Seher acordou, algum tempo depois, e olhou enternecida para o marido adormecido ao seu lado. Ele era tão bonito, mesmo quando estava sério ou zangado, tinha algo que cativava e que lhe roubava o fôlego.
Sorriu. Dormindo, suas feições estavam relaxadas, sem aquele vinco na testa, uma mão estava sob seu rosto e a outra na cintura dela.
Uma mecha de cabelo caía sobre a testa larga, com delicadeza Seher afastou-a e inspirou o perfume do marido, limão… sempre iria associá-lo ao cheiro do limão. Tocou o rosto amado com carinho, deslizou a mão pela barba desenhando mentalmente todos os contornos do rosto másculo.
Com um suspiro, deslizou para fora da cama. Já era quase dez horas, precisava se arrumar e preparar o café da manhã… a qualquer momento, mãe Nadire traria Yusuf.
Foi então que se deu conta, desde a noite anterior, não pensara no pequeno. Pela primeira vez, esquecera de Yusuf pensou envergonhada, enquanto tomava banho. Mas, uma outra lembrança sobrepôs a do sobrinho, e Seher sorriu feliz.
Preparava o café, cantarolando… estava feliz, sentia-se nas nuvens, a muito tempo não se sentia tão bem… Então, mais sentiu do que viu a presença de Yaman na cozinha. Virou-se, para cumprimentá-lo e perdeu o fôlego.
"Ninguém tinha o direito de ser tão lindo… mesmo com o rosto amarfanhado pelo sono e os cabelos levemente desgrenhados."- pensou Seher ao vê-lo parado a porta, vestindo apenas a calça do pijama.
-Bom dia. - cumprimentou-o, sorrindo.
- Bom dia. Me senti vazio, quando vi que estava sozinho na cama… você me abandonou…queria abraçá-la mais um pouquinho. - reclamou ele, cruzando os braços no peito, meio chateado.
- Você estava dormindo tão profundamente que não quis acordá-lo… vim preparar o café… deve estar faminto, depois de… - parou abruptamente, sentia-se desconfortável para dizer o que haviam feito na noite anterior.
Yaman sorriu de leve, e aproximou-se dela. Abraçou-a, aspirando o cheiro de baunilha que se desprendia dos cabelos de Seher.
-Depois que nos tornamos um só?! Que você se tornou minha?! - perguntou com delicadeza.
Seher, acenou que sim com a cabeça baixa. Yaman colocou o dedo sob o queixo dela e ergueu seu rosto, para encará-la… se deliciou com os belos olhos dela e então, beijou-a.
-Sim… estou faminto. - respondeu, dando um duplo sentido a frase, e olhando para ela.
Seher entendeu a deixa e corou profundamente.
-Yaman Kirimli. Comporte-se.
Yaman deu uma pequena risada, abraçou-a com força, tirando-a do chão. O som era novo, rouco…
-Eu amo você, Seher Kirimli. Você é a mulher da minha vida!- murmurou.
-Eu também amo você, Yaman Kirimli. Com todo o meu coração.
Eles se beijaram mais uma vez. Uma batida na porta os interrompeu.
-Yusuf… mãe Nadire… eles chegaram… você está...- balbuciou Seher, desorientada.
Yaman sorriu.
-Acalme-se. Está tudo bem. Vou me trocar e volto logo.
Deu-lhe um beijinho e voltou para o quarto.
-Se acalme, Seher. Se acalme. - recomendou para si, passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e foi abrir a porta.- Querido!- exclamou ao ser abraçada por Yusuf. - Como você está?
-Tia… foi incrível! - revelou o pequeno animado.
-É mesmo?! - olhou para a mãe Nadire, que estava parada a porta- Bem-vinda!
-Obrigada, minha filha. E então? Conseguiu descansar? Ontem você estava com uma aparência abatida… hoje percebo que está mais descansada, sorridente…
-Eu… sim… descansei. Obrigada por tomar conta de Yusuf. - gaguejou Seher. - Entre, acabei de preparar o chá.
Foram para a cozinha, com Yusuf tagarelando sem parar. Mãe Nadire, observava Seher… ela estava distraída, e sorria sempre … Yaman entrou na cozinha e o rosto de Seher se iluminou.
-Bom dia. - cumprimentou ele.
- Bom dia, Yaman meu filho.
- Pasha, como você está?- perguntou, mais seu olhar estava voltado para a esposa, que o admirava com seus belos olhos verdes.
Nadire acompanhava a tudo, bem atenta. Era óbvio que o jovem casal havia se entendido. Sorriu. " Que Deus os abençoassem. Eles mereciam ser felizes."- pediu em pensamento. Mais ainda estava intrigada com a visita…" Se Seher e Yaman não sabiam do casamento, por que estavam ali? O que os trouxera a Antep?" - perguntou-se, olhando a pequena família interagir, conversando animados.
O toque do telefone acordou Nihan deixando-a mal-humorada.
- Quem está me acordando a essa hora?- resmungou irritada.
Começou a tatear na sua cama a procura do celular, até encontrá-lo constatou que era o promotor.
- Você não tem o que fazer, não? Me acordar à essa hora da manhã? – resmungou.
- Essa hora da manhã?! Já passa das 11 da manhã – Halit falou sorrindo pela primeira vez. – A senhorita era para estar aqui no meu escritório.
- Por causa dessas coisas que não quis seguir o meio judiciário. – resmungou socando a cama.
- Estou te esperando. – Halit falou sério.
Nihan levantou resmungando sem parar, o arrogante do promotor que esperasse, pois não correria. Ia começar seu dia com calma, tomar seu café da manhã sem pressa.
Distraída, sentada à mesa do terraço tomando café, nem percebeu a chegada do seu pai.
- Mas uma vez sua insônia voltou, minha filha?- perguntou afetuosamente.
Nihan abriu um sorriu ao pai. Segurando sua mão.
- Sim, papai. – sorridente.
- O que está tirando seu sono? – perguntou.
- O prepotente daquele promotor. – seus olhos escureceram de ódio – Está me subestimando.
O senhor sorriu, conhecia muito bem a sua filha.
- Filha. – puxou-a para si abraçando-a e colocando a cabeça encostada em seu peito – Apenas quero que seja feliz. Quando sua mãe foi sequestrada grávida de você. – suspirou seus olhos ficaram marejados – Fiquei sem chão. – Nihan o olhou – Naquele dia decidi que te criaria de forma diferente. – sorriu – Até sua mãe me acha louco. Mas foi para você aprender a se defender.
- Eu sei papai. – as lágrimas começaram a cair pelo seu rosto.
- Você, minha filha se tornou forte. – beijou a testa da filha – Mais na verdade, você continua sendo a minha menina cheia de sonhos. – se afastou para olha-lá – Apenas quero que seja feliz. Se trabalhar com promotor não está te fazendo bem, pare.
- Não, pai. – secou suas lágrimas- Mostrarei aquele metido, quem eu sou. – se levantou beijando na bochecha o pai. – Resolverei esse caso antes do metido do promotor Halit.
- Minha filha. – se levantou abraçando-a – O que precisar estarei aqui Só controle sua raiva, não repita o incidente do Egito. - sorriu divertido – Estou velho, mas te defenderei até o meu último suspiro.
Com um sorriso, se levantou indo trabalhar.
Seher permanecia perdida em pensamentos na pequena cozinha, Yaman entrou silenciosamente a abraçando por trás e beijando seu pescoço.
- Conseguiu contar a Mãe Nadire?-Perguntou, virando-a e aninhando-a no seu peito.
- Ainda não. – falou pensativa.
- Quer que eu conte a ela? – indagou.
Encarou-o assustada, sabia bem que seu marido para falar não tinha sutileza nenhuma.
- Não. Pode deixar. – levantou o rosto para olhá-lo sentindo seu aroma de limão. – Após o almoço contarei. – hesitou – Mãe Nadire, me pediu para levarmos a prima Aisha que tia Sultana a está esperando em Istambul.
Abaixou beijando a testa da sua amada, afastou- a um pouco com um olhar doce a admirou por um instante, acariciou seus cabelos e desceu a mão pelo seu rosto. Erguendo seu queixo para beijá-la.
- Tia – Yusuf gritou chamando-a.
Se afastaram, olhando para a porta.
- Que foi meu amor ? – Seher sorriu.
- Nosso fantasminha apareceu. – sussurrou no ouvido da esposa. - Preciso falar com Nedin.
-Algum problema? – indagou ao ver Yaman franzir a testa.
- E sobre as ações daquela mulher. – falou pegando Yusuf no colo – Estão no nome de Zuhal, pedi a Nedin para resolver.
- O que você quer, meu amor? – perguntou a Yusuf.
- Posso brincar com as crianças ? – pediu.
- Pode, meu amor. – beijou o menino.
O tio colocou o menino no chão, que saiu correndo alegre, com um leve sorriso Yaman se aproximou de Seher tocando em seus cabelos. O toque do telefone interrompeu os dois.
- Novamente problemas. – mostrou-lhe o que Nedin o ligava.
Neslihan não sabia o que fazer, seu peito doía era uma sensação até então desconhecida, que se misturava com a preocupação com Firat que permanecia desacordado.
Assim, que viu o médico se apressou para alcançá-lo. Sendo seguida de tia Sultana.
- Doutor, me deixa vê-lo? – pediu.
- Você é o que do paciente? – perguntou.
- Noiva, doutor. – mentiu tia Sultana para ajudar Neslihan.
Que a encarou assustada.
- Vou pedir para a enfermeira para lhe chamar. Assim que terminar de examiná-lo. – o médico saiu.
- Tia Sultana. – Nesliha ralhou – Não sou noiva dele.
- Filha, não espere como meu Ali. – suspirou triste – Quando tomou coragem, perdeu meu corderinho, a kiraz. – as lembranças a doía, sentia tanta falta da moça. – Aquele malvado me tirou a minha menina.
A enfermeira em poucos minutos chamou Neslihan para ver Firat.
A cabeça estava enfaixada, e respirava com ajuda de aparelhos. A moça chorava muito ao ver a situação de Firat.
As lembranças dos dois juntos, conversando vinha na mente da moça.
- Firat, me perdoa pelas vezes que não acreditei em você. – segurou a mão de Firat.
Estressado de tanto esperar por Nihan, Halit tomou a decisão de ir buscá-la em casa. Vestiu seu paletó e decidido se adiantou até a porta, antes de abri-la, Nihan a abriu entrando sorridente .
-Vai algum lugar, senhor promotor? – perguntou sarcasmo.
Virou nos calcanhares e sentou novamente, aborrecido.
- Aqui estão os relatórios. – Nihan jogou sobre a mesa.
Pegou os relatórios e começou analisar.
- Kevser estava sendo drogada. – falou espantado.
- A mesma usada para drogar Ziya Kirimli. – sentou tranquilamente- Marquei um horário com médico do senhor Ziya.- informou – Em breve terei mas informações. – já sentada, cruzou as pernas . – E a legista?
- Está com mandado de prisão. – analisava os relatórios- Espero que o comissário faça o trabalho dele com eficiência dessa vez.
Nihan observava distraída o escritório. O som do celular tocando, a tirou do transe que se encontrava.. sem se importar com a presença do promotor atendeu.
- Alô.
- Senhora Ayrla, aqui é a Hana empregada da senhora Leyla. – a moça se identificou.
- Sim. – encarou o promotor.
- A senhora Leyla quer lhe ver. – informou a moça – Desculpe incomodá-la, mas a tempos que não vejo a senhora tão bem, depois da sua visita.
- Dentro de 1 hora estarei aí. – respondeu e desligou – Tenho um compromisso, promotor.
- Quem é dessa vez? – perguntou irônico – A poucos dias, tomou café com homem de confiança de Kirimli, sem contar o almoço com o comissário.
“ Senhor arrogante, hoje você não estragará meu dia". Sorriu e caminhou até o promotor.
- Senhor promotor. – abaixou os relatórios que ele lia, o encarando face a face – Não tenho culpa se o senhor é antissocial!- sorriu e balançou os cabelos. – Meus pais me ensinaram, a ser cordial com as pessoas.
Se levantou, colocou o óculos escuro, pegou a bolsa e nem esperou o promotor falar alguma coisa, saiu.
- Lógico que te ensinaram ser cordial. – falou sarcasticamente para si mesmo – São diplomatas. Aliás, o senhor Turkoly… grande embaixador.
Seher, nervosa, caminhava de um lado para o outro tentando tomar coragem e falar com mãe Nadire, sobre a condição de Firat. A senhora lhe vendo nervosa, a fez sentar.
- Minha filha? – segurou-lhe as mãos- Afinal, o que trouxe você aqui? – indagou.
- Mãe Nadire. – engoliu em seco tomando coragem. – Firat sofreu um acidente.
Mãe Nadire começou a chorar, desesperada por causa do filho. Seher se recriminou pela forma abrupta que dera a notícia, abraçou-a, tentando consolá-la.
-Conte-me tudo, Seher, minha filha… como foi o acidente do meu Firat.
Tão logo a senhora mais velha se acalmou, fizeram as malas e partiram, rapidamente, de volta para Istambul.
Agora com duas passageiras, mãe Nadire e a prima Aisha.
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Espelho Meu
FanfictionSinopse. Após atirar em Yaman o que acontece? O renomado promotor Halit Avci assumi o caso, com a competente Nihan Turkoly e embarcam na descoberta da morte de kevser. O Que Halit é Nihan encontraram nessa jornada? Após revelado a verdade Seher co...