The Emperor

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Não demorou para que outro caso fosse entregue para a divisão montada por Peter. O FBI realmente estava desesperado para resolver mais casos. O louro chegou ao prédio que usavam como base sendo acompanhado pelo sobrinho de olhos verdes. Ambos desceram de seus carros com um copo de café quentinho em mãos. Se cumprimentaram com um aceno de cabeça, típico deles, antes de se direcionarem para o elevador, vendo Allison parada ao lado da porta do mesmo, também com um copo de café em mãos.

- ainda não chegaram? – indagou Peter vendo a morena negar com a cabeça.

- Peter, aproveitando que estamos só nós aqui, eu queria falar sobre o ocorrido de ontem – disse a Argent vendo o louro parar a sua frente.

- o que lhe incomoda? – questionou o Tate vendo a morena desviar o olhar para Derek.

- você sabe o motivo de o Stiles ter ficado daquele jeito por causa dos brincos? Porque, para a Erica ter se afastado desesperadamente dele, aquilo o afetou e muito – perguntou a morena e o Hale acabou se interessando pela conversa.

Tanto Peter quanto Allison direcionaram olhares questionadores para o moreno de olhos verdes, que ergueu os ombros indagando, em silêncio, qual era o problema. Ignorando o sobrinho, o louro de cabelos penteados impecavelmente para trás suspirou, olhando pensativo para o chão. Aquela era uma das poucas perguntas que ele rezava para que ninguém da divisão lhe fizesse. Suspirando mais uma vez, o mais velho ergueu o olhar para a morena, fazendo uma expressão um tanto culpada.

- infelizmente, eu não posso lhe dar essa informação – as palavras do homem geraram reações diferentes nos dois agentes mais novos.

Allison analisava o louro cuidadosamente. As vezes, ela via o quão desvantajosa era aquela aproximação entre o Tate e o Stilinski, embora ela se mostrasse vantajosa inúmeras vezes. Stiles, como todo psicopata assassino, tinha um limite para o controle de sua sede de sangue. E, algumas vezes, o castanho beirava o seu limite. Ela não era idiota. Já havia visto a reação corporal do castanho quando Lydia anunciou que o último caso seria o de um Serial Killer.

O corpo de Stiles tremeu em ansiedade. Como um adolescente que encontra um rival em seu esporte favorito. Os olhos do castanho apresentavam um brilho divertido sempre que analisava as cenas de crime. Quando analisaram a cena de Cindy fora pior. Ela viu quando o pomo de adão do castanho se moveu, indicando que o mesmo estava salivando enquanto brincava com o sangue da garota entre os dedos. E, em todos esses momentos, Peter procurava tocar o mais novo de alguma forma. Procurava o acalmar, o que era mais estranho ainda, já que Peter fora um dos agentes responsáveis por sua prisão.

A desvantagem era que o louro parecia estar nas mãos assassino em certas situações. Peter e Stiles, muitas vezes, guardavam assuntos apenas para eles dois, o que causava uma certa desconfiança por parte dos outros agentes, principalmente Scott e Derek. Não foram raras as vezes em que Peter deixou de expor algo ao grupo devido a presença de Stiles, que sempre o calava com um coçar de garganta.

Já Derek, rolou os olhos para o tio. Ele sabia muito bem o que aquilo significava. Peter estava, mais uma vez, protegendo o assassino de seu pai. O moreno de olhos verdes não conseguia entender o que diabos seu tio tinha na cabeça para se vincular com um monstro como Stiles. Principalmente Stiles. O assassino responsável por tanto sofrimento em sua família. Ele sentia tanta raiva do tio por isso. Peter, um dia, fora como o seu pai, para si: Um exemplo. Quando criança, o seu sonho era trabalhar com o pai e com o tio. Hoje, o seu sonho estava morto. Não apenas graças a Stiles, como também ao seu tio.

Peter havia lhe decepcionado profundamente.

- Continua protegendo ele – ditou o moreno de olhos verdes enquanto lançava um olhar de desgosto para o louro.

- é. Continuo, sim – falou o mais velho lançando um sorriso vitorioso para o sobrinho que o fitou irritado.

- e acha isso correto? - indagou o agente de olhos verdes vendo o tio erguer uma sobrancelha em sua direção.

- e quem diz o que é correto e o que não é? - questionou Peter vendo Derek tomar uma expressão furiosa no rosto.

- está bom, está bom. Vamos parar. Não estamos no fundamental. Se concentrem em ser produtivos e não em alfinetar os princípios um do outro – ditou a Argent, se colocando entre o tio e o sobrinho, enquanto empurrava o peito de ambos.

Assim que Derek iria argumentar sobre a atitude do mais velho, três vans adentraram a garagem, indicando que três dos detentos haviam chegado, restando apenas um, provavelmente Erica. Assim que as portas se abriram, Allison viu Vernon e Isaac descerem da traseira de suas respectivas vans. Para a surpresa dos três agentes, tanto Vernon quanto Isaac estavam sem as algemas. Os dois homens abriram as portas traseiras eles mesmos, deixando Derek com uma sensação ruim. Eles fecharam as portas traseiras dos veículos erguendo os polegares para os motoristas, indicando que haviam feito tudo correto.

- valeu! - exclamou o motorista da van de Vernon antes de descer, sendo seguido pelo companheiro de trabalho, para se dirigir para a van onde Stiles estava.

- mas que porra é essa?! - exclamou o Hale irritado.

- alguém não queria estar aqui. Tiveram que usar nossas algemas nele – disse Isaac se aproximando de Allison, que entregou o café para o louro de cachos e tratava de pegar a arma em sua cintura.

- o que você... - Peter fora cortado quando, ao abrirem as portas das vans, os dois agentes foram jogados para trás quando Stiles algemado e enrolado em algemas, como em uma camisa de força feita de correntes, chutou as portas.

- Stiles! - repreendeu Allison enquanto apontava para a cabeça do castanho.

- atire em mim se quiser. Não estou nem aí - ditou o castanho descendo da van em um pulo pequeno e, para a surpresa de todos, as correntes caíram, libertando o castanho.

- como você se soltou? - questionou um dos agentes selecionados para transportarem o castanho, se arrastando para longe do castanho.

- um mágico não revela os seus segredos – disse o assassino enquanto seguia para o elevador.

- Stiles, assim fica difícil de lhe defender – a voz suave de Peter tentava acalmar o prisioneiro de cabelos castanhos, mas o mesmo lhe ignorou prontamente para adentrar o elevador e apertar o botão que faria o elevador subir.

O castanho de olhos claros e olhar sério se virou para a porta, vendo todos os outros encararem o elevador com certo receio. Até mesmo Peter encarava o homem de olhos da cor âmbar com cuidado. O louro mais velho adentrou o elevador, parando ao lado do Stilinski e apertando o ombro do mesmo com certo carinho.

- vocês três chegaram a comer? - questionou o homem vendo que Vernon e os outros ainda tinham certa dúvida se deveriam entrar no elevador ou não.

- ah... não... o café da manhã é as dez – respondeu o Boyd adentrando o elevador, tomando o cuidado de não adentrar o espaço pessoal do assassino da divisão.

- vamos comprar algo para vocês no caminho – falou Allison encarando o castanho pressionar o botão de fechar as portas com certa violência.

Assim que chegaram ao andar de cima, o grupo fora recebido por Lydia, que se encontrava sentada em sua mesa, digitando algo no computador. A ruiva sorriu quando Isaac questionou se a mesma não tinha casa, pois ela sempre estava ali quando todos chegavam. Mas, no momento em que Stiles se jogou sentado em uma cadeira, a ruiva tomou um olhar preocupado. O ambiente tomava uma atmosfera pesada com a presença do castanho de expressões sérias. Ela se sentia um tanto culpada por ter tentado sedar o homem na noite anterior. Quando ela se ergueu para iniciar a apresentação do caso, Scott e Erica chegaram pelas escadas, um tanto apressados.

- chegamos! - exclamou o moreno de queixo torto, já indicando estar ciente do seu leve atraso.

- vamos começar agora – ditou Peter enquanto se sentava.

- você está bem? - questionou Lydia notando o bater de pé do castanho.

Stiles não respondeu. Apenas permaneceu a encarar a mesa de madeira.

- eu... me desculpe por ontem. Eu acabei me precipitando devido a presença da irmã de Derek – a ruiva se desculpou esperando ouvir alguma palavra do castanho.

No entanto, Stiles permaneceu em silêncio. Tudo o que ele fez, para que a agente Martin soubesse que ele havia escutado, fora virar a cabeça em sua direção, a olhando de baixo com o seu olhar entediado. Assim que o castanho voltou a olhar para a mesa, ignorando todo mundo, fora o momento em que Erica puxou Allison pelo braço, indicando que queria falar com a mulher, que se inclinou levemente na direção da loura de cabelos cacheados.

- eu não quero ficar do lado dele – sussurrou a loura e a morena se afastou minimamente para lhe encarar.

- sensação ruim? - questionou em um sussurro vendo a Reyes menear positivamente.

- ele ainda está chateado? - questionou o McCall se sentando a mesa.

- deixe ele em paz, Scott! - ordenou Allison, enquanto ela e Erica se sentavam no outro lado da mesa.

- comece – falou Peter antes que mais algum assunto desnecessário fosse iniciado.

- espero que estejam com as suas malas prontas, pois vamos viajar em poucos minutos – ditou a Martin já iniciando a sua apresentação.

- você vai? – questionou o louro de cachos, surpreso.

- posso não ser uma agente de campo nessa divisão, mas sou eficiente – argumentou a Martin antes de o Lahey se virar para Vernon.

- ela já foi em campo alguma vez? – questionou Issac vendo o Boyd lhe fitar negando com a cabeça.

- com a gente, não – respondeu o homem de porte musculoso vendo o louro olhar surpreso para o resto dos agentes.

- com licença, eu estou tentando apresentar o caso – a Martin repreendeu o louro de cachos.

- foi mal, ruiva. Pode falar – se desculpou Isaac enquanto Scott ainda tentava conter o riso.

- enfim. Um adolescente foi encontrado morto em seu quarto, pendurado no ventilador pelo pescoço por uma corda – disse a ruiva e logo a imagem do adolescente em uma típica cena de suicídio fora exibida na tela.

- está bem, é trágico, mas desde quando lidamos com suicídio? – indagou Vernon e a ruiva sorriu para a sua pergunta

- eu também pensei assim, mas assim que vi o que encontraram no computador dele eu entendi tudo. – ditou a ruiva e logo a imagem da página inicial de um site surgiu.

Na página havia toda uma decoração de Hallowen, com abóboras medonhas, aranhas e morcegos voando pela tela. Em letras laranjas e verdes estava escrita a típica frase do Hallowen, com as duas letras T's iniciais cobertas com sangue. Não havia muito na tela inicial, apenas um grande, enorme e medonho “Login” ao lado de um igualmente medonho e enorme “Cadastre-se”.

- Trick or Treat?! – indagou Derek, descrente do que lia.

- o que tem demais? – questionou Isaac e logo a ruiva sorriu em sua direção.

- se você se cadastrar nesse site, ele começa a lhe lançar desafios idiotas em que alguns consistem em se ferir ou arriscar a própria vida – respondeu a Martin mostrando algumas etapas do cadastro e alguns desafios feitos pelo site.

- as pessoas são tão burras! – exclamou Erica vendo a ruiva dar de ombros.

- também não entendo essa gente – comentou Lydia passando as imagens.

- ah, qual é? As pessoas devem saber que isso é furada! – exclamou Isaac apontando para o desafio que tinha como uma etapa cortar o pulso direito.

- se você soubesse como as pessoas são manipuláveis – falou a loura negando com a cabeça.

- ela está certa. Eu fiz uma pesquisa e quase noventa por cento dos jovens da cidade acessam esse site por dia. E não apenas nessa cidade, como em todo o país – argumentou Lydia vendo o louro de cachos tomar uma expressão de nojo com um toque de indignação.

- meu Deus! E eu achando que matar alguém sem levar a culpa era difícil. É só mandar ela fazer em um desafio estúpido! – exclamou o Lahey indignado.

- o que merda eles têm na cabeça? – indagou Allison, tão indignada quanto Isaac.

- as pessoas estão passando tanto tempo cercadas por zeros e uns que estão enlouquecendo – a voz de Vernon chamou a atenção de todos, que ficaram em silêncio, apenas absorvendo a reflexão do detento.

- certo. Isso foi bonito – falou o Lahey batendo palmas mudas para o amigo.

- bem filosófico, mas, voltando, nós temos que pegar o responsável por essa ideia ridícula – disse Lydia vendo Erica bufar em sua cadeira.

- ridículas são as pessoas que usam uma merda dessas – comentou a loura apoiando a cabeça na palma da mão, mudando o olhar de direção.

- e por que não derruba esse site daqui? – indagou Isaac vendo a ruiva lhe dar atenção.

- eu poderia facilmente, mas se fizermos isso eles iriam recriar o site e não resolveria nada. Então temos que ir para o norte, na cidade onde este site foi criado para encontrarmos o criador dessa coisa ridícula – explicou a Martin enquanto via o grupo inteiro menear positivamente

- e para onde estamos indo? – indagou Vernon, curioso.

- é melhor colocarem suas roupas de frio nas suas malas, porque vamos para o Alaska! – respondeu a ruiva, animada, e logo imagens de uma cidade do Alaska surgiu na tela.

- puta que me pariu! – exclamou Isaac, aparentemente desgostoso, enquanto Scott gargalhava alto.

- o que foi? – indagou Derek, confuso.

- o Isaac odeia o frio, tipo, muito – respondeu Scott, ainda rindo.

- e você está adorando isso – ditou o louro de cachos, irritado.

- ah, você tem que admitir que você no frio é muito engraçado – argumentou o moreno de queixo torto e Isaac ergueu o dedo do meio para o McCall, enquanto escondia um sorriso mínimo.

- sério?! Eu jurava que você era do tipo que amava o Natal – ditou Erica, sorrindo para o outro louro.

- por que raios? – questionou o Lahey, confuso

- porque... Você tem toda essa aura infantil ao seu redor? – a resposta da Reiyes saiu como uma pergunta, deixando o outro com uma seriedade no olhar que surpreendeu a maioria.

- nada a ver – foi tudo o que o Lahey disse, voltando a olhar para Lydia.

- ah... Isso é tudo? – indagou Scott chamando a atenção para a ruiva, novamente.

- sim, sim – respondeu a Martin ajustando o cabelos atrás da orelha.

- ótimo. Saímos em vinte minutos – ditou Derek enquanto se erguia.

- se comporte até voltarmos, por favor – pediu Peter, em um sussurro, para que apenas o castanho escutasse, esquecendo-se da presença de Erica.

O castanho nada respondeu, apenas permaneceu de pernas cruzadas e olhar sério. Peter suspirou, acariciando os fios castanhos antes de se afastar, deixando apenas Lydia, Vernon, Isaac e Erica ali. O silêncio reinou por um bom tempo, antes de Erica, movida por sua curiosidade natural, se direcionou para Isaac.

- então... Como vocês se comportam na prisão de vocês? – questionou a loura vendo dois dos três homens olharem para si.

- ah... A gente tenta não levantar suspeitas – respondeu o Boyd e Isaac concordou consigo em um menear de cabeça.

- vocês ficam na mesma cela? – indagou a mulher, curiosa.

- nós dois, sim. O Stiles tem a cela dele – respondeu Vernon olhando para o castanho, vendo o mesmo permanecer a ignorar tudo e puxar um baralho de sua manga.

- vocês já podem ir se trocar. As malas de vocês estão no vestiário, elas tem seus nomes e as roupas estão em cima delas – informou Lydia vendo o grupo se erguer e se dirigir para o vestiário.

Erica fora a primeira a se arrumar e deixar a roupa da prisão no armário que continha o seu nome. Após a loura sair puxando a sua mala para a sala em que sempre ficavam, foi que os três homens adentraram o vestiário, se dirigindo para os seus respectivos armários. Após o banho, Stiles, ao retirar as roupas que usaria do armário, se viu um tanto surpreso quando encontrou um par de brincos na prateleira do armário. O castanho olhou bem para o par dourado de pequenas argolas grossas, antes de, com tédio fechar a porta do armário.

Assim que Stiles adentrou a sala, com a sua mala pendurada ao lado de sua cintura, Lydia olhou, discretamente, para as orelhas do castanho, se vendo confusa ao ver os lóbulos do homem sem ornamento algum. Ela não se viu apenas surpresa, como também indignada. Allison havia colocado aqueles brincos no armário do castanho por ter se sentido mal pelo ocorrido da noite anterior. E, embora Lydia, Derek e Scott argumentassem que Stiles era um assassino a sangue frio que não merecia a dó de ninguém, como sempre, a morena dizia acreditar na reabilitação das pessoas e que elas mereciam uma chance para isso. O homem de cabelos castanhos havia ignorado o presente da mulher de cabelos pretos. Por acaso ele era bom demais para usar aqueles brincos? A Martin se via mais furiosa a cada pensamento quer tinha sobre o castanho.

O telefone tocou e a ruiva colocou no viva voz ao perceber que se tratava de Scott. O moreno de queixo torto informava que já estavam todos no andar de baixo e que era para eles descerem. Os cinco pegaram o elevador e, assim que chegaram no térreo, todos se dividiram em três carros. O aeroporto não era muito longe, então não demorou para que todos estivessem em seus assentos dentro do jato, que já percorria a pista de voo com certa velocidade.

- e então? Para onde vamos assim que chegarmos lá? – questionou Scott, se servindo de um copo de whisky.

- vamos pegar táxis, fazer uma hora de viajem até uma cidade onde pegaremos um barco até a cidade onde rastreei a origem do site – respondeu Lydia enquanto digitava algo em um notebook. Atrás da ruiva haviam alguns vários equipamentos eletrônicos que já se encontravam no avião quando eles pegaram o mesmo.

- e o que é essa tralha toda aí atrás de você? – questionou Erica erguendo o copo para Scott, para que o mesmo lhe servisse um pouco da bebida.

- são alguns equipamentos que eu vou ter que usar lá. Como a cidade é pequena e isolada em uma ilha, há poucos recursos tecnológicos que eu posso usar – respondeu a Martin sem desviar o olhar da tela do notebook.

- caralho! É muita coisa! – exclamou o Lahey encarando a pilha de equipamentos com atenção.

- estou reservando os táxis e o barco. Assim que chegarmos, iremos direto para eles – ditou a ruiva antes de fechar a tela do notebook.

- quer jogar? – indagou Peter retirando a maleta do xadrez de dentro do compartimento em que sempre ficava.

Stiles apenas deu de ombros, enquanto cruzava os braços, assistindo Peter abrir a maleta e retirar as peças de dentro da mesma. Assim que os dois montaram o tabuleiro corretamente, o louro iniciou a partida, não notando os olhares discretos de todos para Stiles, que, instintivamente, cruzou os braços, levando a sua mão direita para onde antes havia um brinco com um pingente em forma de coração. Derek se viu um tanto surpreso quando o homem mais novo arregalou, minimamente, os olhos, enquanto movia a própria mão para o campo de visão, analisando a própria palma. Stiles cerrou o punho levemente, enquanto voltava a sustentar uma expressão séria na face.

- Sti – chamou Peter vendo o castanho lhe fitar com atenção.

- é a sua vez – falou o louro de topete vendo o castanho olhar para o tabuleiro e, sem pensar muito, mover o cavalo da direita.





















- delegado Grimson – cumprimentou Peter, erguendo a mão para o policial assim que eles desceram do barco.

- agente Hale? – questionou o homem vendo o louro menear e logo um moreno de olhos verdes lhe estendeu a mão.

- o agente Hale é o meu sobrinho, aqui. Eu sou o agente Tate e esse é o nosso pessoal – respondeu Peter e o delegado deu uma boa olhada em todos.

- certo, me acompanhem, por favor – ditou o homem enquanto se dirigia para a viatura estacionada ali perto.

- eu não creio muito que alguém daqui tenha criado uma coisa dessas. Somos uma cidade pequena e com poucos recursos tecnológicos. Mas se vocês estão dizendo que está aqui, quem sou eu para dizer que não? – falou o homem de mais ou menos quarenta anos enquanto se aproximavam da viatura.

- ah, que ótimo! Por um momento eu pensei que seria mais um Miriam – sussurrou Erica e Allison lutou para segurar o riso.

- Deus! O homem está passando por uma fase difícil, mas ninguém merece outro dele – ditou Allison, no mesmo tom de voz vendo a loura de cachos menear positivamente em sua direção.

- eu sou policial, então eu digo que nós homens somos melhores em matar do que vocês – a loura tentou uma imitação do delegado, antes de fingir que iria vomitar.

O homem falou pelo rádio com alguns oficiais e logo uma caminhonete chegou no cais. O motorista, que se identificou como o filho do delegado Grimson. A equipe fora levada para a pousada da pequena cidade, que, já se encontrava coberta de neve. Durante todo o percurso, Isaac tremia e esfregava as mãos enluvadas, enquanto xingava, mentalmente, o tempo frio. No outro lado do banco traseiro, Scott tentava conter o sorriso em seu rosto ao ver o louro de cachos praguejar, baixinho, sobre o quão frio estava.

A primeira parada fora na pousada, onde eles deixaram as malas, e seguiram para a delegacia. Houve toda a apresentação deles para os oficiais, como sempre ocorria. Eles pegaram os dados básicos reunidos pela polícia. Como sempre, a leitura extremamente rápida de Stiles chamou a atenção dos oficiais, mas o castanho se manteve calado o tempo todo, deixando que o resto da equipe respondesse aos questionamentos dos oficiais sobre suas habilidades.

Aquilo chamou bastante a atenção da equipe. Stiles adorava exibir os seus dons para os oficiais. Peter sabia muito bem o motivo. Era o jeito dele de dizer que, mesmo após anos estando preso em um cubículo, ele continuava bom o suficiente para não ser pego por nenhum deles. Para o castanho não estar exibindo os seus dons invejáveis, ele deveria estar bastante afetado pela perda dos brincos

- não conseguiram reunir muita coisa – disse Scott após analisar a pasta com as informações colhidas pela polícia.

- foi um suicídio involuntário, o que você queria aí? Digitais e DNA? – indagou Erica vendo o moreno de queixo torto lhe fitar com tédio.

- acho que analisarmos o quarto dele também não vai dar em nada – falou Derek vendo Peter e os outros agentes menearem positivamente, em concordância.

- tudo o que temos que fazer, agora, é esperar por você, Lydia – disse o Tate e a ruiva meneou positivamente.

Quando estavam prestes a sair da sala, o castanho puxou o braço do Peter, chamando a atenção do mesmo. O louro questionou o que havia ocorrido, mas Stiles apenas ficou o encarando com seriedade. Derek, Lydia e Scott acharam aquilo confuso, assim como Isaac, Vernon e os oficiais. No entanto, Peter, Allison e Erica pareceram entender o homem de lóbulos furados.

- você quer ir no quarto dele? – questionou Erica, confusa. Stiles meneou.

- mas foi um suicídio, Stiles. O que quer lá? – indago Allison vendo o castanho apontar para Erica, deixando todos ainda mais confusos.

- ele é mudo? – sibilou o delegado e Lydia negou com a cabeça.

- você quer ver como ele se matou – afirmou Peter vendo o castanho menear positivamente.

- mas por que? Ele se enforcou, cara! Apenas colocou uma corda no ventilador de teto e, boom! Se jogou. O que mais você precisa saber? – perguntou Scott e o assassino da divisão rolou os olhos.

- vocês podem ficar se quiserem. Eu levo ele – disse Allison vendo Peter negar com a cabeça

- eu vou com vocês – disse o homem vendo o grupo dar de ombros e começarem a ajudar Lydia na montagem dos equipamentos.

Eles não demoraram a chegar na casa do adolescente que fora encontrado morto no próprio quarto. Os pais, como o esperado, estavam péssimos, com as suas olheiras e faces molhadas pelas lágrimas. Quando souberam que o FBI investigaria o quarto do filho, se quer cogitaram em assassinato, apenas perguntaram se haviam achado algo suspeito no computador do rapaz.

- encontrei ele quando vim avisar que o jantar estava pronto – ditou a mãe, chorosa, ao abrir a porta do quarto, que se encontrava trancada com chave.

- por que a tranca? – questionou o delegado vendo os amigos e conterrâneos suspirarem.

- não gostamos de entrar nesse quarto – respondeu o pai do falecido adolescente, vendo o castanho entrar primeiro, olhando atentamente para todos os lados.

- o que estão procurando? – questionou o homem vendo todos aqueles agentes da lei vasculharem o quarto do seu filho com determinação e atenção.

- não temos certeza de nada, por enquanto – disse Allison enquanto via Stiles olhar com curiosidade para a escrivaninha.

- como ficava o computador? – perguntou o castanho antes de olhar para os pais da vítima e para o delegado.

- bem aí, virado para a cama – respondeu a mulher e logo Stiles olhou bem para a cama, antes de olhar para o teto.

- era um computador de gabinete, certo? – questionou Stiles e a mulher meneou positivamente.

- como sabe disso? – indagou o pai do adolescente, surpreso.

- marca em forma de retângulo feita por algum liquido. Ele derramou suco ou água aqui, marcando o local onde o gabinete ficava – respondeu o castanho, mostrando, exatamente, onde o aparelho ficava.

- ele tinha uma webcam? – perguntou o Stilinski, curioso.

- tinha uma câmera. Ele fazia vídeos para um tal de “twit” – respondeu o pai da vítima vendo Allison e Peter se entreolharem confuso

- twitch. Ele quis dizer Twitch. Ele adorava jogos. Estava começando a fazer algum dinheiro fazendo lives nesse site. Dizia que iria juntar para nos ajudar com a faculdade dele – dizia a mulher, um tanto emocionada com o modo carinhoso do filho. Ele estava sempre querendo ajudar os pais.

- certo. Ele tinha uma câmera mais potente. Onde ficava? – questionou olhando para os pais, que analisaram bem a escrivaninha antes de a mulher se aproximar do móvel.

- ela ficava bem atrás do primeiro monitor – respondeu a mulher, passando a mão em uma área da parede.

- bem aqui, acima da tv, apontada na mesma direção que a tela, para a cama – explicou a mãe da vítima e Stiles franziu o cenho.

- já tenho tudo o que preciso – falou Stiles antes de sair do quarto, ignorando qualquer tipo de etiqueta na hora de passar pelos pais da vítima.

- o que estava procurando? – questionou Peter assim que entraram na viatura que haviam usado para chegar até a casa da vítima.

- ainda não posso dizer o que ele está fazendo – respondeu Stiles, curto e seco, voltando o seu olhar para a janela.

- e o que conseguiu aí? – questionou Allison vendo o castanho dar de ombros.

- nada concreto ou que mereça ser ouvido... Ainda – respondeu o Stilinski, voltando a levar a mão ao lóbulo e só quando agarrou o vento foi que ele se lembrou de que não possuía mais os brincos.

Allison se viu tentada a questionar o motivo de o outro não estar usando brincos, mas decidiu manter-se afastada, já que o castanho não parecia querer conversar. Sem contar que não seria um bom assunto para se falar próximo ao delegado. Algum deles poderia acabar soltando que Stiles era um assassino. Uma informação que não poderia vazar de forma alguma.

- você parece ser bom, mas tem um jeito estranho – comentou o delegado, não se importando em ser indelicado em sua afirmação.

- gênios sempre são incompreendidos pelas pessoas – ditou o castanho, tratando de puxar um baralho da manga do seu casaco.

- realmente – murmurou o delegado e Peter sorriu, negando com a cabeça.

Quando eles retornaram para a delegacia, o castanho adentrou a sala do delegado primeiro, se dirigindo para a mesa do mesmo e passando a usar o computador do homem, sem dizer uma palavra se quer, o que deixou os agentes indignados e os detentos confusos.

- o que pensa que está fazendo? Usando o computador deste jeito! – questionou Scott se aproximando do castanho, que nada respondeu, apenas permaneceu a digitar com a mesma velocidade de Lydia, surpreendendo a todos, inclusive a própria agente Martin, que parou brevemente para encarar o trabalho do castanho.

- o que está fazendo? – perguntou a ruiva, voltando a digitar com velocidade.

- você vai ver. Agora, me diga uma coisa. Todas vítimas deste caso tinham os computadores no cômodo em que morreram? – indagou o castanho vendo a ruiva lhe fitar por um momento, antes de entregar uma pasta para Scott, que franziu o cenho, passando a folhear a mesma.

- sim. Todos foram encontrados nos cômodos em que os computadores estavam. São adolescentes, tem os seus próprios computadores – respondeu Scott continuando a passar a folha.

- todos tinham webcams ou câmeras conectadas ao computador? – questionou o assassino vendo o moreno franzir o cenho para si, mais uma vez, antes de voltar a folhear os arquivos.

- todos – respondeu Scott e logo Stiles sorriu, negando com a cabeça.

- o quê? Por que o sorrisinho? – questionou Scott, intrigado. Stiles apenas chamou o McCall com a mão, pedindo a pasta que o mesmo tinha em mãos.

Scott deu a volta na mesa do delegado, entregando a pasta para o castanho, que passou a analisar as fotos tiradas pelos legistas, antes de removerem os corpos do cômodo. As vitimas tinham lesões variadas em seus corpos, definidas como causas da morte. Golpe por hélice de ventilador de teto, cortes nos pulsos, asfixia causada por enforcamento e até mesmo intoxicação por sais de banho, em todas as fotos Stiles encontrava a prova do que suspeitava desde a casa da vítima da cidade.

- o que você está fazendo? – questionou o moreno de queixo torto ao ver o que era exibido no monitor do delegado.

- Peter – chamou Stiles e logo o louro se aproximou da mesa, olhando para o monitor e franzindo o cenho para o que via.

- o que... – o homem fora calado pelo castanho quando o mesmo ergueu uma carta de tarô em sua direção.

- O imperador...

Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora