- acorda! – o golpe recebido em seu rosto fora mais do que o suficiente para lhe acordar.
O homem rolou no chão, tossindo, e cuspiu o sangue em sua boca. Jurava que haviam farpas de madeira em sua boca. O seu dente canino estava balançando em sua boca. Ele tentou se erguer, mas logo percebeu as mãos amarradas. Não precisou de muito para perceber que a escuridão ao redor era fruto da venda em seus olhos. O homem de cabelos grisalhos se esforçou para se colocar de joelhos e, ao conseguir, ergueu a cabeça.
- você acabou de me acordar com a coronha de um revolver?! – questionou, indignado, ao, finalmente, se colocar de joelhos.
- e como sabe se foi um revolver? – Inquiriu em um tom risonho e Sagitário franziu o cenho.
Ele começou a se lembrar de como havia ido parar ali. Ele havia acabado de fugir da prisão em que fora encarcerado. Pulou no camburão em que Rainha havia ido lhe soltar e, enquanto fugiam, recebera uma série de golpes na traseira do veículo. Um deles, um soco vindo do seu lado, tão potente que lhe apagou de vez. Desde então, não se lembrava mais de nada.
- só uma arma poderia ser manuseada por alguém tão viado! – exclamou em resposta, sorrindo logo em seguida
Ele não viu quando o outro homem jogou a revolver de seis tiros para cima, com coronha de madeira, e o agarrou pelo cano, antes de desferir um golpe potente no outro. O golpe acertou em cheio a lateral do rosto do mais velho, lhe quebrando o dente já mole devido ao último golpe. Sagitário caiu de lado, mais uma vez. O homem se engasgou e logo cuspiu o sangue e o dente.
- até a minha filha tem uma mão de macho, comparada com a sua – provocou se recusando a admitir a humilhação.
- he! Aqui, você vai aprender que sexo é apenas uma moeda de troca. As mulheres desse grupo vão te surpreender – respondeu guardando o revólver em sua cintura.
- como é? –
- você vai ser comido vivo até aprender o seu lugar – ditou puxando as mãos algemadas, forçando Sagitário a se erguer.
- para onde está me levando? - indagou ao começar a ser empurrado.
- lhe colocar sentado – respondeu empurrando o outro para baixo, e o mesmo sentiu o impacto do próprio corpo na cadeira de madeira.
Logo a venda foi retirada e Sagitário se viu surpreso quando conseguiu analisar o ambiente ao seu redor. Era um quarto de criança. Um quarto com escorregador de brinquedo gigante o suficiente para um adulto escorregar como uma criança de quatro anos. A cama era um carro de formula 1 e o guarda-roupa uma estante de livros, em que cada livro na horizontal era uma gaveta.
- mas que porra de lugar é esse?! – exclamou, surpreso, vendo que a cadeira em que estava sentado era um ursinho sorridente.
- eu estou aqui para lhe alertar dos próximos acontecimentos e lhe instruir – ditou um homem de aproximando mente vinte e um anos, surpreendendo o mais velho
- você é só um garoto! – exclamou, indignado e o jovem riu.
- não existe idade para começar a lutar pelo seu país, cara -
- meu pai do céu! Onde diabos eu vim me enfiar. Uma criança me dando instruções... Vai me instruir sobre o quê, porra? Bob esponja?! – argumentou, irritado
Os dedos do jovem se emaranharam em seus cabelos grisalhos e lhe forçaram a abaixar a cabeça.
- primeira regra, vovô: respeite sempre as cartas maiores –
- cartas maiores? – a confusão e indignação era clara.
- você ainda não é parte do baralho, então eu ainda sou maior do que você. Branco está montando o baralho dele, e você é candidato para ser o Valete de Espadas. O Valete é a quarta carta dos quatro pilares. O mais fraco dos quatro –
- e você é...? -
- não lhe interessa. Segunda regra: nunca vá contra os planos do Branco. Se ele estiver com um plano para pegar um político, e você fizer algo para atrapalhar, você morre. É simples. É só não foder com o Branco que fica tudo numa boa. Deu pra entender? Ou eu preciso trocar a sua frauda geriátrica antes de desenhar? –
O olhar sério de Sagitário serviu como resposta. O rapaz gargalhou e se aproximou do mais velho, passando a soltar as mãos do mesmo. Sagitário se tornou pensativo. Atento. Quando sentiu as mãos livres, ele se preparou para agarrar o pulso alheio, mas fora impedido quando mais um golpe de coronha lhe atingiu a cabeça. Ele fora empurrado para a frente, o forçando a se erguer da cadeira. Ao se virar, o revolver estava apontado em sua direção. Ele se viu sem opções. O lugar era amplo demais para ele poder avançar de modo a controlar os movimentos do adversário.
- vai – o jovem apontou com a arma para a porta atrás de Sagitário – você tem que caçar o Branco – ditou com um sorriso de canto no rosto.
- como é? -
- todos os candidatos a pilar tem que passar por um teste. Cada pilar tem um teste diferente. O teste do Valete é caçar o coelho Branco –
- mas que porra sem sentido é essa?! -
- você não é um caçador, Sagitário? Então cace – ditou antes de se sentar na cadeira em que antes o outro estava sentado.
- eu já estou ficando de saco cheio dessa gente – resmungou encarando o mais novo com fúria, antes de se virar na direção da porta e agarrar a maçaneta com raiva.
- mais uma coisa – o mais novo chamou e ele se virou, com um olhar de ódio, indicando para outro que todo o seu bom humor já havia ido para o ralo.
- o que é, agora? –
O mais novo sorriu de canto, antes de vestir uma mascara de lagarto e apontando a arma para a própria cabeça. Sagitário franziu o cenho, se questionando se aquele idiota realmente faria aquilo. Ele decidiu ficar para ver. Queria saber até onde aquele pessoal estranho era capaz de cometer loucuras.
- seja bem-vindo ao Parquinho – o garoto puxou o gatilho, e conferes saíram no lugar da bala.
Ele ficou perplexo. Estava receoso diante de um idiota com uma arma falsa durante esse tempo todo? Se deixou ser manuseado e humilhado por aquela criança estúpida?! A sua raiva agora já era ódio. Ele iria mandar aquele pessoal todo pro inferno e iria embora. Não tinha tempo, muito menos paciência, para ficar lidando com gente louca. O homem apenas ergueu o dedo do meio para o mascarado e saiu do lugar pela porta indicada. E quando passou por ela, cabisbaixo, se viu perplexo. A sua frente, um corredor de espelhos engraçados, posicionados de forma a distorcer as imagens refletidas. O quarto dava diretamente para um labirinto de espelhos.
Ele estranhou.
- mas que porra é essa? – indagou, perdido e irritado – eu me alistei para o circo?! –
- algo assim – respondeu uma voz desconhecida e o homem se manteve alerta.
- quem está aí? –
Ele olhou ao redor, mas tudo o que via eram espelhos. A única porta que enxergava era a pela qual ele havia acabado de passar. Uma porta branca com maçaneta vermelha. Ele sabia que a voz vinha do único caminho possível de se seguir. Seja lá quem fosse, estava a sua frente. Mas a pergunta que ficava era: ele estava certo disso? Se encontrava, no momento, em uma casa de espelhos. O modo confuso e distorcido dos espelhos, somado a vastidão que aquele ambiente poderia ter lhe deixava a dúvida se, o que pensara, no momento, era de fato, verdade, ou ele estava apenas seguindo um eco. A sua audição era boa, mas não perfeita. Ele poderia, muito bem, se equivocar. Era humano, no final das contas. Capaz de cometer erros tanto quanto qualquer um. Mas ele não era qualquer um, e tinha plena noção disso.
Um gargalhar eletrônico lhe fez engolir em seco, encarando o corredor de espelhos a sua frente. Começava se questionar até onde aquele corredor eram um corredor só. Onde ele virava a curva? Onde a ilusão dos reflexos começava? E onde terminava? Com indecisão, o homem passou a caminhar na direção dos espelhos. Se aquele pateta conseguiu passar por ali, ele também conseguiria.
- assustado, caçador? – a voz eletrônica ecoou pelo ambiente, o deixando mais atento ainda.
Mas ele não parou de se mover. Não demorou mais do quatro metros para que percebesse que havia um espelho a sua frente e uma passagem a esquerda.
- eu não estou assustado – alegou com firmeza na voz.
- então por que está tão tenso? – a voz eletrônica voltou a lhe surpreender. Mais alguns passos foram necessários para ele perceber mais um vidro a sua frente e ele teve que voltar a virar a esquerda.
- é, cara! Relaxa o corpitcho! – exclamou a voz desconhecida, sem efeito eletrônico.
- qual é a das vozes? Por que usa um efeito em uma e na outra não? – inquiriu tentando puxar assunto enquanto caminhava por aquele labirinto de espelhos e vidros.
A risada alterada eletronicamente voltou, ecoando mais uma vez pelo labirinto, percorrendo as paredes espelhadas e transparentes. O homem seguia pelos corredores com cautela, sempre analisando o ambiente, na busca pelo caminho correto e do dono das vozes desconhecidas. Ao passar por mais um espelho, constatando que a sua frente era um vidro que impossibilitava a sua passagem, Sagitário notou algo ao seu lado. Ele se virou para a direita, notando um homem alto de cabelos castanhos, vestindo uma jaqueta de couro preta, uma camisa preta colada ao corpo e calça de moletom em um verde escuro. Ele estava de braços cruzados e corpo apoiado na perna esquerda, enquanto lhe observava com tédio nos olhos A sua boca e nariz eram cobertos por uma máscara vermelha escura, com detalhes em preto.
- é complicado demais para você, caçador? – o mascarado inquiriu, inclinando a cabeça para o lado.
O tom de deboche na voz eletrônica era evidente, o que irritou mais ainda ao homem de cabelos grisalhos. Sagitário apressou os seus passos na direção do homem mascarado. Quando o alcançasse, iria mostrar o que seria complicado demais para alguém. No entanto, antes que seu desejo se concretizasse, o homem parou bruscamente. O mascarado riu, brevemente, dando as costas.
- o bebezão quer a chupeta? – a voz sem efeito voltou a ecoar, deixando o mais velho curioso.
Havia um vidro entre ele e o homem misterioso. Sagitário deu um chute no vidro, não se surpreendendo muito ao ver o mesmo intacto. Ele já esperava que os vidros fossem resistentes. O homem que se denominava Branco não parecia ser estupido o suficiente para lhe colocar em um labirinto de espelhos e vidros, sem que este pudesse lhe prender por um bom tempo. Porque, sim, ele iria atravessar tudo até a porta de saída. Mas, com aquelas condições, gastar toda a sua energia em criar passagens através daqueles materiais resistentes com as mãos nuas seria suicídio. Ele não sabia, ao certo, o que queriam consigo. Se tentassem lhe atacar e ele estivesse exaurido da fuga do labirinto, seria um inferno.
- o seu teste já começou, vovô – a voz do mascarado lhe chamou a atenção e, só então, ele notou que o homem estava de perfil, caminhando por entre os espelhos.
E em questão de dois míseros passos, o perdeu de vista por completo.
- teste? – inquiriu com a voz alta.
- não achou que Branco simplesmente pegava qualquer vagabundo na rua e o jogava em seus planos sem saber se ele aguentava o tranco, achou? – a voz sem efeito voltou a ecoar por entre os espelhos e o homem se irritou, passando a apertar os passos.
- quando eu te pegar, seu desgraçado – rosnou entredentes, antes de se bater em um vidro, o que lhe irritou mais ainda.
O outro riu.
- de que diabos de teste você está falando?! –
Mais uma vez, ele se encontrou com o homem mascarado, de costas para si. Mais uma vez estavam separados por uma parede de vidro bastante resistente. Sagitário cerrou os punhos, irritado. E então ele notou a máscara. Era diferente. A outra lhe cobria a boca e o nariz. A nova cobria apenas a testa e o nariz. A mesma roupa mas máscaras diferentes.
- você deve me caçar até a saída do labirinto de espelhos – ditou o mascarado, agora sem o efeito na voz, e Sagitário compreendia o motivo.
Ao mudar a máscara, o efeito sumia. Pois o modificador se encontrava no interior da máscara que cobria a boca. Mas havia algo estranho ali. Ele sentia que alguma pegadinha estava sendo mantida em segredo por trás de toda aquela palhaçada. Que tipo de facção criminosa testava os integrantes daquele jeito? Uma simples caçada?! Tudo bem que era em um labirinto de espelhos. Mas só isso?! Algo de muito errado não estava nada certo. Os seus instintos gritavam para que ele prestasse atenção em algo que estava perdendo.
- e é só isso? – perguntou, ainda desconfiado, esperando conseguir algum sinal na mentira que receberia como resposta.
O mascarado sorriu, exibindo os dentes brancos. Brancos demais para alguém que não ia ao dentista há anos. Logo ele fez a sua nota mental: eles não eram aquele grupo de idiotas que fugia de responsabilidades comuns, como algumas facções criminosas faziam. As suas vestimentas eram outro indicador deste fato. Eram bem cuidadas, aparentavam ser quase novas. Que ele se importava com a aparência, era óbvio. Agora a pergunta era: qual o motivo? Que tipo de criminoso era aquele? Não um tipo selvagem como Sagitário, é claro. O homem misterioso voltou a dar as costas e sumir por entre ao espelhos.
Aquilo lhe intrigava.
- você não é o Branco, não é? – inquiriu ao virar em mais um corredor de espelhos.
Um gargalhar eletrônico veio segundos após a sua pergunta. Ele alcançou outro corredor. E foi nesse momento em que ele levou um susto, ao se deparar com o mascarado do outro lado de outro vidro. Aquilo lhe surpreendeu bastante. Ele não esperava que ele reduzisse o espaço de tempo entre as suas aparições.
- você é tão estúpido. É claro que não sou Branco! – respondeu com a voz eletrônica inclinando levemente a cabeça para o lado, como um filhote confuso.
E novamente, algo em sua mente gritava para ele ficar alerta.
- o seu tempo esta correndo contra você, coroa. É melhor apertar o passo para ser mais rápido do que o tic-toc. – o mascarado voltou a correr, desaparecendo por entre os espelhos mais uma vez.
Sagitário voltou a correr, tentando alcançar o outro. Alguns corredores depois, o homem voltou a aparecer, usando a máscara de cima, sorrindo e acenando para si do outro lado de um vidro. Aquilo lhe irritou. E ao tentar descobrir como chegar do outro lado do vidro, foi que ele percebeu. Aquele lugar ficava do lado contrário para o qual o seu caminho seguia. O corredor em que ele estava ia para a direita e dobrava a esquerda. Mas o corredor em que o mascarado se encontrava vinha da esquerda e dobrava a direita. Mas o mascarado, há poucos instantes atrás, surgiu do mesmo corredor em que ele se encontrava. Era apenas uma suposição, mas a sua mente começou a trabalhar em uma teoria sobre o que estava acontecendo ali.
Se acalmando e recuperando o ar de tranquilidade, Sagitário se aproximou do vidro, sorriu de canto e bateu no objeto transparente com o nó do dedo indicador, chamando a atenção do outro.
- e então? Cadê o outro mascarado? – questionou vendo o outro sorrir de canto e erguer as mãos, dando de ombros.
- eu não sei. Você não deveria era estar preocupado com outra pergunta? – respondeu o mascarado de olhos misteriosos e sorriso largo, vendo o homem a sua frente franzir o cenho, confuso.
Que outra pergunta? Sagitário havia acabado de analisar a sua situação. Então era bem possível que houvesse, de fato, uma pergunta que ele ainda não havia feito a si mesmo. Ele nunca foi dos mais inteligentes, mas também nunca fora um acéfalo.
- que outra pergunta? –
- qual de nós dois está levando você para a porta? – ditou o outro, sorrindo largo – eu? O meu outro eu? Nenhum dos dois? Afinal... Você já percebeu que estamos percorrendo caminhos diferentes. Agora... O seu é o certo? Ou é o meu? -
A pergunta foi acompanhada por um sorriso de canto que apenas fixou ainda mais o pânico no homem mais velho.
- O... certo? - a sua voz saiu em um sussurro que não alcançou o mascarado.
Peter sentia que todas as suas forças haviam se perdido em algum lugar longe de seu corpo. Sentia o mundo girar e uma vertigem fora do comum lhe dominar. Ele não conseguia crer no que estava acontecendo. Lydia e Matt estavam assistindo aos noticiários, junto de Isaac, quando eles voltaram para a base. E as notícias eram péssimas. Uma série de atentados terroristas no sul do país. Explosões em várias cidades dos condados do Novo México, Texas, Louisiana, Mississippi e Alabama. O homem suspirou, se permitindo cair sentado em uma das cadeiras giratórias do local.
Ao seu lado, Derek jogava o colete a prova de balas sobre a mesa redonda. Ele se via desnorteado. Como se um grande tijolo o tivesse atingido a cabeça. Tanta dedicação fora investida naquela investigação. Ele passou horas com a sua equipe trancados em uma sala, apenas tentando desvendar o mural de fotos que eram as paredes do porão da casa que explodiu. Horas tentando apenas entender a mente de Branco e como ele havia planejado tudo aquilo, com a esperança de evitar uma catástrofe. Mas eles não conseguiram impedir nada. Tudo ocorreu exatamente como o maldito havia planejado. Todos os passos seguiram, exatamente, como o infeliz havia planejado. Eles passariam horas investigando, com toda uma frota de agentes concentrados na maldita casa, e tudo o que eles conseguiriam seria morder a pista falsa deixada pelo desgraçado, para que, se quer, conseguissem chegar perto de deter as explosões das bombas.
- Desgraçado! – rugiu Vernon jogando o seu colete no chão.
- V... – Allison tentou confortar o colega de trabalho, mas ela não tinha o que dizer.
Não havia como confortar aquela situação. As imagens amadoras dos bombeiros tentando salvar os próprios companheiros, bem como civis ajudando policiais em delegacias de polícia e médicos em hospitais era, não apenas perturbadora devido ao cenário caótico, como também humilhante. Aquele atentado era o seu erro sendo exposto não apenas para eles e para Branco, mas para o país inteiro e até mesmo para o mundo. Não haviam palavras que pudessem amenizar o sentimento de decepção que sentiam. A decepção de si mesmos, o sentimento de que decepcionaram a todos ao seu redor, todos que juraram proteger, todos os familiares e amigos que ficaram em risco. E o pior de tudo era saber que eles receberam uma chance de evitar tudo aquilo. Porque, por mais que Branco fosse um ser humano horrível, ele lhes deu a chance de resolver aquilo.
- então é isso? – inquiriu Isaac, chamando a atenção dos agentes mais próximos que puderam procurar curiosidade em meio a tanta decepção.
- é isso o que é investigar Alice? Você... Você dá tudo de si para.... Para perder, cair no chão e olhar para cima, e finalmente perceber a diferença entre vocês? – o louro de cachos abaixou o olhar para as próprias mãos, as vendo tremer. Ele ficou apavorado ao descobrir sobre o atentado.
Ele nunca sentiu tanto medo da morte na vida. O que lhe deixava confuso. O que mais ele tinha para perder? O que ele tinha tanto medo de deixar? O seu único bem era a sua mãe, que partiu há anos. Então ele se questionava: por que ainda queria tanto viver?
- é, Isaac. É exatamente isso – murmurou Alan, cansado.
- agora... Que... O Isaac colocou em palavras, eu me sinto mais inútil ainda – murmurou Scott, irritado e chateado.
Peter suspirou, passando as mãos pelos cabelos com fios grisalhos destacando-se entre os louros. O homem ergueu a cabeça e respirou fundo. Se erguendo e atravessando o caminho de alguns agentes, algumas vezes pedindo licença, o Tate se aproximou do quadro de dados e apagou alguns deles e escrevendo novas informações. Ele escreveu a data e o real significado dela, escrevendo a data espelhada logo ao lado. Ele destacou os condados e cidades atacados. Alguns agentes o observaram com curiosidade, outros com um ar de desistência.
- o que está fazendo? – questionou um dos agentes que não faziam parte da divisão.
- trabalhando – respondeu passando a escrever o espaço de tempo em que se acreditava que as bombas haviam explodido.
Derek suspirou e descruzou os braços.
- Peter está certo. Nós perdemos. Não conseguimos evitar as explosões nem as vítimas. Mas nós podemos prender esse cara. E nós vamos –
- agora, não temos tempo nos pressionando, mas ainda temos a responsabilidade nos ombros. Temos que trazer paz para as famílias das vítimas. Prender o culpado. – ditou Scott concordando com o amigo e com o tio do mesmo.
- do que vocês estão falando? Ainda estamos correndo contra o tempo – ditou Peter, confuso, recebendo olhares igualmente confusos.
- estamos? – inquiriu Erica, confusa.
- sim. Estamos. Branco disse “Quando as duas reuniões das cartas acontecer” – respondeu o Tate vendo os agentes franzirem o cenho.
- então... – Matt questionou, receoso da resposta que receberia.
- o ataque tem duas ondas – respondeu Rafael vendo os olhares derrotados voltarem a exibir o pavor se instantes atrás.
- então ainda tem mais bombas – comentou Vernon sentindo o peito se apertar.
- eu vou dividir vocês em dois grupos. Um será composto por trinta por cento do pessoal, o outro, por setenta. O menor grupo irá focar na base e analisar a casa toda novamente. Procurem por sinais que deixavam claros o ataque e os alvos. Se entendermos a primeira onda, podenos entender a segunda. O resto, já se dividir em grupos menores e vão visitar os locais afetados pelas bombas – ditou Alan já começando a separar o grupo que ficaria no local.
- Isaac e Erica, vocês vão com Allison até um dos locais de explosão. Scott, Rafael e Chris vão para outro. Eu quero o máximo de informações que vocês possam tirar. E quero ambas as visões: Isaac, procure por restos da bomba e analise a composição E Erica... Você sabe o que fazer – ordenou Peter vendo os agentes menearem em compreensão.
- pode deixar – ditou a loura de cachos, enquanto Isaac apenas meneava em silêncio.
- Lydia, eu preciso de um mapa – pediu e a ruiva tratou de providenciar o mesmo, pronunciando uma resposta monossilábica .
- Matt, eu quero acesso as câmeras de segurança dos locais alvos e dos arredores dos mesmos. Precisamos saber, com exatidão, como as bombas chegaram até os locais sem levantar suspeitas. Vernon, eu quero que ajuda o analista a estudar esse ponto –
- certo –
Em instantes, mais da metade dos agentes estavam embarcando em aviões rumo ao sul do país. Os grupos dividiram os pontos que visitariam e assim partiram a trabalho. Todos tinham em mente a mesma coisa: Eles tinham apenas horas até que tudo acontecesse de novo. Horas até que mais vítimas fossem feitas e mais terror fosse espalhado pelo país. Allison foi a primeira a descer do carro assim que chegaram ao local da explosão. O cenário ainda era caótico. O hospital ainda liberava fumaça, apesar de as chamas já terem sido contidas. Vítimas ainda eram retiradas do local em sacos de evidências para que fossem analisadas na necropsia. A agente Argent levou a mão ao peito, enquanto travava o veículo, pedindo forças a sua mãe, a sua avó, e a Deus. Um pequeno ritual que ela sempre realizava quando o caso era intenso.
Assim como aquele.
Ao se aproximar da área delimitada, Allison ignorou os civis amontoados ao redor da faixa de “Mantenha Distância”, e se focou brevemente nos policiais e na viatura ali perto. Ela foi a primeira a notar, em seguida Erica e Isaac também notaram o detalhe.
- esses policiais... – Isaac tentou comentar, mas Allison apertou o passo.
- agente Argent, FBI, estes são os consultores Lahey e Reyes – ela se apresentou para a oficial mais próxima, que lhe permitiu a passagem e passou a lhe acompanhar.
- graças a Deus! Mais reforços! – exclamou a mulher os guiando para a entrada do hospital.
- antes de tudo, uma pergunta. Por que a polícia da cidade vizinha está aqui? Onde está a polícia local? – inquiriu a Argent se virando para a oficial, que lhe encarou com desconfiança.
- você não sabe? As bombas inutilizaram o sistema de emergência da cidade – respondeu, surpresa com a falta de informação da agente.
- mas foram todas as delegacias locais?! – questionou Allison, em choque.
- não deixaram nada escapar – respondeu a oficial e logo eles alcançaram o centro da explosão, onde um grupo de forenses analisava o local.
- inutilizaram a emergência? Como assim? – inquiriu Erica confusa.
- ele atacou todos os setores: Hospitais, delegacias e corpos de bombeiros – murmurou Allison, em resposta.
- bom, Lydia nos passou isso no avião –
- mas não disse que foram todos da cidade. Cada delegacia, cada hospital e todos os corpos de bombeiros da cidade. Ele deixou a cidade completamente vulnerável a tudo -
- por isso que há mais de um local por cidade – comentou Isaac, pensativo.
- bom, não completamente vulnerável. Os civis foram bastante úteis e se prontificaram a ajudar – comentou a oficial, observando Erica analisar o local com olhos atentos.
- e é exatamente isso o que ele quer – comentou Isaac, ainda pensativo, se abaixando e analisando um pedaço de orelha de gato de pelúcia completamente queimado.
- como assim? Vocês sabem quem foi o responsável? –
- temos uma certa ideia – comentou Allison observando Isaac – o que você quis dizer? –
- Branco quer fazer as pessoas se tornarem independentes. Quer mostrar que vocês são inúteis. Sem bombeiros, médicos e policiais... As pessoas –
- só terão elas mesmas – concluiu Erica encarando um ponto específico, vendo alguns corpos ainda espalhados pelo chão.
- ele quer fazer as pessoas se voltarem contra a polícia – comentou o louro, se erguendo e se aproximando dos forenses.
- ele quer começar uma guerra civil – concluiu a Argent se aproximando dos forenses enquanto a oficial a seguia, franzindo o cenho.
- uma guerra civil?! Como se começa uma guerra civil? –
- mostre vulnerabilidade no governo e a força do povo. É questão de tempo e mais ataques para tudo acontecer -
- Eu... confesso que não entendi – comentou a oficial, genuinamente curiosa.
- ao mostrar a vulnerabilidade do governo, os que já se mostravam contra ele vão cair matando com críticas e protestos. Mostrar a força do povo vai apenas dar mais força aos argumentos dos protestantes e acabará atraindo mais pessoas para o grupo. Os que se mantiveram fiéis ao governo vão arregaçar as mangas e ir para as ruas protestar contra os protestantes. Ainda nos primeiros movimentos contra os protestos, o primeiro confronto vai surgir. E é aí que tudo vai sair do controle – explicou a morena escondendo, ao máximo, o pânico que crescia em seu peito.
- bom. Se sabemos com funciona, podemos descobrir como evitar – comentou a oficial, dando de ombros, tentando mostrar positividade diante da possibilidade catastrófica.
- não é tão simples, oficial. O único modo de evitar a guerra, seria acalmando os rebeldes. Mas, como fazer isso? – argumentou Isaac vendo a mulher lhe fitar, curiosa.
- eu... – a mulher não sabia o que responder.
- vamos fazer uma pequena suposição. Você é a favor de aborto? –
- bom... Sim –
- e se eu for contra e vou para as ruas protestar. Como você me pararia? – indagou Isaac observando as costas de Erica, que analisava o ambiente com curiosidade.
- eu te prenderia – respondeu a oficial, convicta.
- certo. Mas a minha situação iria inspirar outros. Você os prenderia também? –
- bom, sim –
- agora me diga. Quando esse número ultrapassar o limite que você pode prender... O que vai fazer? – a pergunta deixou a mulher sem palavras.
- entende, agora? Impor a sua vontade sobre um rebelde, não é resolver o problema. É atrasar ele e aumentar o seu tamanho. Ao invés de parar uma bola de neve, você está apenas fugindo dela e a deixando crescer –
- e aí, Erica? – inquiriu Allison, ao perceber que a loira se encontrava em silêncio já há um bom tempo.
- eu odiei esse lugar – murmurou a Reyes, em resposta.
- é. Eu imaginei –
- sabe? Eu posso lutar contra homens armados, mulheres psicopatas e gente perturbada das ideias. Mas... Uma bomba? Nem tem como proteger alguém disso. As coisas que acontecem... É quase como se a própria morte viesse brincar com a vida dessas pessoas – a emoção por trás da mulher era notável. Ela estava com medo. Estava apavorada.
- o quê? –
- a quantidade de vidas tiradas em instantes, cada uma a seu modo. Chega a ser ridículo. Você pisca... E boom... um vidro lhe corta a jugular, ou então os olhos, uma pedra bate em sua cabeça ou uma placa de metal arranca ela fora. – ditou apontando para resquícios de sangue na parede a sua esquerda e no chão a sua direita, há uma certa distância da recepção destruída.
- é a sua primeira vez com uma bomba? – inquiriu o cientista forense, vendo a loura desviar o olhar para si.
- ficou óbvio? –
- o jeito que você está afetada. Todo mundo fica assim na primeira vez – respondeu o homem se erguendo e se aproximando de um outro ponto marcado com um triângulo amarelo enumerado.
- como ele deve ter reagido? – inqueriu outro dorense, chamando a atenção do grupo.
- quem? – inquiriu Allison, curiosa.
- o culpado pela bomba ao descobrir que nos hospitais, apenas as pessoas presentes no local da explosão e desavisados desesperados foram as vítimas? Afinal de contas, o restos das pessoas nos hospitais foi removido dos prédios pelos fundos e saídas de emergência – respondeu encarando a agente com uma curiosidade genuína.
- se você achou que ele se surpreendeu, abandone essa ideia ingênua. Esse cara sabia disso... Da possibilidade da evacuação ocorrer pelos fundos e pelas saídas de emergência – respondeu Erica, abaixada ao lado de um dos cadáveres carbonizados.
- se ele sabia, por que também não atacou as saídas? O terror seria maior, devido ao aumento do número se perdas –
- aí é que está o motivo. Quanto mais sobreviventes, melhor para ele –
- isso não faz o menor sentido! Um terro -
- ele não é um terrorista. É um assassino em série. Um psicopata que planeja usar isso para jogar com o país. Se ao menos um desses sobreviventes, se juntar ao grupo de protestantes que vai surgir, a sua voz vai dar um alcance muito maior ao protesto. Vai atrair mais pessoas – explicou a loura se aproximando de Allison.
- eu não sei dizer como a bomba foi alocada, mas consigo dizer que a posição foi estratégica e muito bem pensada – comentou enfiando as mãos nos bolsos. Allison apenas meneou em concordância.
- e por que diz isso? – questionou a oficial e Erica apenas apontou com o queixo para trás dela.
- essa é a única saída que dá para o estacionamento. É claro que as pessoas menos informadas e mais burras iriam correr desesperadamente para seus carros. E quando eles perceberam a barreira de fogo e que não tinha como passar por ela, foi tarde demais. Os idiotas que vinham atrás os empurraram nas chamas. Eles caíram e formaram um tapete sobre o fogo. Outros caíram logo atrás e também foram pisoteados, mas não nas chamas. Uma boa parte dos mortos foram consequência das atitudes de outras vítimas e não da bomba –
- e você consegue dizer tudo isso como? –
- eu sou especialista em sobrevivência. Não importa a situação – respondeu a loura dando as costas e admirando Isaac, que analisava a área da explosão – e aí? Alguma coisa? –
- foi uma bomba pequena. Mas com um componente muito inflamável. Ele deve ter tido um trabalho e tanto para fabricar essas coisas. –
- você é algum especialista em bombas? Nós já coletamos quase todas as partes da bomba. Como sabe que foi pequena? – inquiriu o cientista forense, curioso com a analise do recém chegado.
- porque ninguém encontrou a bomba antes que ela explodisse. Logo, ela era pequena o suficiente para ser escondida em algo que não chamasse a atenção. Como um ursinho de pelúcia – respondeu apontando para outra orelha felpuda no chão, ao lado do que sobrou de um computador.
- isso me parece bem maravilhano, para mim – comentou Allison, se aproximando e analisando o que havia sobrado da orelha felpuda.
- eu consigo imaginar o Stiles fazendo uma dessas, com certeza – comentou Erica dando de ombros.
- ? É assim que chamam o culpado pelas bombas? - questionou a oficial vendo a loura lhe encarar com seriedade.
- Não. É alguém que pode ajudar a pegar esse cara – respondeu Allison vendo Isaac lhe encarar por sobre os ombros.
- e ele está ajudando nas investigações? Está em outro local de explosão? -
- ele está impossibilitado de fazer investigações, no momento - respondeu a agente, finalizando com um suspiro cansado.
Peter suspirou pesado, enquanto levava uma das mãos a cabeça. A dor começava a lhe tirar os trilhos do pensamento, que já não eram muitos. Era tão difícil perseguir alguém como eles dois. Como diabos poderia existir pessoas assim? Tão inteligentes e ao mesmo tempo tão malucas, capazes de se tornarem extremamente difíceis de investigar e ao mesmo tempo tão eficientes no assunto. Era perturbador, quando se parava para pensar que um dos dois atingiu aquele auge ainda na pré-adolescência. Ainda criança.
Alice e Branco.
- o que eu tenho que fazer para prender você, Branco – murmurou o louro, encarando o quadro de informações que haviam montado.
Estava há quase uma hora plantado ali, na frente do quadro, enquanto admirava cada informação escrita e como ela se encaixava na investigação. Havia quase uma hora que Peter estava tentando não cair em desespero. A situação já era desesperadora quando ele sabia que possuía cinco dias para investigar. Mas, agora, que ele se quer sabia quanto tempo tinha e já sabia do que Branco era capaz... o pânico era ainda pior. Ele já sabia qe Branco queria causar o terror. Mas até onde ele iria para isso? Quais seriam os próximos alvos? Escolas? Creches? Cinemas? Sedes políticas? Era impossível saber a resposta. Alice tinha um ódio mortal por adultos e, por algum motivo, um apreço por crianças. Então era óbvio que ele não atacaria locais com crianças dessa forma. Mas e Branco? Qual era o limite daquele estranho mascarado? Ele tinha algum limite?
- chamar Alice – a voz de Alan surpreendeu o agente Tate, que se virou na direção do seu superior, o encontrando sentado, com o chapéu sobre o joelho da perna cruzada e um copo de café em mãos.
A resposta o perturbou.
- não. Não mesmo – o homem encarou outro agente com seriedade e repreensão, deixando claro que aquela linha era um limite que Alan não deveria passar.
O Deaton suspirou.
- a balança não bate, Peter – o outro repreendeu, se erguendo e voltando a colocar o chapéus – já perdemos muitas vidas. Vidas que, possivelmente, poderiam ter sido salvas se tivéssemos colocado Alice desde o começo – o outro pontuou, se aproximando.
Derek os observava, de canto.
- não podemos nos prender a suposições do passado, Alan. Não agora. Não temos tempo para isso! –
- aí é que está, Peter! Como sabes? Quanto tempo temos? Onde adquiriu essa informação? – o homem argumentou sabendo muito bem que estava colocando o louro contra a parede.
- eu não sei! Mas se tem tempo para fazer suposições, tem tempo para investigar –
- você e eu sabemos que, com noventa e cinco por cento de chance, Alice saberia muito mais do que nós sabemos agora – pontuou Alan observando o Tate, frustrado negar com a cabeça.
- não podemos afirmar nada –
- não minta para mim, Peter. Você sabe que nesse trabalho confiança é a única coisas que não se pode perder –
Peter se manteve em silêncio, encarando o Deaton. O outro se aproximou ainda mais, se colocando exatamente a frente do louro. Peter sabia que não era uma tentativa de intimidação, apenas queria que abaixassem a voz.
- ele não pode ser exposto a isso –
- ele não pode ser exposto a alguém como ele? Qual é a lógica nisso? –
- Alan, eu demorei anos para conseguir essa chance. E eu não vou jogar isso fora por causa -
- você já está – a voz de Derek chamou a atenção dos dois homens, que agora sussurravam um para o outro.
- como é? – inquiriu Peter, indignado.
- você já está jogando fora, tio – Peter encarou o sobrinho com fúria, erguendo o dedo.
- eu lhe avisei, Derek. Eu deixei claro que não iria deixar você boicotar essa divisão mais uma vez –
- ele estava questionando você –
Peter e Alan franziram o cenho.
- quem? –
- questionando quem? –
O Hale suspirou e se aproximou
- quando estávamos em Maybelle. Eu me aproximei da cela e ouvi ele falando sozinho. Alice estava falando sozinho, sobre você –
Peter piscou os olhos, surpreso, enquanto tentava formular algo.
- e o que ele dizia? –
- ele perguntou... Ele estava perguntando ao meu pai o motivo de você estar abandonando ele – a resposta levou o louro a engolir as próprias palavras ditas ao sobrinho.
- ele... Se perguntou porque todo mundo odiava ele –
- isso não me parece coisa boa – comentou o Deaton cruzando os braços e direcionando um olhar pensativo para Peter.
- isso está apenas afastando ele de você –
Peter piscou os olhos, surpreso, antes de negar com a cabeça.
- eu estou fazendo o que tem que ser feito. Se Stiles souber sobre o Branco e essa investigação, existe a possibilidade de Alice voltar. E eu não posso permitir isso. Ninguém aqui pode –
- tio – Derek tentou argumentar, mas Peter o cortou rapidamente.
- você não entende?! Não é apenas sobre perder um esforço já jeito. Isso é sobre não conseguir reparar o estrago que vai ser feito –
Alan franziu o venho, curioso.
- como assim? –
- se Alice voltar, agora um adulto, a gente não pega ele antes que consiga o que quer – o louro respondeu, antes de suspirar, derrotado, e erguer um olhar suplicante – não podem trazer ele aqui. Não para esse caso. Quando criança, ele tinha limitações. Mas agora... Agora, eu tenho certeza de que ele volte ainda pior –
- Peter...
- a resposta é não! – exclamou o louro olhando com indignação para o sobrinho e para Alan, antes de dar as costas.
Alan suspirou e sinalizou para Derek, com a cabeça, para que se afastassem. Os dois se dirigiram para a sala de Derek, onde as fotos estavam espalhadas pelas paredes. O Deaton fechou a porta assim que passou por ela. Derek se aproximou da janela e passou a observar os prédios, tentando pensar.
- quanto tempo nós temos? – inquiriu o Hale, sem se virar para olhar o seu superior suspirar mais uma vez.
- até onde eu sei, ele só falou essa data. Então temos até antes da meia noite, creio eu. Qualquer hora nesse curto espaço de tempo pode ser o momento em que teremos mais notícias ruins sobre Branco – disse o homem de chapéu se aproximando da mesa e apoiando o seu chapéu alí.
- é muito louco tempo! – exclamou, indignado – se quer conseguimos impedir o ataque de hoje, tendo cinco dias para investigar. Só um milagre para nos fazer conseguir impedir isso nesse ! – voltou a exclamar, colocando as mãos na cintura e abaixando o olhar.
- um milagre... Ou um maravilhano – comentou o Deaton, chamando a atenção do agente Hale, que franziu o olhar em sua direção.
Alan estranhou o olhar do moreno, antes de o mesmo estalar os dedos.
- nunca foram para nós...
- o quê?! –
- as pistas nunca foram para nós. Só Alice saberia dizer o que é verdade e o que é distração. Tudo isso... É um maravilhano enviando um código para outro –
- um código? – inquiriu Alan, desconfiado – então não podemos deixar Alice ter acesso a ele –
- não. Aí é que está o X da questão. Branco sabe que Alice vai odiar ele. É por isso que ele está fazendo todo esse jogo. Branco tentou matar o tio Peter. E Alice jura que ninguém que soubesse de sua existência tinha sobrevivido a ele. Isso o deixaria duplamente irritado e ele mataria o Branco por isso. –
- então por que mandar um código para Alice? – inquiriu Alan, sorrindo de canto com a analogia do moreno de olhos verdes.
Assistir a mente de Derek trabalhando a mil para tentar compreender Alice era como ver o seu velho amigo de novo. A nostalgia lhe agradava. Ele gostava de lembrar do passado. E também gostava da época em que Alexander ainda era vivo. Da época em que os seis eram uma única equipe de agentes pouco experientes.
- eu... eu não sei – murmurou ainda pensativo.
- e por que acha que as pistas são para Alice? – inquiriu Alan se sentando e cruzando as pernas.
- “Em cinco dias, eu irei fazer com que vocês percebam o quanto Alixe é superior a vocês” –
- como?! –
- foram as palavras de Branco para o meu tio, Rafael e Chris. Ele sabia que Peter iria fazer de tudo para afastar Alice desse caso.
“Por que ele está me abandonando?”
OS olhos verdes se arregalaram quando a voz ecoou em sua memória. Agora ele sabia o motivo. E agora ele também sabia que, realmente, Branco era uma pessoa preparada e ardilosa. Ele se via perturbado, mais uma vez, desde a notícia das bombas que explodiram e mataram tantas pessoas inocentes. Era a segunda vez, apenas naquele dia, em que ele ficava boquiaberto por causa de um maravilhano.
- ele... Ele quer separar o Peter e o Stiles – respondei olhando na direção do tio, do outro lado da grande janela de sua sala.
- entendo. Peter é o único capaz de controlar, mesmo que minimamente, o Stiles –
- isso. E se o Stiles perde a confiança no Peter...
- o Peter perde o controle sobre Stiles – concluiu Alan vendo o moreno menear positivamente.
- precisamos do Alice nessa investigação. Mas eu também não quero ir contra o meu tio. Não agora que... – o Hale coçou a cabeça, frustrado.
- vá! – ordenou o Deaton e o moreno de olhos verdes lhe fitou com confusão.
- Alan, eu... –
- é uma ordem! Uma ordem minha. Não tem como o seu tio lhe culpar por isso – o moreno de olhos verdes encarou o superior, analisando as palavras do mesmo, antes de suspirar.
- e se o Peter estiver certo, Alan? E se o Stiles surtar e voltar a ser um serial killer? – inquiriu o moreno, nervoso. – o meu pai morreu tentando ajudar esse cara. Eu não... Eu não quero desfazer o que o meu pai morreu para fazer – argumentou o agente de olhos verdes, observando o mais velho negar com a cabeça.
- se não usarmos Alice contra Branco, vamos perder ainda mais vidas. Não pode arriscar dezenas ou centenas de vidas por medo de perder um assassino, Derek –
- mas se ele voltar a ser um serial killer, mais pessoas vão morrer. E de uma forma mais violenta –
- se ele voltar, nós matamos ele – as palavras do Deaton paralisaram o Hale.
Derek o encarou, perplexo, o observando ajustar o chapéu na cabeça.
- não me olhe assim. Sabes que Alice deveria ter pego pena de morte assim que completou a maioridade. Matar ele agora seria o mesmo que ter matado anos atrás. Estaríamos apenas fazendo o que ele fez com o Sebastian Crane: aplicando a sua pena –
Derek não conseguiu argumentar. Ele sentia a veracidade das palavras do mais velho e concordava com elas. Muitos outros receberam pena de morte no país, mas nenhum tivera crimes tão brutais nas costas como aquela criança. Segundo a lei, Alice deveria receber pena de morte pelos crimes de porte ilegal de armas, drogas e substâncias ilegais, somados a desacato a autoridade, terrorismo e homicídio qualificado. Tudo isso com apenas onze anos de idade. Mas é claro que eles teriam que esperar ele completar a maioridade para executar a pena. Mas Alice não recebeu pena de morte.
- por que? Por que ele não recebeu a pena de morte? – inquiriu Derek, curioso, observando o mais velho suspirar.
- isso é com os superiores, Derek. Tudo o que sei é que foram apresentadas provas, no julgamento, que fizeram juiz não o sentenciar a morte -
- provas? – inquiriu, confuso, vendo o homem a sua frente dar de ombros.
- eu não sei o que foi. Mas por ordem de superiores, as provas foram consideradas secretas e não foram expostas no julgamento.
- mas o que porra acontece com esse cara? Tudo parece... Conspirar para ele. Ao mesmo tempo em que contra ele, também conspira a favor dele –
- é por isso que precisamos dele aqui. Na situação em que estamos, precisamos das coisas que conspiram a favor dele –
- mas e se as coisas conspirarem contra ele, desta vez? – ele ainda possuía receio da possibilidade citada por Peter acontecer.
Alan suspirou mais uma vez.
- sabe, as pessoas apenas enxergam o que aquele garoto fez como atos de um vilão de psicológico fodido e mente perturbada. E estão certas, por um lado, mas ninguém nunca pensou no outro lado? Não existem super-heróis, apenas pessoas com escolhas. – argumentou o Deaton dando as costas ao moreno e seguindo para a porta da sala.
Derek franziu o cenho.
- que outro lado? – perguntou observando o seu superior parar diante da porta.
- as vítimas de Alice. Nem todas eram inocentes. Na verdade, se você parar para pensar, os inocentes foram efeitos colaterais de suas vinganças pessoais – respondeu voltando a ficar de frente para o mais novo.
- como assim? O que quer dizer? –
Alan riu.
- não me surpreende em nada que você não saiba. Como eu disse: não existem heróis e nem vilões. Apenas pessoas com escolhas. E eu escolhi ordenar que você vá buscar Alice para investigar esse caso. Se ele enlouquecer, a culpa será toda minha e eu arco com as consequências. No entanto, se ele salvar a vida de centenas de pessoas, o crédito será meu e dele – ditou abrindo a porta.
- Alan – Derek o chamou, esperando por respostas, mas antes que perguntasse qualquer coisa, o Deaton o cortou, lhe encarando nos olhos com seriedade.
- é uma ordem! – ditou se virando.
- por que não vai você mesmo? – inquiriu chamando a atenção do mais velho.
- como? – indagou Alan, descrente da audácia.
- ele me odeia, Alan. E com razão, eu não nego. Ele não vai colaborar se eu for lá – explicou vendo o outro voltar a fechar a porta, para que o assunto não alcançasse ouvidos indevidos.
- ele pode, muito bem, odiar você, mas ama a sua imagem – ditou o homem de chapéu, observando o outro estranhar suas palavras.
- o quê? –
- você é idêntico ao seu pai. Ele podia odiar você por dentro, mas ele ama o seu pai. Você não tem que ser você. Apenas seja para ele o que seu pai era. Wu não me importo se você esteja usando ele ou não. Apenas faça o que for necessário para trazer ele para o nosso lado – ditou voltando a se virar para a porta.
- e como porra eu vou fazer isso. Eu só sei como o meu pai agia em interrogatórios eu vou fazer p quê?! Interrogar ele?! –
- você pode não ter visto o seu pai. Mas você presenciou o relacionamento dele com o Peter. Faça o mesmo. Mas melhor. Comece dando isso a ele – Derek ergueu a mão quando Alan arremessou um pirulito que havia retirrado do bolso.
- Stiles adora doces. Dê um pirulito com um recipiente de café instantâneo. Duvido muito que Peter tenha dado café a ele nesses dias –
- café instantâneo?! – inquiriu, descrente.
- sabe aqueles doces antigos? Um pirulito com um pacote de açúcar com substância azeda e com corante? Alice usa o café instantâneo para isso. –
- isso é nojento! –
- não está aqui para julgar os gostos dele. Apenas o seduza com carinho fraternal. Faça ele gostar de você. E então você vai ter o maior soldado do país ao seu dispor, agente Hale –
- e por que você não faz isso? – Ele voltou a repetir a pergunta e Alan suspirou
- porque ele saberia que eu estou apenas o usando. Mas vindo de um Hale? Ele vai se agarrar a esperança da possibilidade de ser real – disse o Deaton voltando a girar a maçaneta.
- isso é horrível! – exclamou o mais novo, indignado.
- não tanto quanto dizer que ele merecia ser estuprado pelo pai, Derek. Ele já passou por tanta coisa pior. Mas se acha que está sendo cruel demais, então não finja, faça de verdade. Como eu disse, não me importo. Eu apenas quero ele na coleira e trabalhando para nós - o homem se retirou, deixando o agente de olhos verdes encarando a porta com perplexidade.
Derek abaixou o olhar para o pirulito em sua mão, antes de apertar o mesmo.
Sagitário, arfante, encarou a porta a sua frente. Era uma porta comum. De madeira, pintada de branco, sem verniz, descabelada redonda na cor vermelha. Acima da porta, havia um relógio. Ele encarava o desgraçado há dois minutos, enquanto tentava recuperar o fôlego. Estava abismado! Não sabia dizer se havia enferrujado na cadeia, ou se aqueles dois desgraçados eram extremamente treinados em atletismo.
Depois de começar a ignorar ambos os mascarados e se focar no ambiente ao seu redor, ele entendeu o jogo. Os filhos da puta estavam, ambos, lhe levando para portas. Cada um para uma. Mas se decidisse seguir os dois, não daria em nada. Seria beco sem saída. Mas ele também não sabia que cada um levava para uma porta. Então decidiu não seguir nenhum dos dois. Decidiu acreditar única e exclusivamente em seus talentos. E com isso, notou, no chão de um dos corredores, marcas de terra laranja. A mesma terra laranja que percebeu nos tênis brancos do jovem que lhe acordou no quarto que levava ao labirinto. E, s desviar o caminho ou dar ouvidos aos mascarados, ele conseguiu alcançar a porta de saída antes que o tempo acabasse.
- cansado, vovô? – a voz do mascarado sem efeito lhe chamou a atenção.
O homem de cabelos grisalhos desviou o olhar para o lado esquerdo, e visse o homem de máscara nos olhos. Sagitário se encontrava em um túnel de vidro, que era separado do labirinto por uma porta também de vidro. O seu túnel se encontrava no meio dos dois em que se encontravam os mascarados. Ao total, eram três portas diferentes, cada uma liga ao labirinto por um túnel de vidro. As duas portas eram vermelhas com maçanetas brancas. A ridada eletrônica do outro mas arado o fez olhar para a direita.
- ele vai mesmo aguentar o tranco, Branco? Tem certeza? – inquiriu e logo o timer acima das três portas chegou a zero e as mesmas foram destrancadas eletronicamente, surpreendendo o mais velho dos três.
Os dois mascarados abriram suas portas sem preocupação e as adentraram. Sagitário imitou o ato dos dois, um tanto curioso quanto ao que encontraria do outro lado. Mas, assim que abriu a porta, se surpreendeu ao encontrar um enorme salão com quatro tronos dispostos em um circulo, separados dos computadores dispostos no centro do salão por uma certa área aberta e uma mesa também circular feita de mármore. Diante dos computadores no centro do salão, estava um homem de terno branco e máscara de coelho com pelagens brancas que lhe cobriam os fios de cabelo. Ele o reconheceu pela máscara imediatamente. Era o homem que havia lhe visitado na prisão, mas com roupas diferentes. Mas haviam algumas pessoas que ele não havia visto antes. Duas delas usavam máscaras brancas com símbolos de Paus e Outos. E os dois mascarados estavam cercados por dois homens cada. Esses quatro homens estavam vestindo mascaras de animais comuns. Um cão, um gato, um macaco e uma coruja.
Sagitário se surpreendeu quando um dos mascarados que se encontrava no labirinto com ele, saltou a mesa de mármore e cruzou o espaço até se jogar no braço de um dos tronos, onde o outro mascarado já se encontrava sentado. E, só então, ao olhar os dois lado a lado, que Sagitário notou que suas máscaras se completavam. E, juntas, as duas máscaras possuíam o símbolo de Copas.
- eu esperava mais de você. Eu não vou mentir – ditou Branco, chamando a atenção para si.
- eu disse que ele está velho demais para isso – ditou o homem com a máscara de Paus com a voz eletrônica de sua máscara.
- velho é a sua tua mãe! – rebateu, irritado e ainda cansado.
- dá um descanso pro velho. Ele estava na cadeia há anos. Não tem uma academia descente lá para a terceira idade – falou o mascarado com o símbolo de Ouros e Sagitário se vou irritado mais uma vez.
- vou enfiar um par de alteres no seu cu! – ralhou o grisalho cerrando ao punhos, em uma ameaça de briga.
- cuidado que ele pode gostar – ditou um dos gêmeos, gargalhando log oem seguida, sendo acompanhado pelo irmão.
- eu tenho certeza de que ele iria gostar – falou Rainha e os gêmeos gargalharam com mais intensidade.
- eu não posso negar – disse o homem com máscara de Ouros dando de ombros e os quatro riram.
- eu vou ter que calar a boca de vocês matando cada um? – ameaçou o homem sem máscara e o silêncio se instalou entre eles, antes de os quatro voltarem a rir.
- impulsivo! Impulsivo demais para o psicopata que disseram ser – comentou Rainha vendo o mais velho lhe fitar com fúria nos olhos.
- essa porcaria não vale um centavo – comentou o homem com naipe de ouros.
- também não é pra tanto, Rei. Eu não jogo moedas em chafariz fazendo desejos – comentou Branco terminando de digitar algo no computador e girando a cadeira na direção de Sagitário.
- que circo dos horrores é esse? Vocês são um bando de nerd baitola vestindo máscaras! Não passa disso?! –
O silêncio voltou a reinar.
- não gostou do nosso clubinho do crime? – inquiriu Branco rindo baixinho e cruzando as pernas e os braços.
- vocês são um bando de maricas sem juízo. Se quer sabem com o quem estão lidando! –
- um velho caquético de orgulho maior do que a faca – rebateram os quatro, instantaneamente.
- você! – ditou Sagitário apontando para Rei – foi você a mulher que me ajudou na prisão? Eu esperava mais de – o homem fora calado pelo ervuer de mão do mascarado.
- poupe sua saliva, velhote. Eu sou homem. E nunca que eu iria pisar em uma prisão apenas para tirar um qualquer como você –
- então cadê aquela mulher? Aquela, sim, é alguém com quem vale a pena trabalhar –
- você está falando dela? – inquiriu Branco estalando os dedos e, das sombras do teto, um corpo caiu abaixado ao seu lado.
Sagitário se assustou, bem como os homens com mascaras de animais. A mulher ergueu a cabeça, torcendo e retorcendo os braços, fazendo os ossos dos seus ombros estalarem. Ele encarou, confuso, a máscara de porco. Ele era um homem do interior, criado no mato para sobreviver. E ele conseguia perceber, claramente, que aquilo era um javali de verdade. Aquela máscara foi feita de um javali de verdade.
- esse pumba aí é aquela mulher? –
- sim. Eu mandei o meu bebê ir, pessoalmente, lhe ajudar a lidar com os guardas – Branco ergueu o pé e a mulher com cabeça de javali se abaixou ao seu lado, se sentando, permitindo que ele apoiasse o joelho em seu ombro.
Ela abraçou a sua perna com carinho.
- e qual é a da máscara? Eu já vi o seu rosto – indagou e a mulher sorriu.
- aquele rosto não era meu –
- o meu bebê é perita em artes plásticas. Trabalhava para a indústria cinematográfica. Ela pode criar e recriar rostos, inclusive roubar o rosto que quiser – acusou o homem de terno branco com orgulho.
- acredita mesmo que vou acreditar nessa merda? –
Branco apenas ergueu a mão, pressionando um botão em seu teclado e os monitores espalhados pelo local mostraram o rosto conhecido para Sagitário em uma cabeça de manequim, sem olhos, apenas pele e cabelos.
- eu apenas escolho os melhores, Adam. Cada um aqui é o melhor no que faz. E você... Bom... Eu fiquei sabendo que você desceu para o segundo lugar – comentou Branco erguendo a mão e passando a puxar as luvas brancas, as ajustando em sua palma.
- desci?! Como assim, eu desci?! – inquiriu, confuso e indignado – eu se quer sabia que estava em um ranking. Muito menos em primeiro lugar! –
- é. No mundo fora do país das maravilhas, você era o melhor sobrevivnte. Mas perdeu o pódio para outra pessoa –
- então por que não chamou esse cara? Porque me chamou? –
Um dos gêmeos gargalhou e o homem estranhou.
- reclamando de barriga cheia? – inquiriu Rei puxando uma taça de vinho ao rosto, guiando um canudo para trás da mesma.
- preferia estar na cadeia? – perguntou Rainha e o homem crispou is lábios.
- eu não chamei, porque a mulher que roubou o seu pódio, está trabalhando para o FBI – respondeu Branco chamando a atenção de Sagitário.
- como é?! Eu perdi para a porra de uma boceta?! – exclamou, indignado.
- sim. Para ela – Branco voltou a apertar um botão no teclado e os telões passaram a a exibir fotos de Erica Reyes.
- ela?! – exclamou, ainda revoltado.
- sim. E foi por isso que eu escolhi você. Não está indignado?! Não quer mostrar para ela o quão melhor você é? – provocou se erguendo e caminhando na direção do mais velho.
- e o que porra eu tenho que fazer para você? Porque não vai deixar a minha figa sair de graça –
Os gêmeos voltaram a rir.
- pelo menos ele e inteligente para perceber isso –
- eu quero que você cace ela. Faça a vida dela voltar ao inferno – ditou Branco vendo o homem sorrir.
- é só isso? –
- é. É só isso –
- mas e quanto ao FBI? Não quero ser preso de novo –
- deixe isso com a gente. Ela vai ter apenas uma pequena equipe com ela. O resto do FBI cai estar muito ocupado com o resto de nós – ditou Branco e a mulher com máscara de porco gritou, igualzinho a um javali, surpreendendo a Adam, conhecido pela policia como Sagitário.
- ela entrou mesmo no personagem, não é? –
- bem como você vai –
- como é? –
- o seu papel é o Valete de Espadas – disse Branco e os olhos de sua máscara mudaram de vermelho para preto.
- hey! Eu não sou disso não. Negócio de Valete. Eu sou –
- cala a boca! Você não escolhe porra nenhuma. Branco dá os papéis. Você apenas diz se quer aceitar o papel ou morrer – Rainha o cortou, cruzando os braços e jogando os pés sobre a mesa.
- anda logo, velho. Rainha e eu temos negócios para administrar. Branco têm um compromisso marcado. Os únicos desocupados são aqueles dois alí! –
- a gente tem um golpe marcado pra hoje. Temos que bancar nossos lances – ditou o gêmeo com máscara nos olhos.
- espera aí. Ou eu aceito, ou eu morro? –
- eu não deixo fios soltos, Adam –
- nesse caso, eu vou ter que ser essa porra de Valete. – murmurou o grisalho vendo o homem a sua frente dar de ombros
- é um titulo temporário e secreto, não se incomode. Para a polícia, você ainda será Sagitário. Mas, quando for falar com esse cara, você vai se apresentar como Valete de Espadas – ditou estalando os dedos e a mulher com roupa escura e cabeça de javali apertou o teclado, fazendo várias fotos de Stiles Stilinski aparecerem surgirem no lugar das de Erica Reyes.
- ele é o seu objetivo? –
- é. É ele. Mas isso é tudo o que você precisa saber. Agora, vamos ver se você vai entrar para o time ou não –
- eu aceito. Não tenho outro jeito. Eu sou essa porra de Valete. É sério? Não tinha um nome melhor não? -
- eu não disse que era você quem decidia isso. – a fala de Branco surpreendeu Adam.
- como é? +
- Às de Copas. Vocês estavam com ele no labirinto. Acham que ele vale a pena? –
- e por que eles tem que decidir isso? –
- o homem que é o meu alvo. Ele tem o título de Alice. Um dos maiores títulos de onde eu venho. E ele é... Algo que você nunca viu antes na vida. Para atingir ele, eu preciso dos melhores dentre os melhores. Você é um assassino em série com uma incrível capacidade de sobrevivência. Rei é um traficante e fabricante de drogas com grande influência, fora o conhecimento vasto em química. Rainha possui uma influência avassaladora no mundo do crime. Quando ela quer alguém morto, essa pessoa morre pelas mãos de alguém que se quer sabe o motivo. Apenas faz porque Rainha quer feito. E os gêmeos? He he. Esses dois são treinados por mim desde a adolescência para se tornarem Alices. Eles são os mais aptos a dizerem se você fica ou morre – explicou Branco e o homem a sua frente se viu surpreso por um momento.
- eu sou alguma puta para acreditar nessa - ele fora silenciado, quase instantaneamente, ao mesmo tempo em que sentiu duas facas apontadas para si e uma dor intensa na orelha esquerda.
Uma das facas tinha a ponta da lâmina pressionada contra o seu peito, enquanto a outra lâmina possuía o fio encostado em seu pescoço. A sua orelha esquerda pingava sangue em seu ombro e ele sabia que havia perdido o lóbulo para a bala disparada por Rainha. Uma bala que fora disparada de uma arma que ele se quer viu ser apontada para si. Mas o que mais o silenciou não fora o fato das duas facas que q mulher com máscara de porco apontava para si, a qual ele se quer viu se mover e dar a volta no salão para lhe alcançar. Muito menos fora a habilidade de Rainha com armas. O que lhe calou fora a energia assassina que Branco emanava. O homem lhe encarava com a máscara de olhos brilhantes. O silêncio de sua parte era mais assustador do que se ele estivesse sem a máscara. A falta de expressão deixava Sagitário nervoso. Sem expressões faciais, ele não saberia o que o outro tramava.
- escute bem, Adam. Você pode falar de tudo o que quiser. Mas nunca ouse ofender Alices e o País das Maravilhas na frente de uma Alice –
- uma... Alice? Então você –
- é. Apenas uma Alice pode criar outras. E os gêmeos já são Alices. Agora.. vamos ver se você entendeu – Branco respondeu dando um passo a frente e colocando a palma da mão no cabo da faca que pressionava o peito de Adam, exatamente sobre o seu coração.
- o que você não deve fazer de jeito nenhum? – inquiriu exercendo pressão sobre a faca, criando um corte superficial no peito alheio. Branco puxpu o braço, ainda com a palma aberta e apontada para a faca, indicando que daria um golpe fatal em Adam.
- nunca ofender Alices. Eu entendi, eu entendi – ditou antes que o homem desse um golpe da palma aberta na arma em seu peito.
- ótimo. Às? – Branco se virou para os gêmeos, mas a mulher permanecia mantendo Adam sobre o alcance de suas lâminas.
- olha... O velho não parece ter tanto juízo quanto a outra candidata. Mas eu acho que ele é melhor para o cargo. Ele só precisa entrar em forma – disse o homem com máscara sobre o queixo.
- é. Nós podemos deixar o mini valete para posterioridade – concordou o homem com máscara sobre olhos.
- mas, se ele voltar a falar merda... – alertou o mascarado de parte superior do rosto exposta.
- nós matamos ele – os gêmeos disseram em uníssono lançando um olhar furioso para o mais velho, antes de tomarem um ar suave e ignorarem a sua imagem –
- certo. Então Adam será o Valete de Espadas. Pode ir para o seu lugar e vestir a sua máscara, Adam. Nós vamos te explicar todo o plano – disse Branco se dirigindo par ao seu lugar e a mulher largou o homem, apontando com uma das facas para o trono vazio e recuando, desaparecendo nas sombras atrás dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Death Wonderland - Livro 1
FanfictionA segurança nacional está em crise. O FBI já não está mais dando conta de tantos casos. O sistema carcerário está em crise, a criminalidade apenas cresce no país, e apenas mais casos aparecem, enquanto que o número de casos resolvidos diminui. Deses...