capitulo 20

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Mãe Nadire andava de um lado para o outro no corredor do hospital, preocupada, rapidamente se aproximou de Seher ao sair do quarto.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou, vendo a senhora nervosa.
- Seu marido está passando mal. – ofegante deu a notícia.
- Como assim? – Seher ficou confusa.
- Yaman, saiu de repente para ir para o banheiro.  Pedi para Ali ir vê-lo. – aos poucos foi se acalmando. – Ele comeu alguma coisa gordurosa? – indagou a senhora.
- Não. – se preocupou – Apenas chá com torradas e mel...-  a voz foi sumindo se lembrou do limão.- Será que foi o limão? – se perguntou em pensamento.
 
Pálido, Yaman caminhava em direção das duas, que o encaravam sem entender nada.
- O que aconteceu? – perguntou Seher á Yaman.
 
- Apenas estou com um pouco de náusea. Devo ter comido alguma coisa que não caiu bem! – respirou fundo, tentando voltar ao normal, passando a mão no estômago.
 
- Kirimli é melhor procurar um médico. – Ali falou olhando-o com vontade de rir.
- Yaman, meu filho aproveite que está no hospital. – Mãe Nadire falou mais serena.
 
Seher o encarava sem entender nada, nunca vira Yaman tão pálido. Nem nos piores momentos... ferido... o vira assim. Yaman, sempre se mostrava como uma Rocha, a sua montanha.
-Não é necessário. – recusou a aceitar.
- Vai procurar o médico, sim. – Seher se impôs, não aceitando negativa.
 
Segurou a mão do marido entrelaçando os dedos, e começaram a caminhar juntos. Foram até a recepção e procuraram um médico para examinar Yaman, que continuava como uma criança teimosa, dizendo que não era necessário.
- Yaman, só saio daqui depois que você ver o médico. – se impôs enfrentando-o – Quando é Yusuf ou a mim, você não aceita recusas. O mesmo vale pra você.- acrescentou com um leve sorriso.
 
Suspirou, aceitando ser consultado á contra gosto.
 
Nihan, em determinado momento, enquanto seguia Halit se distraiu em seus pensamentos. Perdendo-o de vista . Bateu no volante irritada, mas uma vez o havia perdido.
Enquanto socava o volante do carro, lhe chegou o entendimento de onde havia visto as fotos.
Por instinto, seguiu até a casa de Leyla. Tocou a companhia aguardando Hana atendê-la. Esta abriu a porta afoita a deixando entrar.
- Doutora, a senhora Leyla esta passando mal.- foi dizendo a moça ao vê-la, estava bastante nervosa.
Sem pensar muito, Nihan se dirigiu ao quarto de Leyla, e foi entrando. O quarto estava com pouca luz então, percebeu a mulher amontoda na cama chorando.
- Leyla, o que está acontecendo? – perguntou se aproximando.
- Ayrla é você?- se virou para olhá-la.
- Sim, minha querida. – se sentou na beirada da cama.
 
Leyla  se abraçou firme com Nihan, deixando as lágrimas caírem uma a uma. Permaneceu abraçando-a até se acalmar.
 
- Me conte o que está acontecendo? – pediu.
 
- Ah, Ayrla é muita coisa. – suspirou triste – Apenas me abrace.
 
Passaram alguns minutos ali abraçadas em silêncio. Leyla foi se acalmando, se afastou e se deitou. Nihan segurava sua mão firme e preocupada, só soltou quando viu que estava adormecida.
Vendo Nihan, sentada na beira da cama de sua mãe, Halit cerrou os punhos furioso com a cena intimista. Sentiu que sua privacidade havia sido invadida.
- O que pensa que está fazendo?- sua voz saiu alterada.
 
Nihan fez sinal para que ficasse em silêncio para não acordar Leyla. Halit entrou, indo em direção a Nihan e puxou-a pelo braço.
- O que está fazendo aqui? – indagou, segurando-a com força.
 
- Não é dá sua conta. – Nihan puxou seu braço.
Sua afronta irritou-o ainda mais,  a pegou pelo braço e a arrastou pra fora do quarto. A levou para a sala de jantar, fechando as duas portas. Nihan passou a mão aonde Halit apertou enquanto a puxava.
 
- Isso vai ficar marca. – esbravejou ela.
- O que pensa que está fazendo? – perguntou novamente. Em seguida, bateu os braços no seu próprio corpo e repetiu - Por que?
 
- Apenas quero ajudá-la. – se defendeu, sem entender porque daquilo tudo.
 
- Fique longe da minha mãe. – gritou.
 
- Não! – o enfrentou, colocando a mão no peito de Halit –  Só vou parar de visitar Leyla, se ela falar que não quer me ver mais. Eu nem sabia que ela era sua mãe… até você aparecer gritando. – se virou – Qual é o seu problema? Você tem vergonha da sua mãe? – desafiou-o.
 
- NÃO TENHO! PELO CONTRÁRIO, TENHO ORGULHO DELA! –  revelou aos berros.
 
--Então, qual o motivo que você quer que eu fique longe dela? – A voz de Nihan era tranquila e baixa, agora.
 
- APENAS QUERO PROTEGÊ-LA! – alterado Halit gritava.
 
-Estou aqui como psicóloga. – Nihan sorriu ao ver o promotor alterado.
 
-Você...você.... – Não conseguiu completa a frase.
 
- Anda, fala. Se realmente não tem vergonha da sua mãe, me conte. – desafiou novamente.
 
 
Emburrado, Yaman entrou no consultório médico, e explicou ao médico o que havia acontecido.
 
- Teremos que fazer exames. – o médico preescrevia alguns exames – Para sabermos exatamente o que é.
 
- Qual sua suspeita doutor? – preocupada Seher perguntou.
 
- Tem algumas doenças que um dos sintomas,  é a náusea. – levantou o olhar para o casa – Como refluxo, gastrite, labirintite, enxaqueca. Não é nada grave.
 
- Estou bem, doutor. – resmungou Yaman – Foi apenas um mal estar passageiro, minha esposa que exagerou.
 
- Sua esposa está certa em cuidar da sua saúde. – entregou o pedido dos exames a Seher – Caso volte os sintomas, passarei um medicamento para aliviar. Dê início, faça os exames.
 
Se despediram e saíram do consultório, Yaman resmungando que não tinha necessidade de exames, enquanto Seher caminhava em silêncio para o estacionamento. Entraram no carro.
 
- Você vai fazer os exames. – não aceitou recusa – Você é o homem mais teimoso que conheço. Vai fazer os exames e ponto final, você é o exemplo para Yusuf.
 
Prosseguiram em silêncio para a mansão. Yaman observava a cada oportunidade Seher, que estava séria. Ao chegar na mansão, prossegiu entrando em completo silêncio sendo seguida pelo marido.
Subiu as escadas, seguindo para o quarto, colocou a bolsa em cima do sofá e suspirou pensativa . Sua mente estava cheia de dúvidas, e agora tinha mais uma preocupação, com Yaman doente .
- Estou precisando do meu remédio. – Yaman deu duplo sentido a frase.
 
Se aproximou sorrateiramente, a abraçando por trás. A conhecia muito bem e ela estava zangada. Se virou, ficando de frente e encostando-se em seu peito.
- Por que você faz isso? – bateu no peito dele.
- Faço o quê? – perguntou,beijando sua testa.
 
- Não leva sua saúde a sério. – resmungou.
 
- Estou bem. –  afastou para olhá-la – Estou até com fome.
 
- Vou descer e preparar alguma coisa. – tentando se afastar, mas foi puxada.
 
- Hum... quero meu prato favorito. – deu um sorriso torto.
 
Se afastando o máximo que podia, Seher desceu para preparar o jantar. Cozinhando, seus pensamentos voltaria a ficar em ordem. Separou os ingredientes um por um, para preparar berinjelas assadas.
 
 
Os gritos de Halit acabou acordando Leyla que se desesperou com a situação, e se levantou com a ajuda de Hana. As portas da sala de jantar trancadas a deixou mais nervosa.
 
- O que sou hoje é… graças a minha mãe. – começou abaixar a voz. – Criou a mim e a minha irmã, sozinha.
 
- E onde está a sua irmã?-indagou Nihan.
 
- Minha irmã faleceu. – os olhos de Halit ficaram marejados . – Até os meus 6 anos de idade, vi meu pai agredir a minha mãe. – se sentou  em uma das cadeiras, exausto, suas emoções em frangalhos.
 
Nihan prestava atenção em Halit, as lágrimas caiam. Com raiva, ele pegou o copo em cima da mesa e arremessou na parede.
 
- Minha mãe lutou muito para conseguir fugir comigo e a minha irmã. – olhar de Halit estava perdido - O que sou hoje, devo a ela... – se levantou, encarando Nihan. – Eu vou proteger a minha mãe e não vou deixá-la sofrer mais. E,  isso serve para você… eu a protegerei de você.
 
Leyla, desesperada, esmurrava a porta.
- Halit, abra essa porta. – gritou – O que pensa que está fazendo, meu filho?
 
- E sua irmã ?  - indagou Nihan. Agora, que Halit se abrira… arrancaria toda a história da vida dele. Pensou, decidida.
 
- Quando ela tinha 12 anos e eu 8, ficou muito doente. – suspirou triste – Minha mãe lutou, fez de tudo para salva-la, mas não conseguiu… éramos muito pobres. Minha mãe foi várias vezes humilhada. – os olhos de Halit se encheram de ódio.- Minha mãe lutou muito, sentia dores das sequelas que ficou das agressões, mais se calou e trabalhava sem parar.
 
Nihan colocou a mão no ombro de Halit, tentando confortá-lo.
 
- Após a morte da minha irmã, fiz uma promessa. – se voltou para Nihan – Proteger minha mãe e não deixar ninguém humilha-lá novamente.
 
- Como se desenvolveu a doença dela? – Nihan perguntou.
 
- Por causa das agressões que sofreu, teve câncer na coluna. – esmurrou a mesa. – Para piorar a situação, entrou em depressão por causa da morte da minha irmã.
 
--Agora entendi . – o entendimento chegou a Nihan.
 
- HALIT, ABRA ESSA PORTA!- Leyla gritava desesperada.
 
Estava desesperada, após a morte de  Ayise, Halit se fechara e se tornara mal humorado, grosso  e bruto com as pessoas.
 
Quando finalmente abriu a porta, Leyla suspirou aliviada.
 
- Halit, o que pensa que estava fazendo? – olhou para Nihan preocupada. – Ayrla, você está bem?
 
- Ayrla?! – repetiu –  Mãe, o nome dela é Nihan.- A encarou com raiva.
 
-Tanto faz se é  Ayrla ou Nihan. – Leya abraçou Nihan com um sorriso – Prefiro até mais Nihan mesmo. Combina mais.
 
Olhou para sua mãe, saiu resmungando. "Mulheres!!! Nihan se aproximara da mãe com nome falso e falso pretexto. Mas, pensaria nisso depois. A Dra Nihan Turkoly, lhe devia algumas explicações!"
" E, quanto a Sra Leyla… também lhe explicaria como deixara entrar uma pessoa desconhecida na casa e ainda a abraçava, mesmo depois de saber que lhe dera nome falso … e Hanna? Pra que pagava alguém pra cuidar se sua adorada mãe, se ela liberava a entrada de qualquer um?!"
 
Suspirou, exausto. Do lado de fora da casa, olhou pra o céu e tentou se acalmar. Inspirou e expirou, várias vezes.

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