Capítulo 11

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- Nathália Narrando -

Eu saí da casa da minha mãe quando deu o horário do Kauã largar da escola, busquei o mesmo e fui pra casa. Assim que chegamos coloquei ele pra fazer dever e fiquei olhando algumas coisas que eu tinha comprado.

- Parece uma roda de bicicleta - Kauã falou assim que eu coloquei um brinco de argola pra experimentar

- Quem vai usar sou eu - falei simples e peguei um body preto que eu tinha comprado, como a casa estava fechada e eu não tinha essas frescuras com o Kauã tirei a roupa e experimentei ali mesmo

- Feio - falou me olhando mas eu sabia que ele estava falando só pra implicar, ele era igualzinho ao pai

- Feio é você - falei dando língua pra ele

- Mãe - falou incrédulo e eu ri trocando rapidamente de roupa

- Acabou? - perguntei apontando pro caderno e ele me mostrou, conferi tudo e estava certo - Vai tomar banho que eu vou fazer comida

- O que é a comida? - perguntou guardando o material

- Iria ser strogonoff com batata frita mas como resolver falar mal da minha roupa vai ser com batata palha mesmo - falei guardando as coisas que eu comprei

- Mentira - falou sem acreditar

- Verdade - imitei ele

- Eu sou muito bocudo - resmungou

- É sim - concordei rindo e ele subiu pro quarto, fui até a cozinha e comecei a preparar as coisas pro jantar

Quando eu ia começar a temperar as coisas a campainha tocou e eu fui atender, quando abri vi que era o Rael.

- Encontrei com a Gabi lá na praça e ela me disse da discussão - falou me seguindo até a cozinha

- Sabe a minha vontade? - perguntei pegando as coisas na geladeira

- Qual? - perguntou puxando uma cadeira e se sentando

- Deixar a Juliana quebrar a cara, sabe? Sentar e assistir ela se ferrar, deixar a vida ensinar - falei e comecei a cortar os temperos - Mas o quebrar a cara dela nessa situação pode ser grave demais

- Sabe o pior? Ela não tá saindo com nenhum cria, eles meio respeitam por causa do Michel e tal - falou dando uma pausa - Com os outros eu não posso fazer nada

- Até porque ela não é nenhuma criança mais, né? - falei colocando as coisas na panela - Mas não deixa de ser minha irmãzinha

- Te entendo, uma vontade de dar umas porradas mas é a menina que você viu nascer - falou e eu assenti

- Parece que ela não aprendeu nada em ver tudo que eu estou passando com o Kauã depois da morte do Michel - falei inconformada

- É emocionada demais - falou rindo fraco

- Vontade é de dar na cara dela até ela deixar de ser emocionada - falei e ele soltou uma gargalhada - Tô falando sério

- Pior que eu sei - falou rindo e encerramos o assunto quando o Kauã entrou na cozinha

- Dg Narrando -

Sextou e hoje estava tendo um pagode aqui no morro e eu decidi ir com os caras. Terminei de resolver umas os problemas de uma carga de armas. Joguei a bituca do cigarro na rua e quando eu voltei pra mesa que eu estavam tinham acabado de colocar mais um balde.

- Ih, vai dar caô - Cuíca negou com a cabeça

- O que? - perguntei confuso

- O Rael cheio de papinho com a mina ali e a mulher dele chegando - apontou com a cabeça

- Fudeu - neguei com a cabeça

- Me empresta o isqueiro ai, chefe - Novinho falou e eu entreguei pra ele

- Se liga que vai ter briga - Menor alertou

- Briga de quem? - Novinho perguntou

- Rael e a mulher dele - falei enchendo o meu copo - Vou logo dar o papo que não gosto dessas putaria no meu morro, se não sabe controlar mulher não tenha mais de uma

- Mulher do Rael? Que mulher? - Novinho perguntou confuso

- Aquela ali - Cuíca apontou pra menina do sorvete que conversava com uma outra mulher e não demorou pra ela ir na direção do Rael

- A Nat? Ela não é mulher dele não - falou rindo

- Comidinha então deve ser - Menor falou e eu concordei

- Respeita a patroa pô - Novinho falou sério - Isso lá é jeito de falar?

- Patroa? Tô amarrado e não sei? - perguntei debochando e bebi um pouco

- Ela é viúva do Michel - falou se referindo ao antigo dono

- Viúva do Michel? - perguntei interessado

- É sim - falou e eu voltei a olhar pra frente, ela deu um abraço rápido no Rael e na menina que estava com ele

- O moleque dela é filho do Rael? - perguntei me lembrando do dia dos pais

- Não - negou rindo - É do chefe, ele é a cara do pai, o Rael é padrinho dele

- Padrinho? - perguntei e ele confirmou

- Sim, ele e o chefe eram amigos desde menor mesmo, ai por causa do que aconteceu - falou e fez o sinal da cruz - Ele cuida do moleque igual filho

- Entendi - falei pensativo e terminei de beber

- Viúva alegre? - Cuíca perguntou e o Novinho olhou sério pra ele, os antigos tinham maior respeito pelo antigo chefe e isso já estava mais do que claro, se o espírito dele aparecesse aqui era certo deles obedecerem qualquer ordem - Foi só uma brincadeira

- Ela não tem nada viúva alegre - Novinho falou - Sofreu e sofre pra caralho com a partida do chefe, todo mundo viu, agora que começou a sair

- Realmente nunca tinha visto ela em baile ou pagode - Menor falou e enchi meu copo

- Primeiro pagode que ela vem desde o que aconteceu - Novinho contou

- Viúva - falei baixo e bebi um pouco enquanto fiquei com vários pensamentos que eu tinha adormecido achando que ela era mulher do Rael

Fiquei ali conversando com os caras e de olho na tal Nat que estava mais na dela só conversando com o Rael, tirei os olhos dela quando o Menor me chamou e quando eu olhei ela tinha sumido.

- Fala com os pobres mais não? - escutei o Novinho falando e quando eu olhei ele falava com ela

- Tinha nem te visto, garoto - falou dando um abraço nele, ela era viúva do chefe dele e ele tinha essa intimidade toda? eu hein

- Já vai embora? - Novinho perguntou

- Tenho pique mais não - falou e ele riu incrédulo

- Você? Quem não te conhece até acredita - falou rindo

- Me respeita - falou dando um tapa no braço dele - Tenho que ir na rua amanhã cedo

- Sei - falou parecendo desconfiado

- Fui - deu um beijo na bochecha dele e acenou pra gente rapidamente saindo

- Ficou com intimidade assim depois que seu chefe morreu? - perguntei olhando pra ele

- Como assim? - perguntou confuso

- Beijinho e tal - falou e ele negou com a cabeça sério

- Conheço ela desde que nasceu - falou sério - Sempre foi parceira

- Ah, tá - falei olhando pra ele que saiu negando com a cabeça

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora