Capítulo 3

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- Nathália Narrando -

Depois do enterro eu fui pra casa com o Kauã e o Jean, minha cabeça estava explodindo e eu não fazia ideia de como ia dormir essa noite sem ele. Nesses quatro anos nós tínhamos uma parceria incrível, estávamos mais amigos do que nunca, parceiros da vida, relação de homem e mulher mesmo era raro, tínhamos nossos momentos e quando acontecia era incrível. Eu iria sentir muita falta dele.

- Cadê o Kauã? - Jean perguntou quando eu desci

- Dormiu - falei me sentando no sofá com ele - Você sabe que o Michel te amava, né? Tem noção disso?

- Sim, e eu amava aquele louco também - falou me olhando - Nós tivemos sorte, Nat, o Michel era um homem incrível

- Eu sei - falei e ele fez carinho na minha mão - Tenho uma coisa pra você

- O que? - perguntou curioso

- Faltam dois anos ainda pra você se formar, né? - falei e ele assentiu - Eu sei que a sua faculdade é pública mas você tem gasto com passagem e outros gastos da vida adulta como bancar a casa, e eu sei também que você perdeu o emprego há três meses. Depois do nosso acordo doido o Michel passou a ser aberto comigo e me contou que estava te ajudando

- Eu falei que não precisava mas ele insistiu muito, eu iria dar um jeito - falou e eu sabia que era a cara do Michel

- Nada demais ele te ajudar, vocês estavam juntos há quatro anos - falei olhando pra ele - Enfim, quem vive nessa vida sabe que o amanhã pode não chegar e tem que ser esperto, se garantir

- Sempre esperando pelo pior - falou baixo

- Prisão ou cadeia, não tem outra alternativa - falei colocando o cabelo atrás da orelha - Quando ele me contou que estava te ajudando eu não achei ruim, inclusive pedi pra ele te dar uma segurança e mesmo que ele deixasse pra depois eu faria, mas até que resolvemos isso bem rápido

- Como assim? - perguntou confuso

- O Michel sempre foi muito esperto, conforme ele foi subindo de cargo e o dinheiro aumentando ele começou a comprar casas e lojas aqui na favela e no asfalto - falei e ele arregalou os olhos surpreso - E estava tudo no meu nome mas alguns colocamos no nome do Kauã

- Tu é próspera hein - falou e ela pela primeira vez eu dei um sorriso sincero

- Você sempre agiu na pureza e percebemos isso, não era de pedir nada e estava na cara que você era completamente apaixonado por ele - falei dando uma pausa - Eu coloquei uma casa na Barra no seu nome, ela está alugada no momento

- Nathália - falou surpreso e eu peguei a pasta que eu tinha deixado no sofá

- Eu sei que a casa que você mora era dos seus pais e você ficou com ela quando eles morreram - falei e ele confirmou - Com o aluguel da casa você pode se manter e mais pra frente se for esperto comprar outra casa e alugar também

- Eu não posso aceitar - negou me olhando - Eu realmente amava ele e eu criei um amor por você e pelo Kauã, nada foi mal intencionado

- Isso é um sinal que nós te amamos e queremos você bem - falei sorrindo

- Tudo bem - falou e eu entreguei a pasta pra ele

- Os documentos da casa e o contrato do aluguel - falei explicando

- Eu posso continuar em contato com vocês? Eu me apeguei demais - falou me olhando

- Nem ouse sumir - falei abraçando ele

- Não vou - falou beijando meu rosto

No dia seguinte eu acordei com o Kauã me chamando, assim que eu levantei dei café da manhã pra ele e fui tomar um banho enquanto ele assistia desenho. Uma hora depois mais ou menos nós saímos de casa e eu fui deixar ele na minha sogra, ela queria distrair a cabeça e pediu pra deixar ele lá. O Rael tinha decretado luto na favela por três dias, tudo estava fechado e apenas algumas pessoas estavam pela rua. Depois que eu deixei o Kauã na vó dele eu fui atrás do Rael, perguntei pra um vapor e ele me disse aonde ele estava.

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora