- mas o que é isso? – questionou o delegado ao ver o local para o qual os agentes levaram os seus policiais.
- estamos prendendo a Cinderela – respondeu Derek com seriedade enquanto verificava, mais uma vez, a arma em sua mão.
- do que diabos está falando? – indagou o delegado, irritado.
- me deixe falar com ela – disse Peter, impedindo que Allison fosse na frente.
- por que estamos na minha casa? – questionou o Miriam, já irritado.
- nós já sabemos de tudo, delegado. A sua filha foi vítima da primeira Cinderela – ditou Vernon chamando a atenção do homem para si.
- e agora, ela é a nova – disse Erica enquanto verificava a munição da arma que tinha em mãos.
Fora muito difícil fazer os agentes liberarem os armamentos para eles dois, mas, depois que Stiles insistiu tanto, alertando que a garota era perigosa demais para Vernon e Erica estarem desarmados, os agentes acabaram cedendo, com muito esforço. Derek e Scott, como sempre, eram contra desde o começo e perduraram a soltar o osso. No entanto, os argumentos de Lydia e Allison pareceram clarear a mente dos dois morenos, principalmente quando Stiles pediu para Isaac ficar com Lydia. Aquilo realmente chamou a atenção de Peter.
- por que tanto suspense por uma adolescente? – questionou Scott assim que Allison permitiu que Peter fosse na frente.
- porque Stiles foi preso tendo uma idade menor do que a dela, e mesmo assim foi direto para a solitária da segurança máxima – ditou Derek vendo o tio se aproximar da porta e permitir que a senhora Miriam saísse com o pequeno Isaac no colo.
Peter adentrou a casa, sendo seguido por Derek e Allison, com Scott logo atrás dos dois. O homem de cabelos louros seguiu para o quarto de Nancy, local em que a senhora Miriam havia dito que a filha estaria. No entanto, quando chegou ao quarto o mesmo estava vazio. Sinalizando com a mão, Peter ordenou que vasculhassem o andar de cima. Eles reviraram a casa toda, mas não encontraram sinal algum de Nancy. Quando saíram da casa, eles se aproximaram dos Miriam, vendo os mesmos olhando desesperados para a casa, enquanto alegavam, aos berros que a filha não era uma assassina.
- ela não está aqui – ditou Peter enquanto se aproximava do casal.
- A MINHA FILHA NÃO É UMA ASSASSINA! – gritou o delegado, segurando Peter pelo colarinho e se preparando para socar o mesmo.
Em questão de segundos o mundo girou e o homem se viu deitado no chão. Ao olhar para trás, sentindo o seu braço ser torcido com força, ele notou o rapaz de brincos sorrir ladino em sua direção. A fúria do homem aumentou e ele forçou o outro a lhe soltar, conseguindo a proeza, mal sabendo que ele havia sido solto. O delegado tentou socar as pernas de Stiles, mas o castanho saltou o homem, se colocando atrás do mesmo novamente.
- sua filha aprendeu com a Cinderela Original. Ela mata tudo o que a ameaça. Se fizer mal para ela, então merece morrer – disse Stiles desviando de mais um golpe do delegado.
- segurem ele – ordenou Derek e os policiais avançaram.
- deixem ele – ordenou Stiles e o delegado avançou em si novamente.
- desde que eu lhe vi que eu quero lhe bater. Se não teve educação antes, vou fazer o que seu pai deveria ter feito – ditou o delegado puxando o cassetete e os policiais avançaram, mas foram impedidos por Peter, que ergueu a mão para eles.
- vou lhe dar a surra que seu pai não lhe... – o delegado fora calado quando golpeou o castanho, vendo o mesmo bloquear o golpe com o braço, sem expressar dor alguma.
- sinceramente, uma criança poderia me bater mais forte – disse o castanho antes de, com o calcanhar, desarmar o delegado ao chutar a mão do mesmo.
- ela não mataria ninguém! – ralhou o delegado avançando contra o castanho, vendo o mesmo lhe derrubar no chão mais uma vez.
- e quem você acha que matou Matthew Polansk? Você lembra desse nome não lembra? Ele é a Cinderela Original – indagou Alice e o Miriam pareceu ficar surpreso com a revelação.
- isso mesmo. Anos atrás, quando a sua filha foi sequestrada. Em um momento de fraqueza, Polansk foi pego por ela e morto da mesma forma que ele matava outras mulheres. A sua filha destronou a Cinderela e agora ela é quem calça os sapatinhos de cristal – ditou o Stilinski se afastando do homem para se virar para a mulher.
- vamos. Temos que achar ela – ditou Peter vendo Stiles se aproximar da mesma.
- qual é o local em que ela mais vai? – questionou o castanho vendo a mulher abraçar Isaac um pouco mais forte.
- na casa do Josh. É um colega da escola – respondeu a mulher. A Miriam deu o endereço e logo os agentes estavam entrando nos carros.
- Peter, vá na frente. Eu preciso ver algo com a Lydia – ditou o castanho já se afastando do carro.
- sozinho? – questionou Derek, irritado.
- vai a pé? – indagou o louro vendo o castanho menear positivamente.
- eu posso chegar lá rápido – disse o castanho vendo o homem menear positivamente.
- precisa de uma arma? – perguntou Peter já imaginando a resposta do outro.
- eu sou a minha própria arma – respondeu Stiles retirando o colete a prova de balas e jogando o mesmo para os agentes.
- você não vai sozinho – ditou Derek vendo o castanho dar se ombros.
- tanto faz, só não pense que vou desacelerar apenas por você não conseguir me acompanhar – ditou o Stilinski já se preparando para correr.
- Alice, não me provoque – alertou o vendo o castanho começar a correr com velocidade.
Derek se viu correndo atrás do castanho segundos após. Para a sua surpresa, Stiles era rápido. Rápido o suficiente para começar a se afastar de si, quase sempre desviando de tudo e todos sem precisar desacelerar. Foi apenas questão de mais alguns segundos para que o agente Hale, aos berros, perdesse o castanho de vista.
Demorou um pouco para que Derek chegasse ao prédio onde Lydia e Isaac estavam, o mesmo que eles usavam como base. Desesperado, o homem apertou o botão de fechar as portas do elevador. O seu receio de que Stiles tivesse fugido estava lhe matando. Se eles perdessem o assassino do seu pai, Derek nunca se perdoaria, sem contar que seria demitido e muitas pessoas morreriam. Assim que as portas se abriram, o agente Hale saiu do elevador como uma bala, vendo Lydia e Isaac lhe fitarem antes de se entreolharem.
- sete minutos e trinta segundos de diferença – falou a ruiva vendo o louro de cachos tomar um olhar surpreso.
- ele é rápido! – exclamou o Lahey vendo a Martin concordar consigo.
- pelo amor de Deus... – Derek estava exausto. Correr até ali com o colete era bastante cansativo.
- sim, Stiles esteve aqui e já foi embora – disse Isaac levando o canudo do milkshake aos lábios.
- onde ele está? – questionou ainda com dificuldade, antes de Isaac lhe estender a bebida gelada.
- nesse momento, chegando em um galpão a oeste – respondeu Lydia e o moreno a fitou confuso.
- como sabe? – questionou Derek vendo a mulher virar o monitor para si.
- mandei ele levar o meu celular. Não sou idiota! – argumentou a mulher voltando a virar o monitor para si.
- vire a direita – disse a mulher e logo a voz de Stiles ecoou pela caixa de som.
- certo –
- ele pode ouvir? – questionou Derek, ainda arfante.
- eu disse que não iria lhe esperar – disse o castanho e logo ele confirmou que havia chegado.
- que galpão é esse? – perguntou o Hale vendo a ruiva lhe ignorar para dar instruções para o seu tio.
- é o galpão em que ela foi feita de refém. Enquanto era interrogada, Nancy revelou o esconderijo em que era mantida refém, na época do sequestro – respondeu Isaac antes de levar o canudo do milkshake aos lábios e os sugar com vontade.
- e por que diabos ele está indo lá? – questionou o moreno de olhos verdes vendo os outros dois darem de ombros.
- não fazemos ideia. – disse Lydia olhando para a tela, vendo o ponto vermelho, indicando a posição de Stiles, graças ao seu celular, se aproximar do ponto azul, que era o galpão.
- eu vou lá – falou o agente Hale já se virando para o elevador.
- eu prefiro que fique aí. Isso vai ser uma festa particular – ditou Stiles e Derek gargalhou ironicamente.
- até parece – foi tudo o que o moreno disse antes de sinalizar para Lydia enquanto erguia o celular.
A ruiva meneou positivamente e, no mesmo instante, Stiles avisou que iria desligar pois havia chegado ao local de destino. Assim que a chamada fora encerrada e o moreno de olhos verdes já havia entrado no elevador, a ruiva se sentou na cadeira giratória com velocidade, enquanto passava a dedilhar no teclado com a sua facilidade costumeira, o que deixava o louro de cachos encantado com a velocidade dos dedos da mulher.
- o que está fazendo? – questionou o Lahey vendo a ruiva passar a usar apenas uma mão enquanto levava o próprio milkshake aos lábios, sugando o conteúdo gelado.
- não gosto de ficar as escuras. O lugar já foi comprado desde o incidente com a primeira Cinderela e já foi abandonado de novo – respondeu a Martin voltando a usar as duas mãos.
- e daí? – questionou o homem, perdido.
- você vai entender daqui a pouco – respondei a ruiva continuando o seu trabalho no teclado.
Peter parou o carro na residência da família do tal Josh que ele estava procurando e, no mesmo instante, os policiais o seguiram. Assim que chegaram na porta da residência, um homem abriu a mesma, confuso. Ele estava na sala quando viu as sirenes da viatura. O homem gelou quando viu a polícia aglomerada em sua porta.
- em que posso ajudar? – questionou o homem, nervoso.
- o seu filho se chama Josh, certo? – indagou Peter e o homem meneou positivamente.
- a sua família tem que vir com a gente – disse Peter e no mesmo instante a mulher do homem e o filho do mesmo estavam na porta da casa, olhando confusos para todos aqueles policiais.
- o que está acontecendo? – perguntou a mulher vendo o marido se virar para o filho.
- você fez alguma coisa? – inquiriu o homem vendo o filho negar com a cabeça desesperadamente.
- o que está acontecendo? – perguntou o adolescente e Peter se colocou de frente para o mesmo.
- eu sou Peter Tate, do FBI. Você e a sua família estão sendo colocados sob a nossa proteção. Acreditamos que você possa ser um alvo do assassino que estamos perseguindo – disse o louro vendo o adolescente empalidecer.
- eu? Por que? – indagou o rapaz, amedrontado e confuso.
- quando chegarmos na delegacia você e seus amigos serão interrogados para sabermos quem pode ser o alvo dela, mas, até lá, todos os alunos de uma antiga turma sua estão sendo levados para a delegacia – ditou Peter e logo o pai de Josh empurrava o filho pelos ombros na direção da viatura.
- estamos com o Josh – disse Peter no rádio e logo ouviu o mesmo receber uma mensagem.
- estamos com três deles, os encontramos na casa do Luke. As famílias foram alertadas por telefone – disse Allison e o louro pareceu mais aliviado.
Eles não tinham homens o suficiente para proteger todas as famílias cujos filhos fizeram parte da turma de Nancy no fundamental. Por isso estavam escoltando todos para a delegacia. Assim seria mais fácil proteger todos e eles irritariam Nancy, o que a faria ser descuidada.
- estou levando duas delas para a delegacia. Para nossa sorte, algumas panelinhas decidiram se reunir hoje – disse Scott, no rádio.
- tomara que ela não tenha decidido reunir alguns deles em algum lugar – disse Peter enquanto entrava na viatura.
- quem é o assassino? – questionou Josh na parte de trás da viatura. O rapaz era escoltado por Peter, enquanto os pais do mesmo iam atrás, no próprio carro.
- você conhece Nancy Miriam? – questionou Peter e, no mesmo instante, Josh gelou.
- a Nancy?! É a Nancy?! Impossível! Eu a conheço... –
- desde o fundamental? – questionou Peter surpreendendo o rapaz.
- me diga, sabe de algum lugar em que ela se sinta segura? Confortável? – questionou Peter vendo o rapaz atordoado no banco de trás.
- e-em qualquer lugar. Ela nunca foi como a Cindy que... Ah! Meu Deus! Foi ela quem matou a Cindy! – exclamou Josh passando as mãos nos cabelos.
- faz sentido para você? Nancy ter matado Cindy parece fazer sentido? – questionou o louro, curioso.
- b-bom, a Cindy era uma pessoa horrível, e ela pegava muito no pé da Nancy no fundamental. Principalmente com os pés dela, depois que a Nancy sofreu um acidente de carro – explicou o rapaz e Peter meneou positivamente.
- o mundo está louco – murmurou Peter enquanto estacionava na delegacia.
Nancy estava irritada e desesperada. A sua expressão era ódio puro, mas o seu corpo era puro desespero. Ela havia sido descoberta e sabia disso. Ela soube no exato momento em que voltou para casa, no almoço. Ao ver todos aqueles agentes sentados a mesa de sua casa, ela soube que algo estava errado. A garota havia assassinado muitos que lhe machucaram no passado. Não poderia ser coincidência que, na manhã seguinte ao assassinato da vadia da Cindy, todos os agentes tivessem resolvido fazer uma visita ao seu pai.
Era muito óbvio.
Tão óbvio que chegava a ser ridículo.
No momento em que disse que iria subir para guardar as coisas, ela aproveitou para colocar roupas em sua mochila, colocar a sua faca que comprou na internet. A Miriam estava furiosa com aqueles agentes. Eles haviam estragado o seu plano de vingança, eles tinham arruinado tudo. Eles não entendiam que ela sabia o que estava fazendo. Ela sabia que era errado. Tinha noção de justiça e iria se entregar quando acabasse tudo. Mas os filhos da mãe tinham que descobrir tudo antes que ela terminasse o seu plano.
Ter mudado a sua assinatura com Cindy não serviu de nada no final das contas. Os desgraçados haviam lhe descoberto com apenas dois dias de investigação. Aqueles filhos da puta eram bons no que faziam. Por isso ela precisava mostrar que era melhor ainda do que o desgraçado que veio antes dela. A garota se embrenhou na cerca do galpão, antes de entrar pela entrada comum e a trancar com correntes e cadeado. Ela havia preparado aquele lugar para ser o grande final de sua vida criminosa. Tinha trancado todas as entradas com correntes e cadeados, limpado o local e preparado colchões para colocar os três principais alvos ali. Mas uma delas, a vadia da Cindy, havia lhe procurado antes do esperado, então ela teve que dar um improviso.
A adolescente se jogou sentada em um dos colchões e jogou a mochila ao seu lado. Ela havia jogado o seu celular fora para não ser rastreada e havia comprado um descartável no caminho. Iria usar ele para falar com Josh. Não poderia deixar que o único que havia lhe tratado bem fosse manipulado por aqueles demônios vestidos de terno. Assim que a garota ligou o celular, ela, discretamente, buscou por sua faca em sua mochila. Estava preparada para usar ela, seja lá como fosse. Estava pronta para o que viesse acontecer.
- não precisa ser discreta. Temos muito tempo, já que esse lugar inteiro está trancado – a voz jovial e um tanto aguda de um dos agentes lhe chamou a atenção.
- como sabia que eu estaria aqui? – questionou Nancy se erguendo e se virando para um grande container cilíndrico que havia ali, vendo, no topo do mesmo, pernas balançaram inocentemente.
- você pode enganar muita gente, Cinderela, mas não uma Alice – disse o castanho vendo a garota ligar a lanterna do celular e a direcionar para si.
- está muito tarde para brincadeiras... Alice – ditou a garota vendo o outro sorrir para si quando ela aceitou a troca de codinomes.
- eu digo o mesmo. Os seus sapatos já não brilham tanto. A meia noite está chegando – ditou o homem se jogando do container e caindo em pé, sem esforço algum. O local de onde ele pulou não era muito alto, mas, mesmo assim, faria uma pessoa comum se abaixar e protestar de dor nos tornozelos. Mas ele apenas se curvou, flexionando os joelhos, com as mãos nos bolsos.
- então, Alice, como soube que eu estaria aqui? – questionou a garota vendo o homem sorrir vitorioso.
- ora, um bom filho a casa torna – falou o castanho vendo a garota estreitar o olhar em sua direção.
- foi aqui que tudo começou, não foi? Foi aqui que você se tornou Cinderela – disse o Stilinski e a garota teve as pupilas dilatadas levemente antes de gargalhar alto.
- você fez o seu dever de casa – pronunciou a garota e Stiles sorriu largo.
- era com você que eu queria falar – as palavras do castanho chamaram a atenção da garota que tinha uma faca militar em mãos.
- você sabe a diferença entre nós? – questionou a Miriam, surpresa.
- você nasceu aqui. É o lugar perfeito para se esconder. Ninguém imaginaria que a vítima do sequestro iria fugir da polícia e se esconder onde foi torturada. Você é inteligente, eu tenho que admitir – respondeu o Stilinski enquanto olhava ao redor.
- é um lugar meio caído – comentou enquanto voltava a colocar as mãos nos bolsos.
- mas você não me parece ser muito inteligente. Veio me enfrentar desarmado – falou a garota manuseando a faca com habilidade.
- alguém andou treinando – comentou Stiles ainda sorrindo.
- eu aprendi vendo aquele idiota do meu sequestrador passar horas tentando impressionar uma outra vítima com isso – explicou Nancy jogando a faca para cima e a agarrando com a mão, novamente, com facilidade extrema.
- e aí? O que vai usar contra mim? – questionou a garota entrando em pose de luta com a faca na mão.
- cinquenta e duas cartas dão para o gasto – disse o castanho retirando um baralho do bolso e dividindo o mesmo em dois, segurando uma metade em cada mão.
- você está de brincadeira, certo? – indagou a Miriam rindo do homem a sua frente.
- você não sabe o quanto eu posso fazer apenas usando um ás de copas – afirmou Stiles, sorrindo ladino e embaralhando as duas metades usando apenas uma mão em cada.
- não, não sei. Mas você vai aprender o que eu posso fazer com isso aqui – brincou a adolescente se preparando para avançar, quando ouviu alguém tentar abrir a porta.
- você trouxe alguém. Você tinha que trazer alguém – reclamou a adolescente já se preparando para correr.
- STILES! ABRA ESSA COISA! – gritou Derek, do outro lado, tentando abrir um portão, mas o mesmo não se movia se quer três centímetros devido as correntes.
- FIQUE FORA DISSO, DEREK! ESSA BRIGA É DE GATO GRANDE! – gritou Stiles e Nancy sorriu com aquilo.
- que tal assim? Eu mato você primeiro e, depois, eu brinco com ele? – questionou a garota achando que iria surtir algum efeito no castanho, mas Stiles apenas sorriu para a provocação.
- é melhor calar a boca antes que eu lhe corte a cabeça – alertou Stiles vendo a garota se animar com a resposta.
- acertei o ponto fraco? – ironizou Nancy enquanto sorria acariciando a lâmina da própria arma.
- se quer mexer com pontos fracos, é melhor me matar, do contrário o Josh vai sofrer muito em minhas mãos – ditou Stiles e Nancy passou a sorrir um tanto forçado.
- eu não me importo com aquele babaca – ditou a garota, com certa raiva na voz.
- você, pode até ser que não. Mas a Nancy, sim – ditou o castanho e o sorriso da garota morreu por completo.
- tente dar o seu ultimo suspiro apenas após a décima segunda vez – ditou a garota voltando a apontar com a lâmina de sua faça para o homem a sua frente.
- eu não vou nem ouvir a primeira badalada – brincou o homem caminhando na direção da garota, calmamente, como se simplesmente desfilasse na calçada, enquanto fazia algo banal do dia a dia.
- Isso é ridículo! Eu já falei que a minha filha não é a assassina! – exclamou o delegado Miriam enquanto adentrava a própria sala com fúria, vendo dois dos agentes reunidos ali, sendo um deles o líder da operação.
- não vou discutir isso com você, Marshall. As provas já estão se encaixando e todas apontam para a sua filha. Não há como fugir da verdade. A sua filha é a nova Cinderela – ditou Peter, calmamente, vendo o homem avançar em si a passos pesados .
- a minha filha já sofreu demais com essa história. Você ainda ousar fazer ela reviver tudo isso?! Toda a dor que ela sentiu! Toa a vergonha pela qual a minha filha teve que passar! – inquiriu o Miriam, indignado.
- eu só queria que ela esquecesse isso tudo! – argumentou em meio a dua fúria, golpeando a própria mesa.
- foi por isso que causou o incêndio? – perguntou Allison chamando a atenção de Peter e surpreendendo Marshall.
- como é?! – questionaram ambos os homens. Peter com curiosidade e Marshall com indignação.
- foi você que causou o incêndio na delegacia. O incêndio que destruiu todos os arquivos do primeiro caso da Cinderela. O caso em que Nancy foi uma vítima – acusou a Argent com indiferença.
- isso é um absurdo! Foi um incêndio acidental! Como diabos eu iria causar um incêndio se eu nem estava mais na delegacia?! – inquiriu o Miriam irritado.
- sabe, eu pedi o vídeo de segurança da delegacia na época do incêndio para a nossa especialista em tecnologia. Ela me mandou os vídeos pelo celular. Devo dizer que a sua filha é tão inteligente quanto você para cometer crimes. – ditou Allison vendo o homem fechar o semblante para si.
- lave a sua boca para falar da minha família! – ralhou o delegado apontando com o dedo para a morena, que olhou na direção de Peter, que meneou positivamente indicando que ela continuasse.
- no dia do incêndio, você alegou ter ouvido ratos no local em que o curto circuito ocorreu. No vídeo, você verificou o local da origem do curto circuito com uma barra de chocolate em mãos. Eu sei o que você fez. Colocou um pedaço do chocolate na boca e o derreteu até ficar pastoso. Foi quando você cuspiu na mão e o colocou no fio que gerou o curto circuito. O rato, induzido pelo doce, fez exatamente como você queria. Comeu o chocolate até começar a roer o fio. Foi quando o curto circuito aconteceu. As lâmpadas das salas dos arquivos eram antigas, assim como a fiação do cômodo – a medida em que a Argent ia falando o rosto do Miriam ia empalidecendo.
- funcionou tudo como você planejou. Os arquivos sumiram. A mídia não sabia sobre a Nancy. Então a sua ficaria em paz. Mas a única coisa que você não calculou fora o bullying que a sua filha iria sofrer, bem como isso afetaria a mente dela durante o estresse pós traumático. A raiva e a dor foram se acumulando, até que um desejo intenso de vingança surgisse.
O delgado abriu e fechou a boca varias vezes, tentando formular algo. O seu corpo tremia e a deglutição estava se tornando difícil com o choro subindo por sua garganta. Ele não queria aceitar. De forma alguma ele queria acreditar que aquela mulher estava certa. Mas a sua mente não lhe permitia negar ao se lembrar de todas as vezes em que ouvira a sua filha chorando sozinha no quarto.
- já que não negou. Creio que a agente Argent esteja certa sobre o incêndio e você esteja admitindo a sua culpa no assunto – disse Peter se aproximando do homem a passos calmos.
- eu sei que é difícil, como um pai, aceitar que a sua filha seja a culpada de uma barbárie com essa. Acredite, eu sei. Eu sou pai. Tenho dois filhos. Um está na solitária de segurança máxima do FBI. Mas se estivermos certos, e eu sei que estamos, poderemos impedir que Nancy se machuque mais, além de impedir que ela machuque ainda mais famílias. Aquelas famílias – ditou o Tate, surpreendendo Allison e Marshall, apontando com a mão para a janela da sala, mais especificamente para as famílias dos adolescentes que se encontravam alojados em uma das salas.
- a minha filha não é um monstro – o delegado socou a sua mesa mais uma vez, tentando segurar o choro, mas falhando miseravelmente.
- eu sei que não. A Nancy é só mais uma vítima que acabou cedendo para a dor que sentia. Agora, você vai ter que nos deixar seguir com a investigação. Se você realmente ama a sua filha, nos deixe parar ela antes que seja tarde demais para a Nancy – ditou o louro enquanto seguia para a porta da sala, deixando o Miriam desolado para trás.
Assim que adentrou a sala, Peter se deparou com uma Erica furiosa tentando conter a si mesma para não agredir aqueles adolescentes. A Reyes agradeceu aos céus quando notou a presença de seu superior na sala. Os adolescentes perceberam o olhar da mulher para o homem de topete e logo desferiram suas perguntas contra o mesmo.
- por que estamos aqui? – questionou um dos adolescentes vendo os dois agentes de cabelos louros em pé diante deles.
- todos vocês estudaram na mesma turma há alguns anos atrás. Vocês estavam na faixa dos onze anos – começou Peter e fora logo cortado por mais perguntas.
- e daí? – questionou uma garota olhando irritada para os adultos.
- alguns de vocês cometeram Bullying com uma garota nessa época. Ela tinha os pés deformados e era muito calada – disse a mulher e um garoto se recordou imediatamente da garota.
- Frankestein? Nancy Franky? Eram só brincadeiras! Não podem nos prender por isso! – exclamou o rapaz e logo ele teve que desviar de uma pasta voadora, o que gerou vários protestos por parte dos adolescentes.
- Erica! – exclamou Peter reclamando de toda a gritaria que a loura gerou.
- CALEM AS BOCAS SUJAS, SEUS LIXOS! – gritou a loura assustando a todos.
- por que raios fazer aquilo com uma garota?! – perguntou a loura, irritada.
- porque era engraçado – respondeu uma garota e ela teve que desviar de outra pasta.
- você achou engraçado? Você achou engraçado? – indagou a loura, indignada.
- nunca foi engraçado, Jessy – ditou Josh chamando a atenção do grupo.
- já que vocês acharam engraçado, que tal eles? – questionou Erica, girando o quadro atrás dela, mostrando todas as vítimas da Cinderela, atualmente.
- o que isso tem a ver com a gente? – questionou o garoto que teve que desviar da pasta lançada por Erica.
- o que vocês fizeram já é errado por si só, mas, vocês ao menos sabiam o motivo de ela estar daquele jeito? – indagou Peter vendo todos darem de ombros, inclusive o próprio Josh.
- Nancy Miriam, ou Nancy Franky, para vocês, foi sequestrada por um serial killer e foi torturada – ditou Erica vendo os adolescentes ficaram com expressões sérias.
- então... Os pés dela... – a garota tentou formular a pergunta, mas nem precisou terminar.
- o sequestrador de Nancy tinha uma paixão por uma certa mulher e ele sequestrava mulheres para poder recriar ela. Nancy foi uma dessas vítimas. Ele deformou o pé dela para poder ficar parecido com o de sua amada. Por isso que ela tinha aquelas cicatrizes – ditou Peter vendo alguns tomarem olhares arrependidos enquanto outros permaneciam sem se importar.
- novamente, o que isso tem a ver comigo? – questionou o rapaz, cruzando os braços.
- acontece que essa garota, agora, está caçando vocês – ditou Erica vendo todos tomarem olhares assustados.
- então...
- sim. Ela matou esses adolescentes, se lembrando sempre de deformar os seus pés, caso eles não tivessem o tamanho certo – ditou Erica vendo, agora, a grande maioria se encontrar nervosa.
- e quando vão prender ela? – questionou um garoto, receoso, vendo a loura bater as mãos em uma palma, irritada.
- ah, a madame acha que é assim tão fácil? Isso é difícil pirralho! Não é só fazer “Hm, alguém quer que a gente prenda ela, então pronto, está presa.”. Isso leva tempo, filhinho mimado do caralho. E vocês têm sorte. Porque se a lei permitisse assassinato por vingança, eu fazia questão de levar cada um de vocês para ela – disse a Reyes, surpreendendo não só os adolescentes como o próprio Peter, antes de sair da sala, irritada.
- o que perguntaram para eles? Quanto tempo pretendem manter o meu filho preso? – questionou uma mãe, visivelmente irritada.
- por mim o seu filho morria. Aquele inútil não sabe se quer tratar uma garota com respeito. Merece ser caçado pela assassina – respondeu a loura dando as costas para a mulher, que lhe fitou indignada.
- isso é jeito de falar comigo? – questionou vendo a loura apenas erguer o dedo do meio para si, enquanto seguia para perto de Allison, Boyd e Scott.
- EU VOU LHE PROCESSAR! – ameaçou a mulher e Erica se virou, irritada.
- ME PROCESSA, FOFA! ME PROCESSA QUE EU ENFIO ESSE PROCESSO NO TEU CU! ENFIO ELE E A PORRA DO TEU FILHO INÚTIL! - gritou a mulher de cabelos cacheados antes de bater a porta da sala, irritada.
- Erica, se controle! – ralhou Allison.
- não dá! – bradou a Reyes enquanto caminhava de um lado para o outro, antes de o celular de Scott tocar.
- é a Lydia – disse o moreno já atendendo a vídeo chamada.
- o que... – ele fora prontamente cortado
- reúnam-se e conectem o notebook na televisão novamente. Vocês precisam ver isso – disse a ruiva, com Isaac sentado ao seu lado, com os olhos vidrados na tela.
- olha! Olha! Olha! Ah, caramba! – exclamava Isaac, enquanto cutucava o ombro da ruiva com o indicador, a chamando para prestar atenção em outra tela.
- o que estão...
- VAI LOGO, SCOTT! – gritou Isaac, fazendo Lydia rir enquanto cobria uma orelha com a mão.
- já chamei – disse Allison, já entrando na sala com o louro.
- qual é a emergência? – questionou Peter e logo a imagem de Stiles conversando com Nancy surgiu na tela.
- mas como? – questionou Scott, surpreso.
- Stiles sabia para onde ela iria esse tempo todo – disse Lydia na vídeo chamada vendo Scott tomar uma expressão séria.
- e não nos disse?! O que ele está aprontando? – indagou o McCall, irritado.
- ele não queria prender ela com armas de fogo e uma equipe – falou Peter se sentando na cadeira do delegado, passando as mãos no rosto.
- como é? – questionou Erica, confusa.
- ele quer vencer ela no mano a mano. Serial killer contra seria killer. Cinderela versus Alice. E ele não queria ninguém atrapalhando – respondeu Peter vendo o momento em que Nancy avançava correndo contra Stiles, que desviou da garota sem problema algum.
- MAS QUE PORRA É ESSA?! – questionou o delegado furioso.
- a prova de que sua filha é a culpada – respondeu Peter e o homem se focou na televisão, vendo a própria filha tentar esfaquear um investigador.
- não! Minha filha...
- larga de ser cego! Ela está tentando matar um dos nossos só porque ele descobriu o esconderijo dela! – exclamou Erica, irritada.
- agora cale a boca que eu quero assistir – ralhou a mulher se sentando ao lado de Peter.
Nancy correu na direção do homem, mais uma vez, vendo o mesmo desviar a sua lâmina, mais uma vez, ao golpear o seu punho com as costas da mão. Ela já estava ficando furiosa. Passou anos treinando a sua habilidade com aquela faca para, agora, vir aquele homem e os transformar em nada?! Era demasiadamente humilhante e revoltante.
Aquele castanho de brincos quebrava todas as suas investidas com extrema facilidade. Mas o que mais a irritava vinha sempre que ele quebrava o seu ataque, pois, mesmo tendo a chance, ele nunca atacava. Ela não havia levado um soco, um tapa, um empurrão, se quer. Era sempre aquele homem quem se movia, mas nunca lhe acertava. Ele estava dominando aquele duelo mas sem atacar uma vez se quer. Aquilo estava consumindo os nervos da garota, que agora rosnava com ódio a cada ataque.
Pela esquerda, pela direita, por cima, por baixo, pelo meio, em diagonal, horizontal, vertical e até mesmo em giros. Nancy tentava de tudo, mas aquele homem simplesmente era inalcançável para a sua lâmina. Sempre que ela jurava que tinha o pego, ele a surpreendia desfazendo toda a sua estratégia complexa com um movimento simples. Aquilo a irritava tanto. Ele se quer usava o baralho que havia escolhido como arma. O desgraçado apenas usava as costas das mãos para fazer tudo.
Em um momento de descuido, a garota atacou com a faca, mas Alice se abaixou, girando sobre o próprio eixo, com o torso inclinado para a frente e erguendo o pé esquerdo. O calcanhar acertou a mão da adolescente, jogando a arma da mesma longe. A adolescente tratou de correr até a arma, enquanto o homem a ignorava enquanto a mesma estava desarmada.
- você é boa, tenho que admitir – falou Stiles no instante exato em que a Miriam pegava a arma do chão.
- você vai se arrepender – ameaçou a garota enquanto se aproximava, manuseando a arma branca com facilidade.
- porque não puxa a outra que está em sua cintura? Com duas você deve ter mais chances – sugeriu Alice enquanto dava uma voltinha.
Assim que ele se colocou de frente, Cinderela lançou a faca que tinha em mãos, enquanto, com a outra mão, já recolhia a segunda faca que tinha escondida na cintura. Ela estava esperando um momento melhor para usar. Nancy esperava que, em um momento em que fosse atacar, o castanho abaixasse a guarda, por se encontrar no ataque, e assim ela pudesse fincar a segunda lâmina em sua garganta. Mas, pelo visto, o castanho era melhor do que ela poderia imaginar.
Entretanto, Nancy possuía uma mira perfeita.
Resultado de anos de treinamento, assim como a sua habilidade na luta com facas. Mas, novamente, aquele homem se mostrou superior a ela. Stiles abriu as cartas em suas mãos, as segurando de forma que, juntas, parecessem um leque. Com um deles, o castanho golpeou a faca de baixo para cima, fazendo a arma girar no ar, enquanto subia. Aproveitando a altitude da arma, o Stilinski saltou, girando o corpo do ar e chutando a ponta do cabo da faca, a jogando contra a dona, que se viu em choque quando a faca passou ao lado do seu rosto. A ponta da guarda da faca tocou o lóbulo da orelha da garota, indicando o perigo que correr realizando aquele ataque.
Mas aquele toque em sua orelha não era o único motivo do estado de choque da adolescente. Ela tinha um plano ao lançar a faca. Já imaginando que o seu disparo seria bloqueado, ela aproveitou o salto do castanho para jogar a segunda faca nele. No entanto, o homem também havia previsto isso e, agora, a faca estava presa, atravessada nas cartas que ele tinha na mão esquerda. Mas apenas aquele leque não conseguiu parar a lâmina a tempo de a mesma criar um leve arranhão em seu rosto. A garota não sorriu com a sua conquista.
Stiles desviou o olhar para o lado de seu rosto que fora tocado pela lâmina, passando as costas da mão no arranhão, limpando o risco cinzento de sua pele. Ai olhar para o próprio rosto através do reflexo da lâmina lançada contra si, o rapaz franziu o cenho. Quando a cor vermelha que tomou a sua pele surgiu em seu campo de visão, o castanho suspirou, cansado. Ele adorava o seu rosto e odiaria que alguma cicatriz surgisse no mesmo. O seu rosto jovial e com poucos pelos era uma boa arma quando ele precisava. Principalmente para disfarce e sedução de homens sem escrúpulos ou mulheres desesperadas.
- você já deve ter notado – ditou o castanho vendo a garota cerrar os punhos, irritada.
- como você...
- eu sou melhor nisso do que você. Você está nesse ramo há alguns dias, eu estou há doze – ditou o homem e a garota lhe fitou furiosa.
Nancy se virou para poder pegar a faca lançada em si e então avançou contra Stiles, gritando de puro ódio, enquanto chorava por se sentir diminuída novamente na frente de alguém. Ela sentia a mesma vontade de chorar quando aqueles adolescentes estúpidos lhe zoavam por causa dos seus pés.
Em questão de segundos, o seu coração, que antes queimava de ódio, congelou de medo. Em um movimento simples, o homem lhe desarmou e lhe abraçou por trás, apontando com o leque de cartas para o seu pescoço. Ela se sentia imóvel. Não conseguia mexer o corpo, que estava paralisado de medo. A garota se sentia como um filhote que era abraçado por uma cobra. O modo como os braços do homem deslizaram pelo seu corpo para deter um de seus braços fora fácil como se sua pele fossem escamas escorregadia. A sensação que aquele cara lhe passava não era mais a de um homem atrevido que lhe desafiava. Agora a sensação que Nancy tinha era a de estar desarmada com o rosto há centímetros de uma mamba-negra.
Cinderela não conseguia pensar no que fazer. Ela havia treinado por anos para ser uma boa assassina. Uma assassina adolescente que nem mesmo um time de futebol pudesse detê-la. No entanto, aquele homem parecia ser o assassino perfeito. Pois o material simples que ele usava como arma pressionava a pele do seu pescoço como se fosse a lâmina de uma faca, o que a deixava demasiadamente surpresa. Como raios cartas poderiam ser tão afiadas como facas?
- esse jogo já me cansou. Você tem duas opções: ou você se entrega e alega insanidade, já que Nancy acabou criando você aqui. O transtorno de dupla personalidade já é o suficiente para livrar ela da cadeia e lhe colocar na ala psiquiátrica; ou você luta, eu lhe mato, alego autodefesa e ganho mais uma morte no meu placar – ditou o castanho enquanto deslizava um pouco as cartas pela pele da adolescente, fazendo a mesma sentir quando as mesmas começavam a rasgar a sua pele levemente.
- e se eu lhe matar? – questionou a adolescente e o homem riu em seu ouvido.
- você sabe que não consegue – ditou Stiles e, em um súbito ataque de adrenalina, a Miriam retirou mais uma faca, desta vez de sua bota, e tentou golpear o homem. Mas, para a sua surpresa, novamente, o homem se moveu envolta do seu corpo como uma serpente e conseguiu lhe imobilizar o braço, o algemando ao seu outro braço.
- e aí? Se entrega? – questionou Stiles sorrindo ao ouvir a garota suspirar, irritada.
- eu te odeio – rosnou a garota ouvindo o outro rir baixinho em seu ouvido.
- você pode me odiar estando morte, ou me odiar dentro da ala psiquiátrica. Qual você escolhe? É melhor escolher rápido. Já está quase na hora do chá – ditou o castanho criando mais um leve corte no pescoço da garota ao deslizar o seu baralho pela pele da adolescente.
- está bem. Vamos tentar esse negócio da ala psiquiátrica – ditou a garota e, no mesmo instante, Derek derrubou a porta na base do chute, fazendo a mesma ficar pendurada pela corrente que o impedia de a abrir normalmente.
O Hale adentrou o local com a arma na mão, a apontando em todas as direções, verificando a segurança do perímetro. Stiles o olhou com tédio, assim como a garota, que erguia a sobrancelha para o agente. Os dois assassinos se entreolharam, antes de voltarem a encarar o agente de cabelos pretos.
- isso é sério? – questionou a Miriam vendo o moreno de olhos verdes os fitar.
- estamos brigando há algum tempo. Se houvesse alguém aqui, já teria ido embora, Derek – ditou Stiles vendo o agente se aproximar enquanto guardava a arma.
- os outros já estão vindo. Onde conseguiu as algemas? – questionou Derek, guardando as próprias quando notou que a adolescente já estava algemada.
- roubei do pai dela quando ele tentou me bater – respondeu o castanho ao mesmo tempo em que guiava a adolescente algemada para o lado de fora.
- outra vez que você fugir desse jeito... – Derek fora interrompido em seu sermão quando o castanho lhe ignorou para conversar com a adolescente.
- não ouse trocar de lugar até lhe interrogarmos – ditou o castanho, deixando o moreno de olhos verdes confuso.
- do que está falando? – questionou Derek enquanto os três rumavam para o lado de fora do galpão, já ouvindo as sirenes se aproximando.
- nada demais – respondeu o Stilinski sentando a prisioneira em um bloco de cimento enquanto as viaturas os cercavam.
- o que vai acontecer com a nossa filha? – questionou a senhora Miriam enquanto abraçava o pequeno Isaac e via a filha ser levada para a cela da base da divisão.
- a sua filha será presa em uma cela só para ela até que o julgamento ocorra – ditou Peter e o delegado socou uma mesa com força.
- isso é impossível! Vocês estão errados! – exclamou o homem, revoltado.
- a sua filha já confessou tudo – ditou Scott enquanto via o homem ser tomado por frustração e raiva.
- o que diabos ela tinha na cabeça? – questionou o homem, indignado.
- onde foi que nós erramos? – questionou a mulher, já chorando.
- a sua filha sofre de um problema grave – disse Stiles enquanto via o casal lhe fitar apreensivo.
- sofre? – questionou Lydia, surpresa.
- ela sofre de transtorno de desvio de identidade. Quando ela foi torturada por Polansk, uma nova identidade começou a surgir nela. Uma identidade que identificava as ameaças para ela. Essa identidade nasceu definitivamente quando ela matou o seu sequestrador. Essa nova identidade passou anos dentro dela, apenas aperfeiçoando Nancy para matar a todos que a ameaçassem, que no caso, foram os colegas de classe dela que a humilharam em toda a escola. Por isso que, até mesmo um rapaz mais velho fora morto por ela. No passado, ele a humilhou, também, junto do irmão caçula. Por isso ambos foram mortos na mesma noite – explicou Stiles enquanto via os pais da garota começarem a chorar.
- e ela vai ser presa assim? – questionou a Miriam, desesperada.
- se conseguirem provar o transtorno dela, Nancy será transferida para uma ala especial onde terá a sua própria cela e receberá tratamento psiquiátrico – respondeu Scott vendo a mulher menear positivamente enquanto abraçava o filho mais novo mais apertado ainda.
- eu preciso de um ar. Alguém pode descer comigo, por favor? – pediu Stiles, chamando a atenção de Derek, já que, normalmente, ele simplesmente começaria a descer.
- eu posso ir – disse Allison já se preparando para se levantar.
No entanto, Derek se lembrou que o castanho esteve perto de armas em seu confronto com Nancy Miriam e cogitou na possibilidade de o Stilinski ter pego alguma das lâminas da assassina que haviam capturado, ter guardado a mesma para si, apenas esperando o momento certo de usar em alguém da equipe.
- não. Pode deixar que eu vou – ditou o Hale e Vernon e Isaac rolaram os olhos, enquanto Erica suspirava, irritada.
- começou – falou a loura cruzando os braços e ignorando, completamente a imagem de Derek lhe lançando um olhar furioso.
- tanto faz – ditou Alice enquanto seguia para o elevador.
Derek não tardou em alcançar o assassino da divisão, tratando de se colocar ao lado do mesmo, do outro lado do elevador, enquanto via o Stilinski apertar o botão do térreo, antes de apertar o botão para fechar as portas. Assim que as portas do elevador se fecharam e o mesmo começou a descer, o moreno de olhos verdes se virou para o outro.
- a faca – pediu o Hale, estendendo a mão para o castanho, que lhe fitou confuso.
- como? – questionou Stiles, olhando o outro rolar os olhos para si.
- eu sei que tem uma faca. Eu vi o pescoço dela. Você tinha uma faca quando lutou com ela – afirmou o moreno vendo o outro olhar para si com um olhar julgador.
- eu não preciso de armas, Derek – fora tudo o que o castanho disse antes de abrir os braços e as pernas.
Derek pensou duas vezes antes de revistar o homem. Stiles era ardiloso e sabia mexer com a cabeça das pessoas. Era como se ele soubesse o que as pessoas precisavam ouvir e ver para fazerem o que ele queria que elas fizessem. Mas então ele se lembrou de que ele era um agente treinado e ambos estavam em um elevador. Stiles não poderia fazer muita coisa ali dentro.
- tente não abusar da sorte – brincou Stiles quando o Hale passou a lhe apalpar suas pernas e as nádegas, na sua revista atrás da tal faca, ouvindo o mesmo soltar um grunhido de raiva, quase um rosnado.
- você a deixou no galpão – afirmou Derek enquanto se afastava do outro, que dava de ombros e voltava a ficar de pé.
O elevador se abriu e então agente e assassino começaram a caminhar para fora do mesmo.
- o que veio fazer aqui embaixo? Vai tirar um cigarro de dentro da orelha e fumar? – ironizou o Hale enquanto se aproximavam da saída da base, parando na porta do prédio.
- isso seria clichê demais – ditou o castanho ao mesmo tempo em que retirava o baralho de sua manga.
- onde mantém essa coisa guardada? – indagou o Hale e o Stilinski sorriu ladino.
- um mágico não revela os seus segredos, Derek. – foi tudo o que o castanho disse antes de o silêncio surgir, novamente.
- vocês são tão estranhos – disse o castanho enquanto olhava para as pessoas que passavam diante de si como loucas, correndo, provavelmente para casa ou para algum compromisso noturno.
- vocês quem? – questionou Derek, confuso
- pessoas. Perdem o tempo de vocês tentando ganhar dinheiro, cegamente, como se fossem viver para sempre – explicou o castanho enquanto viam uma mulher de casaco se aproximar, de cabeça baixa pelo capuz.
- vai me dizer que é religioso? – questionou Derek, irônico.
- Deus não existe. É apenas uma fábula criada para controlar outras pessoas. – respondei Stiles com seriedade enquanto abaixava a cabeça.
A mulher encapuzada tropeçou e caiu bem diante dos dois homens. Derek tratou de ajudar a mulher a se levantar, se surpreendendo quando viu quem era.
- Laura? – questionou Derek, surpreso.
- Derek? – indagou a mulher, animada.
- o-o que faz aqui? – perguntou o moreno e logo a irmã mais velha olhou para Stiles.
- eu estava indo para casa. Então é aqui que você trabalha, agora? – respondeu a mulher enquanto se erguia.
- s-sim – Derek estava nervoso. Se a sua irmã descobrisse sobre Stiles, ela iria surtar.
- você é colega de trabalho do Derek? – questionou a morena mais velha vendo o castanho, parado, lhe fitando com um olhar de surpresa.
- ah... S-sim – respondeu Stiles, nervoso.
- já está na hora de ir, Laura – ditou Derek nervoso com a aproximação da irmã com o assassino do seu pai.
- calma, cara. Deixa eu pelo menos me apresentar para... – Laura travou quando olhou para Stiles mais uma vez.
Derek achava que ela havia reconhecido o rosto do castanho, já que ela era maior do que ele na época do julgamento do responsável pela morte do seu pai. Mal sabia ele que Laura não fazia ideia de quem Stiles era, pelo rosto, mas os olhos dela estavam vidrados nos brincos de naipes de baralho que ornamentavam os lóbulos do homem de cabelos castanhos.
- você...
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Death Wonderland - Livro 1
FanfictionA segurança nacional está em crise. O FBI já não está mais dando conta de tantos casos. O sistema carcerário está em crise, a criminalidade apenas cresce no país, e apenas mais casos aparecem, enquanto que o número de casos resolvidos diminui. Deses...