Peter parou o carro perto de uma quadra de basquete, onde Erica disse estar, após lhe ligar de um telefone público. A loira estava a encarar um prédio não muito distante. Os agentes desceram do carro, acompanhados de Vernon e Isaac, que encaravam o mesmo prédio que a mulher, confusos.
- ele está lá dentro? – perguntou Boyd olhando para a mulher de cabelos loiros, que se aproximou assim que eles fizeram o mesmo.
- sim. Eu achei melhor chamar vocês do que entrar lá sozinha – respondeu Erica, vendo Allison encarar as janelas e porta fixamente.
- você fez certo, Erica. Mas sabe se esse prédio só tem essa saída? – perguntou a Argent vendo a loira negar com a cabeça.
- não sei dizer – respondeu Erica vendo a morena menear positivamente.
- tudo bem, Erica. Agora é com a gente – ditou Peter antes de começar a caminhar na direção do prédio, sendo seguido pelos outros quatro.
- cadê o resto? Onde está o Stiles? – perguntou a loira ao ver que apenas aqueles quatro estavam ali.
- estão cuidando da família da Kara – respondeu Vernon vendo a loira menear em compreensão.
- mas acha que foi certo deixar ele com aqueles dois? Eu senti que eles não gostam muito do Alice – inquiriu a loura, surpreendendo Allison por sua capacidade de percepção.
A mulher mal havia entrado para o grupo e já havia percebido que Derek e Scott odiavam Alice. Não era como se os dois homens escondessem o ódio pelo castanho, mas mesmo assim as pessoas demoram para tirar a conclusão quanto ao assunto “relação” das outras pessoas. Mas Erica já havia atirado aquelas palavras contra eles, sem se quer esperar um pouco de tempo parar tirar as suas conclusões.
- acho. Eles podem ser idiotas e mente fechada, na maior parte do tempo. Mas tem inteligência o suficiente para trabalhar conosco. Sabem que não podem fazer nada com ele durante o caso. Então, sim. Foi certo – respondeu Peter já atravessando a rua.
- e o Stiles passou mal depois que os pais da Kara chegaram. Então achamos melhor deixar ele de lado da ação, hoje – comentou Isaac, vendo a Reyes lhe fitar surpresa.
- o carinha passou mal? – perguntou vendo o loiro menear positivamente.
- sim, o corte dele abriu de novo e ele perdeu um pouco de sangue. Sendo que ele já deve ter perdido muito quando o ganhou, por isso que estava pálido hoje mais cedo – respondeu Isaac vendo a loira ficar pensativa por um tempo.
- o que um pedófilo poderia querer em um escritório de advocacia? – perguntou Allison, encarando a entrada do prédio, antes de passar pela mesma.
- realmente ele tem agido um pouco estranho – comentou Erica, vendo a morena lhe fitar por sobre os ombros.
- o que sabe sobre pedófilos? – perguntou Allison vendo a loira rir em deboche, soltando o ar pelas narinas.
- eu não sei se você sabe, mas foi por matar pedófilos que o agente Hale me prendeu – respondeu a loira, fazendo Isaac lhe fitar surpreso.
- prossiga – disse Vernon assim que eles alcançaram o elevador.
- esse homem tem agido diferente de qualquer um que eu já cacei. Ele não apresenta o perfil comum que a maioria tem – disse a loira vendo os agentes lhe fitarem com seriedade.
- o que você fez até agora? – perguntou Peter, vendo a mulher dar de ombros, cruzando os braços.
- você disse para nos controlarmos quanto ao emocional, então eu controlei a vontade de arrancar o pau dele e fazer ele engolir, para ficar observando ele por um tempo – ditou a loira ignorando a expressão de choque de Isaac.
- e o que descobriu? – perguntou Allison vendo a loira suspirar.
- nada demais. Ele passou na casa dele, mas como a polícia estava lá, ele deu a volta e veio para cá. O que mais me chocou foi que, no caminho para cá, Stephen não tentou nada com criança alguma, até deu uns trocados para uma criança de rua – respondeu a loira e a porta se abriu no penúltimo andar.
- estranho. Mesmo que estivesse controlando a sua libido. Ele passou um ano na cadeia. Deveria ser o suficiente para estar explodindo de excitação só de estar perto de uma criança – murmurou Allison, pensativa.
- uma pergunta, como sabem para qual andar a gente vai? – perguntou Isaac, vendo todos caminharem pelo corredor, calmamente.
- esse é o escritório da advogada do Michaels na época da acusação de estupro. É óbvio que ele veio dar uma palavrinha com ela – respondeu Peter e todos se viram surpresos com uma mulher caída no chão do corredor, com uma perna ferida.
- me ajudem, por favor – pediu a mulher e Isaac correu na direção da mesma.
- o que aconteceu? – perguntou Allison, se aproximando da mulher.
- Stephen Michaels aconteceu – respondeu a mulher, enquanto se levantava com a ajuda de Isaac.
- você era advogada dele, não era? – perguntou Erica, vendo a mulher menear positivamente.
- onde ele está? – perguntou Vernon encarando a mulher olhar para o mesmo lado do corredor em que eles vieram.
- ele correu para a única saída do andar. Não sei se ele foi pela escada ou pelo elevador – respondeu a mulher e no mesmo instante Erica e Vernon correram para as escadas.
- Melissa King eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre o caso do Michaels – ditou Peter, vendo a mulher se afastar um pouco de Isaac, ajustando as próprias roupas.
- eu teria todo o orgulho de os convidar para a minha sala. Mas infelizmente Stephen Michaels também aconteceu nela – disse a mulher e só então os agentes notaram a bagunça em que se encontrava o escritório da advogada.
- caramba! Isso parece até o quarto do Scott! – exclamou Isaac, vendo todas aquelas folhas jogadas no chão e armários virados. Allison olhou para o loiro, confusa e risonha, vendo o mesmo assoviar quando o vendo que adentrou o local pela janela levantou algumas folhas, as fazendo dançar no ar, bagunçando ainda mais o local.
- o que exatamente ele queria? – perguntou Peter, antes de o seu celular vibrar em seu bolso.
- me culpar por ele estar preso – respondeu a mulher, antes ver o homem atender a ligação.
- o que é? – perguntou Peter, encarando o escritório da mulher, enquanto falava com o sobrinho.
- Peter, eu tenho uma pergunta séria para fazer – ditou Derek, causando uma certa desconfiança no tio.
- então faça – ditou o loiro, olhando para o chão, vendo um nome peculiar em um documento que estava no chão.
- eu preciso saber o quanto você confia no Stiles? – perguntou Derek fazendo Peter estreitar o olhar na direção do chão, antes de se abaixar para recolher o papel em mãos.
- eu entregaria minha vida na mão desse garoto – disse Peter passando a ler o documento, antes de estreitar o olhar para a advogada, que já havia entrado no escritório e passado a recolher as folhas, alheia aos agentes.
- ao ponto de parar toda a investigação por ele achar que está errada? – perguntou Derek e Peter mordeu o interior da bochecha, pensativo.
- o que ele disse, Derek? – perguntou o Tate, já desconfiando do que poderia ser.
- ele... ele disse que estamos atrás do cara errado. Ele disse que o Stephen é inocente – respondeu Derek, um tanto receoso.
- e então de quem nós deveríamos ir atrás? – perguntou Peter, ouvindo o sobrinho suspirar do outro lado da linha.
- Bryan. Bryan Mackson – respondeu Derek, não podendo ver o momento de choque na face de Peter. O loiro passou a lembrar do comportamento do homem para com a investigação.
- tudo bem, eu vou ligar para a Lydia para saber onde ele trabalha – ditou Peter antes de finalizar a chamada antes mesmo que Derek pudesse argumentar que aquilo tudo era uma loucura.
- o que houve? – perguntou Allison vendo o loiro dobrar o papel que se encontrava em mãos e o colocar no bolso.
- sinto muito, senhorita King, mas houve um imprevisto. Mas mais tarde estarei aqui para conversarmos sobre Stephen Michaels – ditou Peter, sorrindo ladino na direção da mulher, que o fitou confusa.
- ah... tudo bem. Eu não vou embora tão cedo com o meu escritório desse jeito – argumentou a mulher, vendo os agentes começarem a se retirar.
- não encontramos nenhum sinal dele – ditou Erica, surgindo das escadas ao lado de Vernon.
- está tudo bem. Allison e Isaac vão atrás dele. Você, Boyd e eu vamos atrás de uma outra pessoa. – ditou Peter, adentrando o elevador junto dos outros quatro.
Derek suspirou assim que percebeu que o tio havia encerrado a chamada.
- o que foi? – inquiriu Scott vendo o amigo guardar o celular no bolso.
- ele desligou. Está confiando no Alice – respondeu desviando o olhar para o assassino, o vendo sorrir vitorioso.
- você tem certeza disso? – perguntou Derek, vendo o castanho menear a cabeça positivamente.
- tenho. Faz todo o sentido, agora – respondeu Stiles encarando a garota, desenhando na mesa de centro, um pouco distante deles.
- você sabe que só a sua palavra não basta, certo? Você tem que arrancar uma confissão. Seja dela, ou do pai – murmurou Scott de braços cruzados, encarando o castanho com extrema seriedade.
- eu só preciso de um tempo com a garota e tudo certo – ditou Stiles vendo a menina lhe encarar, antes de sorrir tímida e voltar a rabiscar com o giz de cera.
- como se nós fossemos lhe deixar sozinhos com ela – rebateu o agente McCall, imediatamente.
- não preciso ficar sozinho. Tudo o que eu preciso é que ela se sinta confortável e que você cale a sua boca - disse o rapaz com brincos encarando o moreno de queixo torto com tédio.
- eu não sei. Ainda não me sinto confortável com isso. Ela é só uma criança, Alice – argumentou Derek, vendo o castanho sorrir nasalado.
- diga isso ao pai dela – rebateu Stiles, com seriedade, encarando o moreno de olhos verdes lhe fitar severo.
- não é só dela, como também do pai dela que estamos falando, aqui. Não podemos fazer qualquer coisa só porque somos federais. O mundo não é a porra de um jogo. Esse trabalho não é a porra de um jogo. É da vida de pessoas que estamos falando – ditou Derek vendo o castanho prontamente lhe ignorar imagem, virando o rosto apenas para sorrir ladino por sobre o ombro.
- pode deixar comigo. Afinal de contas, é com a vida dos outros que eu mais gosto de brincar – argumentou o castanho voltando a caminhar na direção da garota. O ódio tomou conta dos dois agentes, que cerraram os punhos para as palavras do detento.
- Alice! Alice! – Derek tentou impedir o castanho, mas o mesmo já havia se sentado ao lado de Kara e pedido uma folha para a menina.
- você gosta de desenhar? – perguntou a menina vendo o mais velho menear positivamente com um sorriso no rosto.
- eu adoro desenhar. Inclusive, no meu quarto, eu tenho um caderno de desenho. Quando não estou trabalhando, eu fico desenhando deitado na minha cama – disse o rapaz, pegando um lápis vermelho e passando a rabiscar na folha de papel.
- eu desenho sempre – disse a menina, continuando a desenhar, alheia ao desenho que o castanho fazia.
- você deve desenhar muito bem, não é? – perguntou o castanho, vendo a menina sorrir tímida.
- eu sou boa, sim – respondeu a menina, sorrindo para o papel a sua frente.
- e eu? Sou bom? – inquiriu Alice erguendo a sua folha, mostrando um desenho perfeito feito no centro do papel.
O que para a garota era um simples coração, feito simetricamente perfeito; para Derek era uma afronta direta para si e para o FBI. Aquilo não era um simples coração. Era o naipe de copas.
- ficou certinho! – exclamou a garota para a perfeita simetria do desenho.
- agora só falta pintar – comentou o castanho passando a preencher o coração com a cor vermelha.
- a gente pode falar sobre o que aconteceu com você? – indagou Stiles, vendo Kara se encolher um pouco.
- eu não gosto de falar disso – ditou a menina, séria, com um brilho tristonho no olhar.
- é um segredo, não é? – perguntou o castanho, vendo a garota menear positivamente.
Derek encarou a cena, receoso. A menina havia se encolhido com a introdução que Stiles dera ao assunto. Aquilo não poderia ser nada bom. Se Stiles estivesse errado e o pai da menina fosse inocente, eles poderiam estar seriamente encrencados. A divisão poderia ser fechada, ou todos os agentes envolvidos seriam retirados da mesma e substituídos, além de serem processados.
Scott não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Se Stiles estivesse errado, poderia ser bom, já que o castanho cometer um erro grave poderia resultar na expulsão do mesmo da divisão, o que seria o seu maior prazer, já que ele nem precisaria sabotar o mais novo. Mas se o erro fosse grave demais, poderia envolver toda a divisão, incluindo ele, e isso seria péssimo para si.
- eu também tenho um segredo ruim – disse o rapaz e no mesmo instante os agentes o fitaram surpresos e receosos.
“Ele não vai falar dos crimes dele, vai?”
Se perguntaram os dois agentes, em seus pensamentos, observando, nervosos, o decorrer da cena. Stiles falava e desenhava como quem não queria nada, o que os assustava ainda mais. Eles não sabiam o que esperar daquilo. E a vontade de intervir era grande. No entanto, eles deixavam a conversa entre os dois acontecer. Se Stiles estivesse certo, eles poderiam estar livrando a menina de um grande mal.
- e qual é? – perguntou a Mackson observando o castanho fazer beicinho e dar de ombros.
- eu também não gosto de falar sobre isso... Mas... – Stiles deixou em aberro, esperando que a criança mordesse a isca.
- mas? – a garota não demorou em cair na armadilha do mais velho, que sorriu vitorioso internamente.
- mas... Se eu te contar o meu... você pode me contar o seu? – perguntou o castanho vendo a menina lhe fitar com seriedade, receosa e pensativa.
- eu não posso – murmurou, baixinho, cabisbaixa.
- você não tem do que ter medo, Kara. Se você me contar, ninguém vai saber e eu ainda posso dar um jeito de afastar o homem mau de você – disse o castanho vendo a garota coçar o ombro, nervosa, enquanto pensava se deveria ou não contar.
- eu não sei... Acho que não – comentou, receosa.
- quando eu contei o meu para a polícia. Eles me ajudaram. Se me contar, eu posso lhe ajudar – argumentou o mais velho vendo a garota morder o lábio inferior, nervosa.
- certo... eu conto – murmurou a garota, encolhida, temerosa.
Alice sorriu e passou a desenhar em uma nova folha.
- eu também tive um homem mau na minha vida. Ele me fez as mesmas coisas que fez com você – disse o castanho, calmamente, enquanto permanecia a rabiscar.
- você teve? – perguntou a Mackson, surpresa, vendo o mais velho menear positivamente.
- é, ele me fazia usar vestido e roupas de menina. O homem mau não gostava de me ver sem elas, e me batia sempre que eu as tirava. Inclusive, foi ele que me deu esse nome: Alice – falou o castanho, causando um certo aperto no peito da menina.
- ele batia em você? – perguntou a menina, surpresa.
- sim. Ele me prendia no sótão, assim ninguém me encontrava – respondeu o castanho vendo a menina lhe fitar surpresa.
- ele prendia você? – perguntou Kara visivelmente assustada. Stiles apenas meneou positivamente e mostrou o pulso que não estava enfaixado.
- aqui, se você olhar bem, dá para ver que eu ainda tenho as marcas das correntes nos meus pulsos – disse o rapaz e a menina se esticou um pouco para ver melhor.
- isso não sai? – perguntou a menina vendo o rapaz negar com a cabeça.
- não. Eu passei muito tempo com as correntes me cortando e me machucando – respondeu o castanho vendo a menina tocar o seu pulso, sentindo a diferença entre a pele normal e a cicatriz no pulso do mais velho.
- ele não me dava comida direito e eu ficava cada vez mais fraco. Mas ele gostava quando eu ficava mais magro, ficava mais fácil para ele abusar de mim. Aquele homem passava as mãos em minhas pernas, me tocava em lugares estranhos, me beijava em lugares que eu não queria que ele me tocasse. Era horrível – falou o rapaz de brincos, vendo a menina se encolher um pouco. Antes de o rapaz terminar de falar, a senhora Mackson adentrou a sala e se viu furiosa ao ver o assunto que o homem tratava com sua filha.
- O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! – gritou a mulher, assustando tanto a garota quanto os agentes.
- ELA JÁ ESQUECEU TUDO ISSO! – argumentou a mãe de Kara, correndo até a filha e a pegando nos braços.
- será que esqueceu? – perguntou Stiles encarando a mulher lhe fitar com indignação.
- eu quero que você saia da minha casa, agora! – ordenou a Mackson mais velha, apontando para a porta da casa.
- estou tentando ajudar a sua filha e é assim que nos trata? Não é à toa que está na situação em que está – disse o castanho se levantando e pegando a folha em que ele havia desenhado.
- que situação? – perguntou a mulher, confusa com a fala do mais novo, em resposta, Stiles apenas virou a folha de desenho na direção da criança, revelando o mesmo pássaro que Kara havia desenhado no psicólogo.
- você conhece esse pássaro, não conhece? – perguntou o castanho, vendo a menina arregalar os olhos, surpresa.
- eu não quero mais ouvir. Apenas saia daqui – ordenou a mulher voltando a apontar para a porta.
- senhora Mackson, nós suspeitamos que Stephen Michaels não seja o homem que estuprou a sua filha – disse Derek, vendo a mulher lhe fitar surpresa.
- como não? Já prenderam ele! – argumentou a mãe de Kara, se afastando dos agentes, desconfiada.
- Stiles analisou os arquivos do psicólogo de Kara – ditou Scott, de braços cruzados, encarando a mulher desviar o olhar para o castanho.
- com apenas um desenho eu já descobri o que sua filha queria tanto dizer, mas estava impossibilitada pelo medo – disse Stiles, vendo a menina lhe encarar surpresa. Ele havia desenhado, exatamente, o mesmo pássaro que ela.
- me diga, senhora Mackson, Kara já fez um desenho tão bem feito quanto esse alguma outra vez na vida? – perguntou Stiles vendo a mulher negar com a cabeça.
- não. Quando o psicólogo nos mostrou esse desenho, nós ficamos surpresos – respondeu a mulher, abraçando a filha fortemente.
- a senhora sabia que quando passamos por um trauma intenso, nós temos a capacidade de memorizar um detalhe desse evento e conseguir o reproduzir de várias maneiras, como por exemplo um desenho? – perguntou o castanho, vendo a mulher lhe fitar desconfiada.
- o psicólogo nos disse a mesma coisa – respondeu a mãe de Kara, vendo o castanho sorrir ladino, antes de caminhar até um aparador que havia ali perto.
- agora, eu lhe pergunto, a senhora reconhece esse pássaro? – perguntou Stiles vendo a mulher negar com a cabeça.
- eu não entendi porque ela mudou de cor ou de pose. Mas o desgraçado do Stephen Michaels tem um broche de pássaro, daquele filme “Jogos Vorazes” – respondeu a mulher, vendo o castanho negar com a cabeça.
- é, como o esperado. A suas emoções bloqueiam a sua mente. Vamos tentar assim – disse o castanho largando o desenho e puxando um porta-retratos e virando o mesmo para a mulher.
A senhora Mackson ficou confusa com o ato do homem a sua frente. A foto exibida por Stiles era a mesma foto que Lydia havia mostrado no slide em que ela preparou para explicar o caso para eles. Na foto, o pai de Kara erguia a menina no colo, enquanto beijava a bochecha direita da mesma, enquanto que a mulher beijava a bochecha esquerda da garota, que sorria feliz no meio dos dois.
- o que isso tem a ver com o caso? – perguntou a mulher, confusa e desconfiada.
- olhe bem para esta foto. Se você achar o pássaro cobreado, tudo vai se resolver sozinho em sua cabeça – ditou o castanho, entregando a foto para a mulher, que desviou o olhar para a mesma, passando a analisar.
- eu já vi essa foto um milhão de vezes. Não tem animal nenhum, aqui – respondeu a mulher, entregando a foto ao “agente” de cabelos castanhos.
- eu nunca disse que o pássaro estava vivo – ditou o castanho apontando exclusivamente para Bryan, fazendo a mulher erguer uma sobrancelha para si, enquanto Kara se encolhia nos braços do mulher.
- o que você quer dizer com isso? O meu marido jamais faria uma coisa dessas com a nossa filha! O meu marido não é um monstro! – ralhou a mulher, furiosa, encarando o castanho nos olhos.
- senhora, eu fui estuprado pelo meu próprio pai por quatro anos. Eu acho que eu reconheço uma criança que teme o próprio pai. Na escola, Kara se abraçava a você, não por medo de Stephen, ou de qualquer outro. Ela escondia o próprio corpo no seu, porque o homem que vem abusando dela estava do outro lado, bem ao lado dela, sem que ninguém soubesse. – disse o castanho vendo a mulher negar com a cabeça desesperadamente.
- está errado! Bryan não é um monstro. Ele até saiu no braço com o Michaels por causa da Kara – exclamou a mulher vendo o rapaz sorrir nasalado negando com a cabeça.
- eu fiz uma pesquisa nos arquivos que Lydia, a nossa agente especialista em computadores, me passou. A senhora sabia que Stephen Michaels, além de professor, era o psicólogo da escola? – perguntou Stiles vendo a mulher dar de ombros.
- estou pouco me importando para o que esse homem era ou é. Eu só quero ele longe da minha filha – respondeu a mulher vendo o castanho suspirar cansado.
- eu entendo que como mãe e amante, a senhora não queira olhar para o seu marido como um dos suspeitos. “É sempre alguém de fora do ninho”. Todos pensam. Mas nós não conhecemos ninguém por completo. Sempre pode existir um monstro no ninho. Nem sempre eles vêm de fora – disse o rapaz de brincos, pegando o desenho e o colocando ao lado da foto.
- sabia que há espécies de pássaros que são chamadas de “Parasitas de ninhos”? – inquiriu Alice, vendo todos lhe fitarem confusos. – as mães colocam os ovos em ninhos de outros pássaros. Os donos do ninho chocam os ovos, sem notar o intruso. Algumas espécies, quando nascem, devoram os filhotes do dono do ninho. E no seu ninho, tem um parasita. – explicou o castanho vendo a mulher olhar horrorizada para si.
- olhe bem para esse pássaro. Eu só olhei para ele por pouco tempo e ainda assim consegui retratar tão perfeitamente quanto a sua filha. Esse pássaro, é o mesmo pássaro que tem na fivela do cinto do seu marido. Kara retratou ele tão bem, porque esse cinto é a primeira coisa que ela vê antes de o monstro se revelar para ela. E foi a última coisa que vi antes de desmaiar na frente do seu marido – explicou o castanho vendo a mulher negar com a cabeça.
- se não acredita, porque não deixamos a Kara, falar? - sugeriu Derek, vendo a mulher apertar a filha nos braços.
- MEU MARIDO NÃO É UM MONSTRO! – gritou a Mackson mais velha, olhando para o agente Hale com seriedade.
- e se ele for? E se ele for esse monstro que eu falo e, ao invés de proteger a sua filha, como acha que está fazendo, você só está alimentando o monstro e traumatizando a Kara? – perguntou Stiles, vendo a mulher morder o lábio inferior, pensativa.
- o meu marido não é um monstro – ditou a mulher, já chorando.
- Kara, lembra que eu disse que o meu pai fez as mesmas coisas horríveis que fizeram com você, comigo? – perguntou o castanho, vendo a menina menear positivamente, chorosa.
- eu contei para a minha mãe e para os policiais quem era o homem que fazia aquilo e eles prenderam o homem. O meu homem mau era o meu pai, Kara. Assim como o seu homem mau. Desde então ele nunca mais se aproximou de mim. Agora é a sua hora de dizer. Você pode colocar o monstro para fora! Pode mandar ele embora! Você só tem que dizer quem é o monstro que eu faço ele sumir. Ir embora – disse o castanho, com seriedade, vendo a menina encarar o chão, antes de olhar para a própria mãe.
- diga, querida. Quem é o monstro? – questionou a senhora Mackson, receosa e esperançosa ao mesmo tempo.
- é o seu pai, não é? Esse pássaro é o mesmo que fica na fivela do cinto do seu pai. Foi por isso que desenhou ele, não foi? – perguntou Stiles e tudo o que a menina fez foi menear positivamente.
- o monstro... é o seu pai? - indagou a mulher vendo a filha começar a chorar, meneando positivamente.
No mesmo instante a senhora Mackson se colocou a chorar, abraçando a filha apertado. Ela começou a pedir desculpas para a garota, dizendo não fazer a mínima ideia do que estava acontecendo a ela. Enquanto isso, Peter, Erica e Boyd adentravam o restaurante que pertencia a Bryan Mackson. Assim que os oficiais adentraram o local, o homem veio em sua direção, um pouco mais calmo. Erica arriscaria dizer que ele estava nervoso.
- e aí? Pegaram o desgraçado? – perguntou Bryan, sorrindo nervoso na direção dos oficiais.
- é claro que pegamos – respondeu Peter, com seriedade, vendo o homem respirar aliviado.
- olha, me desculpem por hoje mais cedo, é que eu estava... – o Mackson começou a explicar, enquanto era encarado com seriedade pelo homem.
- podemos conversar em particular? – inquiriu o Tate vendo Bryan menear positivamente, os guiando até o seu escritório no restaurante.
Assim que adentraram o ambiente, Peter tratou de chamar por im garçom, deixando Bryan confuso.
- Erica, você está afim de bater em um pedófilo? Porque se estiver, eu não vou fazer nada caso você agrida esse homem a minha frente – perguntou Peter, deixando Bryan mais confuso ainda. No mesmo instante, Erica avançou contra Bryan, enquanto Vernon se movia para trás do homem, segurando os braços do mesmo.
- o que pensa que estão fazendo? – perguntou o Mackson, confuso enquanto se debatia para fugir dos braços de Vernon e dos socos de Erica, que os distribuía com fúria contra o abdômen do homem.
- você, Bryan Mackson, está preso por estuprar a sua própria filha – ditou Peter, se sentando em uma cadeira que estava ali ao lado e erguendo uma mão para o garçom, chamando a atenção do pobre homem aterrorizado – um whisky, por favor – pediu o loiro, enquanto ignorava os vários golpes que Erica distribuía no culpado do caso.
O homem meneou positivamente e, nervoso, tratou de servir o homem com o pedido do mesmo.
- eles podem fazer isso? – perguntou o garçom, assim que retornara com o pedido do louro, vendo o patrão ser espancado, na sua frente sem que ele pudesse fazer nada.
- fazer o quê? Eu não estou vendo eles fazerem nada. E você também não – respondeu o loiro, erguendo o copo com whisky para o garçom, como se estivesse brindando a algo.
Ah, como eles odiavam todos aqueles sanguessugas. Eles deixavam de ser seres humanos a partir do momento em que exerciam suas profissões. O Hale sentia isso. O moreno de olhos verdes piscou os olhos algumas vezes, devido ao flashs desnecessariamente potentes de alguns daqueles jornalistas. Derek e Scott escoltavam a senhora Mackson e Kara da delegacia local para uma das viaturas. A polícia as deixaria na casa da família, onde a senhora Mackson faria as malas e seguiria com a filha para a casa da mãe.
A mulher se sentia desolada. O homem com quem havia casado se revelara um monstro, maltratando a própria filha daquela forma. Acima de tudo, ela se sentia culpada. Culpada por não ter percebido o monstro com quem se casara antes, por não ter protegido a filha esse tempo todo. E, além disso tudo, se sentia culpada por colocar um homem inocente na cadeia.
Com o depoimento de Kara sobre o que o pai fazia com ela, Stephen Michaels fora inocentado, sendo liberado da prisão. Agora, o homem estava em pé, ao lado da família, sendo alvo dos flashs, enquanto dava uma rápida coletiva. Algumas respostas simples era tudo o que o homem dava para os repórteres, enquanto abraçava a mulher e era abraçado pelos dois filhos. Assim que o homem fora liberado, fora a vez do xerife dar algumas respostas para a imprensa, mas ele não demorou muito, já que todas as perguntas ali tinham como assunto um caso do qual ele não participou da resolução. Sendo assim, logo Peter fora chamado para falar com os repórteres. O loiro se aproximou, com o seu típico sorriso galanteador.
- o caso foi um pouco complicado, tenho que admitir. Nós viemos para cá focados em Stpehen Michaels, mas no final descobrimos ser Bryan Mackson. Não foi uma total surpresa, devo dizer, mas ainda assim descartamos completamente a possibilidade de ser o Senhor Mackson quando o encontramos pela primeira vez – explicou Peter, vendo todos focados em si, esperando a deixa certa para lhe encher de perguntas.
- e como foi que vocês descobriram que não era Stephen Michaels o culpado pelo crime? – perguntou uma mulher, com um câmera Man logo ao lado.
- a primeira duvida de que Stephen talvez não fosse o culpado, fora um documento na sala da advogada dele, que por sinal, está chegando ali – disse o loiro apontando para uma viatura, onde a advogada de Stephen Michaels descia, algemada.
- olá, senhorita King. É um prazer revê-la, ainda mais nesta situação – cumprimentou o loiro encarando a mulher abaixar o rosto, tentando desviar das câmeras.
- a advogada Melissa King foi uma peça chave para a prisão de Stephen. Como se já não bastasse o depoimento dos pais de Kara, sendo o pai o autor de todos eles. Bryan Mackson ainda comprou Melissa King, a advogada de Stephen, para que ela arruinasse a defesa do homem. Não sabendo que Bryan era o estuprador, e eu duvido muito que fizesse diferença se ela soubesse, Melissa King aceitou o acordo. A prova disso foi o documento que encontramos em seu escritório revirado pela vítima Stephen Michaels, enquanto conversava com outro agente ao telefone – disse o loiro, cruzando os braços diante do peito.
- e que documento seria esse? – perguntou outro repórter.
- era o comprovante de uma boa transferência em dinheiro feito pela conta de Bryan Mackson para a conta da advogada de Stephen Michaels. Assim que encontrei o documento, o agente Hale me informou que um de nossos especialistas descobriu que Bryan era o culpado e não Stephen – respondeu o loiro encarando várias mãos sendo erguidas.
- e como o especialista descobriu isso? – perguntou outro repórter, vendo o loiro olhar para trás, encarando o único encapuzado dos membros da divisão federal que se encontravam atrás de si.
- acho melhor deixar que ele mesmo explique – disse o loiro, vendo o castanho, por debaixo do capuz, lhe fitar em questionamento.
- não – murmurou Stiles se aproximando um pouco de Allison e Scott, tentando se esconder atrás dos mesmos.
- o quê? – perguntou Allison, confusa, também em sussurros, para não acabar chamando a atenção.
- eu não devo ir lá – respondeu o castanho, vendo a morena lhe fitar brevemente, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Scott o empurrou para a frente, fazendo o castanho cambalear para a frente.
- o que foi? Tem medo do público? – questionou Scott, sorrindo ladino na direção do encapuzado, que suspirou, irritado.
- eu vou fazer de você um sete de ouros – ameaçou o castanho, antes de caminhar na direção do loiro, que apontava com a cabeça para os repórteres, enquanto lhe encarava.
- vamos lá. Você não tem o que temer. Na verdade, duvido que tema até mesmo a morte – falou o Tate, longe do microfone, estendendo a mão para o castanho.
- você lembra o que ocorreu da última vez que tentaram me fazer dar uma coletiva, não lembra? – indagou Alice, ainda longe do microfone vendo o Tate tomar um leve brilho tristonho nos olhos.
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Death Wonderland - Livro 1
FanfictionA segurança nacional está em crise. O FBI já não está mais dando conta de tantos casos. O sistema carcerário está em crise, a criminalidade apenas cresce no país, e apenas mais casos aparecem, enquanto que o número de casos resolvidos diminui. Deses...