Smiling Cat

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O dia inteiro fora movimentado na delegacia, naquele dia. Para o delegado Ryan, fora um daqueles dias de cão. Era como se tudo estivesse seguindo passos muito bem calculados para que tudo na sua vida desse errado naquele dia. Se mulheres, de repente, começassem a cair dos céus, completamente nuas e dispostas a uma boa rodada de sexo, quando ele estendesse os braços para agarrar a primeira que conseguisse pegar, em seus braços cairia um homem chamado Chuck com uma terceira perna e uma hemorroida daquelas.

O homem de cabelos morenos bem cortados e penteados para trás com a ajuda do seu bom e velho gel de cabelo saiu de sua sala com o intuito de pegar mais uma xícara de café. Porque ele estava precisando mais do que nunca. Ele fechou a porta atrás de si, observando com cansaço a correria dos outros oficiais. Quando o moreno alcançou a porta da copa, ele fora surpreendido quando a simpática senhora Nyelman surgiu em seu campo de visão com uma caixa embrulhada com paple de presente e uma prancheta sobre o pacote, amassando um pouco o laço que o enfeitava.

- Delegado Ohran, chegou esse embrulho para o senhor dos correios. –

- pacote? – inquiriu o delegado, confuso.

- sim. Com um bilhete. Diz ser de uma admiradora secreta – disse a senhora, animada, sorrindo sugestiva para o homem, que corou com a mensão de uma mulher pode estar interessada em si.

- admiradora? – indagou, confuso, assinando a prancheta e a colocando sobre o pacote, pegando o mesmo para que a senhora pudesse pegar a prancheta.

- sim! Parece que alguém quer tirar o seu título de solteirão – brincou a simpática senhora Nyelman vendo o homem rir fraco.

- vamos abrir isso na minha sala. Não quero que os caras descubram e fiquem me atazanando – ditou chamando a senhora para a sua sala.

- ah, não. Eu estou curiosa, mas depois vou em sua sala, ver. Agora eu tenho uma pilha de papéis para organizar na minha mesa – disse a mais velha batendo suavemente no ombro do mais jovem e marchando com seus típicos passinhos curtos até a sua mesa.

Ryan Ohran deixou o café completamente de lado e seguiu para a sua sala. Ele fechou a porta e apoiou o pacote em sua mesa, não se importando em bagunçar algumas folhas que se encontravam sobre ela. Ele puxou o cartão de sua admiradora secreta, vendo apenas o seu nome e “de sua Admiradora Secreta” logo abaixo. O resto do cartão era apenas uma frase: O seu sorriso nubla a minha mente e me faz explodir em emoção.

O homem franziu o cenho para o cartão, sorrindo de canto para o coração desenhado no final da mensagem.

- faço é? – inquiriu, curioso.

Afinal, de quem seria o cartão e o presente? O homem largou o cartão ao lado do embrulho e passou a desfazer o laço no topo do mesmo. Quando rasgou o papel presente com os dedos e abriu a caixa de papelão, ele se viu confuso ao ver um urso de pelúcia. Era um gato preto sentado, com os braços abertos e o rabo ereto com leves curvas em ambas as extremidades. O homem franziu o cenho. Era um presente bonito e um tanto romântico... Mas não para se dar a um homem heterossexual adulto. Ele notou o adesivo na pata direita do bichinho e o apertou, o ouvindo gargalhar doce como uma criança.

Ele sorriu.

-É... Eu gostei – ditou apertando a pata do bichinho de pelúcia mais uma vez, o ouvindo gargalhar mais uma vez. – mas quem foi que te mandou, hein, gatinho? – inquiriu vendo a etiqueta do bichinho de pelúcia, tentando descobrir a loja.

Mas não era uma etiqueta comum. Não havia detalhes de como lavar nem nada do tipo. Apenas informava que o pelo do bichinho não afetava a alergia das pessoas e de que o brinquedo era... Para maiores de idade? O homem franziu o cenho, confuso, antes de olhar o verso da etiqueta, vendo o desenho de um coelho correndo.

- que empresa é essa? –




Kira se engasgou mais uma vez, enquanto ainda sentia o gargalhar incontrolável em seu interior. Ela estava de joelhos atrás do balcão da cozinha, onde antes estavam o bule com chá quente feito pelo mascarado. Havia passado os últimos dez minutos apenas ali, jogada no chão, gargalhando. Estava estupefata, ainda, com a situação. O seu gargalhar fora ocasionado pela granada, mas, Kira tinha que admitir que a situação era trágica, porém engraçada.

Quando o ser de máscara de coelho branco puxou uma granada de dentro do paletó, a Yukimura, que até então estava partindo para o ataque, entrou em pânico e se jogou sobre o balcão, com a intenção de o usar de escudo. No entanto, ao rolar sobre o mármore, ela viu o que realmente aconteceu.

Quando Branco puxou o pino, um clarão fora emitido da granada. Era uma granada de luz, com a aparência de uma de fragmentação. Mas Branco não usaria uma granada tão simples contra a filha de uma Alice. O clarão fora seguido de uma vazão de gás extremamente rápida. Quando Kira caiu de joelhos, atrás do balcão, completamente cega devido ao flash de luz da granada, ela ouviu o som de metal a sua frente e logo um cheiro estranho no ar  ela recuou, engatinhando, porém um som parecido ocorreu atrás de si. O desgraçado havia usado duas granadas. As duas granadas lhe cercaram com uma fumaça que possuía um cheiro peculiar. E, então, quando menos esperou, ela estava rindo. Mas rindo como se alguém tivesse lhe contado a sua piada favorita pela primeira vez. Ele ria de rolar no chão, com a barriga doendo, sendo envolvida por ambos os braços.

Ela sabia, agora, o que era aquela fumaça branca que saíra das granadas do mascarado. Era Óxido Nitroso. O conhecido gás do riso, somado a alguma substância que lhe dera cor sem reduzir o efeito do anestésico. Na verdade, ela sentia que havia algo mais ali. Algo que não apenas dava bem-estar e risos, mas também deixava as pernas moles. Assim que o gás se espalhou e o oxigênio alcançou os seus pulmões sem interferência, o riso começou a se dissipar junto.

- aquele maldito – murmurou, se erguendo, com certa dificuldade.

Ela sabia que ele não estaria ali. O ouviu gargalhar enquanto se retirava do quarto de hotel. O desgraçado havia ido mais do que bem preparado ao seu encontro. Branco além de lhe pegar de surpresa em seu próprio quarto de hotel, lhe surpreendeu com aquelas granadas. Ela se assustou com a possibilidade do desgraçado ser um maluco suicida. Bem, maluco ele era. Mas suicida? Ela tinha as suas dúvidas. Começar uma guerra civil, sem dúvida alguma, era um ato suicida. Bater de frente com o próprio governo, em um país de primeiro mundo, era algo que poucas pessoas podiam fazer. Mas, agora, Kira se questionava se Branco realmente não seria capaz daquilo.

- o desgraçado vai mesmo começar essa merda – ditou, irritada, começando a marchar, lentamente, na direção do quarto assim que alcançou

Ela precisava ver que horas eram. Conseguia se lembrar com clareza da imagem do relógio que balançava sobre a mão do mascarado. Ela havia memorizado a posição dos ponteiros assim que compreendeu que eles não marcavam a hora exata. Pois se um relógio de alguém que se intitula um Coelho Branco não marca as horas atuais, ele só pode marcar uma contagem regressiva.

Menos de quatro horas.

Faltavam menos de quatro horas para os dois ponteiros se encontrarem e, juntos, apontassem para a corrente que sustentava o relógio. Apenas algumas horas para que o seu primeiro movimento naquela guerra começasse. Só pouco mais de três horas para ela poder ter a chance de matar Alice. Pelo menos, segundo o Coelho Branco. E, agora, ela achava que, talvez, ele estivesse certo. Em meio ao caos de uma guerra civil, ela poderia ter liberdade de cometer assassinatos para atrair ou procurar por Alice, sem despertar, tanto, a atenção da polícia.

Ela pegou o celular e franziu o cenho ao perceber a quantidade de mensagens não lidas. Ao desbloquear o celular, logo ela vou de quem se tratavam as mensagens. O seu pai já havia descoberto sobre a sua façanha. Ela ignorou todas as mensagens dele, e se focou em mandar mensagens para os raposas que viriam consigo. O grupo de mafiosos que lhe deviam obediência não por ser uma Yukimura, mas por ter sido ela quem os encontrou e recrutou. Eles eram um pequeno subgrupo dos raposas. Um subgrupo liderado por ela.

Ela precisava deles no país o quanto antes.

- por enquanto, eu vou entrar nesse tabuleiro de xadrez, Coelho. Mas eu vou ser um cavalo. O seu Cavalo de Troia – ditou a asiática, irritada, apertando o celular na mão, enquanto ainda piscava os olhos irritados pela luz da granada.



Finalmente David Korgy havia arranjado um tempo para respirar. Não era que o trabalho estivesse tão difícil como era em alguns dias. Ser médico era difícil. As pessoas sempre adoeciam, ou tinham algum problema de saúde grave, ou até mesmo se quebravam de algum modo estranho e quase suicidar. Mas, naquele dia, a sua exaustão era emocional. Havia tido uma discussão seria com a sua ex-namorada, que era médica também. Os dois estavam a debater sobre como iriam tratar de um paciente, quando, dr algum jeito que ele não lembrava, a discussão sobre o seu relacionamento se iniciou. E, como se já não bastasse todo o desgaste emocional que eles tinham com os pacientes e os parentes do mesmo, a criatura de cristo havia decidido lhe infernizar o resto dia, sempre que possível, ao bater de frente consigo por qualquer motivo.

- maldita hora que namorei aquele desgraçada – murmurou, irritado, jogando o plástico de sua barra de cereal no lixo do corredor.

Quando alcançou a recepção, ao cruzar o prédio principal do hospital, o homem fora surpreendido pela recepcionista, que acenava para si, freneticamente. Ele passou por um entregador, que apenas o ignorou e seguiu o seu caminho de cabeça baixa, com o boné da empresa lhe cobrindo o rosto. Ele se viu curioso com o boné. Nunca havia visto uma empresa de correio com o símbolo de um coelho correndo, antes. Era um bom símbolo para uma empresa de correios. Coelhos eram rápidos, e era uma boa comparação a se fazer com um serviço de entregas.

- fala, Tiffany – ele disse ao se aproximar.

- aquele cara acabou de deixar um pacote para você – disse a mulher, apontando para a grande caixa de presente ao seu lado.

- esse? – inquiriu, surpreso.

- sim. Eu assinei na. Ficha do entregador, agora você tem que assinar na do hospital – informou a moça entregando a prancheta para o doutor, que a assinou.

- obrigado – ele agradeceu antes de puxar o presente e começar a o abrir.

Ele desfez o laço enquanto analisava o cartão.

- O seu sorriso nubla a minha mente e me faz explodir em emoção. – ele leu em voz baixa, mas não o suficiente para que Tiffany não escutasse.

- uma admiradora secreta? – indagou, curiosa.

- é o que diz o cartão – respondeu dando de ombros.

Ela sorriu animada.

- ah, eu acho essas coisas tão românticas – comentou a recepcionista vendo o homem sorrir, simpático e rasgar o papel de presente.

-um gato? – questionou ele, confuso, ao retirar o bichinho de dentro da caixa recheada de isopor.

- um gato de pelúcia! É bem bonitinho! – comentou a recepcionista, se apressando e apertando a patinha do bichinho felpudo, e o gargalhar gostos de criança chamou a atenção de várias pessoas próximas.

- isso é... Inovador. Nunca recebi um presente assim de uma admiradora secreta. Geralmente eram doces, energéticos e calcinhas – comentou o homem, se recordando de sua época de escola e faculdade.

- ah, aí não eram mulheres que gostavam de você. Elas só queriam dar para você – concluiu a mulher e o homem olhou para o bichinho com certa fascinação.

- Deus me livre! O meu último relacionamento terminou uma merda – exclamou em aversão.

- aí você complica, David. Se ficar correndo só porque um não foi bem, você nunca vai viver um bom – comentou a loura, parando para amarrar o cabelo.

David ficou pensativo por um tempo.

- é. Você tem razão. –

- posso tirar uma foto com ele? Ele é uma gracinha! – disse a recepcionista vendo o médico sorrir e menear em concordância.

- é bom que já sei o que te dar de aniversário – comentou ele, brincalhão como costumava ser.

- ah! Eu acharia tudo! Amo essas coisas. O meu quarto é cheio! – exclamou já puxando o celular e voltando a soltar o cabelo, o bagunçando um pouco para dar volume.

- sério?! Não parece. – comentou, genuinamente surpreso.

- um homem me conquista assim. Com coisas bem clichê – comentou ela rindo antes de se preparar para uma selfie com o gatinho de pelúcia.

- meio pesado, né? – comentou ela, surpresa.

- deve ser a criança que sequestraram e colocaram aí dentro para ele rir desse jeito – provocou ele sorrindo.

- aí, que horror! –

- tá afim de um cinema, mais tarde? –

- só se for filme de terror – Ditou ela trocando a pose da foto, não se sentindo nenhum pouco desconcertada com o convite repentino.

- não acabou de falar do horror do bebê? – ele cruzou os braços, se apoiando na bancada, a vendo voltar a bagunçar os cabelos.

- eu gosto de terror. Apesar de odiar coisas macabras com bebês e animais + David riu com a reposta.

- os adultos que se fodam. É isso? – perguntou, sorrindo de canto.

- exatamente. A maioria merece mais do que as cenas brutas de filmes de terror – argumentou largando o celular sobre o balcão e voltando a amarrar o cabelo.

- e trabalha em um hospital – comentou o moreno vendo a loura sorrir de canto.

- para dizer “bem feito” quando um desses humanos morre – sussurrou ela e o homem caiu em gargalhar.

- hey. Você pode guardar ele para mim? Enquanto eu vou trabalhar. Não posso ir até o vestiário por hora – pediu ele vendo ela sorrir e concordar com a cabeça.

- gatinho risonho vai para debaixo do balcão. Se você esquecer dele, eu levo ele pra casa e você nunca mais vai ver – disse a loura antes de uma garota entrar no hospital, carregando um rapaz pelos ombros, que mancava com a perna erguida – agora vai que eu tenho que trabalhar – disse se aproximando da dupla, que alcançou o balcão




Peter respirou fundo, mais uma vez. Ele ainda estava tentando se acalmar desde que Derek saíra pela porta de sua sala. A sua situação era difícil. Ele tinha plena noção desse fato. Bem como sabia que a maioria das pessoas, em seu lugar, estaria enlouquecendo, entrando em desespero, e completamente fora de si. Mas ele sentia que não tinha esse direito. O louro precisava respirar fundo, acalmar o peito, fincar as pernas firmemente no chão e apontar uma direção em que deveriam seguir.

Passando as mãos pelos cabelos, ele voltou a suspirar.

A ansiedade batia forte em seu peito, abaixando a sensação térmica de seu corpo e amolecendo os seus membros. Ao afastar as mãos de sua cabeça, ele as observou com atenção, e se espantou. Peter estava tremendo. As suas mãos tremiam sem controle algum. Como duas varas verdes, diria a sua irmã. O homem respirava fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções que sentia.

- puta que pariu – resmungou, cerrando os punhos e cobrindo os olhos com os punhos ainda cerrados.

Era muita pressão em si. Por um lado, havia Branco, tramando seja lá o que fosse. Eles tinham que descobrir antes do ocorrido. Eles tinham que impedir. Do contrário, eles poderiam perder Alice. O castanho poderia surtar com o surgimento de um novo coelho e voltar para a vida de assassinatos. E ele não podia perder Stiles. Deixar aquela criança voltar a se o que a vida o transformou, seria o mesmo que cuspir na lápide de Alexander. Eles juraram ajudar aquela criança. Do outro lado, havia Stiles na prisão. Peter sentia que o garoto já estava mais maquiavélico do que o comum. E ele sentia que era culpa de Branco. O Jaguadarte foi uma cartada e tanto. Se ele, realmente, pretendia “ativar” Alice mais uma vez, o assassino cuja a identidade era Sebastian Crane foi um bom jeito de começar. O garoto estava emotivo e volátil. Mas Sebastian não podia levar todo o crédito pela explosão de Alice.

Tudo funcionou como uma reação química.

Havia Stiles no ambiente, Branco adicionou Sebastian Crane a mistura, aproveitando o catalizador disponível, para gera Alice.

E é aí que entra o terceiro lado de seu pico de estresse: os agentes em sua divisão. Como Stiles disse em sua conversa, eles foram uma decepção. Mas não era como se Peter esperasse algo mais de agentes tão jovens. Ele não esperava algo mais dos mais velhos, com os quais trabalhara antes de ser afastado. Peter sabia que agentes da lei como ele, seu cunhado e sua irmã eram uma raridade. Mas ele também não esperava trabalhar com agentes tão birrentos quanto crianças. Aquela divisão era um sonho para si. Um projeto não apenas para reduzir o índice de criminalidade do país , como também ajudar a inserir ex-detentos de volta a sociedade. Mas estava sendo arruinado aos poucos. Ele sabia que não seria fácil. É claro que não seria fácil. Mas ele também não esperava essa situação. Três dos seus quatro agentes eram completamente dominados pelo complexo de policial.

Ele se virou e encarou a sua sala.

Mais um suspiro escapou de seus lábios.

Depois de tantos anos, ele finalmente tinha a chance de realizar aquele projeto. Mas o mundo conspirava contra si. Mais uma vez. O homem viu, pela janela da porta, Isaac passar pelo corredor a passos apressados. O Lahey parou bem diante de sua porta, se virou para o caminho que havia percorrido e ergueu o dedo do meio para alguém. Peter riu, baixinho.

- ah, Erica não foi uma boa companhia para se colocar perto desse cara – murmurou o homem, negando com a cabeça.

Logo em seguida, Allison passou com velocidade, seguindo Isaac.

- pelo menos alguém é como a gente, Alex – murmurou o louro abaixando o olhar para o relógio em seu pulso. Já estava quase na hora e nada de Alan chegar.

Eles precisavam traçar uma estratégia o quanto antes. Se Maybelle era o alvo de Branco, então eles precisavam transformar aquela prisão de segurança mínima, em uma cadeia de segurança máxima em um espaço de tempo milagroso.

Horas.

Eles tinham apenas horas até que o ataque ocorresse. E se Branco realmente era um maravilhano como argumentava ser, então que Deus os protegessem quando a hora chegasse. O seu peito estava a mil. Vidas estavam em jogo ali. Ele sabia que pessoas morreriam. Seriam detentos e trabalhadores honestos. Ele próprio poderia ser uma das vítimas, bem como qualquer um dos agentes que estavam sob o seu comando ali. Peter sentia que não aguentaria aquela pressão toda sozinho. Mas ele sabia que teria que fazer. Não queria preocupar a sua irmã. Não queria envolver Talia nisso, muito menos Malia. E ele não possuía mais um parceiro como Alexander para que ambos pudessem se apoiar como faziam no passado.

- Deus! Me ajuda, por favor! – exclamou em sussurros, desesperado.

- não pensei que fosse religioso – Peter se assustou quando a porta se abriu e Alan adentrou o ambiente pela mesma, já tecendo o seu comentário.

Peter se recuperou do susto e cruzou os braços.

- não tenho uma crença específica. Mas, no momento, estou rezando para qualquer divindade que esteja disposta a nos ajudar – Alan franziu o cenho com a réplica do louro.

- estás tão desesperado a este ponto? Acha mesmo que ele realmente tem alguma relação com a criança, e não apenas im fanático bem informado? –

- fanático de onde, Alan? De onde surgiria um fanático de um criminoso que o país inteiro recebeu transmissões de telejornais informando sobre a morte? De onde?! –

O Deaton deu de ombros, se dirigindo para uma das poltronas do escritório bem organizado. Típico do Tate. Ele se sentou diante da mesa, observando os itens devidamente alocados. Peter continuava com a sua organização excessiva no local de trabalho, como de praxe. Peter se sentou na frente do homem de chapéu coco que usava e o apoiar no joelho, enquanto  cruzava as pernas, elegantemente.

- ora! Peter! Francamente! Somos bons agentes! Você sabe que existe corrupção em toda a sociedade. As raízes desse mal se alastram sem controle algum. E muita gente foi afetada por Alice. Muita gente que sabe sua verdadeira identidade e o seu verdadeiro fim. Qualquer uma dessas pessoas pode ter trocado de lado – argumentou o homem, começando a balançar o pé erguido para frente e para trás.

Peter encarou o seu superior em silêncio, suspirando.

- é. Você tem razão. Do mesmo jeito que montamos essa força tarefa para bater de frente com esse novo Coelho Branco, fizemos há anos atrás para capturar Alice –

- a diferença é que anos atrás estávamos muito melhor acompanhados. Tínhamos Alexander e você na linha. Tínhamos a minha irmã. Tínhamos oficiais bons e tão inteligentes e de intuições magníficas. –

Peter meneou, em uma concordância silenciosa com o velho amigo.

- se compararmos com os que tem aí fora. Hoje, estamos trabalhando com crianças -

Os dois riram, fraco. Peter largou o riso e tomou um olhar vazio.

- nossas chances de sucesso são mínimas, Alan. Mínimas. – ele estava desesperado. Sentia que poderia desistir a qualquer momento. Ele queria. Mas sabia que não conseguiria.

- calma, Peter. Assim como Alice cresceu, nós também crescemos. Não somos mais tão inocentes –

- hunf! Acredita mesmo nisso? –

- Peter, tanto eu quanto você não paramos de investigar aquela criança. Podemos estar cercado de jovens inexperientes e com ego inflado. Mas se eles conseguirem, ao menos, seguir nossas ordens, podemos fazer acontecer –

Peter riu.

- o problema é justamente esse, Alan. O ego inflado não dos deixa seguir ordens corretamente. O ego inflado os faz crer que conseguem resolver o problema sozinho. E nós dois sabemos que essa era a maior característica de Alice: passar a imagem de um problema pequeno. E pela que odmeos ver, esse Branco também tem. A casa era para ser só uma cena de crime com armadilhas, mas as armadilhas eram demasiada complexas e a casa simplesmente pegou fogo, do nada! –

- então vamos deixar isso bem claros para ele, Peter. Porque o agente que ignorar os avisos de seus superiores experientes, se tratando do maior serial killer do país, não estão aptos a continuar coma carreira de agente. Ganhando ou perdendo essa operação, servirá como seleção natural. Apenas aqueles que sabem quando seguir ordens e quando quebrar elas saíram dessa vivos –

- Alan! Não são peças de xadrez! São vidas! – repreendeu o Tate.

- Peter, são agentes federais. Eu não estou os sacrificando. Eu estou designando eles para uma operação que, caso não levem a sério as nossas recomendações, eles irão morrer. Do mesmo modo que morreriam em um assalto ou apreensão comum caso não levassem o trabalho a sério –

O louro o encarou por um tempo, em silêncio, estreitando o olhar em sua direção.

- não me julgue. Você penda exatamente como eu, Tate; - acusou o Deaton observando o louro começar a sorrir de canto.

- é estranho, não é? Nunca fomos muito próximos. Mas sempre tivemos tanto em comum – comentou o louro, unindo as mãos sobre a mesa. Alan uniu as mãos no colo, meneando em concordância.

- apesar de sermos parecidos, temos gênios incompatíveis – argumentou o Deaton e Peter sorriu fraco, concordando.

- a vida é estranha –

O silêncio dominou o ambiente por quase dois minutos, antes de Peter voltar a quebrar o mesmo ao suspirar, pesado.

- precisamos decidir o que vamos fazer, Alan. O alvo dele é Maybelle. Não podemos deixar que ele chegue até Stiles –

Alan franziu o cenho.

- você tem certeza absoluta de que o alvo dele será Maybelle? Certeza absoluta, Peter? – questionou o Deaton e Peter suspirou.

- a parede de fotos era um anagrama, Alan. E o Anagrama era a porra do nome Maybelle. É impossível ser coincidência! – exclamou o louro, aterrorizado com a ideia de perder o castanho para o crime.

Alan ponderou por um tempo.

- é. É impossível um anagrama feito por um maravilhano gerar tal coincidência ao ser errado por quem o interpretava -

- o que faremos, Alan? – inquiriu Peter observando o seu superior suspirar – mover Alice nesse espaço de tempo seria perigoso. Não sabemos o horário exato do ataque de Branco. Ele pode, justamente, esperar que vamos devolver Stiles para Alcatraz e atacar o comboio que o transfira. E proteger um comboio seria muito mais perigoso e difícil -

- algo que nem mesmo um maravilhando esperaria que façamos – respondeu o homem erguendo o seu chapéu coco, o apoiando na mesa do Tate, que lhe encarou, confuso e curioso.

- e o que seria? –

- prender todo e qualquer agentes federal que queira impedir Branco de conseguir chegar até Alice – respondeu vendo a incredulidade.

Alan ergueu uma sobrancelha, cobrindo a sua careca brilhosa com o chapéu, e só então Peter largou a incredulidade, passando a menear em compreensão e sorrir minimamente.

- pode funcionar –

- É O QUÊ?! – gritou Um agente de cabelos castanhos.

Todos os agentes estavam reunidos na sala

- é isso mesmo. Não faremos nada para impedir a invasão a Maybelle – ditou Peter observando a indignação plantada nos olhares alheios.

- mas no que porra você está pensando, Peter?! – inquiriu Rafael.

- você enlouqueceu?! – indagou Chris.

- mas que caralho de ideia foi essa?! – questionou Scott.

Logo uma onda de questionamentos indignados e comentários revoltados surgiu.

- calma. Eu tenho certeza de que o meu tio tem uma ideia por trás disso tudo. Vamos ouvir! – pediu Derek, tentando conter os agentes ao seu redor.

- não é só porque é o seu tio que você tem que deixar os criminosos fazerem o que quiserem, cara! Temos que agir! – exclamou um dos homens, revoltado.

- eu confesso que estou surpresa. Mas estou curiosa para saber no que, exatamente, você está pensando – comentou Allison, interessada.

- a ideia não foi minha – disse Peter chamando a atenção.

- foi minha – disse Alan e todos os agentes indignados se silenciaram.

- interessante. Eu estava disposto a ouvir suas reclamações. Por que pararam? – inquiriu o homem de chapéu e sobretudo preto, observando os agentes lhe encararem com certo desconforto.

- que merda é essa, Alan? Não podemos deixar esse maluco pegar o outro maluco! Um só já deu trabalho demais. E era só uma criança! – exclamou Rafael, ainda indignado.

- como sempre, Rafael. Abrindo a boca antes de pensar – comentou Alan, vendo o moreno lhe fitar incomodado.

- ais alguém pretender questionar antes de pensar? – inquiriu o Deaton observando os agentes lhe encararem, receosos.

- é disso que estou falando, Alan. Só vai dar certo se usarmos gente que use a cabeça – ditou Peter observando os agentes lhe fitarem, indignados diante da clara ofensa.

Os olhares controversos em caretas de julgamento dominaram o ambiente, sendo direcionadas para o louro quarentão que não parecia se importar com nenhuma delas. Alan sorriu de canto, analisando cada agente ali presente. Peter estava certo. Ele sabia disso. Em meio a tantos agentes, apenas alguns seriam capazes de atender as suas expectativas. E era justamente por isso que ele estava ali, sorrindo vitorioso ao seu modo.

- e é por isso, Peter, que eu vou escolher alguns deles para liderar os grupos que iremos separar – ditou o agente na liderança da investigação, deixando os agentes ansiosos.

Ser escolhido naquela seleção de Alan os destacaria dentre os demais. Tanto na visão de Alan, quanto dos outros agentes mais velhos. A ansiedade dominou a pequena multidão de agentes em questão de segundos. Erica, Isaac e Vernon os encarava com tédio.

- podemos só debater o que vamos fazer? Que esses caras são uns merdas nós já sabemos, Alan! – exclamou Erica, irritada

- precisamos focar no que vamos fazer – alertou Vernon e Isaac sinalizou um relógio no pulso.

- o tempo está passando, coroa –

- eu sei. Vou explicar o plano a medida em que escolho os líderes dos grupos. Entretanto, todos esses líderes irão se submeter a mim e a Peter – ditou o negro surpreendendo o louro – no momento, somos os mais experientes e preparados para lidar com essa situação. Então a ordem geral é a de que sigam os nossos comandos de forma exemplar –

Rafael crispou os lábios e Chris apenas suspirou.

- quatro grupos estarão responsáveis pelas alas comunitárias. Grupos de oito pessoas –

- só isso?! – indagou Chris, indignado. Alan o ignorou.

- estes grupos se unirão aos guardas da prisão de Maybelle, bem como os agentes disfarçados que já se encontram na prisão. Vocês serão responsáveis por rondar toda a área das celas comunitárias. Nenhum corredor, jamais, deve estar sem supervisão. – o homem explicava enquanto apontava para o mapa da prisão atrás de si.

- os líderes dos quatro grupos serão: Chris Argent, Allison Argent e Scott McCall e Erica Reyes – a nomeação da ladra sobrevivente surpreendeu até mesmo ela.

- como é? – inquiriu Scott, indignado.

- os corredores de Maybelle parecem largos, a primeira vista, mas se você pensar em uma luta corpo a corpo, aquele ambiente é bem estreito. E Erica possuí um histórico interessante. Há vários relatos de lutas duas em Alcatraz – explicou Alan vendo a loura lhe fitar, ainda surpresa, antes de franzir o cenho em sua direção.

- imagino que você não teria problemas em enfrentar alguém ali, estou certo? Uma vez que, em relatórios de sua prisão, haviam relatos de o quanto você era boa em lutar em um ambiente fechado –

- é. Eu não teria problemas com isso –

- ótimo. Então será uma dos quatro

- eu não quero – a loura cortou o homem, o surpreendendo. A mulher cruzou os braços diante do peito, mal-humorada.

- por que não? – inquiriu uma dos agentes, curiosa, tentando manter a inveja e indignação escondidas em si.

- eu compreendo Erica e, na verdade, concordo com ela – disse Allison, chamando a atenção para si, que encarava a mulejr de cachos louros com compreensão.

- e do que se trata? – indagou Chris, tentando puxar assunto com a filha. Allison estava relutante e irredutível depois da descoberta de sua traição. A morena suspirou, revirando os olhos, e decidiu se focar em Alan.

- Erica é uma prisioneira de Alcatraz que se encontra ajudando o FBI em casos com o intuito de ajudar a abaixar a taxa de criminalidade, por meio de um trato. Quais desses agentes estariam dispostos a seguir as ordens dela? - - explicou Allison apontando para os agentes ao seu redor.

Nenhum deles se manifestou, pois ela estava certa.

- sem contar que eu não acho que Erica tenha a aptidão necessária para liderar uma abordagem desse calibre – ditou Derek, vendo a loura lhe encarar com seriedade. Ele logo tratou de corrigir a imagem que ela tinha de seu comentário - Com todo o respeito. Eu sei das habilidades de Erica mais do que qualquer um aqui. E é por isso que eu digo que ela não serve para liderar. Erica é boa em trabalhar sozinha,  e melhor ainda sob uma boa orientação, como a do Peter. Mas liderando .. não –

A Reyes suspirou.

- pelo visto, em uma coisa eu tenho que concordar com esse cabeça de vento – comentou a loura de cachos ignorando a imagem do Hale – e é isso, Alan  Colocar alguém habilidoso num meio de pessoas sem talento ou profissionalismo não vai fazer elas serem melhor – ditou a Reyes, crispando os lábios. Os agentes já estavam prontos para protestar quanto as suas palavras quando Isaac ergueu as mãos, dando de ombros.

- colocar um diamante em um monte de bosta não vai fazer ela ser admirada. É apenas desperdiçar uma joia incrível – o louro sorriu de canto, vendo Boyd rir baixo, enquanto Erica gargalhava alto.

- é isso aí, gatinho! –

Os agentes estavam irritados.

Alan riu.

- é uma analogia interessante, Isaac. Certo, então Leona Granger irá substituir Erica na liderança do quarto grupo na zona azul, a área das celas comunitárias. Agora vamos falar da zona vermelha –

- que seria? –

- a área das solitárias – respondeu Vernon vendo o Deaton  concordar com a cabeça.

- exato. E é aqui que a verdadeira ação vai acontecer. Caso, milagrosamente, Branco consiga passar pela zona azul. A zona vermelha será uma área impossível para ele. As duas áreas de entrada para o corredor estarão cercadas com dois grupos de vigilância. Esses grupos de dez agentes serão liderados por Derek Hale e Peter Tate. Não haverá como ele alcançar a cela do detento 44.626 sem um confronto com, pelo menos, um dos grupos –

- é uma estratégia interessante, mas onde entra a parte de não fazer nada? – inquiriu Lydia, confusa.

Alan e Peter sorriram.

- Alice está sendo mantido sozinho nesse corredor de solitárias. Todas as celas ao seu lado estão vazias. Mas não por muito tempo, eu consegui a ajuda do exército americano com um contato. Teremos um pequeno esquadrão ao nosso dispor. Iremos colocar eles nessas celas.  O confronto dos grupos de Derek e Peter serão encenados. Qualquer um dos dois que entrar em contato com Branco, deve recuar para as laterais, nesses dois corredores, abrindo caminho para ele alcançar Alice. Assim que Branco avançar e entrar no corredor das solitárias, as celas irão se abrir e ele estará cercado tanto pelo exercito, quanto por dezenas de agentes nas saídas – explicou Peter apontando para os pontos necessários do mapa, surpreendendo os agentes.

- é brilhante! – exclamou Rafael, sorrindo de canto.

- cada uma das celas será liderada por um agente: Rafael McCall, Ivan Claude, Kassidy Gyand, e Vernon Boyd – ditou o Deaton vendo os olhos caírem sobre o detento, que se manteve com a mesma expressão séria.

- esse cara?! – outro agente soou indignado – esse cara vai liderar um grupo de militares?! –

- bom, se ele conseguiu liderar uma facção que ganhou muita visibilidade e ainda nos deu um enorme para prender, ele consegue lidar com um grupo pequeno de militares com facilidade, diria eu – respondeu Deaton chamando a atenção para si, observando o sorriso de canto que surgiu no rosto do Boyd.

- como responsável pela prisão de Boyd, eu digo com total convicção de que ele é capaz disso – ditou Allison meneando em confirmação para Alan e Peter, que menearam de volta.

- nós sabemos, Allison. Foi por isso que designamos ele para isso. Não precisamos provar nada para eles aqui. Eles verão com vocês no campo- falou o Tate vendo a mulher sorrir, orgulhosa.

- Isaac Lahey, Matthew Daehler e Lydia Martin ficaram aqui, na base, continuando a investigar tudo o que conseguimos da casa. Qualquer nova informação, eles irão nos manter informados. Mais alguma dúvida? -

Os agentes negaram com a cabeça, frustrados.

- ótimo. Agora vamos nos preparar. –

- eu tenho uma – disse Erica, chamando a atenção para si.

- pois não? –

- tudo bem que eu sou boa de briga e tudo mais. Mas eu não posso enfrentar um cara armado estando desarmada. E Vernon tem uma mira excelente. Ele não vai conseguir ser tão útil nessa operação sem armas – comentou a loura, tentando passar o seu ponto para o homem, sem realmente usar uma pergunta.

- Não! – repreendeu Chris, encarando a loura com seriedade.

- vocês receberão o armamento necessário, Erica – Allison soou tranquila sobre o assunto.

Na verdade, a divisão inteira estava. Peter estava tranquilo desde o momento em que os tirou da cela, com exceção de Ennis e Kate, que assim como Scott, Derek, Lydia e Allison, não foram uma escolha sua. Allison estava tranquila pois, assim como Peter, via o quão mais efetivos eles podiam ser em campo quando devidamente armados. Já Derek estava tranquilo, pois, assim como Scott, presenciara em primeira mão o quão necessários os dois eram em campo quando eles batiam de frente com algum criminoso.

- eu disse não, Allison! – repreendeu Chris, nervoso. A mulher respirou fundo, não conseguindo esconder a raiva em seus olhos.

- e eu disse sim! Você não está nessa divisão, eu estou. Você não é o meu pai, aqui. Você é um agente que está a disposição da divisão da qual faço parte. Então, se eu digo sim, você não tem voz para dizer o contrário! – ralhou a morena, surpreendendo o pai, que nunca antes havia presenciado uma onda súbita de rebeldia por parte da filha.

- senhor, Erica já salvou a vida do Scott antes, usando apenas uma faca e uma pistola contra vários homens armados. Ela será de grande ajuda se estiver armada – argumentou Derek para Alan, não sabendo que o homem já iria liberar o armamento para os dois detentos.

- Erica Reyes e Vernon Boyd estão liberados para o uso de armas nessa operação – ditou o Deaton vendo o grupo de detentos lhe fitar, surpreso – eu confio na decisão de Peter.

- olha! Esse daí se salva, hein? – comentou Isaac sorrindo curioso.

Horas depois, todos já estavam em suas posições devidas, todos muito bem armados e preparados. Cada líder de grupo designado por Alan, selecionou os agentes que formariam o seu grupo a dedo. A divisão de Peter se viu perplexa quando Derek Hale escolheu Erica Reyes como o primeiro membro do seu grupo.

“Seremos parte da linha de frente e estaremos em um ambiente mais apertado do que os corredores da ala comum. Erica será perfeita nesse ambiente”

Fora o que ele alegou quando chamou pela loura, voltando a os surpreender, que esperavam que ele a tivesse escolhido apenas por ser o responsável por ela na divisão. Cada um dos agentes estava com um ponto em seus ouvidos, onde se comunicavam entre si, para que pudessem se manter coordenados mesmo em meio a toda a ação. Enquanto isso, Matt dedilhava em seu computador, enquanto Lydia se maquiava com o pequeno estojo de maquiagem que se encontrava em sua bolsa.

- você não cansa disso, não é? – indagou Matthew vendo a ruiva desviar o olhar  para si, brevemente.

- você não cansa desse jogo, não? – inquiriu a Martin vendo o castanho dar de ombros – sabe, ele não vai fazer a sua vida mudar, Matt. Você vai continuar o nerd entediante – comentou, venenosa, como resposta a crítica alheia.

Isaac franziu o cenho, incomodado. Ele se encontrava ao lado dos dois analistas, no canto da mesa. Com Lydia de costas para si e Matthew de perfil, concentrado demais em digitar no computador.

- e essa tinta não vai mudar a sua cara, Martin. Vai manter a mesma mulher vazia, ainda vazia. Sabe? Uma falsificação jamais vai ser uma obra prima – rebateu o castanho parando de digitar para encarar a mulher, que parou o que fazia para lhe fitar com indignação no olhar.

- vagabundo! – protestou erguendo o dedo do meio para o homem e os dois caíram em risada.

- vocês dois se conhecem, não é? – indagou Isaac, entediado, encarando as fotos da casa a sua frente.

- nós fizemos a academia juntos. Éramos quatro pessoas tentando os cargos de analistas, em uma turma de cinquenta pessoas tentando ser agentes de campo – explicou Matt vendo o louro erguer a sobrancelha e menear em compreensão.

- saquei –

- éramos quatro nerds cercados por bombados – comentou Lydia sorrindo e Matt fechou uma careta.

- ninguém merece! –

- era um inferno! – ditou Lydia voltando a sorrir.

Isaac se focou na ruiva, a vendo manusear as mãos, com certa emoção ao voltar a conversar com Matt sobre o passado

- você não deveria estar investigando a casa? – inquiriu Isaac, completamente desinteressado sobre o passado de Lydia Martin.

A mulher o encarou, surpresa, enquanto o Daehler torcia os lábios em uma careta.

- eu penso melhor quando estou focada em outro assunto – respondeu ela, de forma grossa. Estava irritada diante da repreensão do detento.

- se você acha isso... –

- ah, agora você quer dizer como eu penso ou devo pensar?! – comento ua ruiva, irritada, largando o espelho compacto de forma redonda com base redonda sobre a mesa, o fazendo girar algumas vezes.

- como Matt disse, uma mulher vazia – rebateu o louro se focando no modo engraçado como o espelho rodava na mesa.

- eu mereço! – reclamou a mulher antes de iniciar um monólogo sobre como ela não era e nem nunca seria uma mulher vazia.

Enquanto Lydia realizava o seu monólogo que era completamente ignorado por si, Isaac Lahey encarava o espelho com curiosidade e diversão. Se questionava se ele iria parar de rodar antes que a ruiva se calasse. O louro tinha quase certeza de que sim. E quando, finalmente, o espelho parou, Isaac o encarou com mais curiosidade ainda. O objeto refletia o quadro em que os agentes haviam escrito alguns detalhes da investigação, como eles sempre faziam em seus casos. Mas a parte que era refletida pelo espelho era a data em que o ataque do Coelho Branco seria realizado.

9/II

O sangue de Isaac gelou.

Algo sussurrava no fundo de sua mente. Não. Não era um sussurro. Era um grito. Um grito que ecoava por sua mente por tanto tempo e de tão distante, que quando lhe alcançava de fato, era quase como um sussurro. Mas ele não conseguia entender o que a voz gritava. E quando Lydia se preparou para pegar o espelho, o louro saltou sobre a mesa, assustando os dois agentes. Era como se, caso Lydia pegasse o espelho, a voz iria se afastar e ele perderia seja lá o que ela quisesse lhe dizer. Matthew e Lydia se ergueram de prontidão, se afastando do louro.

- mas que porra foi essa, cara?! – questionou Matt, assustado e indignado, vendo Isaac pegar o espelho e voltar a o colocar de modo que refletisse a data.

- acho que eu vi algo – disse o louro, ignorando o receio de ambos os analistas.

- é, Isaac. É um espelho! – reclamou Lydia, como se fosse o óbvio.

- cala a boca! Apenas cala a boca e me deixa pensar! – exclamou o Lahey, irritado.

E então a voz pareceu se aproximar mais, após as palavras de Lydia.

“Espelho!”

Era o que ela dizia.

- podemos nos focar no caso Alice, por favor? –

“Alice!”

E então a voz não parou de falar.

“Espelho! Alice! Mensagem! Jaguadarte!”

E logo o louro se lembrou do casa do Jaguadarte, onde Sebastian Crane deixou uma mensagem para Stiles nas portas do armário de sua primeira vítima no caso. Quando os espelhos eram colocados um de frente para o outro, a mensagem conseguia ser lida com clareza. E então Vernon revelou a origem da mensagem.

- puta merda! – exclamou o louro, largando o espelho sobre a mesa e se virando para o quadro atrás de si.

- o quê? O que foi? – inquiriu Matthew, curioso com o pavpr que tomou o rosto alheio.

- a gente errou. Errou feio! – exclamou aterrorizado.

- o quê? Onde? O que te fez pensar isso? – inquiriu Lydia, confusa.

- o espelho! – respondeu, ainda encarando o quadro, trêmulo .

- eu vou ligar para o Alan – disse Matt, já digitando o comando em seu computador e puxando o seu Headset.

- Isaac, explica isso – disse Lydia vendo o loura marchar até o quadro e encarar a data.

9/11.

- o Alan já está ouvindo. Deaton, o Isaac Lahey acha que erramos feio em uma coisa – disse o castanho apertando um botão no computador e a voz de Alan passou a ser reproduzida pelas caixas de som.

- desenvolva, Isaac. E rápido, de preferência – disse Alan e logo Lydia se dirigiu para o seu computador, passando a ligar para todos os membros da divisão.

- a dica do que Branco vai fazer era a própria data do evento – explicou o louro apontando para os números.

- como assim? – inquiriu Alan, confuso.

- através do espelho de Lydia, eu entendi a mensagem. A data não foi escolhida por acaso. É uma referência dupla –

- uma referência dupla? –

- sim. Branco é completamente pirado no Alice. Até o seu nome está relacionado ao universo. Então é natural que ele tenha e use algumas ironias e referencias. E essa data é uma referência a Alice Através do Espelho – ditou o louro apagando a data.

- Isaac – repreendeu Alan, preocupado.

- nove de novembro. Em número e de trás para a frente fica: 11/9 – explicou escrevendo a nova data e os agentes congelaram, apavorados.

- Onze de Setembro – ditou Alan, desapontado.

- é o Derek – a voz de Derek fora emitida nas caixas de som.

- nós erramos feio! – exclamou Isaac, ainda aterrorizado.

- o alvo não é Maybelle – concluiu Alan fazendo todos gelarem ao ter a confirmação com a verdade sendo proferida.

- o quê?! Como não?! – inquiriu Scott, perplexo

- o anagrama dizia Maybelle – argumentou Allison, preocupada.

- o anagrama era um pista falsa – concluiu Peter, a derrota era clara em sua voz.

- a data de hoje era verdadeira dica. Se colocar no espelho, Nove de Novembro fica Onze de Setembro. Branco não vai atacar Maybelle. Ele

- ele vai fazer um atentado terrorista – concluiu Alan Deaton e Derek sentiu as pernas fraquejarem.

Ele só conseguia pensar na esposa e na filha. Pensava na mãe e nas irmãs, no sobrinho e nos amigos. Allison pensou na mãe e nos melhores amigos do tempo de escola, com os quais ainda mantinha contato constante. Scort pensou na mãe e nos amigos. Peter pensou em Talia, na filha, nas sobrinhas, na família em geral e na ex-mulher.

- onde? Onde vai ser, Isaac? – inquiriu Derek, aterrorizado.

- eu não sei! –

- Isaac! – Scott protestou, no desespero

- EU NÃO SEI! – o louro gritou, furioso.

- deve ter alguma outra pista sobre isso –

- nós não vamos conseguir em tempo – ditou Peter, derrotado, socando a parede ao seu lado.

- não! Peter, ainda temos tempo. Ainda podemos... – Allison fora cortada pela voz de Alan.

- nós perdemos – concluiu o Deaton, suspirando, derrotado.

Nas mentes de Peter, Chris e Rafael, os últimos que ouviram a conversa dos agentes pelos pontos que usavam para se comunicar, a risada perturbadora de Branco ecoou mais uma vez.
.



Kaytlin Overmoond se alongou ao lado do caminhão. Haviam acabado de chegar de um atendimento. Estava exausta. Tinha que tirar o carvão do rosto e a graxa do tecido do macacão. Mas essa era apenas o ponto negativo da profissão que escolheu exercer com tanto afinco. A mulher encarou Cody descer do caminhão e retirar a parte de cima do uniforme sem a menor preocupação. Ela sentiu um pouco as maçãs do rosto esquentarem. Já não era de hoje que ela sabia que estava se apaixonando pelo colega de trabalho, o que, particularmente, lhe incomodava. Ela não queria se envolver com ninguém do trabalho além da amizade. Mas, infelizmente, Cody Leomord tinha que estragar os seus planos.

O louro desviou o olhar em sua direção, sorrindo gentil. Ele piscou os olhos e sorriu de volta, se aproximando e socando o peito desnudo do bombeiro. Os outros bombeiros que desceram do caminhão não pareceram perceber o modo como os dois colegas de trabalho se comportavam perto um do outro. Eles acabaram de apagar um incêndio em uma igreja vazia. O prédio fora incendiado por intolerantes que se irritaram com um projeto beneficente organizado pela igreja. Com sorte, eles conseguiram conter o fogo e não houveram baixas.

- bom trabalho – elogiou a morena soltando os cabelos e  passando direto pelo colega.

- obrigado, capitã – ele agradeceu mordendo o lábio inferior assim que ela passou por si

- capitã Overmoond – chamou um dos colegas de equipe, surgindo na porta que levava para o interior do predio

- fala, Charlie – ditou a mulher seguindo para a porta que levava para o caminho mais curto para o vestiário.

- chegou uma encomenda para você – a mulher parou e se virou para o colega.

- uma encomenda? –

- é. Um presente –

- presente, é? – perguntou Cody, curioso.

Ele entrou no prédio e logo trouxe a caixa enrolada em papel de presente. A mulher franziu o cenho, confusa. Cody assoviou, surpreso com o tamanho do embrulho.

- isso é para mim? – inquiriu a mulher, surpresa.

- exatamente. Chegou pelo correios há pouco tempo. Está endereçado a você – respondeu Charlie e a mulher entregou o embrulho para Cody, pegando o cartão que havia no topo, ao lado do laço.

A mulher gargalhou.

- eu lá tenho idade para ter admirador secreto. Quem mandou isso?! Um adolescente?! – exclamou constrangida, erguendo o cartão.

- o que diz aí? – inquiriu Cody, tentando disfarçar o ciúmes após ouvir que o presente era de um admirador secreto. A mulher, ainda envergonhada, suspirou e puxou o ar para os pulmões, encarando o cartão com atenção.

- O seu sorriso nubla a minha mente e me faz explodir em emoção – ela leu com emoção, antes de fazer uma careta – esse cara, claramente, não me conhece. Odeio essas coisas melosas – comentou amassando o cartão e o jogando na lixeira que havia no canto do ambiente.

- parece um velho – comentou Cody, sorrindo.

Kaytlin forcou outra careta.

- e o que é o presente? – indagou uma dos membros do coro de bombeiros, que havia chegado no mesmo caminhão que Kaytlin e Cody. A capitã suspirou, entediada.

- muito provavelmente algo que eu vou odiar – respondeu abrindo o presente, retirando um gato de pelos pretos e rosto inocente, com um rabo em um S perfeito.

- que fofo! – exclamou a bombeira, enquanto Kaytlin analisava o objeto com atenção.

- não sei dizer se gostei ou não – comentou erguendo o gato, o achando estranhamente pesado. Charlie se aproximou e apertou a patinha dianteira do felino bonitinho, o ouvindo gargalhar como uma criança.

- Deus! Eu odiei! Se essa porra toca de madrugada em minha casa, eu mesma começo um incêndio lá! – exclamou a capitã Overmoond e os colegas gargalharam.

- ah, eu achei adorável! – exclamou a bombeira, se aproximando e acolhendo o gato nos braços.

- minha namorada iria amar isso. De que loja é? – indagou outro bombeiro se aproximando. A bombeira analisou o bichinho, estranhando.

- não tem o nome da loja. Apenas o símbolo de um coelho, e informando que ele não afeta pessoas alérgicas a pelo – respondeu vendo o amigo franzir o cenho.

- sério?! Que estranho! Geralmente vem mais informações nas etiquetas – comentou, curioso.

- enfim. Por mim, isso vai para o lixo – disse Kaytlin se dirigindo para o vestiário.

- ah, não! Vamos deixar ele aqui! Vai servir de mascote para a base – disse a bombeira, antes de abraçar o bichinho apertado e o beijar, enquanto outro bombeiro apertava a patinha felpuda mais uma vez, o fazendo gargalhar.



Branco se esticou em sua cadeira, alongando os braços e gemendo de preguiça.

- está na hora de começar – disse chamando a atenção de Ethan e Aiden, que se encontravam deitados nos sofás logo atrás de si, se erguerem de súbito.

- já está na hora?! – inquiriu Ethan, surpreso e ansioso.

- já – respondeu começando a digitar em seu computador.

Enquanto isso, em uma prisão bem longe dali. Um homem conhecido pelo FBI como Sagitário envolvia as grades de sua cela com uma corrente de um relógio de pulso, o mantendo sobre a fechadura da cela. Ao mesmo tempo, Rainha e seus subordinados se encontravam prontos para invadir um presídio de segurança mínima.

- estão prontos? – questionou Branco, animado.

O homem na cela se afastou das grades. Rainha verificou o seu fuzil uma última vez, enquanto, ao seu lado, dois homens mascarada preparavam um lança-foguetes.

- sim! Sim! Sim! – exclamou Aiden em resposta.

Eles esperavam por aquele momento há muito tempo. E quando Branco anunciou que o momento estava próximo, a sua ansiedade apenas aumentou. Agora, que a hora havia chegado, a ansiedade deles estava a mil.

- então vamos fazer acontecer – ditou começando a digitar em seu computador.

Os sons que as teclas emitiam quando os seus dedos as pressionavam, algumas vezes, se associavam ao som do ponteiro do relógio saltando, marcando os segundos. Os gêmeos sorriam, divertido, já ligando todas as televisões que eles tinham no ambiente, colocando em todos os jornais possíveis. Enquanto isso, Rainha chutava a porta do camburão e o homem com o lança misseis saltou, mirando na grade do presídio. Logo atrás dele, mais dois homens saltaram e usaram outros lança-foguetes, abrindo caminho nas barreiras que restavam. Quando Branco terminou de digitar o comando, os gatos de pelúcia que riam, espalhados em vários locais começaram a rir, chamando a atenção de seus destinatários e quem mais estivesse por perto. Ele riam e gargalhavam sem parar, gerando estranheza nas pessoas que os ouviam.

- isso é normal? – questionou o delegado Ryan, confuso.

- ele começou a rir sozinho, sem parar – comentou Tiffany, a recepcionista do hospital, surpresa.

- cala a boca dessa porcaria! – exclamou Kaytlin, irritada com o brinquedo.

O relógio amarrada na fechadura da cela atingiu o número doze, sendo este apontado pelos três ponteiros e o objeto explodiu, abrindo a cela, surpreendendo o homem de cabelos grisalhos, que encarou a porta de abrir sozinha, com um sorriso nos lábios. O homem começou a gargalhar, histericamente, embriagado, subitamente, pela estranha sensação de liberdade. Uma sensação quase afrodisíaca.

- que barulho foi esse? – inquiriu um guarda, já desesperado, se aproximando e o homem grisalho se silenciou.

- puta merda – reclamou o detento, desarmado, já imaginando o trabalho que teria para fugir daquela prisão sozinho.

A explosão do brinquedo consumiu a sala de Ryan e boa parte da delegacia, fazendo oficiais e civis voarem para paredes e janelas, sendo arremessados para fora. As chamas engoliram todos os que se encontravam próximo a sala, os matando instantaneamente. Algumas das pessoas que foram jogadas para longe, morreram com o impacto de seus corpos nos sólidos após serem arremessadas. Os vidros da porta do delegado Ryan e alguns objetos próximos a sala voaram, alcançando a doce senhora Nyelman, perfurando o seu corpo e atingindo vasos sanguíneos importantes, o que geraria a sua morte mesmo que ela tivesse sobrevivido ao impacto de sua caixa torácica no balcão a sua frente, o que quebrou as suas costelas que acabaram perfurando os órgãos internos. Um dos oficiais fora arremessado para cima, batendo com a nuca no teto, quebrando o pescoço e tendo o corpo rotacionado no ar. O impacto do corpo do oficial que atingiu o teto no da mulher grávida que prestava queixa do marido bêbado agressor gerou a morte instantânea do feto. Os vidros que atravessaram os olhos e o pescoço do corpo adulto geraram a morte da mãe. A explosão na delegacia assustou os civis do lado de fora da mesma, que foram surpreendidos quando os vidros das janelas quebraram e o som da explosão ecoou pela rua. Carros se bateram ou invadiram as calçadas, quando os motoristas, assustados, perderam completamente o controle dos corpos ao serem movidos pelos instinto do medo. Um dos oficiais fora arremessado para fora da delegacia e atingiu a rua, de onde não conseguiu se mover, sendo atropelado pelo ônibus descontrolado que fazia o seu percurso costumeiro. O pneu traseiro passou por cima de sua cabeça, gerando a sua morte.

O guarda alcançou a cela do grisalho, se vendo perplexo com a grade aberta e algumas barras pretas e entortadas, indicando que houvera uma explosão ali. Logo ele apontou a arma para o detento, que ergueu as mãos, com seriedade no olhar, pensando em um jeito de desarmar o guarda a adua frente e tomar a arma para si. Métodos? Ele tinha vários. Agora, qual escolher? Essa era a questão.

- o que merda você fez?! – questionou o guarda, em choque. – o que porra você fez, vagabundo?! – voltou a perguntar, elevando o tom de voz.

- calma. Eu posso explicar – ditou o grisalho erguendo as mãos, indicando que não tinha a menor intensão de o atacar e que não precisava estar sobal a mira de uma arma.

Logo outro guarda chegou, apontando a arma para a cela e se viu perplexo com o que viu.

- MAS QUE PORRA FOI ESSA?! O QUE VOCÊ FEZ, COROA?! PUTA QUE PARIU, VÃO CO

O homem fora calado quando uma bala atingiu a sua cabeça. O outro guarda, perplexo, se virou na direção do tiro, recebendo uma bala bem no meio da testa. Sagitário encarou a cena, confuso e assustado, antes de uma mulher com roupas de guarda se aproximar, com uma pistola na mão e olhou com seriedade em seus olhos.

- se for seguir o Branco, vem comigo. Se não for, diga logo que eu tomo a devida providência – ditou erguendo a arma  e a apontando para a testa do mais velho.

Sagitário riu.

- com um convite tão humilde, como eu poderia recusar? – inquiriu, sorrindo de canto.

- já vou logo avisando: pegue a arma que quiser. Mas escolha bem em quem você atira. A última vez que tiraram uma peça do tabuleiro do Branco, essa pessoa implorou pela morte – ditou a mulher já dando as costas. O grisalho saiu da cela, recolhendo as duas pistolas dos guardas mortos com velocidade, bem como munição para as armas.

A recepção do hospital virou um caos. Tiffany e outros recepcionistas viraram pó, nem como o delegado Ryan. David, que ainda se afastava, fora jogado contra as escadas, batendo a coluna, fraturando a mesma, e logo após tendo o pescoço quebrado quando a cabeça continuou o percurso. Pacientes e visitantes foram mortos pelas chamas, enquanto as paredes de vidro da entrada do hospital viravam cacos afiados, que foram arremessados no estacionamento como lâminas prontas para perfurar corpos novos e arranhar latarias brilhantes. As chamas não engoliram tantas pessoas quanto na delegacia e a onda de choque também não arremessou tantos corpos. Mas a quantidade de vidros e objetos que voaram nas pessoas que se encontravam a certa distância dos fundos da recepção aberta de bancada circular completa foi grande. Pedaços de concreto acertaram cabeças gerando concussões e cortes, criando uma orda de pessoas desorientadas que tropeçaram e caíram, sendo pisoteadas ou até mesmo morrendo na hora devido as pancadas. As canetas da recepção voaram, e uma atravessou o olho esquerdo de uma criança de dez anos, que ao ser abraçada pela mãe, fez com que o objeto apenas adentrasse mais o seu corpo, atingindo o seu cérebro e gerando sua morte. A lâmina de uma prancheta vou e girou, até acertar o pescoço de uma idosa que se encontrava em cadeira de rodas, sendo empurrada pelo filho mais novo após receber alta por ter se recuperado de um câncer. O ferimento lhe gerou uma morte agonizante por se engasgar em seu próprio sangue. O seu filho recebeu o impacto de pedaços pequenos de mármore em seus olhos, lhe tornando cego de ambos os olhos. A explosão gerou o caos no hospital, fazendo com que pacientes, visitantes e profissionais da saúde se desesperassem e tentassem correr, se amontoando na entrada, gerando mais tumulto. As pessoas se desesperaram ao ver os corpos e as chamas na recepção, forçando os primeiros a parar bruscamente, sendo empurrados pelos que vinham atrás, que por sua vez eram empurrados pelos que estavam ainda mais atrás, sendo forçados a pisotear os que caíram, gerando mais feridos e, até mesmo, mais mortos.

Sagitário disparou contra dois guardas que surgiram em suas costas, os derrubando rapidamente. Ao se virar para continuar seguindo o caminho, ele se viu surpreso ao ver a mulher de cabelos ruivos saltar, se apoiando na parede, desviando de um tiro, e saltar mais uma vez, na direção dos guardas, abaixando a arma em sua mão. Ela disparou uma vez contra o primeiro, acertando a sua testa, e colocando o pé em seu rosto, o usando de apoio. Com a outra arma, ela disparou contra os guardas que se encontravam em seu caminho, os matando com rapidez.

- caramba! Você é boa, mulher! – ele elogiou, surpreso, a vendo recarregar as armas com velocidade.

- sem tempo para conversas, candidato. Você tem que chegar ao lado de fora o mais rápido possível –

- mas e as torres de vigia? Há guardas nas torres. Guardas bem armados. Ou você se esqueceu? –

- se tudo estiver correndo bem, esses daí já estão mortos – falou a mulher correndo e se abaixando, deslizando de uma mão que surgiu das grades de uma cela, tentando lhe agarrar os cabelos. Ela se esquivou e não se importou. Ela tinha um objetivo em mente, e nada a impediria de atingir aquele objetivo.

Mais um grupo de guardas surgiram no corredor e a mulher lidou com eles com velocidade. O primeiro recebeu uma cabeçada de surpresa e um tiro no queixo que explodiu os seus miolos, ensanguentando o teto do corredor. O segundo recebeu um golpe das costas da mão dela, jogando a cabeça para o lado. Quando se deu conta, o cano da pistola da mulher estava em sua orelha e a bala foi disparada. Ela apontou com as duas armas para a frente e disparou indiscriminadamente, acertando todos os corpos que se encontravam de pé a sua frente, não se importando com a quantidade, apenas com a região atingida. O grupo inteiro foi ao chão e a ruiva seguiu sobre eles sem problema algum. Se quer teve o trabalho de evitar pisar nos corpos. Ela, simplesmente, os pisoteou, sem nunca perder o equilíbrio, e avançou. Sagitário a seguiu sem preocupação alguma quanto ao caminho que deveria seguir.

Ele assoviou impressionado, só então notando as curvas bonitas no corpo a sua frente.


Quando Jolene, a bombeira que adorou o gato preto de pelúcia, se aproximou para analisar o mesmo, tentando descobrir o motivo das gargalhadas repentinas, ela fora pega de surpresa pela explosão. Ela se quer soube o que a matou e a transformou em poeira rosa. Cody, que se encontrava próximo, lavando o caminhão, fora jogado para trás, tendo alguns ossos deslocados com a força da explosão. O homem bateu a cabeça na porta da garagem e morreu na hora. Os outros membros que se encontravam no local foram jogados em direções diferentes. Alguns, sobreviveriam para contar a história, outros morreram devido a má sorte. A explosão afetou o caminhão, que se encontrava cercado pelas chamas que queimavam toda a estrutura. O concreto das paredes e do teto foi intensamente afetado pela explosão, que ocorreu exatamente em uma das paredes, fazendo com que o teto cedesse e as pessoas do andar de cima fossem ao chão do térreo, engolidas pelas chamas da explosão por alguns segundos. Alguns tiveram poucas queimaduras e nada mais, já outros sofreram vários hematomas e algumas fraturas nas pernas ou braços.

Os bombeiros que sofreram poucos danos logo trataram de tentar controlar o fogo, enquanto tentavam ajudar os companheiros de trabalho a saírem do local antes que houvesse uma segunda explosão. Porque a chance era pequena, mas existia, e tudo estava a favor dela. O caminhão de bombeiros se encontrava inutilizado, devido ao concreto, e se encontrava cercado por chamas, o que poderiam e iriam gerar a sua explosão. Kaytlin, que fora jogada no interior do prédio, atravessando a porta aberta, devido a onda de choque, logo surgiu com um extintor de incêndio, tentando abrir caminho para a mangueira de emergência. Mas, infelizmente, a mesma fora enterrada por concreto quando o andar de cima cedeu. Ela não conseguia abrir caminho para a mangueira, e os poucos bombeiros em condições de ajudar estavam participando da evacuação, que exigia ainda mais participantes do que os que a estavam executando. O sistema contra incêndio do prédio havia sido ativado, mas, infelizmente, com o estrago da explosão, alguns galões dd combustível que estavam no canto da garagem, devido ao diretor que estava saindo de férias naquele dia e ia fazer ima longa viagem direto do prédio, viraram e espalharam gasolina pelo chão, que se misturava a água, criando um lençol de chamas vivas que caminhavam para perto do caminhão a cada segundo que água era jorrada do sistema de emergência.



- por aqui – ditou a mulher e Sagitário a seguiu com confiança. Eles se encontravam em um dos corredores do começo da prisão. Um dos primeiros corredores que os detentos alcançavam assim que entravam naquele: o único momento em que eles usavam aquele corredor.

O homem grisalho já podia ouvir, há muito tempo atrás, uma troca de tiros incessante do lado de fora. Ele se questionava o que diabos estava acontecendo. Por que parecia que uma guerra civil estava acontecendo do outro lado da parede, apenas há alguns metros dele? Quem era aquela gente que estava arriscando o próprio couro por ele? Quem era Branco para conseguir que aquelas pessoas fizessem aquilo? Eram tantas perguntas, mas que ele não possui tempo de ur atrás de respostas. Se quisesse as respostas, primeiro teria que sair daquela prisão. E a mulher a sua frente era a sua chave de ouro para os portões de saída.

Ele pôde ver alguns guardas, adiante, dispararem contra alguma coisa através de um enorme buraco na parede. Ele franziu o cenho, confuso. Antes mesmo que pudesse perguntar, a mulher guardou as armas em sua cintura e avançou na direção da tropa de guardas. Ele se manteve parado, armado, encarando a cena se desenrolar. A mulher com uniforme da prisão avançou com velocidade. Quando um dos guardas percebeu a aproximação, ele berrou por mais munição para a mulher, e a viu colocar as mãos atrás das costas. Então ele estendeu a própria mão, pronto para receber a munição pedida, mas o que recebeu fora uma faca perfurando o seu pescoço, bem como outro guarda.

- MAS QUE

Quando o guarda se virou para a acertar com alguns tiros, já era tarde demais. Ela saltou em si, lhe penetrando o coração com a faca pela abertura lateral do colete aprova de balas. Quando os outros guardas iriam disparar na traidora, a mesma girou, dando um passo para trás, voltando a puxar suas armas e disparando. Ela conseguiu derrubar três deles com tiros na cabeça, mas os outros dois abates vieram do lado de fora. Ela olhou para a cratera na parede caída, vendo, ao longe, Rainha abaixado, com um rifle de assalto em mãos.

- Branco disse que você tinha uma mira perfeita – murmurou, pensativa, analisando o mascarado voltar a mirar para outro lugar, se escondendo atrás do furgão.

- mas o que porra está rolando?! – questionou o detento, incrédulo, se aproximando. A mulher apontou para o lado de fora.

- eles. Eles vão te tirar daqui sob ordens do Branco. É melhor não se meter com Rainha. Ele não é de brincar muito – explicou começando a recarregar suas armas.

- e estamos esperando o quê? Vamos para aquela porra de furgão! – exclamou se abaixando ao lado da cratera para analisar o ambiente enquanto a mulher recolhia suas adagas.

Ele esperou pela resposta, que não veio.

- Oh, mulher! Como nós vamos... – ele se virou para a encarar, se surpreendendo ao não encontrar nenhum corpo vivo.

Sagitário olhou bem ao redor, tentando encontrar algum sinal da mulher que lhe resgatara. Mas ele não encontrou nada. Nem mesmo ouviu sons de passos ou disparos, indicando para qual direção ela havia seguido

- mas que porra foi essa?! – Exclamou, confuso, antes de voltar a analisar o ambiente

Ele estava sozinho, agora. Precisava tomar muito cuidado. Quando voltou a olhar para fora, ele viu um homem com máscara branca e símbolo de Paus acenar para si, indicando que ele deveria ir até lá. Quando julgou que o perímetro entre a cratera na parede e o furgão do outro lado das grades estava tranquilo o suficiente, ele disparou na direção do furgão. Em sua corrida, teve os disparos dos homens mascarados que acompanhavam o homem que sinalizara para si como cobertura, afastando qualquer guarda que ainda tentasse impedir a fuga.

- pula dentro! Agora! – ralhou o homem com máscara de Paus lhe empurrando na direção da traseira aberta do furgão, onde ele pôde perceber uma grande quantidade de munição.

Obedecendo as ordens do mascarado, o homem de cabelos grisalhos saltou no interior do veículo, sendo seguido por dois outros mascarados. O primeiro bateu na lateral do furgão e o motor fora ligado. Ele saltou no interior do furgão e o motorista arrancou quando um dos mascarados gritou para ele acelerar. Assim que eles percorreram um bom percurso, Sagitário suspirou aliviado e encarou todos os mascarados, metodicamente, recarregarem suas armas e se manterem sentados.

- então... Quem é o chefe? – inquiriu e logo uma aa fora apontada para a sua cabeça.

- vamos deixar as coisas bem claras. Você só está solto porque Branco achou você interessante o suficiente. Mas se você sair as linha, eu garanto que cada junta do seu corpo vai ter uma bala separando os ossos – ralhou o homem com máscara com símbolo de Paus, surpreendendo o mais velho, que sorriu de canto.

- é você – ele respondeu a própria pergunta, sorrindo largo. – você que é o tal do Rainha? –

- o próprio. E eu não estou para gracinhas –

- não tinha um nome de homem, não? Ou você é bicha mesmo? – questionou com um sorriso de canto, negando com a cabeça.

O soco que lhe acertou fora inesperado. A coronhada em sua mandíbula a deslocou, surpreendendo mais ainda a si. A dor fora grande o suficiente para nublar a sua mente pelo tempo necessário para que Rainha lhe roubasse as duas armas. Sagitário ajustou a mandíbula, grunhindo de dor, e se virou mais uma vez para o líder do grupo, que passou as duas pistolas para os dois mascarados ao seu redor.

- eu não tolero preconceitos, velhote. E, diferente de mim, você é completamente substituível. Existem muitos por aí que podem tomar o seu lugar no plano de Branco. Então eu tenho permissão para meter uma bala em sua cabeça e jogar teu corpo no primeiro bueiro que a gente passar. Então é bom você medir as suas palavras quando estiver diante do meu pessoal. Estamos entendidos? – repreendeu Rainha, com sua voz modificada, e logo todas as armas do furgão estavam sendo apontadas para o fugitivo, que ergueu as mãos, em sinal de rendição, mas o sorriso ainda estava em seus lábios.

- claro, princesa! – o soco, desta vez, veio da sua direita.


Alguns civis que se encontravam próximos ao corpo de bombeiros se aproximaram para ajudar na evacuação. Kaytlin se juntou ao trabalho e passou a retirar os feridos com cuidado. Alguns estavam soterrados por concreto, enquanto outros estavam tão feridos que só de serem tocados sentiam uma dor intensa se espalhar por seus corpos e os fazer urrar de dor.

- CHAMEM A EMERGÊNCIA! – gritou um dos bombeiros para os civis, que já estavam com os celulares na mão, discando o número da emergência, chamando por ambulâncias.

- precisamos de uma varra de ferro para erguer o concreto do lado direito do caminhão! – ordenou Kaytlin apontando para a direção da vítima a ser resgatada e logo todos olhavam ao redor, a procura de um instrumento que servisse.

- eu estou com um taco de lacrosse no carro. Deve servir – ditou um dos civis e um dos bombeiros pediu, aos berros, para que ele fosse buscar.

Kaytlin correu para o interior do prédio com uma das mulheres do seu trabalho e, juntas, se armaram com extintores de dióxido de carbono, passando a lutar contra o fogo que se espalhava com a água do sistema contra incêndios. Elas conseguiram impedir que as chamas escorressem até o caminhão de bombeiros, impedindo, assim, uma segunda explosão. Com a ajuda do taco de lacrosse, ele ergueram o pedaço de concreto o suficiente para que o grupo conseguisse colocar os dedos por baixo dela e todos a erguesse em um esforço conjunto. Eles retiraram o homem de debaixo dos escombros e o levaram para fora do prédio. A situação era tensa e caótica. Quantos mais vitimas eles retiravam do prédio, mais se acumulavam do lado de fora. Aquilo já estava irritando os bombeiros.

- CADÊ A PORRA DA AMBULÂNCIA?! – gritou, furioso, vendo um dos civis dar de ombros.

- eu não sei! Já ligaram quatro vezes! – exclamou, nervoso com a situação.

- ENTÃO O QUE PORRA ELES ESTÃO FAZENDO?! –

Nenhum deles sabia que, tanto as delegacia de, quanto os hospitais e outros corpos de bombeiro da cidade estavam na mesma situação.

Enquanto todos os profissionais do sistema de emergências da cidade estavam completamente inutilizados pelo caos em seus locais de trabalho, oriundos das explosões dos gatos risonhos. Nenhum deles sabia, nenhum dos destinatários sabia ainda, pelo menos os que sobreviveram para poderem descobrir. Mas, mais tarde, eles saberiam que, o que eles haviam recebido naquela tarde era um personagem muito distinto.

- finalmente... Cheshire – ditou Branco, com um sorriso largo por trás de sua máscara.




Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora