capitulo 23

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Yaman subiu as escadas, preocupado em encontrar o pen-drive. Caminhou, abriu a porta do quarto de Yusuf, observou o menino dormindo tranquilamente.
“ Preciso proteger meu irmão! Mas tenho que proteger você, meu pequeno pasha e sua tia! Vocês são a minha vida.” Pensou, fechando a porta do quarto.
Colocou a mão na maçaneta da porta do escritório e permaneceu ali parado por alguns segundos.
Do outro lado da porta, Seher tentava abrir o pen-drive, não tivera muito contato com computadores, porém sabia o básico. Após várias tentativas, conseguiu. Quando o áudio começou, Yaman abriu a porta.
O silêncio pairou no ambiente, o único som era da voz de Ikbal, confessando seus crimes.
“ Eu matei Kevser e seu filho, eu vou matar aquela camponesa da Seher.”
Yaman parado ali na porta, ficou pálido. A compreensão do que fizera lhe chegou. Cometera vários enganos, quando na verdade Ikbal que assassinara Kevser.
- Você está bem?- Seher perguntou ao vê-lo, seu rosto banhado em lágrimas - Você está pálido.  – se aproximou dele, tentando tocá-la.
Yaman balançou a cabeça afirmativo, se afastou do toque dela, saiu apressado  do escritório deixando Seher chorando. Atordoado pelo o que acabara de ouvir, desceu as escada rapidamente.
“ Como pude desconfiar do meu irmão?”
Na sua mente, vieram os flashs do que acontecera após ter confessado que havia matado Kevser.
“ Se ela descobrir, não vai me perdoar nunca! Já tinha me avisado que não suportaria mas 1 decepção.  Já a decepcionei tanto." Caminhou desesperado de um lado para o outro na varanda.
“ Não posso perdê-la.” Olhou para a janela do quarto.
Seher, preocupada que Yaman pudesse estar passando mal ao se afastar pálido, desceu as escadas procurando-o, encontrou-o na varanda andando de um lado para o outro.
 
Nihan, alegremente, acompanhou Leyla em casa após a fisioterapia. Por insistência de Leyla, acabou entrando para tomar um café.
Em silêncio, Halit observava Nihan sentada, esperando sua mãe voltar.
- Alô.  – Nihan atendeu telefone, reconhecendo a voz de sua mãe.
- Rosa do meu jardim. – a voz da senhora Turkoly era amorosa. – Aonde você se meteu? Vamos esperar você para jantamos juntos.
- Pode deixar em breve estarei aí. – sorriu.
- Seu irmão veio nos visitar. – informou a mãe alegremente.
- Antes da meia noite estarei aí. – deu uma gargalhada divertida – Só tenho que entregar um relatório ao senhor promotor. – falou com desdém olhando para ele.
 
“ Isso que veremos! Você hoje não vai encontrar com ninguém! “ sorriu, furioso.
A mente de Halit começou a trabalhar em como impediria de Nihan de sair.
Entrou no escritório e andava de um lado para o outro, pensando em como faria para não deixa-la sair da sua casa.
Pediu a Hana para informar a Nihan que estava no escritório . A moça agradeceu a Hana e foi em direção ao escritório.
Halit estava a espreita, só esperando Nihan entrar no corredor. Pegando-a desprevenida, segurou-a  por trás tapando sua boca. Caso contrário, Nihan gritaria chamando atenção de todos. Ainda tentou reagir, porém Halit estava esperto com a reação de Nihan.
A levou para seu quarto, trancou a porta e enfiou a chave no bolso.
 
- Hoje não irá a nenhum encontro. – sussurrou no ouvido de Nihan – Não vou deixar.
 
Com o descuido do promotor, Nihan conseguiu escapar do abraço dele.
 
- Enlouqueceu?- esbravejou ela - Deu para me vigiar? Já não basta o seu homem me seguindo?
 
Halit a encarou, sem falar nada. Sentou na poltrona do quarto, e ficou ali só observando-a.
 
- Se quiser sair daqui, terá que pegar a chave no meu bolso. – sorriu ao informá-la.
 
Seher se aproximou de Yaman, tocando no seu braço. Ele puxou o braço se afastando.
- O que está acontecendo? – perguntou- Por que você está assim?
 
- Não é nada. – se virou de costas para ela.
 
Seher se enfureceu e caminhou em direção a Yaman e colocou a mão no seu peito parando-o.
- Qual é o seu problema? – alterou a voz – Você está me escondendo alguma coisa novamente.
Yaman tentava se afastar, mas foi impedido.
A mente de Yaman estava confusa, perdido em pensamentos e arrependimento por tudo que acabara fazendo Seher passar, sentia um gosto amargo em sua boca.
 
Enfurecida, enfrentou Yaman, ficando frente a frente, colocou a mão em seu peito.
- O que está acontecendo? – perguntou novamente.
Por mais que insistisse em se afastar, Seher não permitia ficando frente a frente apesar da sua baixa estatura.
- Eu quero a verdade dessa vez, Yaman! Estou cansada de tudo isso! – espalmou a mão do peito de Yaman, impedindo-o de fugir.
Ele deu alguns passos para trás, tentando sair daquela situação. Mas Seher não deixou, Yaman deu alguns passos para trás até bater no parapeito da varanda. Pela primeira vez, estava encurralado.
- Quero a verdade. – Seher esbravejou – Você têm mentindo esse tempo todo e olhando dentro dos meus olhos.
Yaman atordoado pela situação que se encontrava, sendo pressionado por Seher, sua mente fervilhava procurando uma saída.
- Anda, quero a verdade!- seu tom de voz era alterado pelo ódio.
 
 
Nihan encarou bem o promotor, pensativa.
“ Esse homem enlouqueceu de vez! Oh, senhor arrogante, você me paga. Vou fingir que entrei no seu joguinho" sorriu.
 
- Por que trocou os sapatos? – Halit perguntou encarando os pés de Nihan.
 
- Troquei porque necessitava de um mais confortável.  – lhe lançou um sorriso maquiavélico.
 
Halit retirou paletó, afrouxou a gravata tirando-a, retirou os sapatos tranquilamente.
“ ENLOUQUECEU DE VEZ!” Nihan se preocupou.
- O que pensa em fazer?- perguntou preocupada.
 
- Depende. – sorriu malicioso, balançando a cabeça em direção a cama.
 
“ Seu... seu estrupicio. Nunca vou fazer isso.” Xingou-o em pensamentos.
Nihan sentou na cama, já sabendo como se livraria da situação... o provocaria, usando do mesmo joguinho do promotor.
- Nossa, minha meia calça rasgou. – falou, enquanto passava a mão na coxa, levantando vestido.
Halit desviou o olhar, evitando a cena. Mas seu coração acelerou, a vendo passar as mãos na coxa por baixo do vestido.
- Pare com isso!- ordenou Halit.
- Parar com o quê?- se fez de desentendida, passando a língua nos lábios.
Halit fechou os olhos, tentando acalmar sua mente. Quando abriu, Nihan estava próxima da sua mesinha de cabeceira, ali sempre permanecia o símbolo da justiça: uma mulher segurando 2 balanças e as abotuaduras que mais usava. Nihan deixou uma das abotuaduras cair e abaixou-se para pegar.
A mente lhe dizia uma coisa e o corpo outra, se levantou e caminhou em direção a Nihan, que permanecia de costas. A puxou pela cintura, encostando-a ao seu corpo.
- O que você quer é isso?- sussurrou em seu ouvido.
- E se for?- provocou ela, se virando.
 
 
Seher enfurecida, mantinha sua mão no peito de Yaman, o olhava dentro dos olhos. Seus olhos verdes cintilavam com a fúria, mal contida.
- Quero a verdade, olhando dentro dos meus olhos. - Falou novamente. - A verdade!
 
Yaman olhou-a nos olhos, mas dessa vez não conseguiu manter a mentira. A dor que estava ali, nas profundezas das íris verdes,que tanto amava, impulsionou-o a falar.
 
- Eu menti pra você porquê acreditei que Ziya tivesse matado sua irmã! - Yaman acabou falando, não suportando mais a pressão dela.
 
Seher se afastou, colocando a mão no rosto em desespero.
- Não, isso não pode ser verdade. – não conseguia acreditar.
 
- Fiz isso para proteger meu irmão.  – tentou se aproximar de Seher – Ele não ia suportar ir para uma clínica ou para a prisão. Eu acreditei que estava protegendo-o, que era o certo.
 
- Como você pôde acreditar que irmão Ziya faria isso?- o encarou decepcionada – Irmão Ziya jamais faria isso! Ele é um homem bom e doce!
 
- Eu.. eu – Yaman tentou falar.
 
--É sempre você!  – Seher agitou os braços  - E se eu tivesse o matado? O que seria de Yusuf, do irmão Ziya e de mim? – esbravejou. - Eu atirei em você!
 
Yaman tentou se aproximar de Seher, que se afastou. Estava abalada, furiosa, decepcionada.
- Você nos julga culpados, sem nos dar o direito de se defender. – o rosto de Seher banhado em lágrimas- Por dias me defendi sem saber do quê era acusada. Você toma suas decisões…– suspirou triste – Sem pensar nas consequências, sempre acredita em mentiras. – bateu com as mãos no peito de Yaman – Na nossa lua de mel, estava pronta para consumamos nosso casamento, para me entregar a você, e o que você fez? – indagou.
Envergonhado pela situação abaixou a cabeça.
- Acreditou naquela nojeira daquele dossiê, foi embora e me deixou sozinha, sem uma única explicação, nem ao menos um bilhete.  – Seher bateu novamente no peito de Yaman – Já suportei tanta coisa e te perdoei, mas dessa vez, não sei se vou conseguir te perdoar. Mais uma vez, você não confiou em mim!
Seher virou nos seus calcanhares saindo dali deixando Yaman sozinho. Seher foi direto para o quarto chorar e se recompor para Yusuf não vê-la daquele jeito.
 
Na mente de Halit ecoava “ e se for", sem pensar muito beijou Nihan, depositando-a cuidadosamente na cama. Ficando por cima da moça, suas mãos foram aonde minutos antes ela passara a mão.
Cortou o beijo para poder tomar fôlego e sorriu, Nihan deu-lhe um tapa no rosto que serviu para  instiga-lo ainda mais.  Em certo momento, Nihan conseguiu rolar ficando por cima e sem cortar o beijo, com uma das mãos tirou algo de  dentro da bota: 1 par de algemas. Alisou cuidadosamente o braço do promotor, erguendo acima da cabeça dele e prendendo na cama.
Da outra bota, retirou um pequeno cordão e amarrou o outro braço.
Quando tinha conseguido o que queria, interrompeu o beijo. Halit tentou reagir para puxá-la de volta, foi ai que percebeu que estava preso .
- O que você está fazendo? – perguntou.
Ofegante, levantou e afastou da cama, Nihan encostou na parede tentando se recompor,  pois seu corpo também reagira a situação. Pegou a meia do promotor fez uma bola e enfiou na boca dele, para que não pudesse gritar.
Sorrindo, abriu a camisa do promotor, deu um leve beijo no peito dele. Retirou seu brinco, que a ponta mas parecia uma agulha, que Nihan mandará fazer especialmente.
Com a ponta do brinco rasgou na pele  próximo ao cós da calça... um N.
- Isso é  para você aprender a não mexer comigo. – sussurrou no ouvido de Halit – Boa noite!
 
Sorridente, pegou a chave no bolso, abriu a porta e foi embora. Deixando Halit preso a cama, tentando se livrar da situação.
 
 
Após chorar por um bom tempo, Seher se levantou lavou rosto e tentou se recompor para sair do quarto. Leves batidas a porta, chamaram sua atenção
- Entre. – falou, pensando que deveria ser Yusuf.
A porta se abriu e viu que era mãe Nadire. A senhora entrou, deixando a porta entreaberta.
 
- Minha filha, vim me despedir. – abraçou Seher - Está tudo bem?
 
-Esta. – omitiu, os últimos acontecimentos.
Indicou a senhora para se sentarem.
- Aisha irá embora comigo. – a senhora afagava a mão de Seher – Ela teve vários problemas com Ali e resolveu ir embora, ela acha que será a melhor solução.
 
Yaman viu a porta entreaberta, já ia entrar, mas parou na porta ao ouvir a voz de Seher.
- Queria que as coisas tivessem se resolvido de outra forma. – suspirou triste  - As vezes ir embora será a melhor solução.É uma pena.
Ao ouvir as palavras da esposa saiu atordoado, desceu as escadas sem dar atenção a Ziya  entrou no carro, socou volante e saiu em disparada.
“ As vezes ir embora será a melhor solução” as palavras ecoavam em sua mente o deixando atordoado.
- Não posso perdê-la. - falou pra si – Se ela for embora será a minha morte.
Suas vistas ficaram embaçadas, tentava enxergar a estrada a sua frente sem conseguir, fechou e abriu os olhos várias vezes tentando recuperar a visão. De repente, ficou tudo escuro e Yaman perdeu a consciência.
O carro desgovernado, saiu da estrada e bateu certeiro em uma árvore.

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