Capítulo 129

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- Rafael Narrando -

Dia dos namorados acaba sempre sendo um dia bem agitado no hospital, o povo cisma em fazer surpresas mirabolantes e resulta em inúmeras quedas e em até queimaduras graves. Fui chamado para uma cirurgia de emergência e quando entrei na SO o meu amigo Miguel estava operando o paciente.

- E aí? - falei me aproximando depois que uma técnica me ajudou a terminar de me vestir

- Feliz dia dos namorados - Miguel falou em tom irônico e eu revirei os olhos, era certo nas datas comemorativas ter acidentes domésticos

- Só queria saber o que tem nessas datas que deixam as pessoas estúpidas - falei e olhei a tc mais recente que um interno segurava

- É o amor - a enfermeira falou e o Miguel riu

- Estupidez - corrigi - Se pendurar em uma árvore pra fazer surpresa pra sua ex é uma estupidez

- Achei que fosse namorada, ela estava bem nervosa na emergência - Miguel falou e eu neguei

- Um misto de raiva e preocupação - falei e eles riram - Devem ter terminado há poucos meses, ele está sem fazer a barba faz um tempo, com um semblante cansado e sem aliança, ao contrário da moça lá que veio com ele

- Burro então - meu amigo falou simples

- Da tempo de você terminar e eu abrir ele - falei olhando pra ele

- Não acho que seja burro - a enfermeira chefe falou - Um apaixonado que estava tentando reconquistar o seu amor

- Burro - eu e o Miguel falamos juntos e eu acabei rindo baixo

- Vocês são terríveis - falou e eu ri baixo

- Eu apenas não iria ficar correndo atrás de uma pessoa que já seguiu a vida - me defendi - Ainda mais quando envolve subir em uma árvore

- E se isso fizesse você perder o amor da sua vida? - perguntou curiosa

- Não acredito nisso - neguei - Sabe eu acho que cada pessoa tem um momento na nossa vida e essa pessoa pode ser o amor da sua vida naquela fase

- Faz sentido - Miguel falou pensativo

- Ah não - a enfermeira negou - Eu acho que cada um tem apenas um amor da vida toda

- Sinceramente me assusta imaginar que se eu e a Amanda terminarmos ou sei lá, eu ou ela morrer, não ter mais o tal amor da minha vida - falou e se afastou da mesa

- Também acho - falei olhando pra eles

- Acabei aqui - falou tirando as luvas e jogou no lixo - Sem falar que toda essa loucura pro dia dos namorados é algo sem sentido - apontou pra maca

- Apenas uma data para o comércio ganhar mais dinheiro - falei pegando os instrumentos

- E os hospitais - completou rindo e saiu da sala

- Quantos amores você já teve? - ela perguntou e eu comecei a trabalhar no paciente

- Uma conta interessante - ri sem tirar os olhos do monitor - 3/4 talvez

- Uau - falou surpresa - E eu me achando por ter achado 1

- Sortuda - falei rindo - Toda a burocracia pra conhecer alguém é complicado

- Nem fala - falou rindo e mudamos de assunto

Eu tinha combinado de ir pra casa da Nat e por causa do alto número de cirurgias de emergência só conseguir chegar na casa dela às 19:30.

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora