Capítulo 94

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- Nathália Narrando -

As chuvas nos últimos dias tinham sido terríveis e muitas pessoas aqui no morro perderam várias coisas. Resolvi ligar pra uma empresa que vendia cestas básicas e encomendei várias, recolhi roupas com todo mundo que eu conhecia e comprei algumas pra completar, montei uns kits de higiene e chamei as minhas irmãs pra me ajudar a separar tudo. Ficamos dois dias resolvendo tudo e finalmente ficou tudo pronto.

- O que é isso? - Rael perguntou entrando junto com o Gb e deu de cara com várias coisas no quintal - Chamou pra carregar peso, viado? - perguntou olhando para o Éverton

- Só sigo ordens - Éverton deu de ombros

- Isso é pra galera que perdeu as coisas por causa da chuva - falei explicando - Eu acho que já vai dar uma ajuda, por hora pelo menos vai dar uma aliviada

- Vai ajudar muito - Rael falou me olhou

- O Dg até queria fazer e ia pedir ajuda pra tia da pensão - Gb falou - Mas teve uma correria aí e ele teve que resolver

- Mas é bom ele fazer - Gabi falou e fez um coque no cabelo - Tipo aqui cada um vai ganhar 1 com ele já sobe pra 2

- Vai ajudar muito - Ju concordou - Várias famílias vivem com uma por mês

- Vou chamar os moleques pra levar isso e passar visão pro Dg agilizar as coisas logo - Rael falou saindo com o Gb

- Piranha, eu vou embora que já já tenho que trabalhar - Gabi me abraçou

- E eu tenho que estudar - Ju fez careta

- Obrigada pela ajuda, galinhas - falei abraçando a Ju quando a Gabi me soltou

- Quanto amor - Éverton falou rindo e eu acenei quando elas saíram - O carinha não vai dormir aqui não?

- Não, tá na minha sogra - falei entrando e ele veio atrás de mim

- Eu vou ajudar distribuir as coisas e vou na boca resolver umas paradas - falou me olhando

- Eu vou dormir - falei olhando pra ele - Tô cheia de sono

- Vamos dar uma volta mais tarde? - perguntou me olhando - Acho que vai ser bom pra gente

- Eu tô de boa - falei e ele assentiu

- Eu sei disso mas acho que devemos nos distrair um pouco - falou dando de ombros

- Vamos então - confirmei

- Eu não falei antes e eu sou muito filho da puta por isso - deu uma pausa - Me desculpa por ter sido o maior babaca

- Você foi sim - concordei e ele riu fraco

- Nada do que eu fale vai justificar o que fiz - falou e eu assenti - Desculpa por ter chateado você e eu vou tentar melhorar

- Você falar isso é importante pra mim, sabe? Sinal que você se importa - falei e ele se aproximou me dando um selinho demorado

- Não quero nunca você com raiva de mim - falou fazendo carinho no meu rosto

- Se um dia não der certo mais eu quero continuar sendo sua amiga - falei e sorri de lado - Então não faz eu sentir raiva de você, ainda mais por bobeira

- Não vou - garantiu me beijando

Eu e o Éverton fomos em uma pizzaria perto do morro e foi muito pra gente, nós precisávamos desse tempo sozinho e fora do morro. Os dias foram passando e eu percebi que a tensão tinha voltado para o morro, os meninos quase não ficavam na rua e tanto o Éverton quanto o Rael viviam em reunião na boca. Hoje o Kauã foi fazer trabalho da escola na casa de uma amiga e como a Nanda iria buscar ele eu aproveitei pra resolver umas coisas na rua, cheguei no meio da tarde e ele ainda não tinha chegado.

- Mãe - escutei a voz alta do Kauã e me assustei

- Na cozinha - falei alto e não demorou pra ele entrar

- Jefferson tá ai? - perguntou e eu neguei com a cabeça - Ótimo - falou baixo

- Ótimo? - estranhei já que ele adorava o Éverton

- Ótimo - confirmou e eu abri a geladeira pegando a minha garrafinha de água - Eu quero falar com você

- Ta bom - falei e ele ficou andando de um lado pro outro - Você vai falar ou vai ficar assim de um lado pro outro?

- Não sei como falar - coçou a cabeça

- Só fala, Kauã - falei simples e bebi um pouco

- A Marina me chupou - falou direto e eu me engasguei com a água

- Que? - perguntei surpresa - Chupou o que?

- O meu piru, mãe - falou óbvio

- Meu deus - falei assustada - Como foi isso, gente?

- Como você sabe - falou meio nervoso

- Mas você é meu filho - falei colocando a garrafinha na pia - Fala logo

- Nós estávamos ficando, mão aqui e ali até que ela pediu pra fazer - contou

- E você deixou - falei debochada

- É, eu tinha curiosidade também - falou dando de ombros e eu ri baixo

- E o que você achou? - perguntei e fiz careta quando me dei conta que estava tendo esse tipo de conversa com o meu filho

- Foi muito bom - falou animado - Lembra no lance do beijo que eu achei estranho no início? Dessa vez eu não achei nada estranho

- Jesus cristo - falei passando a mão no rosto

- Ela só não quis tomar o você sabe o que mas mesmo assim foi muito bom - falou sorrindo

- Os detalhes meu pai - resmunguei e ele sorria animado - Rolou mais alguma coisa?

- Não, só isso mesmo - falou dando de ombros - Ah, eu chupei o peito dela

- Que chupação hein - falei e ele riu - Foi a primeira vez que você fez, né?

- Foi sim - confirmou - E eu fui com cuidado pra não fazer besteira mas depois deu tudo certo

- Muita novidade - falei rindo - Já sabe, né?

- Nunca contar e nem forçar - falou e eu assenti - Como diz o meu dindo: o sigilo é garantia do replay, como eu quero que ela me chupe de novo não vou falar nada pra ninguém - finalizou óbvio

- Vai tomar banho, garoto - falei e ele saiu da cozinha rindo

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora