capítulo 100

1.5K 116 12
                                    

Victor narrando

Entrando no Royale , vejo logo de início minha irmã. Parecia preocupada , seu rosto não estava um dos melhores.

Carol: ainda bem que chegou! não suporto esses seus amigos de meia idade. -- ri enquanto lhe abraçava.
Carol: está febril? bebeu logo antes de vir? nunca me abraçou!
Victor: muito engraçada você , logo te encontro de novo.

Não sei o que se passou na minha cabeça para a abraçar , em casa , estava agradecendo por estar cuidando do nosso empreendimento e nos deixando à vontade em casa.
Conferi se estava tudo como deveria , tanto da parte dos lucros e das bebidas. Sentei em minha sala checando se havia algum papel diferente sobre ela. E tinha.

Era uma folha de papel bem amassada , a letra praticamente é um rabisco. "estou mais próximo que você imagina." Meu coração apertou ao chegar no final da frase , não há assinatura nem algo do tipo, porém é muito fácil descobrir quem seja.
Na sétima câmera encontro Gabriel, com seus olhos fixos diante das mesas de apostas , dou um toque em seu telefone dizendo para vir.

Victor: leia isso. -- indico o papel.

Atentamente aprecia cada letra do papel , o remetente é um ser óbvio. Mas o mais incrível , como isso veio parar em minha mesa?

Começamos a discutir sobre , gerando várias teorias e planos contra o homem. Não sou de confessar porém, estou ficando apreensivo e até com um pouco de medo. Não sabemos o que está por vir , não sabemos como será meu dia de amanhã sabendo que estou sendo constantemente vigiado.

Ainda não tive outra oportunidade para conversar pessoalmente com Arthur , e nesse momento que precisava , não o vejo pelas câmeras.

Ao acabar de enviar uma mensagem para Arthur , surge um número desconhecido digitando a sua 3° mensagem. Entro na conversa e encontro:
ー Victor?!
ー É a irmã da Babi , estou com o celular dela.
ー ela precisa de você , precisa muito!

A primeira coisa que me passou pela cabeça foi Bárbara ter sido vítima de algum plano do Howard, acredito ter descoberto que ela passou o final de semana comigo. A todo vapor , minha mente trabalha inventando milhares de paranóias em relação o porquê que ela precisa tanto de mim.

ー Aconteceu algo grave? -- respondo.
ー digamos que sim. Ela não sabe que estou com o celular dela , peço por favor para vir aqui.

Novamente avisei sobre minha saída para Carolina , desta vez apenas ela foi avisada.

Dirigi apreensivo o caminho todo até sua casa , estacionei três casas depois a pedido de sua irmã.
A porta se abriu lentamente, pude identificar apenas um fio de luz no andar de cima , penso ser o quarto da garota. Sua irmã me aconselhou a não fazer barulho até chegar a frente de uma porta branca , é muito perigoso seus pais me verem aqui.

Bárbara estava perdida ao meio de tantas cobertas e roupas , seu rosto vermelho sendo oprimido pelo travesseiro.

Babi: vic-tor...O que está fazendo aqui?! -- levantou apressada empurrando meu corpo e de sua irmã para dentro do quarto. Depois trancou a porta.
Victor: o que aconteceu com você? sua irmã disse que...
Babi: Mariela, eu disse que ele não tem nada a ver com isso. Victor , desculpe ocupar seu tempo vindo aqui , pode voltar aos seus afazeres. -- sem retirar a mão da manga do moletom , empurra levemente meu ombro em direção a porta.

Victor: Bárbara, eu vim aqui , agora quero saber o motivo de precisar tanto de mim. -- seu olhar baixou para o chão , ela certamente precisa de mim para algo.

Mariela: se quiserem , posso me retirar.
Babi: é rápido , logo você pode voltar.

Se ajeitou próximo ao meio da cama para contar o que estava acontecendo , retirei as chaves do carro de meu bolso e sentei próximo a ela , na beirada da cama.

Babi: não vamos nos ver aos finais de semana , talvez nem nunca mais.
Victor: por que?! desculpa se eu te machuquei ou te magoei , mas esse é o meu jeito e.... -- seu indicador tocou meus dois lábios , praticamente me dizendo para parar de falar.
Babi: meu namorado viu a gente se beijando. Na verdade ex-namorado. Acabou surtando no meio da rua e para ajudar , meus pais chegaram e ficaram sabendo de tudo. Você é um cara fácil de reconhecer , soube que era dono do Royale e ligou ao fato de eu frequentar.

Victor: mas seus pais não te entendem? sabem que vocês passam por necessidades.
Babi: nunca tive um bom entendimento com meus pais. Meu pai me ameaçou e não confiam mais em mim quando saio , por isso não vou sair mais de meu quarto durante os finais de semana. E também confiscou a chave do meu carro, sem contar que...-- acompanhei suas mãos que levantaram o moletom grosso , em seus braços e costelas haviam vários hematomas extremamente vermelhos. Acariciei as regiões com meus dedos , novamente ela passou por isso por culpa minha.

Victor: é culpa minha , novamente.
Babi: claro que não. Não é de hoje que esses surtos acontecem aqui em casa, sempre é por algum motivo fútil. Lembra da vez que ficamos juntos sozinhos no quarto da Carolina no hotel? aquelas manchas que eu tinha no braço eram justamente porque eu iria sair sem avisar. Não se sinta culpado, eu pedi para você me beijar mesmo sabendo que era arriscado , mas tá tudo bem. -- era inevitável não se preocupar com seu estado , estava chegando ao seu limite de segurar as lágrimas.

Babi: sei que não gosta de abraços, mas posso te abraçar? -- é claro que eu não iria negar. Repousou a cabeça em meu ombro aconchegando seus braços entorno do meu pescoço , segurei suas costas deixando o abraço mais apertado possível. Senti o cheiro fraco de sabonete ao meio do seu pescoço , não importa a situação que está esteja , sempre estará cheirando a esse cheio doce.

Senti minha camiseta umidecer na região do meu ombro, chorava baixinho.
A porta abriu novamente , espiei para ter certeza de que era sua irmã , depois aos poucos foi se soltando de mim.

Babi: viu? não tinha a necessidade de vir aqui. Mariela passou dos limites.
Mariela: é claro que não passei , queria que você saísse daqui apenas para se sentir melhor. Victor foi a primeira opção para eu mandar mensagem.
Victor: se quiser , posso te levar para minha casa ou para o hotel. Talvez não seja uma boa opção você sair , seu pai ficará ainda mais furioso quando não te achar.
Babi: por isso disse que não precisava que viesse , eu fico bem aqui.

Victor: tudo bem então. Quem sabe nos vemos novamente , a gente da um jeito. -- assente acenando para mim.

Victor: vou dar um jeito de tirar ela daqui , preciso de apenas algumas semanas. -- sussurro para sua irmã antes de sair completamente de sua casa. Ela sorriu aliviada.

Nunca foi sorteOnde histórias criam vida. Descubra agora