Capítulo 31

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- Dg Narrando -

Eu não estava acreditando no que tinha acontecido, primeira invasão no morro e perdemos a parte de cima pra facção rival, pelo menos não perdemos nenhum soldado. Entrei na boca com raiva e com muito ódio, nunca tinha ficado tão puto.

- A culpa é sua - Rael falou entrando em seguida

- Minha? - perguntei debochado

- Sim, porquê você foi burro - falou com raiva

- Calma ae, irmão - Gb tentou segurar ele

- Como é? - perguntei tentando me aproximar mas o Menor me segurou

- Eu falei que o plano não iria dar certo, te dei várias alternativas e você cagou e andou pra todas - Rael falou com raiva

- Eu decidi a melhor opção - gritei apontando pra ele - Eu sou o dono do morro, não você, pode morrer de raiva mas eu sou o dono

- Raiva? - perguntou confuso - Eu nunca quis ser dono do morro e só Deus sabe o que eu faria pro meu irmão tá aqui e não está tendo essa conversa com você

- Tinha que falar nele - neguei com a cabeça, eu nem conheci esse Michel e era obrigado a conviver com o fantasma dele pela favela inteira

- Eu avisei, Dg, o Gb, o Novinho, o Neguinho e todos os outros avisaram que o plano não iria dar certo - voltou a falar irritado - E você acha que falamos por não gostar de você? Não, nós falamos porque conhecemos a porra desse morro como a palma da nossa mão

- Foda-se - falei alto e ele riu sem humor - Eu vou dar um jeito

- Você? Quero vê - falou negando com a cabeça - Essa merda tá na sua conta - falou e saiu da boca com o Gb indo atrás dele

- Eu vou matar esse moleque - falei chutando uma cadeira

- Ele não tá errado - Menor falou me olhando - Você deveria ter dado ouvido para os caras, eles conhecem isso aqui desde moleque

- Até você? - perguntei olhando pra ele

- A pica vai vir grande pro seu lado, Dg, pode esperar quando os caras souberem - falou sério

- Eu sei - falei com raiva - Temos que dar um jeito

- Coloca o rabinho entre as pernas e pede ajuda deles - falou óbvio

- Vou resolver isso - falei pensativo

- Nathália Narrando -

No dia seguinte eu fiz o que o Rael falou e vim pro asfalto junto com toda a minha família, a minha sogra resolveu ir pra casa de uma irmã dela. Fiquei a noite inteira mexendo no facebook e twitter do pessoal do morro e de madrugada veio a bomba que a parte de cima tinha sido tomada pela facção rival. Lá pelas 06:00 da manhã a campainha tocou e levantei pra atender, assim que eu abri dei de cara com o Rael.

- Ai você tá vivo - falei abraçando o mesmo - E os meninos? - perguntei nervosa

- Ei, estamos todos bem - falou tentando me acalmar e entrou no apartamento

- Mais ou menos, né? - falei olhando o ombro dele que sangrava um pouco

- Foi de raspão - falou como se não fosse nada

- Tem que fazer um curativo - falei óbvia - Toma um banho e eu faço um curativo ai

- Precisa não - negou com a cabeça - Só vim porque eu estava puto e não queria ficar na favela

- Vai, Israel - falei e ele bufou se levantou - Vou pegar uma roupa do Michel que tem aqui

- Ta bom - falou e eu entrei no meu quarto, peguei a roupa e saí do quarto, bati na porta do banheiro e ele respondeu - A porta do box tá fechada? - perguntei baixo pra não acordar ninguém

- Tá sim - confirmou e eu entrei no banheiro, deixei as coisas na tampa do vaso

- Tá com fome? - perguntei olhando pra ele e o mesmo assentiu - Muito ou pouco?

- Pra caralho - falou e eu ri baixo

- Vou ajeitar algo pra você comer - falei saindo do banheiro

- Ta - escutei ele falando e fui pra cozinha começar a esquentar a comida que eu tinha feito no jantar, peguei um pote com bife e coloquei pra fritar, abri o freezer e peguei as batatas pré frita e em 20 minutos estava tudo pronto - Ardeu pra caralho - Rael falou entrando na cozinha

- Imagino - falei me virando pra olhar o mesmo, ele estava só de bermuda e segurando a camisa - Vou fazer esse curativo e você come

- Deixa eu comer primeiro - pediu e eu neguei

- Senta ai - falei pegando a caixinha com as coisas pro curativo na bancada da cozinha - Me fala sobre o confronto

- Foi tudo feito errado, planejado errado e deu nessa merda ai - falou e eu comecei a limpar o ferimento

- E como vai ficar a favela? - perguntei preocupada

- Eu era muito novo na época que ficou um tempo dividido as duas facções e não era bom pra ninguém - falou pensativo

- Mas tem como tomar de volta? - perguntei espirrando remédio

- Se agir rápido sim - falou e coloquei a gaze e o esparadrapo - Eles não vieram com toda força assim

- Então tem que tentar logo - falei jogando as coisas no lixo e lavei a mão

- Se o Dg escutar, moleque burro - falou com raiva

- Ele vai escutar, principalmente se não escutou uma vez e deu merda - falei e fui arrumar a comida dele

- Tomara - falou e eu coloquei o prato na mesa - Tenho idade pra isso mais não

- Pra que? - perguntei confusa

- Pular de laje em laje, tô com o corpo todo doendo - falo estalando o pescoço

- Para com isso, nervoso - falei fazendo careta

- Porra! Ta bonzão - falou comendo

- Depois te dou um remédio pra dor - falei pegando a jarra de suco na geladeira

- E uma massagem, por favor - pediu e eu neguei - Qualé, Nat! Você já fez uma vez, o que custa fazer de novo

- Você tinha caído de moto - falei óbvia - Agora você tá bem

- Bem? Eu levei um tiro e tô todo doído - resmungou

- A globo tá te perdendo - falei rindo

- Vai fazer? - perguntou e eu neguei - Michel, corre aqui que a Nathália tá me maltratando

- Idiota - falei dando um tapa na cabeça dele

- Vai fazer? - repetiu e eu bufei

- Eu faço - confirmei e coloquei a jarra na mesa e o copo

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora