Capítulo 63

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- Cuíca Narrando -

Os dias foram passando e aos poucos estávamos conseguindo reunir tudo que precisávamos pra ter certeza que o Matheuzinho era o x-9, a Nat comprou outro chip pra Juliana e ele como não conseguia falar com ela começou a ir atrás da menina pela favela, a sorte foi o Dg ter colocado um vapor pra ficar na cola dele. Hoje fui pra casa da Nat e pedi uma pizza, o Kauã comeu dois pedaços e quis dormir.

- O carinha tá bolado? - perguntei já que eu tinha percebido ele bem quieto

- Tá sentindo falta do Rael - explicou - Ele quase não tá tendo tempo

- Ah, ele tá no comando do morro - falei e ela me olhou curiosa - O Dg foi viajar pra uma reunião com os pica do Comando

- Nem sabia - falou e bebeu um pouco de refrigerante

- Claro, você tá trancada em casa - falei e ela bufou

- Só acho melhor ficar assim, se eu ver esse garoto pela favela eu não sei nem o que eu faço - se referiu ao Matheuzinho

- Vamos resolver tudo, valentona - brinquei e ela me deu dedo - Acredita pô

- Você não entende - falou negando com a cabeça - A questão não é acreditar ou não

- Nat, eu - comecei a falar mas a mesma me interrompeu

- Deixa pra lá - falou mas eu não ia deixar quieto

- Tá com essa cara porquê? - perguntei olhando pra ela

- Tô com um pressentimento ruim - falou e comeu um pedaço da pizza

- Acho que você anda pensando muito no que eu te contei e fica assim - falei dando a minha opinião - É bobagem

- É sério, Éverton - falou me olhando - É como se alguma coisa ruim fosse rolar

- Você tá me assustando - falei e ela riu sem humor

- Não era bobagem? - debochou

- É, mas você fica falando essas coisas e eu fico pensativo - me defendi

- Vou parar então - sorriu de lado

- Ótimo - falei e ela se inclinou me dando um selinho mas o meu celular apitou

- Eles adivinham - falou rindo e eu peguei lendo a seguinte mensagem de um vapor "pegamos o x-9, vem pra boca"

- Eu preciso ir - me levantei rápido

- Tudo bem - falou me olhando - Se cuida

- Você também - falei saindo

Assim que eu cheguei na boca ouvi uns gritos vindo da salinha de tortura e o vapor me olhou rindo diabólico. Pro povo que é de fora do tráfico não entende o prazer que nós sentimos quando se trata de x-9.

- O Rael avisou que era pra pegar eles e trazer pra cá - falou me olhando - Ele tá vindo

- Já começaram os trabalhos? - falei e ele riu

- Só umas porradas - falou dando de ombros - Mas na outra menina ninguém quis encostar, vai deixar pro Rael resolver

- Outra menina? - perguntei confuso

- É, a gostosinha - falou e eu entrei na salinha na hora, eu sabia a forma que eles se referiam as garotas e assim que eu entrei vi a Juliana encolhida na parede com as mãos amarradas e chorando, o rosto dela estava vermelho e o lábio cortado. O Matheuzinho estava amarrado em uma cadeira com o rosto cheio de sangue e tinha uma menina amarrada perto dele com a boca sangrando

- Me tira daqui, Cuíca - implorou chorando

- Ei, calma - me aproximei e agachei perto dela

- Por que eu tô aqui? Eu não fiz nada - falou chorando desesperada

- Eu sei, calma - falei soltando a corda dos pulsos

- Qual foi, Cuíca? Tá soltando a mina? Ela é x-9 também - o vapor entrou na salinha

- O Rael vai te arrebentar, cuzão - falei e me levantei, tentei ajudar a Juliana a se levantar mas mesma estava se tremendo, peguei ela no colo e levei pra salinha do Dg

- Eu quero a minha mãe - falou com dificuldade - Chama a Gabi ou a Nat, por favor

- Calma, Ju - falei pegando o meu celular e liguei pro Rael, o choro dela era desesperador

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora