Gone

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- Peter – chamou Stiles e logo o louro se aproximou da mesa, olhando para o monitor e franzindo o cenho para o que via exibido na tela do mesmo.

Peter não fazia ideia de como Stiles havia feito aquilo. Ele se quer sabia que o castanho que cresceu dentro de um cubo a prova de balas possuía algum conhecimento avançado de informática. No monitor, era exibida a imagem de Lydia, que até agora não havia notado que o seu notebook particular havia sido hackeado.

- o que... – o homem fora calado pelo castanho quando o mesmo ergueu uma carta de tarô em sua direção.

Era uma carta grande, diferente das cartas comuns de baralho, mas de tamanho comum nas cartas de tarô. O fundo escuro estava voltado para Stiles, enquanto a parte com o desenho de um homem usando coroa e cetro sendo reverenciado por dois homens estava voltada para o louro e o moreno de queixo torto. O agente McCall não tinha nenhum conhecimento de tarô, muito menos conseguia ler as palavras estranhas escritas na carta. Já Peter... o homem conseguia muito bem ler o latim escrito na carta e sabia muito bem que Stiles queria fazer ele pensar.

- O imperador... – o louro leu as palavras em voz alta e só então Lydia notou estar sendo hackeada.

Ela estava tão focada em rastrear o computador usado para criar o site, que se quer notou o alerta do sistema que avisava que ela estava sendo invadida. A ruiva ignorou o rastreamento para se focar em defender o seu computador.

- estou sendo invadida – alertou enquanto começava a isolar, estranhamente, com facilidade o seu laptop.

- é o Stiles – informou Scott e a ruiva olhou para o castanho com desconfiança.

- por que diabos me hackeou? – indagou a ruiva vendo o castanho lhe ignorar para se focar em Peter.

- controle – murmurou o louro de cabelos penteados para trás chamando a atenção do grupo.

- controle? – questionou Derek, confuso, enquanto via Stiles guardar a carta do tarô.

- ele tem um jeito estranho de falar – comentou o delegado e Isaac sorriu.

- ele gosta de fazer a gente pensar. Ele diz que perde a graça se ele tiver que explicar as pistas sem nos deixar tentar primeiro – falou o Lahey, ainda encolhido.

- ele gosta de ensinar o jeito de pensar dos assassinos para quem ainda não entende muito – completou Vernon vendo Peter pegar os arquivos preparados por Lydia e passando todas as páginas, se focando apenas nas que tinham fotos das cenas de suicídio.

- é claro! Todas as cenas de suicídio tinham uma câmera. Ele gosta de estar no controle! - afirmou o Tate se aproximando do quadro e escrevendo “Webcam” no mesmo, deixando a maioria pensativa.

- espera. De onde você tirou essa ideia do controle? – questionou Vernon, confuso.

- O Imperador. No Tarô, ele é um símbolo para quatro significados: masculinidade, estabilidade, sexualidade masculina, e por último, controle. O imperador significa controle – respondeu Peter vendo Alice menear positivamente.

- olha, eu até entendo a estabilidade e controle, tudo a ver com imperador e tals, mas masculinidade? Que machista! – exclamou Erica, indignada.

- o tarô não é algo recente, Erica. É muito antigo, e suas cartas podem não ser símbolos apenas de uma coisa. Ele pode significar masculinidade, estabilidade ou sexualidade, como também pode simbolizar as três de uma única vez. Não quer dizer que o homem seja superior a mulher – explicou Peter enquanto removia as fotos dos arquivos em que mostravam que as câmeras estavam apontadas na direção dos corpos.

- ele hackeia os computadores quando as pessoas vão fazer o desafio! – exclamou Allison assim que se lembrou de Stiles questionando para onde a câmera apontava no quarto da única vitima da cidade.

- como é? – questionou Isaac, perdido.

- o ponto fraco que todos os Serial Killers têm em comum – murmurou Derek, pensativo.

- faz sentido. Todo serial killer gosta de ver a coisa acontecer. Só de saber que foi você que matou não lhe satisfaz o suficiente. Você tem que ver acontecer. Tem que presenciar a dor, a vida se esvaindo, ver o último suspiro. Esse cara hackeia os computadores das vítimas para fazer isso acontecer, para ver elas sofrendo e para ver a morte delas – explicou Erica vendo o louro de cachos tomar uma expressão pensativa.

- mas como, exatamente, ele sabe qual pessoa vai fazer o desafio da morte e como ele consegue hackear o computador a tempo de pegar tudo? Porque eu duvido que ele se contente em pegar o conteúdo pela metade – perguntou o Lahey, surpreendendo alguns com a sua pergunta.

- eles estão realmente aprendendo uns com os outros – falou Allison para Derek, que encarava Isaac se concentrar em Vernon enquanto o mesmo acrescentava mais questionamentos e argumentos à duvida do louro de cachos.

- eu não sei. Não consegui adentrar o site como administradora para poder analisar a sua estrutura. Não sei como ele funciona, ainda – respondeu Lydia, enquanto dedilhava rapidamente sobre o teclado do notebook.

- quanto tempo vai levar? – questionou Scott vendo a ruiva negar com a cabeça.

- eu não sei. O filho da mãe é mais esperto do que eu pensei. A defesa dele é muito boa! – exclamou a ruiva vendo quão preparado para uma invasão aquele website parecia.

Ela não se lembrava de ter tido toda aquela dificuldade para rastrear a origem do mesmo. Parecia até que o site havia sido turbinado para uma nova invasão desde que ela fez a última para encontrar a localização da origem do site. Parecia até que o criminoso por trás dele sabia que estava sendo caçado por eles.

- então ele é bom. Se possível, eu gostaria que reunissem mais informações sobre o estilo de agir dele. Vejam se encontram mais alguma ligação entre as vítimas do que apenas câmeras e esse jogo ridículo – disse Peter vendo todos menearem positivamente.

- peguem os nomes das vítimas, seus endereços e vasculhem suas redes sociais. Elas devem ter mais alguma coisa em comum. Só temos que encontrar – disse o louro vendo a equipe assentir mais uma vez.

- vocês quatro, analisem os arquivos preparados por Lydia. Scott, Allison, Peter e eu vamos vasculhar as redes sociais deles – ditou Derek e, no mesmo instante os quatro detentos passaram a dividir os arquivos.

- avise a sua equipe que é de crucial importância que nenhuma dessas informações saia daqui – falou Scott vendo o delegado menear positivamente.

- certo – ditou o homem já se retirando da sala e seguindo para o centro do outro ambiente, chamando a atenção de todos.

- não quero saber se é o espírito do Hallowen ou só mais um idiota se escondendo atrás de uma máscara digital, está aprontando no domínio errado – murmurou a ruiva ao ver que a sua tentativa de invasão havia sido interrompida.













- agente McCall falando – Rafael atendeu o celular enquanto saia de casa para o trabalho.

- é o Chris. Encontraram mais um corpo – disse o Argent, do outro lado da linha, fazendo o moreno parar na escada de acesso à entrada de sua casa e suspirar.

Aquilo já estava indo longe demais. Ele já havia perdido a conta de quantos corpos foram encontrados daquela forma. O homem já estava ficando preocupado de ser um novo Alice que ele estava perseguindo. A revelação de Stiles como o serial killer por trás de mortes tão macabras foi um choque para todo o FBI. Vários agentes de todo o país se dirigiram para Quântico para poderem ver o assassino mais procurado do país por anos.

Quase todos se viram indignados quando, ao chegarem na área de observação da sala de interrogatório, encontraram uma criança quase em sua adolescência, algemada a mesa enquanto sustentava um olhar perdido na direção da mesma. Rafael não pôde os julgar, na época, pois ele mesmo havia sentido aquela mesma indignação quando o agente Hale havia informado a verdadeira identidade de Alice.

Era impossível de se acreditar que aquele ser de estatura pequena e olhos brilhantes algemado na mesa de metal poderia ser o causador de tanto medo e o portador de tanta crueldade. O máximo que alguém daquela idade deveria poder fazer era jogar um carrinho na cabeça de um adulto. Mas Alice havia mostrado ao mundo a crueldade que uma criança poderia carregar e o que uma criança extremamente cruel poderia fazer.

A probabilidade de existir outra criança igualmente cruel não era inexistente, não era zero, era apenas pequena. E o fato de ela ser pequena, significava que, mais cedo ou mais tarde, outra Alice iria surgir e isso preocupava o homem profundamente.

Ao entrar no próprio carro, Rafael notou uma mulher estranha na esquina do quarteirão, olhando muito para o seu carro. Ele morava naquele bairro há anos e nunca havia visto aquela moça. Não havia recebido informação de morador novo na rua. Mas o que realmente lhe incomodava era a seriedade da mulher em olhar para o seu carro. Lentamente, o agente saiu do carro e se dirigiu para casa, tentando transparecer a naturalidade de quem esquece algo em casa e precisa voltar para a mesma. Ele adentrou a casa já ligando para Chris.

- o que houve? – questionou o Argent, estranhando a ligação do parceiro, sendo que mal haviam acabado de se falar.

- estão monitorando o meu carro – ditou Rafael fechando a porta de sua casa e, discretamente, verificando o lado de fora pela janela.

- é o quê? – questionou Chris, preocupado.

- estão monitorando o meu carro, Chris. Tem uma mulher estranha na esquina, olhando fixamente para o meu carro. Eu vou chamar o esquadrão antibombas para dar uma olhada nele – disse o McCall enquanto se dirigia até a própria mulher e sinalizava para a mesma tomar cuidado.

- o que houve? – questionou Melissa, em um sussurro.

- estão vigiando o meu carro – respondeu também em sussurro, vendo a mulher tomar uma expressão preocupada no rosto.

- eu vou avisar ao Deaton – falou o Argent e Rafael concordou, enquanto fazia a sua busca pela própria casa.

- e Rafael... Tome cuidado – ditou Chris antes de encerrar a chamada.

A campainha tocou e o moreno de olhos castanhos escuros olhou para a entrada da casa, preocupado. O agente McCall se dirigiu para a porta com cautela, já com sua arma na mão. Todo cuidado era pouco quando se era um agente federal. O homem chegou ao corredor, se colocando atrás da parede da porta com cuidado. Ele não queria ser descoberto antes de poder ver quem era. Ao olhar pelo olho mágico, o homem não viu nada ali, o que o deixou confuso.

Indeciso se abria a porta ou não, Rafael suspirou, se colocando de costas para a parede. Ele precisava abrir aquela porta, para verificar se realmente não havia ninguém ali. Respirando fundo e tratando de ser extremamente cauteloso, o agente se esgueirou para abrir a porta. Nada ocorreu. Ele esperava que alguém saltasse para o interior de sua casa, armado, mas não obteve nada do que esperava. Ainda com cautela, Rafael se dirigiu para o lado de fora. Ele vasculhou a varanda de sua casa, antes de, atentamente, olhar ao redor. Nada. Nem mesmo a estranha mulher estava por perto. Aquilo era estranhamente intrigante.

- RAFAEL! – o grito de sua esposa despertou o homem de seus devaneios.

O moreno de olhos castanhos correu, desesperadamente, para o interior de sua casa, subindo as escadas a passos rápidos e desesperados. Ele chegou ao próprio quarto, vendo a esposa segurando um taco de baseball com força enquanto olhava para algo no banheiro com pavor.

- o que houve? Você está bem? - questionou o agente McCall, analisando bem a mulher.

Melissa nada respondeu, apenas apontou para o banheiro do quarto do casal, cuja porta estava quase fechada. Rafael, irritado, tratou de preparar o dedo no gatilho e, cuidadosamente, empurrou a porta do banheiro, a abrindo. Ele não estava preparado para aquilo. Em um minuto ele estava cheio de fúria por estarem mexendo com a sua mulher, mas, assim que viu o estado do banheiro, a fúria se tornou receio, a sua coragem se tornou medo e a garganta secou como se não visse água havia dias.

O banheiro que, até poucos minutos, quando ele escovava os dentes, era branco com detalhes azuis, agora tinha os azulejos cobertos de vermelho. O banheiro estava pintado com respingos vermelhos e marcas de mãos nas paredes e teto, assim como havia poças vermelhas no chão. Abrindo a cortina da banheira, o homem se viu com mais medo ainda quando encontrou um manequim com uma peruca morena, com cachos iguais aos que Melissa usava no cabelo. A banheira estava cheia com líquido da cor de sangue e o manequim possuía um corte grande na garganta.

- não... – murmurou enquanto erguia o olhar, sendo atraído pela única coisa que não tinha tom de sangue naquele banheiro.

Desenhada com glitter azul, havia uma borboleta muito bem feita na parede a sua frente. Mas ela não era a única coisa azul ali. Escritas com letras garrafais haviam duas palavras também feitas com glitter azul.

“Fique longe”

Era o que dizia o recado na parede do seu banheiro. Instantaneamente, o homem olhou para a esposa, vendo a mesma respirar profundamente, tentando acalmar a si mesma. Rafael passou as mãos nos cabelos, tentando acalmar a ele mesmo. O homem precisava dar conforto para a própria esposa. Abaixando a própria arma e retirando o dedo do gatilho, o moreno saiu do banheiro, fechando a porta do mesmo e se aproximou da mulher.

- vai ficar tudo bem – murmurou enquanto abraçava a mesma.

- eu sei, meu amor. Eu sei. – falou Melissa após abraçar o marido brevemente.

- eu não vou deixar nada acontecer com você – ditou o homem e logo as mãos de Melissa se fixaram em seu rosto, fazendo um carinho leve ali.

- eu não estaria casada com você se eu não soubesse disso. Agora chame o seu pessoal para que eles examinem tudo e eu possa lavar esse banheiro – foi tudo o que a mulher disse antes de dar as costas para seguir para a área de serviços, onde prepararia tudo o que usaria para lavar o banheiro.

- E PEGUE O FILHO DA MÃE QUE SUJOU O BANHEIRO QUE EU LAVEI ONTEM! – gritou Melissa das escadas fazenda o marido rir brevemente.

- eles sabem – murmurou Rafael enquanto olhava novamente para a porta fechada do banheiro.













- há quantos dias você não dorme? – questionou Peter vendo Stiles embaralhar cartas.

O rapaz movia as cartas em sua mão com velocidade e precisam há quase duas horas, sem parar. Stiles estava mudo desde que havia lhe chamado para ver o computador do delegado. O castanho não pronunciava uma palavra há quase doze horas, o que era um recorde surpreendente, considerando todos os momentos do mesmo desde que a divisão fora criada. Aquilo já estava preocupando Peter, que cansou de esperar alguma coisa do assassino. No entanto, tudo o que Stiles fez para responder a sua pergunta, foi erguer uma carta de Paus com o número dez.

- dez dias?! – exclamou Isaac, surpreso.

- você sabe que precisa dormir – repreendeu Peter vendo o castanho sorrir irônico, enquanto erguia uma sobrancelha em sua direção, lhe surpreendendo.

- Sti, você sabe que o seu humor muda muito quando você perde muitas noites de sono – alertou Peter vendo o castanho se concentrar nas cartas.

- ele não parece se importar muito – ditou Scott vendo o castanho lhe fitar pelo canto dos olhos e sorrir divertido.

- vocês podem calar a boca? – pediu Lydia, irritada.

Stiles se ergueu, enquanto permanecia a embaralhar as cartas em suas mãos, e começou a caminhar na direção da porta, chamando a atenção de todos.

- para onde vai? – questionou Peter vendo o castanho abrir a porta com uma das mãos, enquanto permanecia a embaralhar com a outra.

- matar... O meu tédio – respondeu o castanho, surpreendendo a todos não só por finalmente falar, como também pelas palavras escolhidas por si.

- mas não vai mesmo! – exclamou Scott, mas, Stiles lhe ignorou prontamente, tratando de bater a porta com certa força.

- eu acho que a sua irmã quebrou ele – disse Isaac olhando para Derek, que estreitou o olhar em sua direção, em um “calado!” mudo.

- eu tenho certeza – ditou Erica deitada no chão, despojadamente, ignorando o olhar repreendedor de Derek.

- tenho que concordar – falou Vernon vendo o Hale praticamente rosnar para si.

- o quê? Vai dizer que ele era rebelde assim antes de sua irmã foder com tudo naquela noite? – questionou o Boyd vendo o moreno de olhos verdes descruzar os braços, irritado.

- cale a boca se não quiser voltar para a cadeia – rosnou o moreno de olhos verdes, saindo da sala irritado.

- Nossa! Tão profissional! – ironizou Isaac e Erica gargalhou.

- cheguei a me sentir inútil, por um momento! Mas aí me lembrei que eles não pegariam ninguém se não fosse pela nossa participação e vi quem realmente é substituível, aqui – ditou a loura de cabelos cacheados e Isaac gargalhou.

- eu nunca tinha pensado desse jeito! Gostei! – exclamou o Lahey e a loura apenas deu de ombros.

- Alice está certo quando diz que os policiais perdem a cabeça com uma arma na mão – ditou Vernon cruzando os braços e voltando a ler o arquivo que estava cobre a mesa do delegado, a sua frente.

- com você e ele não foi muito diferente, não foi? – questionou Lydia, irritada, antes de perceber o que havia dito.

Ao erguer o olhar para o prisioneiro, a mulher notou o olhar de todos sobre si. Scott estava sorrindo curioso, enquanto o resto lançava olhares questionadores. A ruiva tinha o costume de falar sem pensar quando se encontrava frustrada, como agora. A ruiva se viu envergonhada pelo que havia dito e abriu a boca algumas vezes, pensando em um modo de concertar aquilo.

- e-eu não quis dizer...

- não perca o seu tempo tentando camuflar os preconceitos que tem sobre cada um de nós. Apenas se concentre em achar o nosso alvo que é melhor – ditou o homem de cabelos raspados antes de fechar os arquivos e sair da sala, calmamente.

- gente, eu não quis dizer isso – argumentou a ruiva olhando para o resto da equipe.

- pensar não é tão diferente assim, sabia? – Erica rebateu a ruiva, enquanto olhava a mesma com indignação.

- gente! Eu não quis dizer isso. Mas também eu não estou tão errada. Eu só disse a verdade! – exclamou a ruiva tentando mostrar o seu ponto de vista

- eu não ouvi isso! – exclamou Erica enquanto se erguia.

- eu realmente não ouvi isso! – a loura voltou a exclamar, irritada, ao mesmo tempo em que saia furiosa da sala.

- Lydia, isso foi bem... Pesado – comentou Allison vendo a ruiva ficar indignada.

- mas...

- vocês dois são minha última esperança de que exista algum policial que não seja egocêntrico. Pelo amor de Deus, não me decepcionem – ditou Isaac olhando fixamente para Peter e Allison, antes de tentar sair da sala, calmamente.

- gente, eu não fui egocêntrica! Eu só rebati um argumento ridículo – exclamou Lydia, indignada.

- primeiro passo para ser um egocêntrico: negue que é um e argumente sobre isso. – ditou Isaac antes de fechar a porta.

- eu não fui egocêntrica, caramba! – exclamou a Martin vendo dois dos três agentes que restaram na sala suspirarem e nada falarem.

Enquanto isso, do lado de fora, Derek apertava o passo para seguir Stiles em meio a neve. O moreno de olhos verdes olhava para as costas do castanho com um olhar questionador. Stiles andava em meio a aquele frio com uma velocidade surpreendente para alguém que havia esquecido o casaco de neve na delegacia. O Hale carregava o casaco do outro em uma mão, enquanto a outra verificava se ele estava com a arma em sua cintura.

- STILES! – gritou Derek tentando fazer o castanho lhe esperar.

No entanto, Stiles não pareceu ouvir, ou pelo menos não se importou em dar ouvidos. O castanho, usando apenas o seu casaco comum de capuz, continuava a andar por entre a neve sem problema algum, ainda embaralhando o seu maldito baralho. Ele não parecia sentir frio, diferente de quase todas as pessoas da cidade, que olhavam para ele com surpresa no olhar. Derek ainda tentou correr atrás do castanho um pouco mais rápido, mas Stiles atravessou a rua no último instante, fazendo Derek ter que esperar que os carros passassem.

- QUE PORRA! – exclamou o moreno, olhando apreensivo para o outro lado .

Para a surpresa do agente Hale, Alice estava parado do outro lado da rua, sorrindo para si com um sorriso largo de mostrar todos os dentes. Um sorriso que Derek nunca havia visto em outro rosto antes. O castanho exibiu o baralho para o moreno de olhos verdes e falou algo para o mesmo. Graças ao seu treinamento na academia, Derek conseguiu ler os lábios do castanho sem problemas.

- me pegue se puder –

Stiles deu as costas, começando a caminhar lentamente na direção de um bosque que havia ali perto. Derek se viu apreensivo a medida que via o castanho se afastar. Assim que ele pôde, atravessou a rua o mais rápido que conseguiu, tratando de seguir a mesma direção de Stiles. A medida que corria, ele podia ouvir o som dos carros diminuir até não existir mais nada além do som do silêncio e dos seus gritos desesperados pelo castanho. Ele não poderia permitir que Stiles fugisse, pois aquela era ocasião perfeita para o castanho tentar.

- STILES! – Derek gritou mais uma vez e logo avistou o castanho, de costas para si, ao lado de uma árvore grande.

Uma risada alcançou os ouvidos de Derek e logo o castanho correu para o lado, passando por detrás da árvore. O agente voltou a correr, mas parou assim que notou que o castanho não saiu pelo outro lado. Stiles correu para a árvore com velocidade, mas não apareceu do outro lado da mesma. Desesperado, Derek correu até a árvore, e se assustou assim que notou que não havia nada atrás da mesma.

- mas onde porra...

- aqui! – exclamou Stiles, cortando Derek, e logo a sua mão surgiu de trás de outra árvore.

- Stiles, deixe de ser ridículo e venha já aqui! – ordenou o Hale seguindo a mão do castanho, mas a mesma retornou para detrás da árvore e Derek voltou a se ver surpreso quando não encontrou nada atrás da mesma.

- vamos, Derek. Mais animação. Você está muito devagar – disse o Stilinski antes de sair de trás de outra árvore e correr em uma direção qualquer, sempre sem mostrar o rosto para o Hale.

- STILES! – repreendeu Derek começando a seguir o castanho.

- pelo visto, você era horrível de esconde-esconde em sua infância – ditou Stiles e Derek se viu irritado.

- eu odiava esconde-esconde – rosnou Derek antes de saltar e tentar agarrar o castanho, pelas costas, mas o mesmo desviou de si, fazendo o moreno cair no chão, e voltou a se esconder atrás de uma árvore enquanto gargalhava.

- e por que acha que eu escolhi brincar disso com você? – indagou Alice e Derek nem se deu ao trabalho de ir olhar atrás da árvore, ele apenas se preparou para quando o castanho saísse de trás de outra árvore, ele não sabia como Stiles estava fazendo aquilo.

- por que está fazendo isso? – questionou o Hale atento a tudo ao seu redor.

Para a surpresa de Derek, Stiles não apareceu mais, no entanto, não deixou de demonstrar que estava ali. O moreno se viu surpreso quando um às de copas passou voando, girando, diante do seu rosto, fazendo a curva diante as ponta do seu nariz e desaparecendo atrás de uma árvore. Derek olhou na direção de onde viera a carta, esperando que Stiles se manifestasse dali. Outra carta passou voando, desta vez vindo de suas costas.

Assim se seguiu os próximos cinco minutos, Stiles lançando cartas e Derek se perdendo em todas das direções de onde elas vinham. O moreno girava e girava, tentando localizar o castanho atrás de todas aquelas árvores, mas Stiles parecia estar invisível, pois ele se quer o via se mexer atrás das árvores. Até que, de repente, nada mais foi lançado.

- você é péssimo nesse jogo – ditou Stiles ainda escondido.

- o seu pai era bem melhor – falou o castanho deixando Derek furioso.

- cale a boca! – repreendeu Derek e logo Stiles saiu de trás de uma árvore, correndo na direção de outra.

- ah, era tão bom verno quanto ele e Peter se esforçam para me pegar. Se esforçavam mesmo. Eles davam o sangue para tentar me pegar, mas conseguiam avançar tão pouco. Enquanto eles dois avançavam bem devagarinho, o resto do FBI parecia um bando de baratas tontas. Andando para qualquer lado, achando que vão encontrar a saída do jardim de copas. – dizia o castanho, sorrindo em deleite, ainda escondido atrás de uma árvore.

- você tem que melhorar – disse o castanho e Derek já estava irritado ao ponto de sacar a própria arma.

- calado! – repreendeu mais uma vez.

- se eu fugir, quem vai me pegar? – questionou o castanho, voltando a correr e Derek disparou, errando por pouco. Alice sentiu, perfeitamente, quando a bala passou ao lado de sua coxa, derretendo a sua calça e esquentando a sua pele.

- sabe, é preciso dois agentes muito bons para me pegarem. Peter ainda dá para o gasto, mas o seu pai não está mais aqui para brincar comigo sendo a dupla do Peter – ditou o assassino correndo mais uma vez e Derek disparou, vendo quando a bala acertou a terra atrás da perna do castanho assim que o mesmo havia passado.

- LAVE A SUA BOCA PARA FALAR DO MEU PAI! – ordenou o Hale, furioso, antes de começar a procurar pelo castanho.

- você tem que substituir o seu pai, Wolffie – falou o assassino correndo mais uma vez, e desta vez Derek disparou duas vezes, errando quando Stiles deu um mortal antes de o moreno disparar a segunda bala.

Para a surpresa de Derek, Stiles lançou uma carta em sua direção, em meio ao mortal, fazendo a mesma acertar o seu rosto, lhe forçando a piscar duas vezes e coçar o rosto rapidamente. Foi tempo o suficiente para o castanho lhe alcançar, chutando a sua mão, fazendo a sua arma voar longe. Stiles tentou socar o Hale, mas o mesmo se abaixou, tentando acertar um gancho no castanho, mas o mesmo deu um mortal para trás, desviando.

- Scott não têm a sua determinação em me prender, muito menos cérebro para isso – ditou o castanho avançando e tentando acertar o calcanhar no queixo do moreno, ao girar no próprio eixo, mas o outro bloqueou o golpe.

- desgraçado – rosnou o Hale tentando segurar a perna do assassino, mas o mesmo aproveitou o agarre na sua perna e se impulsionou, usando o pé livre para chutar o rosto do moreno, que soltou a perna do outro para bloquear o chute cruzando os braços na frente do rosto.

Foi nesse momento em que Stiles lhe acertou um chute na boca do estômago, gargalhando.

- Allison é melhor com as armas do que você, mas é muito sentimental, mesmo com a determinação que tem. Lydia até poderia me achar, mas me pegar? Nem fodendo. – disse o castanho, gesticulando calmamente antes de Derek se aproximar, furioso e tentar lhe acertar um soco no rosto, mas o Stilinsk passou por debaixo do braço do mesmo e girou, tentando uma cotovelada no rosto do homem atrás de si.

O castanho fora surpreendido quando o cotovelo do Hale acertou o seu rosto ao mesmo tempo em que o seu cotovelo acertava o dele. Os dois giraram para lados contrários, com a mão no rosto. Derek furioso e Stiles sorrindo divertido. Os dois se olharam antes de avançarem um contra o outro. Stiles tentou um soco, mas Derek segurou o seu pulso e o puxou para si e lhe agarrou o pescoço com o outro braço, fazendo as suas costas grudarem no peito do agente. Stiles sorriu largo com o aperto em seu pescoço.

- pelo menos você é melhor de briga do que o seu pai – disse o castanho e Derek se viu mais furioso ainda.

O ódio queimava nas veias do moreno de olhos verdes, que apertou ainda mais o abraço no pescoço do Stilinski, enquanto torcia um dos braços do mesmo. Derek chegava a respirar pesadamente de tanta raiva que sentia. Ele aproximou os lábios da orelha do castanho para falar com o mesmo com mais raiva ainda, enquanto se concentrava em enforcar o mesmo com força.

- já disse para lavar a boca antes de falar do meu pai – rosnou o moreno não podendo ver o sorriso do castanho se tornar ladino.

- ainda assim, não é grande coisa – ditou Stiles antes de erguer a perna esquerda em um ângulo de 180 graus, fazendo o seu joelho acertar o rosto do Hale, que acabou lhe soltando. No mesmo instante, Stiles se abaixou e girou rapidamente, acertando o pé nas costas do joelho do agente, o derrubando no chão.

- você não é como ele – suspirou o assassino, um tanto desanimado, enquanto Derek se erguia rapidamente. O Hale começou a avançar no castanho, tentando o agarrar pela cintura e o erguer do chão, mas o mesmo lhe chutou o rosto com facilidade, lhe fazendo cair para o lado.

- eu pensei que talvez, por ter o mesmo sangue, você seria o suficiente. Mas eu me enganei. Talvez eu tenha que usar todos vocês para substituir o seu pai – disse o castanho antes de se esconder atrás de uma árvore mais uma vez.

- você não é o suficiente para deixar o jogo excitante... Você tem que melhorar antes de brincar comigo – disse Alice enquanto o moreno se erguia.

- APAREÇA! – rosnou Derek enquanto erguia os punhos antes de cuspir no chão o sangue que havia em sua boca.

No entanto, nada ocorreu. Nada de risadas, nem cartas voando, muito menos Alice correndo ao seu redor. Demorou alguns bons minutos para que Derek percebesse o que havia ocorrido. Stiles já não estava mais ali. Ele já não estava mais interessado em brincar consigo. Não estava interessado em permanecer ali.

Ele havia ido embora.

Death Wonderland - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora