mais uma vez gerou apenas mais um sorriso largo na direção do homem. Desviando o olhar para a pilha de cigarros ao seu lado, o homem de cabelos longos apenas fez com que dois deles rolassem pela mesa, até atingirem o acumulo de apostas localizado sobre a mesa: quatro notas de cinquenta dólares, duas camisinhas e oito cigarros.
O sorriso nos lábios do homem diminuíram. Ele esperava que o castanho fosse recuar diante de sua afrontosa investida. No entanto, o prisioneiro com mangas longas e cabelos castanhos levemente ondulados e bagunçados apenas aceitou a elevação na aposta.
- pretende cobrir? – indagou outro prisioneiro, o qual dava as cartas e apenas assistia a aposta, após perder várias vezes para o homem de cabelos castanhos.
- não – respondeu o louro, incomodado, mas ainda confiante.
O homem girou as cartas, sorrindo, confiante de sua combinação. Stiles olhou com a sua expressão de tédio para as cartas jogadas na mesa, vendo um de Valetes de Copas, acompanhado de um dois de paus. O castanho ergueu as sobrancelhas, levemente surpreso. Era uma boa combinação. Não era das melhores, mas era o suficiente para o homem achar que deveria aumentar suas apostas.
- um full House – ditou o detento responsável por ser o dealer do jogo. Ao combinar as duas cartas do louro com as cinco cartas comunitárias sobre a mesa: dois valetes, um de espadas e outro de paus; um Ás de Paus, um Ás de Ouros e um 8 de espadas.
O Full House era a combinação de três cartas iguais, somadas de um par de cartas iguais. No caso, formado pelo único Valete na mão do homem, somado com os dois valetes e o par de ases da mão comunitária.
- e você? O que tem? – inquiriu o detento remediador direcionando o olhar para o castanho, assim como o louro, que ainda sustentava um sorriso largo.
Pelos vários suspiros do adversário, ele já sabia que a mão do homem de cabelos batendo perto do ombro não era tão boa. Stiles girou a mão com calma, a exibindo para todos.
- Quadra – anunciou Stiles, ainda erguendo as cartas, usando uma voz calma e baixa.
O público explodiu em uma exclamação revoltada . O homem louro deixou o sorriso morrer instantaneamente, encarando as duas malditas cartas na mão alheia, estando o Ás de copas na direita e o Ás de Espadas na esquerda. A quadra era uma combinação mais forte do que a Full House, formada pela combinação de quatro cartas iguais, no caso, os quatro Ases.
Revoltado, o homem se cabelos louros golpeou a mesa, com força, pronto para derrubar tudo no chão. No instante em que ele iria jogar tudo para fora da mesa, o homem fora parado quando um pé golpeou a mesa poucos segundos antes do seu braço se mover. O detento ergueu o olhar pqra o dono da perna que bloqueou o seu ato, vendo o castanho para quem perdera lhe fitar com uma seriedade costumeira.
- eu sugiro que você pense duas vezes antes de tomar qualquer atitude violenta nessa situação. Tudo nessa mesa, agora, me pertence. Não vai querer bagunçar o que é meu – ditou o rapaz de mangas compridas vendo o outro respirar com dificuldade pela raiva.
O homem jogou a perna do castanho para o lado, a tirando da mesa. Avançando contra o castanho a passos pesados, o louro logo se colocou diante do outro, apoiando uma das mãos na mesa, enquanto a outra agarrava o colarinho alheio, o puxando para si. Stiles não reagiu. Apenas permitiu que o outro fizesse o que quisesse.
- escuta aqui, seu merda. Quem você pensa que é, hein? Quem diabos você pensa que é para falar assim comigo? – o homem questionava, de forma ameaçadora, praticamente cuspindo as palavras por entre os dentes, unidos em um ranger silencioso, enquanto puxava ainda mais o outro contra si.
O olhar de tédio de Stiles fora tudo o que o homem teve como recompensa.
- eu tenho contatos que lhe deixariam só o pó – ditou o louro, ainda com um tom ameaçador.
Alice sorriu.
O louro, irritado, simplesmente largou o castanho, o empurrando, antes de dar as costas para o outro. No primeiro passou que dera, o homem parou, sentindo um forte puxão em seu colarinho, lhe puxando de encontro a mesa, antes de pernas lhe envolverem o torso, imobilizando os seus braços, ao mesmo tempo em que uma mão se prendeu em seus cabelos, os puxando para trás, e outra mão fora posta em seu rosto, posicionando o dedo do meio em seu olho
- só vou lhe dizer isso uma vez – a voz do homem soou calma no ouvido alheio.
O dedo do meio de Alice passou a pressionar o globo ocular do louro, causando um leve incômodo no outro.
- se for me ameaçar, é melhor que esteja apontando uma arma para a minha cabeça e que todos os meus membros estejam algemados. Do contrário ... – Stiles passou a pressionar o dedo contra o olho alheio, sentindo, aos poucos, a ponta de seu dedo afundar no globo ocular alheio, pressionando o olho do homem cada vez mais.
- para. Para. Para. Por favor! – o louro passou a implorar, diante da agonia gerada pela pressão em seu olho.
- é melhor pensar duas vezes antes de me ameaçar outra vez. Você só tem dois olhos – ditou o castanho antes de empurrar o homem, o libertando e o afastando de si.
O louro, assustado e irritado, se virou para trás. Alice desceu as mesa em que se encontrava sentado, lhe encarando com naturalidade, como se há poucos instantes não estivesse lhe ameaçando esmagar o olho com o dedo. Logo o mais baixou lhe dera as costas, se dirigindo para a cadeira onde estava sentado, antes de se erguer para lhe ameaçar.
- então você é o novato que anda ganhando de todo mundo no poker? – inquiriu um homem, chamando a atenção dos presidiários.
Olhando para o homem, Alice encontrou um moreno de olhos castanhos, com o macacão preso na cintura, servindo apenas como calça, deixando o torso tatuado completamente exposto. Mas, de todas as tatuagens expostas, a mais chamativa de todas era uma cruz com asas muito bem desenhada em seu peito esquerdo, acima do mamilo.
- tatuagem bonita – disse Alice encarando fixamente a cruz com jouas esverdeadas.
- pelo visto, você sabe o que ela significa – disse o homem e flashs de uma garota de cabelos longos com mechas azuladas surgiu em sua mente..
- talvez – falou o castanho vendo o moreno sorrir ladino.
- e então? Quer apostar comigo? – o homem perguntou com naturalidade, erguendo um pequeno maço de dinheiro.
- sinceramente, estou enjoado de poker. Mas não vejo motivos para recusar – respondeu o castanho, ajustando o cabelo atrás da orelha.
- eu já iria dizer que estava correndo – comentou o moreno já se sentando de frente para o outro.
- de qual tipo? – inquiriu o de cabelos longos vendo o de cabelos curtos sorrir.
- pode ser Texas Hold'em? – indagou em resposta.
- por favor – fora tudo o que o castanho respondeu, antes de estalar com os dedos e apontar com o indicador para o mesmo detento que havia sido o dealer na última partida que jogara.
- deixa de ser marica! Fala como homem! Você está na prisão, não no acampamento que lhe ensinou a ser putinha – ralhou o moreno já jogando um cigarro no centro da mesa.
Alice sorriu, colocando dois cigarros sobre a mesa.
- eu não irritaria ele, se fosse você – ditou Brett, cruzando os braços.
- eu não vou abaixar a cabeça pra um merda qualquer – falou o moreno enquanto recebia as suas duas cartas.
Alice gargalhou.
- você é o próximo – pronunciou o castanho de cabelos longos analisando as suas duas cartas.
E então o flop ocorreu. O Dealer colocou três cartas viradas para cima sobre a mesa. O castanho sorriu, empurrando metade de tudo o que havia ganhado para o centro da mesa.
- vamos aumentar essa aposta – ditou o castanho surpreendendo a todo mundo.
- isso é sério? – questionou o outro, surpreso.
Stiles só deu de ombros.
O homem se viu sem escolha se não cobrir a aposta.
Mais uma carta fora revelada.
A aposta fora aumentada em alguns cigarros.
A última carta comunitária fora exposta.
Alice sorriu.
- All in – o castanho ditou com um sorriso de canto no rosto enquanto empurrava tudo o que havia ganhado até agora para o meio da mesa, surpreendendo o seu adversário.
A garota se encontrava nervosa.
Havia passado uma hora dentro daquele armário. Havia visto tudo desde o começo.
Antes de tudo começar, ela estava plena, sentada em sua cadeira na mesa de jantar, estando de frente para a sua mãe. O seu pai? Não estava naquele país. Ele era um homem de negócios muito ocupado. Passava dias, quase semanas longe de casa. E, aquela noite, era um daqueles dias. Ela estava comendo com a sua mãe, antes de todo o ataque ocorrer.
De início, a sua mãe não levara o ataque tão a sério. A mais velha simplesmente continuou a comer com tranquilidade. Quando o atacante alcançou o cômodo ao lado, fora que a mulher se moveu. Pegando a filha pela mão, a mais velha a guiou até o quarto da garota e a jogou no armário.
- não faça barulho. Não dê nem um mísero pio. Fique aqui. Se ela te ouvir pode usar você contra mim, querida. E eu não vou escolher entre morrer e deixar você morrer – ditou a mais velha, lhe beijando a testa e fechando o armário.
A garota sabia para onde a sua mãe estava indo.
O quarto proibido.
O quarto em que ela era terminantemente proibida de entrar.
Havia se passado alguns bons minutos, já. Ela esta a ficando impaciente. Mas não sairia do armário. Sua mãe havia lhe dito para não fazer barulho, então ela iria permanecer em silêncio. Não iria abrir a porta por nada. Mas a sua mãe não disse que ela tinha que ficar ali.
Olhando para cima, a garota encontrou a entrada da ventilação da mansão. Usando o bastão de ferro em que os cabides ficavam presos, a criança se ergueu. Os seus pais sempre foram rígidos em sua criação, devido a ser filha de quem eles eram. Fazia exercícios físicos frequentemente e era obrigada a fazer ginástica artística. Logo alcançou a ventilação e se enfiou na mesma. Precisou se arrastar apenas por alguns metros até alcançar a ventilação do armário do quarto proibido.
Os seus pais não sabiam, mas ela entrava lá de vez em quando pela ventilação. Não entendia o motivos de tanto segredo por um quarto vazio com várias armas brancas tradicionais e alguns bonecos de treino. Descendo da ventilação, ela se escondeu em um armário vazio. E foi ali, bem naquele minúsculo armário, que ela presenciou tudo.
Agora, havia acabado. Mas ela continuava escondida. Escutando aquela música que, por várias noites, lhe reconfortou tanto, mas, agora, lhe causava um temor enorme. A pessoa que estava a matar a sua mãe estava ajoelhada diante do corpo de sua progenitora, encarando o mesmo, como se estivesse a velar pelo sono da mulher que agonizava.
Ao ouvir a sua mãe começar a cantarolar a mesma música de ninar que o atacante, a garota se acalmou um pouco. Mas ela ainda estava nervosa e confusa. A sua mãe, uma mulher tão habilidosa em luta corpo a corpo e no uso de armas brancas, havia sido derrotada por alguém tão jovem quanto a filha. E então os dois pararam de cantarolar Bayu Bayushki Bayu,chamando a atenção da garota, que voltou a ficar tensa.
O estranho sussurrou algo que a garota não conseguiu ouvir, e logo a mulher virou a cabeça na direção do armário em que a garota se encontrava. Focando-se no rosto de sua mãe, a garota conseguiu ouvir a mulher pronunciar “minha garota”. A garota apenas viu o estranho erguer a espada que usara para derrotar a sua mãe e a fincar com tudo no coração da mais alta.
Desesperada com a cena, a criança acabou soltando um grunhido ao chamar por sua mãe, chorosa. Quando o assassino de sua mãe olhou na direção do armário em que estava escondida foi que a garota percebeu o que havia feito. Levando as mãos a boca, ela se repreendeu. Um raio cortou os céus, sendo acompanhado de um trovão, iluminando o quarto.
A criança se viu completamente em choque com a aparência do assassino de sua mãe. Mas o que mais lhe chamava a atenção no outro, era o tão adorado e amado símbolo de sua mãe.
O símbolo do naipe de espadas desenhado na testa alheia.
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Death Wonderland - Livro 1
FanfictionA segurança nacional está em crise. O FBI já não está mais dando conta de tantos casos. O sistema carcerário está em crise, a criminalidade apenas cresce no país, e apenas mais casos aparecem, enquanto que o número de casos resolvidos diminui. Deses...