Father

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- você ficou sabendo? – indagou Raphael enquanto adentrava o escritório de Chris com um copo de café.

- sabendo sobre o quê, exatamente? – perguntou Chris não se importando muito com a imagem do parceiro, se concentrando mais nos relatórios que estava fazendo.

- Alice foi preso por matar o suspeito – respondeu o McCall analisando bem a reação do parceiro enquanto bebia o próprio café.

Chris parou o que fazia imediatamente, olhando com descrença para o parceiro. Raphael meneou positivamente, sabendo muito bem que o homem estava lhe questionando a veracidade da informação. O Argent jogou a caneta que usava sobre a mesa, revoltado.

- eu sabia! Sabia que era loucura deixar aquele delinquente maluco a solta! – exclamou o mais velho vendo o parceiro fazer uma careta de “eu avisei” enquanto engolia o café em sua boca.

- mas, pelo menos, ele já vai voltar para Alcatraz. Houve quebra de regra do acordo. Ele vai voltar para aquela caixa de titânio antes mesmo de poder falar o próprio nome. E sem matar nossos filhos – comentou Raphael vendo o lado positivo do ocorrido.

- local de onde nunca deveria ter saído – ditou o Argent vendo o parceiro concordar em um meneio de cabeça, antes de bebericar mais um gole de café.

- hm – o McCall o chamou com a boca ocupada com café, indicando que queria falar.

- eu dei uma olhada no relatório entregue ao Deaton pelo meu filho. Alice decapitou o suspeito enquanto usava um vestido – falou vendo o parceiro ficar em silêncio, pensativo. Mas o ar de nervosismo do Argent era evidente.

- um azul? – indagou cobrindo o queixo com as mãos unidas ao apoiar a cabeça nas mesmas.

- rodado e com bordados brancos – respondeu levando o copo de café aos lábios.

- ainda bem que vai acabar com essa loucura – Chris confessou o seu alívio com a provável prisão de Alice desviando o olhar para a sua mão esquerda, vendo uma das cicatrizes que ganhou do garoto de onze anos quando fora atacado pelo mesmo assim que o prenderam.

Alice havia lhe encurralado naquele dia, de uma maneira que ele achou que não fosse sair vivo daquela emboscada. Aquele foi o dia em que Chris havia acreditado para valer em Alexander. O dia em que ele acreditou em algo que julgava impossível.

Batidas foram ouvidas na porta e os dois homens desviaram o olhar para a entrada da sala de Chris, vendo um castanho de olhos azuis vestindo um jaleco branco os encarar um tanto curioso.

- com licença – pediu antes de adentrar o local.

- espero não estar interrompendo nada – acrescentou assim que se colocou em pé ao lado dos dois mais velhos.

- não se preocupe – disse Raphael enquanto se erguia com um certo esforço já que a sua coluna protestou contra o ato por ele estar sentado de maneira desleixada.

- você não está interrompendo nada – completou assim que se ergueu.

- terminou a análise que pedimos, Matt? – indagou Chris vendo o castanho da idade de sua filha lhe entregar algumas poucas folhas de ofício grampeadas.

- terminei. O pó azul encontrado nas narinas da vítima que encontraram hoje cedo é realmente a mesma droga das outras vítimas, como todo mundo suspeitava – explicou vendo Chris analisar os documentos entregues a ele, enquanto Raphael suspirava.

- mais um confirmado – murmurou McCall, frustrado.

Eles já estavam nesse caso há um tempo. As vítimas não eram frequentes, mas, até mesmo para um caso deste tipo, eles estavam demorando para solucionar o mesmo.

- mas, há algo de diferente nesse cara – anunciou Matt chamando a atenção dos dois agentes mais velhos.

- diferente dos outros, a droga não fora o motivo da morte dele. Ele não sofreu de choque anafilático como os outros. A bala na cabeça dele não foi um disfarce, como pensávamos. Esse homem foi assassinado – explicou o Daehler vendo os dois homens lhe encararem, surpresos.

- então ele não ingeriu a droga? – indagou Raphael, confuso.

- na verdade, ele ingeriu. Após o efeito da droga passar, o balearam na testa – afirmou o castanho de olhos azuis.

- por que o matariam depois  de ficar chapado? – perguntou Chris, para si mesmo, enquanto encarava o nada, pensativo.

- talvez tenham completado a droga – comentou Raphael vendo o parceiro lhe encarar preocupado com a possibilidade.

- não faz sentido. Por que matariam alguém que saberia a quem comprar o que queria? – questionou Chris não entendendo o ponto da morte.

- talvez quisessem ocultar rastros. Se a vítima pudesse lembrar onde foi sequestrada, talvez chegássemos perto de descobrir quem foi o culpado pelo rapto – comentou Matt vendo os dois mais velhos lhe fitarem pensativos.

- talvez – murmurou o Argent

- ou talvez eles quisessem apenas se livrar de um estorvo. Pensem bem. Eles são grandes produtores. Por que iriam querer perder seu tempo atendendo um qualquer? Uma pessoa só iria apenas gerar alguns dólares. Dezenas, talvez centenas. Eles liberam cadáveres em vários pontos do país. Não é um simples esquema. É um grupo grande. Manter um ninguém por perto gera apenas perda de tempo e riscos que poderiam ser evitados – argumentou Raphael vendo os outros dois lhe encararem pensativos.

- esse caso se complica cada vez mais – murmurou o Argent, pensativo.

- aliás, a análise do pó azul usado em sua casa que eu fiz finalmente deu resultado – falou o castanho entregando um papel para o moreno com copo de café em mãos.

- e o que era? – questionou Raphael analisando bem o documento a sua frente.

Era uma comparação da composição química de dois compostos.

- a mesma droga encontrada dm todos os corpos do seu caso – afirmou o castanho vendo um olhar preocupado tomar a expressão do mais velho, que encarou o parceiro

- eles descobriram a gente – afirmou Raphael e Chris coçou a barba, nervoso.

- tudo bem. Está tudo bem. Melissa já está sendo acompanhada por uma agente de campo – ditou Raphael tentando acalmar a si mesmo.

- Matt. Você já comparou a droga encontrada em nossa última vítima com as drogas das vítimas anteriores? – indagou Chris, curioso.

- eu já fiz uma comparação, sim. Eu faço sempre que encontram uma vítima nova – respondeu o homem de olhos azuis vendo um feixe de esperança surgir nos olhos do mais velho.

- a composição e a estrutura são as mesmas. Idênticas. Sem tirar, nem pôr – respondeu o castanho e os dois homens suspiraram em derrota.

- as coisas estão indo bem mal – comentou Raphael vendo o parceiro menear positivamente.

- do jeito que as coisas estão indo, é capaz de passarem o nosso caso para eles – ditou Chris se recostando a sua cadeira, jogando a cabeça para trás e suspirando.

- não desanimem. Vocês são os melhores de nossa sede. Sei que vocês vão resolver isso mais cedo ou mais tarde – o castanho de olhos azuis tentou animar a dupla, antes de sair da sala com velocidade, fazendo o seu jaleco balançar a medida em que ele avançava.

- ele tem razão. Somos os melhores da sede – comentou o McCall se erguendo.

- se a nossa equipe não conseguir resolver esse caso. Quem vai? – argumentou enquanto se retirava da sala de Chris, seguindo para a sua.

O Argent nada disse. Ele estava mais preocupado em pensar do que em responder o parceiro. Chris tinha resposta, sim, para a pergunta de Raphael, mas não lhe seria conveniente responder ao outro. O homem precisava de incentivos, não de desânimos.

O agente puxou as folhas entregues para si pelo melhor analista de toda a sede. Matt fora uma boa adição a sua equipe desde que fora indicado ao cargo. O mais novo era incrivelmente eficaz em seu trabalho, assim como ajudava a incentivar o resto da equipe quando necessário.

Em um suspiro, o homem encarou bem a fórmula química a sua frente.

- quem diria, não é? Depois de tudo, isso voltaria a nos assombrar... – murmurou o homem de cabelos morenos com alguns bons fios grisalhos, antes de jogar as folhas sobre a mesa.



















- o que você tem a dizer sobre a gravação? – indagou Gerard assim que a gravação feita por Scott fora finalizada.

- parece que, no final das contas, não foi um ataque defensivo – comentou uma das mulheres vendo o castanho sorrir ladino.

- vocês fazem tanto estardalhaço por algo tão banal! – exclamou Alice, revirando os olhos.

- o seu silêncio perante a nossa pergunta é uma confissão? – questionou a outra mulher, inclinando-se para a câmera.

- confissão do quê, minha querida? Eu já confessei que matei ele. Vocês sabem que eu matei ele. Do que devo me confessar agora, madre Tereza? – Alice argumentou de maneira grossa.

- o que queremos saber é: mais cedo, você disse que apenas se defendeu, mas, afirmou, para o agente McCall que estava determinado a matar o suspeito assim que o mesmo surgiu no caso. Como explica essa diferença gritante entre os seus discursos? – questionou Alan cruzando os braços, tomando uma expressão pensativa enquanto esperava uma resposta por parte de Alice.

Stiles olhou para Peter com confusão nos olhos.

- é normal os membros do FBI apresentarem uma inteligência tão baixa? Digo, até agora você e Alexander foram os únicos realmente inteligentes que eu encontrei – questionou Stiles irritando a todos os agentes presentes.

- Stiles – repreendeu Peter e o castanho ergueu as mãos.

- estou falando sério. A resposta pra essa pergunta é tão óbvia! Quer ver? O Isaac não é um agente do FBI. Não foi treinado para nada, mas ele vai saber – argumentou o castanho se virando para trás, ainda sentado.

- Isaac, pode responder? – indagou Alice vendo o louro de cachos lhe fitar surpreso.

- ah... Pode colocar a gravação de novo? – pediu o louro e Lydia deu play na gravação mais uma vez.

“- você tem razão, Scott –

- eu sempre quis matar ele. Desde que eu olhei para o espelho com a assinatura dele –

- você não sabe o quanto eu quis torturar ele. Você não sabe o quanto eu me diverti quebrando cada osso dele. Me imaginei arrancando as suas tripas lentamente, enquanto exigia um pedido de desculpas muito bem elaborado por ter tentado se comparar a mim... Por ter tentado entrar no meu País, por ter tentado me substituir por alguém tão medíocre e sem talento algum -”

Isaac ficou pensativo durante toda a reprodução. Ele sentia que havia algo que Stiles queria dizer com aquilo. Havia algum tipo de trapaça naquela gravação. Algo que Stiles havia feito para passar a perna em Scott e nos outros agentes. Mas como raios ele, um homem que se quer terminou o ensino médio poderia descobrir algo que nem mesmo agentes muito bem treinados perceberam?

é normal?”

A voz de Stiles surgiu em sua mente.

Quer ver?”

Eu sempre quis

- parece que ele não sabe, no final das contas – soltou Gerard e todos voltaram a sua atenção para Stiles.

- querer não é poder – Isaac falou chamando a atenção dos agentes, que já haviam desistido de esperar uma resposta de sua parte.

- como é? – indagou um homem, confuso.

- ele confessou que quis, mas não confessou que planejou fazer. Falar é algo muito fácil de se fazer. As pessoas dizem coisas que não tem coragem de fazer quase todos os dias. Eu passei anos da minha vida dizendo que queria o Scott morto. Mas eu nunca realmente planejei matar ele. Não tenho coragem para isso. Scott e Derek sempre quiseram colocar Alice detrás das grades, mas nunca conseguiram fazer isso. Stiles disse que queria matar o suspeito, mas a morte do Jaguadarte pode não ter sido programada, e sim uma mera coincidência – explicou o louro vendo o homem na tela sorrir em desdém.

- você não sabe de nada. Nada que envolva Alice é mera coincidência – argumentou Gerard ignorando a imagem dos outros detentos para se focar nas reproduções escuras dos outros líderes do FBI.

- você não é onisciente muito menos onipresente para afirmar isso com tanta convicção. Fatalidades ocorrem todos os dias por mera coincidência e todos julgam ser vontades alheias ou de deuses – argumentou Vernon chamando a atenção para si.

- você não conhece Alice. Nenhum de vocês – argumentou outro líder do FBI.

- e vocês conhecem? – argumentou Erica.

- pelo que sabemos, vocês ficam sentados em suas poltronas confortáveis, em seus escritórios climatizados, enquanto nós fazemos trabalho de campo com ele. Nós, convivemos com ele. Não vocês – disse Isaac vendo Alan os fitar, surpreso.

- este homem já matou gente demais, inclusive agentes do FBI. De que maneira devemos acreditar que foi tudo um ato de defesa pessoal? – questionou Alan encarando o grupo. Erica estava pronta para argumentar, quando Derek a cortou.

- matou muitos agentes... Incluindo o meu pai – ditou Derek vendo o castanho lhe fitar sorridente. Um sorriso largo. O mesmo sorriso que perturbava os agentes mais velhos do FBI ao ouvirem a menção do nome Alice.

- infelizmente, o seu pai foi uma das vítimas de Alice – disseram dois dos homens escondidos pelas sombras de seus escritórios.

Derek cerrou os punhos, irritado.

- Alice. Segundo o bilhete no presente enviado por sua recente vítima, você já cometeu canibalismo antes. O que tem a dizer em sua defesa? – questionou uma das mulheres.

- nada. Apenas deveríamos o sentenciar a morte imediatamente – ralhou um dos homens, irritado.

- não seja precipitado. Vocês sabe que há muita coisa em jogo – ditou Alan, repreendendo o homem.

- que bom que um de vocês aparenta ter juízo – comentou Alice, sorrindo.

- eu apenas digo que, este homem, assim como vocês, jamais passou mais do que alguns meros minutos ou algumas poucas horas em minha presença. Como ele poderia saber o que como e o que não como? – argumentou Stiles, deixando os nove líderes pensativos.

- sem contar que, a mensagem do bilhete era meramente uma citação a história. Ele recebeu bombons com “coma-me”, rosas brancas pintadas de vermelho e um coração, sendo que, obviamente, deveria ser uma cabeça. Essa prova não deve ser levada como qualquer indício de que Stiles seja um canibal ou já tenha praticado canibalismo – argumentou Peter, e aquilo pareceu ser o suficiente para que nenhum argumento fosse feito.

- eu acho que já analisamos o caso por tempo suficiente – disse um dos homens vendo Alan os olhar por um momento.

- eu espero que pensem bem no que vão decidir. Não garanto que Alice vá nos ajudar mais uma vez – ditou Peter vendo Stiles cruzar ao braços e as pernas.

- eu voto para a prisão dele em Alcatraz – disse um dos homens, encarando bem Alice através do monitor.

- eu voto por Alcatraz – falou outro.

- eu voto por Alcatraz – votou uma das mulheres.

- Alcatraz – ditou Gerard encarando o castanho com seriedade.

- eu voto por uma penalidade mais intensa. Eu voto por aumentarmos a pena dele, o que fará com que ele passe mais tempo trabalhando para nós – ditou a outra mulher do grupo, surpreendendo Gerard e os outros que votaram para que Alice voltasse para solitária de Alcatraz.

- eu voto por aumento de pena – ditou outro homem.

- aumento de pena

- aumento de pena

- vocês só podem estar loucos. Ele obviamente irá sair do controle – afirmou a mulher que votou por Alcatraz.

- ele está certo, no final das contas, precisamos de todos eles para passarmos por essa crise. Essa divisão está ajudando mais do que poderíamos imaginar. Se me lembro bem, graças a ela que capturamos, finalmente, o traficante que nem mesmo uma equipe comandada pelo próprio Gerard pôde prender – alegou um dos homens, para raiva do Argent em um dos monitores.

- Alan Deaton. Você terá o voto de Minerva. Pense bem no que vai votar – alertou Gerard encarando o nono e mais recente líder do conselho do FBI.

- Alice, eu sentencio você a... – o homem começou a falar mas parou, pensativo – um aumente de sua pena, a qual continuará sendo cumprida na prisão de segurança mínima de Maybell. Essa pena será adicionada em sua sentença atual. Ainda não decidimos em quanto vamos aumentar a sua pena. Nós, membros do conselho, teremos uma reunião posteriormente sobre este assunto. Independente do número, estes anos poderão ser acelerados caso você acabe a sua sentença atual usando o acordo feito para a sua participação na divisão criada pelo reabilitado agente Tate.

- ISSO! – exclamou Erica socando o braço de Vernon, animada.

Peter suspirou aliviado.

- MAS – Alan elevou a voz, chamando a atenção de todos.

- não pense que será perdoado toda vez que matar um procurado. Julguei que deveria passar esta vez por se tratar de alguém que já receberia um sentença de morte. Ainda mais um procurado do nível de Sebastian. Anos atrás, eu e minha equipe fomos os encarregados de sua captura. Anos depois, o caso passou para a Interpol e ele passou se procurado vivo ou morto. Logo, a morte dele não pesa tanto como uma quebra de regra. No entanto, da próxima vez que matar um procurado, não haverá perdão, Alice – ditou o homem antes de começar a caminhar.

- entendido – Alice fingiu uma continência com dois dedos para o homem.

- acabamos por aqui – ditou o Daeton enquanto saía do galpão.

No caminho, o homem estalou os dedos e logo todos os agentes devidamente armados passaram a deixar o local de maneira demasiadamente organizada. Uma a uma, as imagens dos monitores iam desaparecendo, indicando que o conselho se retirava. Allison encarou Derek, imediatamente, a partir do momento em que a divisão ficou a sós no galpão.

- você ainda acredita que ele matou o seu pai? – indagou a Argent, incrédula.

- não – respondeu Derek, mal humorado.

- então o que merda foi aquilo?! – questionou Isaac, indignado.

- ele estava testando o conselho – afirmou Scott apertando o ombro do parceiro.

- eles continuam colocando a culpa em Stiles, mesmo se passando anos do ocorrido. E eles se quer estão procurando o culpado – comentou Lydia vendo o Hale dar as costas e sair do galpão, furioso.

- não dá para julgar ele. Eu também estaria possesso se não tivessem levado a morte do meu pai a sério e apenas tivessem colocado a culpa em qualquer um para se livrarem e passarem boa impressão – ditou Vernon voltando a cruzar os braços.

- antes eu tinha raiva dele. Agora eu sinto pena – falou Erica abraçando o próprio corpo.

- vamos dar um tempo para ele. Derek passou toda uma vida culpando e odiando alguém pela morte do pai. A culpa de Alice na morte do pai o guiou a vida inteira, praticamente. Descobrir que ele viveu em função de uma mentira é um impacto e tanto – disse Scott e Isaac meneou positivamente.

- pelo menos talvez Derek pare de odiar o Stiles e passe a fazer mais trabalho em grupo com ele sem causar problemas – comentou Erica e Allison e Vernon concordaram com ela em silêncio.

- alguém também deveria receber um impacto desses – ditou Isaac antes de começar a se retirar do galpão.

- esse cara só me orgulha – soltou Erica antes de seguir Isaac.

- você quer ajuda? – indagou Vernon para Lydia ao ver a ruiva começar a desmontar todo o equipamento que usara.

- não precisa. A equipe que montou está aí fora. Estou apenas desconectando o meu computador, mas obrigado mesmo assim – agradeceu a ruiva antes de o homem dar de ombros e seguir Allison, que já havia começado a andar.

Lydia sentiu o celular tocar em seu bolso e tratou de puxar o mesmo, vendo um emoji de coelho como nome do contato. A ruiva sorriu, olhando ao redor antes de atender o celular.



















- ah! Eu estou tão aliviada que você não foi preso de novo em Alcatraz! – exclamou Erica assim que adentraram a base de sua divisão.

- nem me fale! Eu pensei que ele ia ser executado na nossa frente! – exclamou Isaac se jogando sentado em uma das cadeiras giratórias espalhadas pelo lugar.

- quem diria que o FBI estaria tão desesperado que deixariam ele sair impune dessa! – exclamou o Boyd imitando o louro e se jogando em uma das cadeiras giratórias.

- eu não me lembro de ter dito que ele sairia impune – a voz de Alan cortou o ambiente, surpreendendo a todos.

- estava demorando - reclamou Erica cruzando os braços enquanto via o homem de pele morena e terno sair do corredor que levava ao vestiário.

- Deaton? O que faz aqui? – indagou Scott vendo o superior se aproximar de uma das cadeiras giratórias e se sentar na mesma elegantemente.

- eu vou tomar um banho – ditou Stiles enquanto seguia para o vestiário.

- não quer ficar para saber do que eu vim tratar pessoalmente com a divisão? Afibal, é uma nova punição para você – inquiriu Alan vendo o castanho parar no meio do caminho para o corredor e lhe fitar brevemente.

- eu não estou nem aí para você ou que você quer – respondeu o Stilinski antes de voltar a ignorar a imagem de Alan, continuando o seu caminho

- quando terminar, vista a sua roupa da prisão – ordenou o homem, sem encarar o corredor, sabendo muito bem que o outro deveria estar rindo.

- nós devemos nos vestir também? – perguntou Isaac vendo o homem negar com a cabeça.

- não. Não será preciso – disse Alan, educadamente.

- Alan, qual vai ser a punição de Stiles? – questionou Peter indo direto ao ponto.

- não é uma punição que será vantajosa para nós, eu confesso – ditou o homem cruzando as pernas, mantendo o seu ar elegante.

- eu não estou gostando dessa ladainha – murmurou Erica, para Allison, antes de as portas do elevador se abrirem, revelando Lydia, que carregava o seu notebook debaixo do braço e um copo de café na outra mão.

- desculpa o atraso. A cafeteria estava... – a ruiva fora surpreendida pela imagem do seu superior sentado diante de todos.

- Alan?! – questionou a mulher, curiosa

- olá, Lydia – o Deaton cumprimentou a agente, a vendo se aproximar de sua mesa e começar a ligar o seu computador.

- o que faz aqui? – perguntou Lydia, confusa.

- Deaton veio dar uma punição ao Stiles – respondeu Derek vendo a ruiva olhar para o superior com seriedade

- mas já aumentaram a pena dele. Alice vai ter uma pena gigantesca dependendo de quanto anos vocês vão somar com os que ele já tinha quando começou a trabalhar aqui – comentou a ruiva vendo o superior diretor de todos os agentes presentes sorrir levemente.

- nada mais justo, eu diria. Esse rapaz fez com que praticamente nos tornássemos escravos do FBI para capturá-lo. Por que não o tornaríamos em nosso escravo, agora que podemos fazer isso? Não existe melhor jeito de fazer com que ele pague pelo que ele fez - argumentou o Deaton vendo Isaac franzir o cenho para si.

- ele é podre. Não gostei dele – murmurou Isaac para Peter, que o encarou de canto de olho antes de se focar em Alan novamente.

- enfim, Alice não poderá trabalhar com vocês por um mês. Por isso que o mandei vestir o uniforme de Maybelle. Ele será mantido lá por essas quatro semanas, para que tenhamos certeza de que o psicológico dele não está um tanto inclinado para o assassinato, novamente – falou Alan vendo o queixo de Isaac cair um pouco.

- mas ele é o melhor de nós quatro em assassinatos! Sabe o tempo que a gente economiza tendo ele e a Erica para dizer o que ocorreu na cena do crime?! Eu não sei nem para onde vou naqueles lugares! – exclamou o Lahey, indignado.

- Isaac tem razão. Stiles e Erica nos economizam muito tempo no entendimento das cenas de crime – comentou Scott vendo o homem se erguer.

- pois então achem uma forma de suprir a presença dele nos casos. A minha decisão já está tomada – ditou o Deaton puxando um isqueiro do bolso do terno que usava e passando a brincar de abrir e fechar o mesmo.

- o conselho sabe dessa punição? – indagou Derek, curioso.

Por que Alan não havia falado desta punição mais cedo? Por que deixar para falar algo do tipo depois? Era, de certa forma, suspeito. Derek viu o homem sorrir de canto, antes de fechar o isqueiro e parar de abrir o mesmo por um tempo, puxando um cigarro do bolso interno do paletó.

- não é como se eles fossem ir contra a minha decisão. Afinal, qualquer decisão que tenha como finalidade infernizar a vida de Alice será mais do que muito bem aceita por eles – comentou o Deaton vendo o moreno de olhos verdes franzir o cenho, irritado.

- ah, vocês são bons no que fazem! A divisão de vocês têm sido uma revelação e tanto. Tenho absoluta certeza de que vão conseguir passar por essas quatro semanas sem muitos problemas – argumentou o membro do conselho do FBI, se erguendo e seguindo na direção da saída.

- lembrando que Alice não pode ser envolvido nos casos de forma alguma enquanto estiver recebendo a sua punição – ditou Alan enquanto a porta do elevador se fechava.

- a gente está fodido se pegar um caso sério de assassinato – comentou Isaac enquanto todos encaravam o elevador.

- Alice não é o único capaz de pegar assassinos, Isaac. Nós fazíamos isso antes dessa divisão ser criada – argumentou Scott, um tanto irritado.

- quanto tempo iríamos demorar para prender o Jaguadarte sem ele? – questionou Vernon em resposta ao argumento do moreno.

- Alice não o prendeu. Ele o matou – rebateu Derek.

- pena que ele receberia quando fosse preso – rebateu Erica.

- certo. O Jaguadarte foi um exemplo ruim. Mas e Cinderela? Quanto tempo a mais levaríamos para perceber que a filha do xerife era a culpada? Quantas pessoas a mais iriam morrer nesse intervalo de tempo? – indagou o Lahey deixando Scott mais furioso ainda.

- cara! Se não quer trabalhar sem ele, fica na prisão com ele! – ralhou o McCall irritado já se afastando.

- você pode odiar ele o quanto você quiser, Scott. Mas ele ainda faz o seu trabalho melhor do que você - foi tudo o que Isaac disse antes de seguir para a copa do prédio, tratando de pegar um copo com água.

Allison ignorou a discussão, enquanto seguia para o vestiário. A mulher adentrou o ambiente se deparando com Alice terminando de vestir o macacão alaranjado de Maybelle. A morena ficou um tanto nervosa. Ela não sabia se deveria, ou não, falar com Alice. Ela ainda estava... afetada com aquilo que o castanho havia lhe dito há alguns dias atrás.

- sabe, encarar alguém enquanto ele se veste é falta de educação – a voz de Stiles cortou o raciocínio da agente, que se viu sem qualquer opção que não fosse falar.

- você... Não usou os brincos que lhe dei – foi a primeira coisa que veio a mente de Allison para tentar começar um diálogo sem ir direto ao ponto.

Alice se manteve em silêncio enquanto abotoava o macacão. Allison teria de dar continuidade ao assunto se quisesse, realmente, esconder o motivo do diálogo com o castanho. Não seria difícil, já que ela realmente ficou um pouco sentida com o ocorrido. A Argent havia ficado realmente triste quando vira as lágrimas solitárias de Alice quando ele viu os brincos de naipes de baralho serem pisoteados pelos tamancos de Laura. Ela se sentia ainda mais triste ao saber o passado que o assassino tinha com aqueles brincos.

Agora, todos sabiam o motivo de simples brincos despertarem a afeição do castanho. Eles sabiam o motivo das lágrimas. Apenas não sabiam como e porque Alexander conseguiu despertar a afeição do maior assassino dos Estados Unidos.

- olha, eu sei que nenhum par de brincos pode substituir os que o pai do Derek lhe deu. Eu não sei o porquê, mas eu sei que eles eram únicos para você – ditou a morena chamando a atenção do castanho, que a encarou por sobre os ombros.

- você quer saber o motivo de eles serem únicos para mim? – indagou Stiles recebendo o silêncio como resposta.

Allison pensou um pouco enquanto Alice decidia se iria ou não falar o motivo.

- eu sei que ele gostava de você. Sei que esse deve ser um ponto importante. E eu também gosto de você. Por isso que lhe dei esses brincos. Nunca vão chegar aos pés dos do agente Hale, mas, pelo menos, vão impedir que os furos em suas orelhas fechem. Eu acho que – a mulher mediu as suas próximas palavras com cuidado.

Alexander deveria ser um terreno perigoso de se falar com o assassino.

- eu acho que ele ficaria triste em lhe ver sem os brincos, mas tenho certeza que ficaria mais triste ainda se não lhe visse usando mais nenhum brinco. Você fica bonito com eles – disse a morena vendo o castanho abaixar o olhar para a frente, pensativo.

- eu não menti – ditou o homem de cabelos castanhos, ainda de costas, deixando a mulher confusa.

- as coisas que eu lhe disse no beco. Eu não menti naquela hora – explicou surpreendendo Allison não apenas pelo que foi dito, como também por ele acertar em cheio o assunto que a outra queria tratar consigo.

- então você realmente acha aquilo de mim? – indagou a Argent um tanto chateada.

- acho. Acho porque gosto de você e me deixa frustrado ver você rebaixar o seu potencial para poder exibir ele aos homens. Para esses homens. O Peter eu até entendo. Ele é um gênio. Mas Derek?! Scott?! Chris?! Raphael?! – respondeu com indignação na voz, surpreendendo a mulher.

- você tem um potencial incrível para investigação, Allison. Eu já vi dezenas de agentes, mas só vi dois como você em toda a minha vida. Você não é como o seu pai ou como o seu avô, que escolheram essa carreira. Você nasceu para essa carreira. Eu posso não lhe conhecer bem, no quesito gostos e desgostos. Mas eu conheço um agente talentoso quando vejo um. Eu disse aquelas coisas para poder acordar você. Faça o seu melhor para poder cumprir o seu dever, não para agradar ninguém. Ou melhor, faça o seu melhor para agradar a si mesmo quando cumprir o seu dever de forma esplêndida – ditou o castanho ainda de costas para a Argent, que não soube o que responder ou argumentar. Ainda era difícil para ela processar que alguém pensava daquele jeito sobre si. A mulher apenas deu as costas e rumou para a saída do vestiário.

- ele era como um pai, pra mim – a voz de Alice cortou o raciocínio da mulher, que parou próxima a saída.

- Alexander foi o primeiro homem que eu vi me tratar como um pai trataria o filho – falou o castanho e Allison se virou, o vendo cabisbaixo, lhe olhando por sobre os ombros.

- ele e Peter eram como os meus pais. Foram os primeiros que me viram como uma criança e não um monstro. E não me viram como uma criança por me subestimarem devido a minha idade. Eles me viram como uma criança porque era isso o que eu deveria ser – explicou Alice não vendo o choque expresso na face de Allison.

- então é por isso que gostava tanto dos brincos. É por isso que gosta tanto do Peter – murmurou a Argent, pensativa.

- foi por isso que tentou proteger Laura e Derek? – indagou a morena vendo o castanho jogar a cabeça para trás e suspirar.

- sim. Foi por isso. Eu já havia perdido um pai. Odiaria que os filhos dele se perdessem por causa de sua morte. Quando o FBI me usou de sinalizador, eu não me importei. Mesmo quando não resolveram o caso, eu não me importei de ser o culpado. Porque isso focaria o ódio de Laura e Derek em mim, fazendo com que eles não se perdessem de suas vidas – respondeu enquanto encarava as duas argolas prateadas no armário a sua frente.

O silêncio dominou o ambiente, indicando que cada um estava preso em seus próprios pensamentos. Havia muito para se processar, principalmente por parte de Allison, que simplesmente saiu, ainda em silêncio, assim que nada mais foi dito.

Alice encarou os brincos com a letra “A” marcada neles, antes de os pegar e passar a os prender em suas orelhas. Assim que o castanho fechou a porta do próprio armário, ele se virou, sendo surpreendido pela imagem de Derek, parado próximo a porta, lhe encarando com surpresa.

- se eu soubesse que iria ser um show, teria me vestido melhor. Se quer tive tempo de me maquiar – ditou o castanho enquanto caminhava para o corredor.

Derek tentou parar o castanho, mas falhou miseravelmente quando desistiu de agarrar o braço do outro, permitindo a passagem de Alice para fora do vestiário. Ele não tinha o que falar. Derek não tinha nem mesmo o que pensar.

- um pai? – murmurou o Hale,pensativo, ainda em choque com tudo aquilo que tinha ouvido.

Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora