Capítulo 42

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|Bruna|

— Tudo bem -falei tentando evitar problemas, enquanto Jonas parou perto de mim- Não precisava vir até aqui para dizer que eu estou demitida. Vou pedir minha demissão amanhã de manhã.
Jonas apoiou uma de suas mãos sobre a arma que estava em sua continua e abaixou aqueles olhos azuis fascinantes para me encarar.
— Quem pediu para você se demitir?
— Você disse que era isso que eu deveria fazer -o acusei, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto- Que eu deveria deixar meu cargo para que alguém qualificado ocupasse.
Eu estava com muita raiva, e para mim a única solução era chorar.
— Eu poderia ter matado você -falei e comecei a chorar outra vez- Aquele homem apontou uma arma para sua cabeça.
— Não estava carregada -disse breve.
Eu o encarei sem acreditar.
— O que?
— Não estava carregada -repetiu ele- Ele estava muito bêbado para perceber que a arma estava sem o pente.
— Mas mesmo assim, ainda teria uma bala na câmara, não é? -perguntei.
Jonas deu com os ombros.
— Não importa.
— Não importa? Por quê?
— Ele não conseguiria lembrar como destravar a arma -ele disse e eu apenas o encarei- Mas poderia ter acontecido uma tragédia -continuou em um tom de voz calmo- Quero dizer, se ele tivesse conseguido disparar... -deixou a frase no ar.
Mais uma vez sequei minhas lágrimas.
— Eu sei.
— Eles te colocaram naquele atendimento, sem ao menos um treinamento descente -resmungou Jonas- Qualquer funcionário do serviço de atendimento da polícia de uma cidade grande passa por um treinamento. Aqui tem um também. -comentou- Mas o diretor não te levou a sério, pensou que você não fosse querer trabalhar no 190, já que trabalha na delegacia em tempo integral. Por isso, te colocou apenas como assistente de uma das atendentes. Achou que você iria desistir logo. Tive uma longa conversa com ele antes de vir para cá -confessou.

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