Capítulo 61

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- Nathália Narrando -

A primeira vez que eu saí na rua depois do baile eu recebi tantos olhares que achei engraçado mas eu só segui a minha vida como se nada tivesse acontecido e realmente eu só tinha ficado uma pessoa. Hoje eu iria levar o Kauã pra fazer teste no Flamengo, o professor de educação física dele que me ajudou e eu só tive que levar ele.

- Fica calmo - falei amarrando a chuteira dele

- Impossível - falou me olhando

- Respira fundo - falei sorrindo de lado - E faz o que você sabe bem

- É diferente, mãe - falou nervoso

- Não tem nada de diferente - falei simples - Você vai lá e fazer gol

- Mãe - tentou falar e eu não deixei

- Você sabe, meu amor - dei um selinho nele e o mesmo sorriu - Arrasa

- Vou tentar - falou e correu pro campo

O Kauã jogava muito bem e não era por eu ser mãe, ele realmente jogava bem. Mas hoje nada estava dando certo e ele perdia gols inacreditáveis. Quando o juíz apitou o final do primeiro tempo ele veio na minha direção e eu percebi que ele estava bem chateado.

- O que tá acontecendo? - perguntei quando ele se aproximou

- Eu tô nervoso, mãe - Kauã falou me olhando

- Lá na quadra você joga tão bem - falei olhando pra ele

- Lá tem o pessoal e você grita pra mim e comigo quando eu erro - falou com os olhos cheios de lágrima

- Se eu gritar funciona? - perguntei e ele assentiu - A mamãe vai gritar e brigar então

- Isso - falou e o juíz apitou chamando

- Para de perder gol feito - falei séria e ele assentiu - Você estava de cara pro gol e chutou pra fora

- Eu vou tentar - falou firme

- Tentar não, você vai conseguir - falei e vi o juíz fazendo sinal - A próxima vez que você errar um gol assim eu te jogo da janela do seu quarto

- Mamãe - falou indignado

- Vai lá - bati na bunda dele e ouvi uma risada, quando eu olhei fiquei surpresa em ver o Rafael, pai do Gabriel amigo da natação

- Isso que é incentivo - falou rindo

- É cada coisa que eu tenho que fazer - neguei com a cabeça - Vida de mãe é difícil

- Percebi - falou rindo

- Tá aqui desde quando? - perguntei curiosa

- Desde que vocês chegaram - falou e eu fiquei mais surpresa ainda, eu realmente não tinha notado

- Veio trazer o Gabriel? - perguntei e olhei no campo tentando achar o menino

- Não, eu vim trazer o filho de um amigo, ele não conseguiu se livrar do serviço - explicou e eu assenti - Posso falar uma coisa?

- O que? - perguntei olhando pra ele

- O Kauã tem talento - falou e eu sorri

- É, falam isso sempre - falei sorrindo e eu voltei a minha atenção pro campo - Vai, Kauã - gritei quando ele ficou na cara do gol e gritei mais ainda quando ele conseguiu fazer o gol, o pessoal que estava lá ficou me olhando mas eu nem liguei - Eu hein, posso nem torcer pelo meu filho

- Calma - Rafael falou rindo

O Kauã não se aguentava de felicidade e eu não estava diferente, ver o meu filho feliz era a coisa que eu mais gosto na vida. No segundo tempo ele conseguiu fazer mais dois gols, deu assistência e mostrou que sabe jogar muito bem, não foi surpresa pra mim quando anunciaram o nome dele no meio dos que passaram. Quando chegamos em casa ele correu pra ligar pro Rael e contar a novidade, um depois que eu cheguei a Ju chegou e o Cuíca também.

- Se você fosse um pouco mais velho iria jogar junto com o Gabigol - Ju falou e ele assentiu - E eu iria conhecer e pegar o Gabigol

- Coitada - falei rindo - Gabigol que me perdoe mas eu sou mais o Gerson

- Nossa, que homem - Ju falou sorrindo

- Um pretinho maravilhoso - falei sorrindo

- Que nojo - Kauã falou fazendo careta

- É verdade, filho - falei rindo

- É mesmo? - Cuíca falou e eu segurei uma risada por causa da cara dele

- É sim - confirmei olhando pra ele

- Minha mãe acha vários bonitos, sendo o tipo dela então - Kauã falou e o Cuíca olhou curioso

- Tipo? - perguntou e o Kauã assentiu

- Sim, quando é do jeito que ela gosta - falou simples

- E qual é esse tipo? - perguntou curioso

- Ah, tem que ser - começou a falar mas a Ju interrompeu ele

- O meu tipo é não ter tipo - Ju falou e eu ri baixo

- Mãe, faz um bolo? - Kauã pediu mudando o rumo da conversa

- Chocolate? - perguntei e ele confirmou

- Faço sim - falei e ele sorriu

Fiquei na cozinha conversando com o Cuíca e o Kauã puxou a Ju pro quarto pra mostrar alguma coisa. Coloquei a forma do bolo no forno e quando eu me virei o Cuíca estava atrás de mim.

- Que susto - falei rindo e ele me deu um selinho

- É perseguição isso - Ju falou irritada e entrou na cozinha

- O que foi, garota? - perguntei e o Cuíca se afastou

- Vocês falam "Juliana, não se envolva com ninguém do movimento" - falou e eu apenas assenti - Mas essas pragas me perseguem

- Ei, não esculacha - Cuíca brincou e ela riu baixo

- Quem é? - perguntei e ela me entregou o celular

- Descobriu o meu número não sei como e não para de mandar mensagem - falou e eu abri a foto do perfil, eu só tinha visto ele poucas vezes no morro

- Não sei quem é - falei pensativa

- Deixa eu vê - Cuíca pediu e entreguei o celular pra ele - Matheuzinho

- Quem? - falei tentando me lembrar do nome mas não me vinha nada na cabeça

- Posso dar um conselho, Ju? Fica longe, bem longe dele - Cuíca falou sério

- Eu nem dou papo pra ele - Ju negou - Eu bloqueio e ele aparece novamente com outro número pra me perturbar

- Tem algo de errado? - perguntei e olhei pro Cuíca

- Só fica longe - devolveu o celular pra ela

- Eu vou comprar outro chip pra você - falei olhando pra ela

- Ta bom - falou saindo da cozinha

- Éverton - comecei a falar e ele negou

- Relaxa - falou se aproximando e juntou os nossos corpos

- Difícil - falei pensativa e ele beijou a minha testa

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora