Capítulo 116

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- Rafael Narrando -

Essa noite eu fiquei pelo hospital, estava com a cabeça cheia esperando a minha amiga acordar e eu aproveitei que estava por lá pra resolver algumas coisas. Cedo eu dei alta pro João e o Tom me mandou uma mensagem avisando que a Mariana tinha acordado, chamei o meu residente e fomos para o quarto.

- Mariana Kiffer, 36 anos, primeiro dia após a retirada de um meningioma benigno de grau 1 - Sanches começou a falar - O doutor Kiffer informou que ela acordou essa manhã, não responde verbalmente mas está consciente e com boas reações motoras

- Excelente - sorri fraco e olhei pra Mari que olhava o quarto atenta

- Senhor, iremos aplicar o protocolo? - Sanches perguntou me olhando

- Que protocolo? - Tom - perguntou e eu suspirei

- Deambulação Precoce - Sanches falou simples

- Você quer que ela fique em pé? - Tom perguntou me olhando inconformado ele sabia que seria algo dolorido

- Ela é a candidata perfeita - Sanches falou e eu neguei com a cabeça pela forma que ele tinha falado

- Você ficou louco? - meu amigo indagou sério olhando pra ele que deu um passo pra trás de medo - Ela acabou de abrir a cabeça praticamente e você sugere isso

- É o protocolo do departamento, mostra que a recuperação - estava falando mas foi interrompido

- Enfia esse protocolo no - Tom começou a falar mas foi minha vez de interromper, o Sanches estava quase se tremendo

- Tom, calma - pedi e ele olhou - É algo necessário

- Ela vai sofrer - falou baixo

- Eu sei - falei no mesmo tom - Mas foi uma escolha dela, ela me pediu isso

- Caralho, Mariana - xingou com raiva

- Eu também tô com raiva - admiti - Mas eu vou fazer por ela e eu vou entender se você quiser dar uma volta

- Não, eu vou ficar - falei firme - Na saúde e na doença, nós levamos isso a sério

- Ta bom - respirei fundo - Sanches, fecha a porta

- Ok, chefe - fechou a porta e eu fui até a maca, fiquei olhando pra ela e o Tom se aproximou, passou a mão levemente no rosto dela que abriu os olhos

- Eu vou te ajudar - falou baixo - Quando ela tiver bem vai ouvir muito por isso

- Pode apostar - concordei rindo fraco

- Vamos lá - falou firme e olhou para ela novamente - Me desculpa, amor

- Mari, nós só precisamos chegar até a beirada da cama, eu sei que dói mas é só chegar lá que a gente para - falei olhando pra mesma e percebi o nervosismo pelo olhar dela - Tenta ficar de olho aberto

- Sanches, segura os fios dela e toma cuidado com o soro - Tom alertou

- Ta bom - falou e começamos a levantar a mesma que resmungou

- Vem - falei e seguramos a mesma com cuidado e ela começou a resmungar de dor e apertou os nossos braços com força - Só mais um pouquinho

- Não pode parar, doutor? - escutei Sanches perguntando quando ela gritou de dor

- Ainda não - engoli a seco - Não pode parar até ela chegar até a beira da cama ou atingir o ponto de tolerância

- Ponto de tolerância? - perguntou confuso - Como vamos saber? - assim que ele terminou de falar conseguimos sentar a mesma que vomitou

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora