Capítulo 2

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Luan estava parado diante do balcão, fazendo o registro de entrada. Tinha uma consulta marcada para vacinar seu cachorro. Fazia isso uma vez por ano. Ele amava seu pastor alemão, chamado George.
As pessoas comentam que o cão é o único ser no mundo que Luan amava. Talvez ele gostasse dos irmãos, mas não demonstrava. No entanto, não conseguiu esconder seu amor pelo George.
Um dos técnicos em veterinária surgiu com uma prancheta na mão e chamou George, sorrindo para Luan, que não retribuiu. Ele guiou o cão idoso para o consultório, passando por mim sem ao menos me dirigir o olhar. Luan não falava comigo. Para ele eu era completamente invisível.
Quando Luan fechou a porta do consultório, após entrar, suspirei.
Ele agia da mesma forma em qualquer lugar que me visse. Na verdade, tinha a mesma reação em sua enorme fazenda, no Oeste do Mato Grosso do Sul.
Mas nunca proibiu Bruna de me convidar para almoçar ou para andar à cavalo, mas me ignorava da mesma forma.
" — É engraçado -disse Bruna um dia, enquanto estávamos cavalgando- Luan nunca faz nenhum comentário sobre você, mas faz questão de fingir que não te vê. Fico imaginando por quê. -me encarou- Você poderia me dizer qual o motivo?
— Não tenho a menor ideia -falei. E estava sendo sincera.
— Ele só faz isso com você -disse ainda sem entender- Ele é muito educado com as namoradas que o Marcelo arranja. Até mesmo com a garçonete que o Marcelo trouxe para jantar com a gente uma noite dessas, e você sabe como o Luan pode ser arrogante. E mesmo assim, finge que você não existe.
— Talvez eu o lembre alguém de quem ele não gosta -respondi.
— Talvez aquela moça que ele ficou noivo, não lembro o nome dela -Bruna disse do nada.
Senti meu coração dar um salto de dentro do peito.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora