capitulo 6

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A cada passo dado pelos corredores do hospital, é como se estivessem arrancando um pedaço de mim. É um caminho cheio de incertezas, onde a vida e a morte caminham juntos.

Seher caminhava de cabeça baixa chorando muito, seu coração estava sendo dilacerado a cada passo. Memórias iam e vinham seguidas uma atrás da outra.

O policial caminhava ao seu lado conduzindo-a até o seu destino. Ao tratamento intensivo de pacientes em estado grave.

As algemas foram retiradas e uma enfermeira veio em sua direção, olhou para o policial.

- Visita ao Kirimli. – mostrou os documentos de liberação a enfermeira.

- Venha comigo. – a enfermeira conduziu Seher a uma sala.
 
Na entre-sala… foram colocados nos pés toucas, sobre suas roupas um jaleco esterilizadas que ia até os pés sendo preso nas costas, uma touca descartável em seus cabelos, máscara e luvas nas suas mãos.

Sendo guiada pela enfermeira começou a entrar no centro de tratamento intensivo. Lágrimas caiam dos olhos de Seher , mal conseguia respirar, seu peito doia de desespero e dor.

Só se ouvia o barulhos dos aparelhos apitando, controlando os batimentos cardíacos . Quando um forte alarme começou a tocar, começou uma correria no local . Médicos e enfermeiros corriam desesperados indo em direção a um paciente.

“ Meu Deus e se for o Yaman?”
O coração de Seher acelerou, deixando-a tonta. O desespero tomou conta a enfermeira lhe indicou uma porta.

Seher caminhou lentamente até a cama, lágrimas caiam uma a uma, Yaman estava sem camisa com um grande curativo no peito, estava preso em seu corpo pequenos fios que iam até o monitor cardíaco. Em suas narinas presas borrachinhas que levavam oxigênio, em seu braço preso tinha 1 acesso que passava a medicação.

- Deus, o que eu fiz? – se aproximou passando a mão  na barba de Yaman – Meu coração está sangrando em te ver assim. - soluçou - Antes tivesse morrido, para não estar passando por essa dor. Abra seus olhos, por favor.
Seher se virou de costas se afastando da cama. Não estava suportando.
 
- Já não sei mais o que fazer. – Seher continuou falando de costas -  Por que mentiu para mim? Por que me fez acreditar que era o assassino de minha irmã?

Ao ouvir a voz de Seher apesar de está ouvindo ao longe, Yaman mexeu a mão. Mas como ela estava de costas, não viu sua reação.
 
- Minha alma está sangrando de uma forma que nunca achei ser capaz. – abaixou a cabeça e as lágrimas desciam descontroladas - Estou morrendo junto com você! Sou a maior culpada por você estar aqui! Jamais deveria ter deixado a raiva e escuridão ter tomado conta de mim.- Seher se aproximou da cama e segurou a mão de Yaman. – Por favor, não nos deixe sem você. Precisamos tanto de você. Sem você e sem Yusuf, será meu fim. – Yaman com todo esforço que podia apertou a mão de Seher que tremia e chorava descontroladamente – Prefiro a morte que uma vida sem vocês dois!
Seher caminhou até a lateral da cama se ajoelhando.

-Deus não o deixe morrer, meu coração  está dilacerado, Deus misericordioso em sua infinita grandeza não permita que Yaman morra. Yusuf precisa dele tanto quanto eu. Não me importo de pagar pelo meu crime, desde que yusuf esteja bem e a salvo com ele. Deus, que um dia possa me perdoar pelo o que fiz. – Seher ajoelhada firmava suas mãos no chão. - Amém. – passou as mãos nos rosto finalizando a oração.

Se levantou, deu uma olhada e ajeitou o lençol  sobre o corpo de Yaman, cobrindo-o. Saiu chorando muito, pois ali naquela estava seu marido, o amor da sua vida. Em um momento de desespero, cometera a loucura de atirar nele e ali estava a consequência.

Após a saída de Seher, lágrimas escorreram dos olhos de Yaman, que continuava desacordado. Fechava a sua mão aonde Seher acabará de tocar e segurar.

Em seu interior começou uma luta que a dor e o desespero tomavam conta. Em seu estado profundo de sonolência induzida por medicamentos via Seher a sua frente,  toda de branco, chorando muito e lhe pedindo ajuda estendendo-lhe a mão. Yaman lutava desesperadamente para chegar até ela , Yusuf estava sendo arancado dos seus braços e Seher desesperada tentava não deixar. As imagens a sua frente sumiram o deixando desesperado .

Os monitores começaram disparar todos ao mesmo tempo, alertando  a equipe médica de plantão.
 
Seher  estava para retirar as roupas quando ouviu o alvoroço e voltou.
Yaman se debatia desesperadamente, duas enfermeiras tentavam segurá-lo inutilmente. Foi entregue ao médico uma seringa com médicamento dentro que aplicou direto ao acesso no braço. Aos poucos foi se acalmando.

Seher chorava desesperadamente pois Yaman estava morrendo na sua frente e era a única culpada .

Uma enfermeira a retirou dali, levando-a até a saída lhe deu um copo de água para acalmá-la.
Logo o policial chegou, algemando-a e levando-a de volta a delegacia. A cada passo para fora do hospital a dor em seu peito aumentava estava perdendo seu marido que promotera não deixá-la, e que juntos cuidariam de Yusuf.

Naquele momento a equipe médica estava em alerta com Yaman. O médico de plantão estava confuso com a reação . Não era para ter esse tipo de reação, estava sedado.
 
Nihan foi levada a sala de interrogatório. Se sentou de pernas cruzadas aguardando .

O promotor Halit entrou, impecável no seu terno preto camisa branca e gravata azul marinho,  aparara sua barba naquela manhã, desenhando-a.
- Senhorita Nihan, vamos ter uma conversa – Se sentou a sua frente.
Nihan umedeceu os lábios e sorriu, permanecendo sentada na mesma posição.

- A senhorita é mais qualificada que os estagiários que me mandam. – a encarou – Por que não exerce a profissão?

- Apenas me formei na área de direito e jurista para agradar meus pais. – sorriu – Mas tudo que faço, tem que ser o melhor.

- Agora resolveu estudar psicologia? – promotor a perguntou.
- Sim, quero desafios. – Nihan respondeu.

- Desafios se encontram na área do Direito. – O promotor a olhou dentro dos olhos.

- Para mim é um trabalho chato. – Nihan mexeu os cabelos.
Halit fixou seu olhar em Nihan mexendo nos cabelos e umedeceu os lábios antes de falar. Atentamente olhava cada movimento da mulher a sua frente que o intrigava. Altamente qualificada e não trabalhava na área.

- Falta de ser instigada. – falou- E se meteu em uma confusão em um restaurante e desacatou um policial.
- Apenas um mal entendido. – foi irônica.

- Ótimo. – Halit sorriu – Tenho uma condição para te libertar.

- Qual? – Nihan perguntou sorrindo.

- A senhorita está fazendo minha análise. – Halit a encarou sério – Trabalhará na minha equipe por 6 meses.

- Sério isso?- Nihan não quis acreditar.

- Sim. Depois de 6 meses se continuar achando chato estará livre – Halit sorriu – Fará parte da melhor equipe do país, será excelente para seu currículo.

“ Esse promotor é muito arrogante! Se acha superior!”

- Está me desafiando? – Nihan sorria sarcasticamente.

- Sim.  – foi a vez de Halit sorrir.
“ O que te falta mocinha é disciplina. O que seu pai não foi capaz, eu farei.”
 
“ Veremos, promotor Halit! Odeio ser desafiada! Farei meu melhor trabalho nesse período e depois tchau".
 
Passando-se algumas horas, um novo alerta e a equipe médica que saiu desesperada para ver o que estava acontecendo.

Yaman estava sentado na cama com os olhos abertos arrancando os aparelhos. A enfermeira chegou tentando acalma-lo para evitar que se machucasse, mas tentou inutilmente .
- A quanto tempo estou aqui? – perguntou ele à enfermeira.

- Senhor Yaman se acalme. - pediu o médico - Está se recuperando de uma cirurgia torácica.

Aos poucos Yaman foi se acalmando e aplicaram um calmante em seu braço.
O médico de plantão não conseguiu entender a poucas horas quase teve uma parada cardíaca, agora Yaman tinha acordado do coma induzido sem a retirada dos medicamentos. Era um verdadeiro milagre.
 

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