Capítulo 31

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Suspirei com uma expressão preocupada. Marcelo era meu amigo a tanto tempo quanto Bruna. Ele já havia me ajudado a sair de uma dúzia de enrascadas envolvendo minha mãe.
— Tudo bem - concordei por fim e Marcelo sorriu.
— Está bem! Agora, que tal a sobremesa?
Antes de deixarmos o restaurante, Marcelo me apresentou para Sophie e a explicou tudo o que havia planejado. A moça pareceu esperançosa e sorriu, me agradecendo em seguida.
Chegamos em casa muito tarde. Era exatamente 1:00h da manhã quando Marcelo estacionou em frente a porta da minha casa. Até aquele momento eu não me lembrava das palavras da minha mãe, até que elas voltaram com uma força arrebatadora quando vi a luz da sala ligada. Eu não queria entrar.
Porém, minhas escolhas, assim como o meu salário, eram limitadas.
— Provavelmente ela nem vai se lembrar do que disse -murmurou meu amigo- Os alcoólatras não tem uma boa memória -olhei para ele com um olhar curioso.
— Como sabe disso? -perguntei e ele hesitou por alguns instantes.
— Depois que a Chloe abandonou o Luan, ele bebeu por duas semanas seguidas. Não se lembrou das coisas que me disse, mas eu lembro muito bem. E a cereja do bolo -acrescentou- foi que eu nunca chegaria aos pés dele e que não era capaz de administrar uma fazenda.
— Meu Deus, Marcelo -falei com pena.
Eu podia imaginar a sensação de ser um homem e de ter que corresponder todas as expectativas do irmão mais velho. Era uma coisa muito difícil.
— Quando ele ficou sóbrio, não se lembrou de nada que havia me dito. Mas as palavras machucam.
— Nem me diga -concordei.
— Estamos no mesmo barco né? Não correspondemos as expectativas das pessoas que convivem com a gente.
— Eu e a Bruna te achamos maravilhoso do jeitinho que você é -tentei anima-lo.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora