A sua respiração era calma. Sabia o que estava fazendo. Não era a primeira vez, muito menos seria a última. Era incrível como era fácil prever o que aqueles homens iriam fazer que chegava a ser patético. Mas era mais incrível ainda como, desde antes dos dez anos de idade, já sabia manusear uma arma daquele porte. Suspirou uma vez mais, deixando toda a mínima tensão que ainda existia em seus músculos ir embora, antes de voltar a colocar o escopo a frente de seu olho, ampliando o seu campo de visão.
- quer um doce? – perguntou com sua voz calma.
Através do escopo, via o homem de tenro negro se aproximar da estrutura em que vários microfones estavam preparados para captarem sua voz. O homem começou a falar, com seriedade, encarando a multidão de repórteres que se encontravam a sua frente. Os flash’s eram lançados em sua direção há muito tempo, o que de certa forma o irritava, mas ele sabia que era necessário.
O país estava em crise com todas aquelas mortes estranhamente assustadoras. Eram tantas perguntas, mas o FBI ainda não havia dado nenhuma resposta. Ao fundo, na entrada do prédio do FBI, havia um grupo de homens muito bem vestidos. Enquanto o homem que se encontrava diante dos repórteres respondia a todas as perguntas, os agentes olhavam ao redor, preparados para qualquer situação, inclusive a de prováveis cidadãos revoltados.
- então que tal uma bala? – perguntou encaixando a mira do escopo abaixo do mamilo esquerdo.
O gatilho fora puxado e a bala fora disparada. O projetil voou pelo ar com tremenda velocidade, girando, com a ponta direcionada para a frente, cortando o ar, criando uma série de ondas no mesmo. Primeiro o calor gerado pela velocidade do projetil queimou o terno azul escuro, para em seguida atravessar o mesmo, criando um buraco que lembrava um pouco o seu formato. Depois atravessou a camisa social branca, também a queimando, antes de queimar a pele morena, perfurar a mesma, atravessando vasos sanguíneos, os rompendo, fazendo sangue jorrar no interior do corpo. A bala acertou a parte inferior de uma das costelas, rachando a mesma, arrancando até um pedaço dela, antes de ser redirecionada para baixo, onde atravessou o coração e se alojou no fundo da caixa torácica, enquanto era banhada pelo líquido vermelho que jorrava descontroladamente. O caos era grande. Pessoas corriam de um lado para o outro, desesperadas. Elas gritavam aterrorizadas, enquanto o corpo do homem caía para trás, com uma mancha escura surgindo em seu terno. No mesmo instante um dos homens correu na direção do homem baleado, se apressando em pressionar o ferimento.
- merda! Merda! Merda! – repetia o homem, erguendo o peito do outro, enquanto o pressionava, e o arrastava para longe do local.
- você... – o agente baleado falou, levando uma de suas mãos trêmulas para o peito do outro, apertando os seus dedos ao redor do tecido do terno azul escuro do outro.
- merda! Você é mesmo um idiota – soltou o homem, encarando o moreno em seus braços.
- você... C-con... – o moreno tentou falar, mas a dor em seu peito era tamanha, que ele não possuía forças.
- cala a boca, porra. Você só vai falar depois que isso se curar – ordenou o homem, pressionando o ferimento com mais força, mas o maldito sangue continuava a sair do maldito buraco de bala.
- me escuta – disse o moreno depois de uma boa inspirada.
- parceiro, cala a boca – ordenou mais uma vez.
- continue. Você tem que continuar – falou o moreno encarando o outro nos olhos.
- Para! Você vai sair dessa. Não pense merda agora – ordenou mais uma vez, encarando o moreno engolir com dificuldade.
- você tem que continuar. Isso tem que parar – ditou o moreno, com dificuldade, começando a respirar com dificuldade.
- quem diria que o grande Alice, o cara que todo os agentes veteranos temem, é, na verdade, uma pessoa bem tímida, ao ponto de ter medo de público! – exclamou Scott, assim que chegaram a base, onde Lydia os esperava, analisando alguns arquivos.
- morra – fora tudo o que o castanho dissera, antes de se isolar em uma das cadeiras de uma das várias mesas daquele local, passando a apenas encarar uma carta do seu baralho, enquanto brincava com o brinco de copas com a mão que não segurava a carta que ele encarava.
- confesso que também fiquei surpresa – falou Allison, encarando o castanho, encolhido na cadeira giratória de uma das mesas do canto.
- deixem o garoto em paz – falou Peter, se sentando na grande mesa redonda em que eles normalmente se reuniam.
- eu não entendi o motivo do medo do público. Ele falou tão bem. Nem parecia estar nervoso – pontuou Isaac, vendo Allison dar de ombros.
- eu também não – fora tudo o que Vernon dissera, observando os agentes encararem o castanho, isolado.
- do que vocês estão falando? – perguntou Lydia, confusa, enquanto levava o telefone fixo ao rosto, discando o número para o qual sempre ligava quando o caso se encerrava.
- da entrevista do Stiles – respondeu Isaac, vendo a ruiva o fitar confusa.
- quando o caso foi encerrado, Peter e ele deram umas palavrinhas com a imprensa – explicou Scott, olhando para a ruiva, que meneou em compreensão, antes de olhar para Peter, em um questionamento silencioso.
- ele até que falou bem, mas aquele final foi um pouco... estranho – falou o moreno de queixo torto, encarando o castanho, novamente.
- podemos falar de outra coisa? – inquiriu Derek vendo os agentes lhe fitarem questionadores, com exceção de Peter, que apenas abaixou a cabeça, coçando a nuca.
- você também era prisioneiro do FBI, Isaac? – perguntou Erica, curiosa, encarando o loiro lhe fitar surpreso, pela pergunta.
- pelo que eu saiba, ainda somos, só não estamos mais em Alcatraz – respondeu o loiro, vendo a loira sorrir em sua direção.
- e como você foi preso? – perguntou a mulher vendo o loiro tomar uma expressão séria.
- bom, eu fui preso pelo meu melhor amigo, antes mesmo de ele sair do colégio para se tornar um agente – respondeu o loiro, vendo a Reyes lhe fitar confusa.
- mas eu achei que... – comentou apontando para Scott, antes de tomar uma expressão de choque.
- vocês eram melhores amigos? – indagou a loura surpresa, observando o McCall lamber os lábios, encarando a mesa, enquanto Isaac apenas olhava através da janela do local, entediado.
- erámos mesmo. Antes de alguém me abandonar para se tornar uma versão adolescente e loira do Breaking Bad – respondeu Scott, ouvindo Isaac bufar irônico, soltando um “Ha!” logo após.
- é sério isso? Ainda quer bancar a vítima? Pensei que tivesse crescido, pequeno Mascott – o Lahey soou venenoso na pronúncia do apelido do moreno de olhos castanhos.
- não me chame disso – rosnou o moreno de queixo torto, vendo o loiro de cabelos cacheados sorrir ladino.
- ou o quê? Vai me bater? Me machucar? Me prender? – perguntou o loiro, vendo o moreno sorrir nasalado.
- calem a boca – eles puderam ouvir o castanho da divisão dizer, de seu canto, de costas para o grupo.
- fica quieto que o papo não é com você – ralhou Scott, ignorando o castanho e focando o olhar no loiro.
- eu disse para calar a boca. Vocês ficam discutindo o passado como se isso pudesse mudar alguma coisa. Aconteceu, já foi. Scott prendeu o Isaac. Isaac sofreu na prisão e pronto! Falar disso agora não vai mudar nada. Nem o passado, nem o futuro. Vocês se odeiam e vão continuar assim se não esquecerem essa merda. Vocês são patéticos! Parecem até damas. Seguem em frente, mas mais cedo ou mais tarde voltam atrás – falou o castanho, chamando a atenção do grupo, que lhe fitou um tanto surpreso.
- já disse para você ficar de fora! Você não sabe de nada do que aconteceu. Não pode ficar opinando sobre nossas vidas – o agente McCall voltou a ralhar irritado pela intromissão.
- sei que não entrei para essa divisão para um agente inexperiente ficar discutindo o seu passado simplório com um gênio da química – rebateu Stiles, ainda de costas para a mesa redonda onde os outros se encontravam.
- ui – alfinetou Erica, vendo Scott soltar o ar pelas narinas debochado.
- e você acha que eu vim para cá para ouvir um assassino falando do meu passado mal resolvido, enquanto ele e o meu parceiro vivem se alfinetando para cima e para baixo? – argumentou o moreno de olhos castanhos, ouvindo o castanho de olhos da cor âmbar soltar uma risada.
Era possível ver o corpo do castanho tremer, enquanto o mesmo ria. Stiles levou a mão com a carta que tanto encarava ao rosto, tentando abafar a sua risada. Ele gargalhava, enquanto tentava controlar o som que saía de sua boca. Desistindo de controlar a si mesmo, o castanho apenas se permitiu colocar para fora aquilo que tanto lutava para sair por seus lábios. Jogando a cabeça para trás, Stiles gargalhou alto.
O encapuzado se levantou e, ainda gargalhando como se alguém tivesse lhe contado a piada mais engraçada do século, caminhou em direção a mesa. O homem com capuz parou de gargalhar, observando o moreno de olhos castanhos com um olhar predatório. O clima havia se tornado tenso. A gargalhada nada inocente do Stilinski deixou todos alarmados. Stiles era um assassino muito habilidoso para se deixar de lado após um ato daqueles. Derek engoliu em seco quando viu o castanho lamber os lábios na direção de Scott, que o encarava com intensa seriedade.
- vamos deixar algo bem claro aqui, agente McCall – disse o castanho colocando as mãos sobre a mesa, antes de colocar o joelho e se içar para subir na mesma.
- Stiles! – repreendeu Peter, mas o castanho lhe ignorou prontamente, engatinhando sobre a mesa, de forma lenta e manhosa, quase erótica.
- nada... no seu passado simplório de filhinho do papai... – dizia o castanho, jogando a caneca com água e algumas folhas para o lado, antes de se colocar cara a cara com o moreno de queixo torto, que já tinha uma das mãos na própria arma, a apontando para cima, discretamente.
- Stiles – repreenderam os agentes Argent e Hale, tentando se aproximar.
- pode se comparar com o meu. Então não venha comparar a sua situação com o Isaac a minha com o Derek, pois elas não chegam nem perto uma da outra. Então faça um favor a si mesmo: fique calado, fique quieto e na sua. Apenas faça o seu trabalho. E não tente discutir a sua relação com a cachinhos dourados e me irritar ao mesmo tempo – disse o castanho se aproximando ainda mais do McCall que teve que recuar um pouco na cadeira para que apenas a ponta de seu nariz tocasse a ponta do nariz do castanho a sua frente.
- ou o quê? – o moreno de queixo torto ousou provocar, em um sussurro, enquanto deixava o dedo preparado no gatilho. Stiles sorriu, fazendo o ar que soltara por suas narinas atingir os lábios do agente de queixo torto, que se encontrava nervoso com a situação, embora tentasse não demonstrar para os outros, já que Stiles, provavelmente, já sabia como ele se encontrava.
- ou eu vou pegar essa mesma arma que você está apontando para mim e vou me divertir muito com ela. Mas brincar sozinho não tem graça. Por isso vou chamar alguém para se divertir comigo. Alguém como o seu pai. Aí, sim, você... – o castanho fora impedido de terminar quando uma mão se agarrou em seu pescoço e lhe jogou para o lado, o fazendo rolar na mesa, antes de cair da mesma.
Rafael caminhava por entre todos os entulhos daquele lixão. Havia de tudo ali. Sucata, comida, objetos velhos, panos, móveis acabados. De tudo o que pudesse imaginar que alguém jogasse fora. Mas havia algo que não se encaixava naquele lugar. O moreno de olhos castanhos escuros suspirou, puxando do bolso do sobretudo um lenço branco, com bordados feitos a mão e o levou ao rosto, cobrindo o nariz e a boca com o mesmo, tentando amenizar o mau cheiro que emanava do local.
Ele não demorou para achar o parceiro, próximo há mais algumas faixas de contenção amarelas. O agente passou pelas faixas e encontrou o motivo de estar ali. O McCall encarava o tal algo que não se encaixava naquele lixão. Ele parou ao lado de Chris Argent, vendo o mesmo com o braço sobre o nariz, esperando que o perfume em sua roupa amenizasse o mau cheiro.
- mais um – falou Chris, encarando o corpo pálido jogado naquele lixão a céu aberto.
- e como sempre, é um cadáver recente – disse o McCall encarando o corpo jovem, pálido, porém conservado.
- advinha só – pediu o Argent, encarando o parceiro lhe fitar questionador.
- nenhum sinal de golpe, asfixia ou qualquer ferimento – chutou Rafael, vendo o parceiro de cabelos um tanto grisalhos menear positivamente.
- deve ser mais um dos drogados – ditou Chris, vendo um dos legistas se aproximar, enquanto os forenses finalizavam a perícia.
- e é. Olhe as olheiras. Ele não passa bem há um bom tempo – falou um dos forenses, batendo com a câmera na palma da mão.
- acharam algo no corpo? – perguntou Rafael vendo o rapaz negar com a cabeça.
- se houver algo nesse corpo, só acharemos na autópsia. Mas, até agora, tudo o que encontramos foi apenas pó azul nas narinas – disse o perito, esticando o lábio para a esquerda, em contentamento.
- pó azul – murmurou Rafael, pensativo e cansado.
- de novo! Com certeza vamos mandar para a equipe da Narcóticos e eles vão nos dar a mesma resposta – soltou Chris, cansado daquilo tudo.
- não é como se fosse impossível rastrear esses caras. Tem que ter um jeito. Não dá para não deixar rastros. Nem mesmo Alice conseguia isso! Aquele filho da puta deixava rastros, mas esses aqui também devem ter deixado algum – argumentou o agente McCall já cansado de toda aquela situação. Eles estavam naquele caso há algum tempo. Era sempre assim. Corpos e mais corpos, mas nenhuma pista.
- a diferença, Rafael. É que Alice deixava os rastros de propósito. Esses caras não me parecem ter a mesma intenção – falou Chris, analisando com cuidado, novamente, o corpo magro, de pele clara e cabelos castanhos repicados.
- eles não podem ser fantasmas, Chris – o McCall voltou a argumentar.
- eu sei. E é por isso que temos que revisar tudo. Estamos deixando algo passar – respondeu o Argent, liberando o corpo para os legistas, que passaram a remover o mesmo.
- temos que fazer isso rápido. Se demorarmos mais, vão acabar dando o nosso caso para eles – ditou Rafael, vendo o parceiro se erguer e lhe fitar com seriedade.
- é pouco provável. Mesmo que não tenham falhado em nenhum caso, ainda, eles são inexperientes demais para receber um caso dessa magnitude – argumentou Chris trocando de braço para cobrir o nariz mais uma vez.
- eu concordo. Mesmo que Peter seja experiente, por mais que, estranhamente, Alice esteja obedecendo ao Peter como um cachorrinho, eles ainda não estão prontos para algo tão grande. Mas... – comentou o McCall vendo o Argent lhe fitar esperando pela continuação.
- mas? – inquiriu Chris, curioso, enquanto analisavam a cena de crime.
- eu não sei. Alan parece animado com essa divisão. Ele está se divertindo com os resultados – ditou Rafael vendo o parceiro fitar com seriedade
- ele não é nem doido de passar o nosso caso para eles – ralhou Chris, irritado com a ideia.
- então não podemos falhar – comentou Rafael encarando o parceiro com determinação.
- isso não. Eu não vou ser mais um agente que não consegue resolver casos – soltou o mais velho dos dois, levemente irritado.
- nós vamos pegar esses caras – ditou Rafael, determinado, apertando o ombro do parceiro.
Para a surpresa de quase todos ali presentes, o castanho caiu abaixado com as mãos e a ponta dos pés apoiados no chão. O assassino ergueu o olhar quando passos ecoaram pelo carpete que cobria o chão de madeira do local, vendo um par de tênis negros se aproximar e, novamente, uma mão lhe agarrou, mas dessa vez em seu colarinho, o forçando a se erguer parcialmente. Logo a imagem de Derek surgiu em seu campo de visão.
- eu quero falar com você. Na minha sala. Agora! – rosnou o moreno de olhos verdes, antes de soltar o castanho e se dirigir para uma das salas que ficavam de frente para a sala de interrogatório. Stiles se ergueu, sorrindo largo, antes de começar a caminhar na mesma direção que o moreno de olhos verdes seguiu.
- eu vou com você – falou Peter, já se levantando.
- você fica aí. Isso é entre nós dois – ditou Stiles, seco, embora o seu sorriso ainda estivesse em seus lábios, o que deixou todos confusos.
Stiles adentrou a sala, em silêncio, fechando a porta devagar. Derek se encontrava ao lado da janela, de braços cruzados, apenas esperando pelo outro. Assim que a porta se fechou, Peter sinalizou para Lydia, que apertou um botão no computador e logo em seguida mexendo nas caixas de som, aumentando o volume.
- o que quer? – perguntou o castanho, se dirigindo para uma das cadeiras da sala, se sentando na mesma, despretensiosamente, com as pernas sobre a mesma.
- conversar – respondeu Derek, friamente, encarando as pessoas caminhando logo abaixo, seguindo com a vida delas.
- conversar?! Você?! Comigo?! Hunf! Apenas pergunte o que quer saber e me libere daqui – falou o Stilinski levando uma das mãos ao brinco de copas, brincando com o mesmo entre os dedos.
- é assim que você demonstra gostar de mim? Ameaçando o meu parceiro? – perguntou Derek, vendo o castanho bufar entediado.
- eu disse que gosto de você, não dele. O luto é passageiro. Você chora agora, mas depois esquece. Sem contar que eu disse para você me perguntar o que quer saber, mas está enrolando – respondeu o castanho, retirando o capuz que vestia.
- espera! Eles se odeiam, mas se gostam? Eu já não estou entendendo nada – indagou Erica, confusa.
- Stiles tem um certo apreço pelo meu sobrinho, mas Derek o odeia – explicou Peter, vendo a loira lhe fitar.
- esse cara é ridículo! – exclamou Scott, cruzando os braços.
- fica quieto! – ordenou Isaac, concentrado na conversa.
- você por acaso sabe o que eu quero saber? – perguntou Derek, vendo o castanho soltar um “hunf”, dando de ombros e se levantando.
- eu estou mais do que surpreso por não ter me perguntado antes – respondeu Stiles cruzando os braços e começando a caminhar pela sala.
- você quer saber sobre o que eu disse lá na casa dos Mackson, certo? – inquiriu o castanho, vendo o moreno de olhos verdes dar as costas para a janela, cruzando os braços e se apoiando no batente da mesma.
- aquilo era verdade? Ou foi só mais uma mentira sua? – indagou o Hale vendo o prisioneiro deslizar os dedos pela madeira de sua mesa.
- muito inteligente de sua parte não manter fotos de sua família no trabalho – murmurou o castanho, pensativo.
- não se esquive da minha pergunta! Me responda! – ordenou Derek, encarando o castanho suspirar, cansado e se aproximar de si.
-talvez seja verdade, talvez não seja. Agora... a pergunta que eu tenho para fazer é: - falou o castanho, despretensiosamente, enquanto ajustava a jaqueta de Derek ao corpo do mesmo, que o encarava com seriedade, tentando decifrar qualquer mentira nas palavras do mais novo.
- o que isso tem a ver com você? Por que se importa? – perguntou o o assassino, finalmente encarando os olhos verdes que lhe fitavam com seriedade, vendo, agora, os mesmos tomarem um leve brilho surpreso no olhar.
- como assim? – perguntou Derek vendo o outro dar de ombros e se afastar.
- bom, eu não vejo a diferença que lhe fornecer essa informação ira fazer em sua vida, ou em nosso jeito estranho de nos relacionarmos. Você vai continuar me odiando, sendo verdade ou não. Então por qual motivo eu devo lhe responder? – argumentou Stiles se posicionando do outro lado da mesa, sentando sobre a mesma e balançando as pernas, inocentemente.
E lá estava a coisa que mais assustava a Derek no castanho: a falsa inocência. Stiles, às vezes, se comportava de forma mais inocente do que Isaac, chegando a se parecer com uma criança em um corpo jovial de um rapaz de vinte e um anos. O castanho balançava as pernas, que não alcançavam o chão, enquanto sorria minimamente, com a cabeça inclinada para o lado, apoiada em um dos ombros, que estavam encolhidos por causa das mãos apoiadas na madeira da mesa.
- tem razão. Foi besteira. Isso não vai me fazer deixar de lhe odiar. Nada vai me fazer deixar de lhe odiar – ditou o moreno de olhos verdes, vendo o mais novo dar de ombros.
- é, né? Fazer o quê? É a vida, não é? – disse Stiles vendo o moreno de olhos verdes cerrar os punhos.
- é. Faz parte da vida odiar o homem que matou o meu pai – ditou Derek irritado.
Fora da sala, os olhos de Erica, Isaac e Vernon se arregalavam para a fala do agente Hale.
- ele matou o pai do Derek? – perguntou Isaac, perplexo, encarando Peter, que suspirou cansado, levando uma das mãos aos cabelos.
- é isso aí. Eu lhes apresento o motivo de Derek Hale odiar o Alice. O pai do Derek foi a última vítima dele – respondeu Scott sorrindo ladino para a expressão de choque dos prisioneiros.
- então está explicado todo esse ódio pelo carinha – murmurou Erica, pensativa.
Stiles sorriu orgulhoso e divertido.
- hehe! Eu tento fazer o meu melhor – ditou com um sorriso largo no rosto, vendo o moreno de olhos verdes lutar para não avançar contra si.
- você realmente não vale nada. Você é um lixo! Eu tenho nojo de você! – ralhou o agente Hale com todo o ódio que poderia expressar em sua voz.
Derek ficou ali, vendo o castanho fazer um pequeno bico inocente com os lábios, antes de dar de ombros, lançando um olhar pidão para si. O moreno de olhos verdes odiava ainda mais quando o castanho fazia isso. Ele odiava quando Stiles desprezava a vida das pessoas. Ainda mais quando a vida desprezada era a do seu pai.
- eu... deveria me sentir mal com suas palavras? – inquiriu o castanho, erguendo as mãos, confuso.
- é, você deveria, sim! Mas eu acabei de lembrar que você deve estar ocupado de mais, sendo um monstro que não liga para a vida dos outros – rosnou o moreno de olhos verdes, entredentes, encarando o outro sorrir docemente em sua direção, com um brilho divertido nos olhos.
- sim! Você tem razão. Ser quem eu sou toma muito do meu tempo. Ser o monstro de sua história boba me toma tempo, paciência e emoções suficientes. Não preciso pensar em mais ninguém – falou o castanho de olhos claros, vendo o Hale cerrar o punho, enquanto respirava fundo.
- entretanto, acabei de perceber que tenho um espaço vaho na minha agenda. Sabe como é, não é? Essa vida perfeitinha de mauricinho é uma loucura! Não sei como vocês conseguem lidar com ela desde que nasceram! Olha, eu vou fazer uma forcinha para ver se consigo algo para você. Só não lhe prometo flores, lágrimas e um luto de dias – disse o Stilinki, surpreendendo o moreno de olhos verdes, que se viu mais irritado ainda.
- posso ir agora? – perguntou Stiles, vendo o moreno finalmente se mover pelo ambiente.
Derek marchou a passos rápidos e pesados em sua direção, fazendo com que os seus passos pudessem ser ouvidos até no andar de baixo. O moreno de olhos verdes empurrou o castanho contra a parede, após o mesmo sorrir divertido para si. As mãos de Derek se prenderam firmemente nas roupas de Stiles, enquanto encurtava o espaço entre os seus corpos.
- não deboche da morte do meu pai, Stiles! Isso é algo que eu nunca vou admitir – rosnou o Hale, entredentes, vendo o prisioneiro rolar os olhos.
- certo. Sinto muito por isso. Mas lhe irritar é o único meio de fazer você retirar tudo o que você tem aí dentro – falou o Stilinski, voltando a ajustar a jaqueta do Hale ao corpo do mesmo.
Derek estava sem reação. Era a primeira vez que ele via Stiles agir como um ser humano normal, que se importava com algo. O moreno olhou desconfiado para o castanho, que ignorava o seu rosto em função de se concentrar na tarefa de desfazer o amassado no bolso do peito da jaqueta do homem a sua frente.
- você está brincando comigo – o moreno de olhos verdes soltou, ainda desconfiado.
- talvez eu esteja, talvez não – argumentou Stiles, soltando o moreno, que lhe empurrou mais uma vez contra a parede, com mais força, antes de lhe soltar.
- Deus sabe o que faz. Você merece ter um pai como o da Kara – murmurou o moreno, se afastando do castanho, que sorriu nasalado.
- ah, com certeza. Misericordioso seja o nosso bom Senhor – soltou o castanho, irritado, o que surpreendeu Derek.
Antes mesmo de o moreno de olhos verdes expressar alguma reação a fala do outro, Stiles já batia a porta com força, fazendo todos os vidros das paredes da sala tremerem. Derek ficou ali, parado, confuso. Ele procurava entender o que diabos havia ocorrido ali. Stiles nunca fora de demonstrar qualquer tipo de fraqueza, seja física ou psicológica. Então, sim, o agente Hale estava bastante surpreso com a irritação alheia para com as suas palavras.
- mas o que...
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Death Wonderland - Livro 1
FanfictionA segurança nacional está em crise. O FBI já não está mais dando conta de tantos casos. O sistema carcerário está em crise, a criminalidade apenas cresce no país, e apenas mais casos aparecem, enquanto que o número de casos resolvidos diminui. Deses...