Troublesome

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Derek encarava, nervoso, a imagem a sua frente. Ele já havia assistido a todos interrogatórios de Alice que foram conduzidos por especialistas em saúde mental.

Fora perturbador

Era incrível como aquela criança não expressava nada. Stiles não dizia nada, não expressava nada, não fazia nada. O garoto de longos cabelos castanhos e aparência delicada apenas encarava a pessoa responsável por conduzir o interrogatório com um sorriso gentil no rosto. Ele estava debochando do adulto a sua frente. Aquela era a quinta psicóloga a tomar as rédeas do interrogatório do jovem assassino. Em determinado ponto do vídeo, assim como em vários outros, ele voltou a o fazer.

O seu olhar se desviou da mulher de longos cabelos louros, para se focar na câmera. A sua expressão se tornou séria, como se estivesse olhando para algo que o incomodava. O seu olhar, apesar de ser inexpressivo, era penetrante. O sorriso gentil voltou a surgir em seus lábios, voltando a lhe dar um ar inocente que Derek e todos os que já haviam assistido àquele interrogatório sabiam que era falso.

A mulher no vídeo se deu por vencida. Mais uma vez aquele adolescente havia feito os médicos desistirem de arrancar alguma informação de si. O garoto permaneceu a olhar fixamente para a câmera. Aquela imagem assustava Derek. Era como se Alice não estivesse olhando para câmera, mas sim para ele. Ele se sentia analisado, ameaçado, despido, inutilizado. Tudo com apenas o olhar de um garoto de apenas onze anos.

O primeiro vídeo em que Alexander Hale aparecera no lugar de algum psicólogo mexeu com Derek. Ele não pôde deixa de se sentir emocionado ao ouvir a voz do pai mais uma vez. O ver se mexendo e fazendo uso de seu jeito simpático lhe trazia tantas memórias. O agente não percebeu que sorria bobo para o vídeo gravado do seu pai.

Mas o seu sorriso morreu com a presença de Alice. O garoto sorriu largo com a presença do Hale a sua frente após ser jogado sentado em sua cadeira. Enquanto os policiais algemavam suas correntes a mesa, o garoto de cabelos longos apenas sustentava um sorriso na direção do agente de olhos. O seu sorriso era grande e branco, como o de um gato sorridente. O agente treinado deu início ao interrogatório. Ele fazia as mesmas perguntas que os psicólogos.

Qual é o seu nome?”

“Quantos anos você tem?”

“Quem são os seus pais?”

“Você sabe por que está aqui?”

Nada.

Nenhuma resposta, seja física ou verbal. Alice apenas permanecia sentado, com a coluna perfeitamente ereta, encarando o agente Hale se frustrar cada vez mais. E então primeira reação, veio. Não uma esperada por Alexander, mas, sim, a já esperada por Derek. Stiles desviou o olhar para a câmera e o seu sorriso se tornou minimamente mais largo. Era perturbador o modo como ele nada respondia. Apenas sorria e encarava a câmera como se fosse um modelo cujo objetivo era criar uma atmosfera maligna para a câmera capturar.

Aquele garoto deveria ter saído de algum livro de Stephen King, com certeza.

Alexander voltou a insistir nos tópicos jogos mentais com o intuito de analisar o raciocínio lógico daquela criança. Stiles apenas os realizava com  demasiada simplicidade. A criança não poderia ligar menos para aquilo tudo. Já havia realizado várias vezes coisas daquele tipo desde que fora preso. Já estava até habituado. Arriscaria até mesmo a dizer que poderia prever qual seria o jogo sugerido pelo agente a cada vez que terminavam algum jogo.

Sempre calado, o garoto de longos cabelos castanhos suspirou desgosto quando Alexander sugeriu o quinto jogo. O homem permanecia a repetir as perguntas a casa um ou dois minutos. O principal jogo mental era aquele. A ideia era fazer Alice se focar tanto nos jogos que realizava com o homem - montar blocos, encaixar peças, quebra-cabeças, identificação de imagens – que acabaria perdendo o foco em manter o seu silêncio e acabaria falando.

Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora