Capítulo 106

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- Nathália Narrando -

Quando eu peguei o Kauã no treino já era no meio da tarde, eu tinha uma reunião com a Erika e estava um trânsito meio chatinha mas eu ainda estava dentro do horário.

- Uma mentira sempre é descoberta? - perguntou e eu parei o carro no sinal

- Na maioria das vezes sim - falei e ele ficou quieto - Por que?

- Nada não - falou baixo

- Fala logo - falei olhando de lado pra ele

- Adianta esconder? - perguntou bufando

- E desde quando você me esconde as coisas mesmo? - perguntei voltando a dirigir

- Nunca - coçou a cabeça - Os moleque lá da sala me chamaram pra ir em um lugar

- Que lugar? - perguntei sem olhar pra ele

- Um puteiro - falou direto e eu confesso que fiquei surpresa

- Um puteiro? - perguntei pra ter certeza que eu não tinha entendido errado

- O pai de um levou pra ele perder o cabaço - falou e eu neguei com a cabeça

- Não sei pra quê tanta pressa - falei e ele me olhou como se fosse óbvio - O que?

- Eu já vou fazer 15 anos, mãe - falou óbvio - Tá mais do que na hora deu perder logo

- Cada um tem o seu tempo - falei calma - Vai perder por pressão dos seus amigos? Sentido nenhum isso

- Eu quero - falou firme - Só que eu nunca tive a oportunidade, todas as meninas que eu fico ainda são virgens, aí fica cheia de coisa, é melhor não fazer nada

- Não é ficar cheia de coisa - neguei com a cabeça e estacionei o carro - Acontece que antes de perdermos e por tudo que ouvimos da sociedade achamos que tem que ser com alguém especial e tem quem fantasie com rosas e velas. Mas na prática não é assim e só descobrimos depois, tem quem se arrepende de ter feito e na grande maioria a primeira vez é péssima

- E tem que ser com alguém especial e com rosas e velas? - perguntou curioso

- A questão não é ter que ser - dei uma pausa - É como a pessoa imagina o momento e sobre a pessoa especial é pra se sentir confortável, coisa que não vai acontecer em um puteiro

- Mãe, você mesma disse que na maioria das vezes é péssimo - falou confuso

- Se com rosas, velas e alguém especial tem vezes que é ruim, imagina sendo com uma pessoa que você nunca viu na vida e você tem certeza que tá fingindo qualquer prazer - falei simples - Me diz a chance de isso ser bom

- Não sei - bufou saindo do carro - Isso me fez pensar em algo

- Em quê? - perguntei curiosa

- Acha que o meu pai me levaria? - perguntou e entramos na boutique

- Não - falei e ele riu fraco

- Não levaria ou você não iria deixar? - perguntou me olhando

- Ele não levaria e se ousasse cogitar essa possibilidade ele iria se arrepender - falei e ele soltou uma gargalhada

- Doida - falou ainda rindo - E eu posso ir?

- Não - falei séria

- Ta bom - falou e fomos pro escritório que tinha na boutique, eu teria uma reunião com a Erika e ele iria ficar lá me esperando

Depois da reunião nós fomos pro morro, a minha mãe iria se mudar e eu fiquei de ir pra ajudar arrumar as coisas dela e da Juliana. Comprei um lanche pra gente e fui o caminho inteiro ouvindo o Kauã me contar o que tinha rolado no treino.

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora