Capítulo 6

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- Nathália Narrando -

Quando eu saí da igreja passei na casa da minha mãe e peguei o Kauã que foi o caminho inteiro me contando sobre a tarde dele no shopping com as tias. Assim que chegamos em casa coloquei ele pra tomar banho, tomei o meu e ficamos deitados assistindo desenho.

- Mãe - escutei o Kauã me chamando e tirei os olhos da tv

- Que foi? - perguntei olhando pra ele

- Agora que eu não tenho pai - falou dando uma pausa - Eu sou o que?

- Como assim? - perguntei confusa

- A tia Gabi disse que você é uma viúva gata - falou e eu neguei com a cabeça rindo baixo - Ela falou que viúva é quando a mulher perde o marido

- Isso mesmo - confirmei

- E eu sou o que então? Por que eu perdi o meu pai - perguntou curioso

- Quando uma criança perde pai ou mãe é órfão - falei explicando e ele assentiu - Mas você tem uma mãe maravilhosa que está aqui pra te dar muito amor e carinho

- Uma viúva maravilhosa - falou rindo

- Cala a boca, Kauã - falei beliscando a barriga dele e o mesmo riu

- Não faz isso, mãe - falou se levantando

- Vai dormir no seu quarto hoje? - perguntei olhando pra ele

- Não, só vou no banheiro - falou me olhando - Posso dormir aqui de novo, né?

- Pode sim - falei e ele entrou no banheiro que tinha no quarto

17 de Fevereiro de 2019

Aos poucos as coisas foram voltando ao normal nas nossas vidas ou melhor nós aprendemos a viver sem o Michel, lógico que sentíamos muito a falta dele mas a vida quis assim e aos poucos fomos seguindo em frente com ele em nossos corações sempre. Nesse tempo eu segui a minha vida mas sem muita emoção, eu só saía com o meu filho, pra resolver as coisas, ia na casa da minha família e de duas amigas. As coisas na favela não mudaram muito, dois meses depois que o Michel morreu chegou o novo chefe que até hoje eu não vi as caras, só vejo alguns vapores novos quando vou na rua mas pelo que eu escuto a galera gosta dele, ele tá sendo bom pra favela. Enfim, daqui a dois dias é aniversário do Kauã e ele não quis festa por causa da falta do pai mas deixou eu fazer um bolinho pra poucas pessoas.

- Whatsapp On -

Gabi Piranha: Consegui pegar as lembrancinhas

Nathália: Ué, a mona lá não tinha dito que não estava pronto?

Gabi Piranha: Fiquei sentada na frente dela até ela acabar aquelas porra

Gabi Piranha: Muito bobinha achando que iria me passar a perna

Nathália: Kkkkkkkkkkkkkkk

Nathália: Ela ia ver o barraco que eu ia fazer com ela

Gabi Piranha: Falei pra ela

Gabi Piranha: Mais tarde passo na sua casa pra gente terminar as coisas

Nathália: Ta bom

- Whatsapp Off -

Guardei o celular e fui terminar de pegar as coisas que eu tinha ido comprar, eu estava em um mercadinho aqui na favela. Fui atrás do Kauã e ele estava com um pote de sorvete na mão e me olhando com um sorriso pidão.

- Não - falei antes que ele pedisse - O dinheiro tá certinho e eu não vou em casa buscar pra pagar

- Mas tem vezes que você pega as coisas e depois traz o dinheiro - falou me olhando

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora