Capítulo 25

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— A senhora Martins tem uma pensão muito respeitável -sugeriu.
— Sim, e pede um preço absurdo por um quarto. Não posso pagar com o salário que ganho.
— Pede um aumento para o Gustavo -sugeriu.
— Ah, claro, será a primeira coisa que farei quando chegar no trabalho amanhã -falei irônica.
— Você tem medo do Gustavo. E tem medo do Luan -disse acelerando quando o sinal abriu- E tem mais medo ainda da sua mãe. Você precisa se rebelar e controlar sua própria vida.
— O que você quer dizer com isso? -perguntei.
— Você não pode passar a vida toda com medo das pessoas. Principalmente de pessoas como meu irmão e o doutor Gustavo. Sabe por que eles são assustadores? -continuou- Porque é difícil conversar com eles. Os dois são introvertidos que têm uma grande dificuldade de se relacionar com outras pessoas. E por isso, se mostram calados e reservados. São solitários.
— Também sou solitária, do meu jeito -suspirei- Mas não me coloco ao extremo, olhando furiosa para as pessoas o tempo todo. Ou pior, fingindo que não as vejo.
— Essa é a tática do Luan? -brincou, soltando uma risada baixa-  Ele te ignora?
— Era o que ele estava fazendo até discutirmos sobre o estado de saúde do George.
— Graças à Deus que você fez isso. George é de Luan, mas todos nós amamos aquele cachorro. -confessou- Nunca vou conseguir entender como Luan não percebeu o estado que ele estava. Ele é um caubói, já viu timpanismo antes.
— A namorada, ou ex noiva, não sei. O convenceu de que eu estava tentando chamar a atenção dele, usando o George.
— Ah, pelo amor de Deus! -explodiu- Luan não é tão idiota a esse ponto.
— Bom, ao que parece, minha mãe andou contando a ele que eu tenho uma paixonite por ele e agora Luan pensar que tudo o que eu faço ou falo é uma tentativa de chamar a atenção dele.
— Sua mãe disse isso à ele? -perguntou incrédulo.
— Sim. E disse também que eu estava dormindo com o Gustavo.
— E o Gustavo sabe que você está dormindo com ele? -perguntou fingindo inocência e eu ri.
— Não sei. Mas vou perguntar a ele -então pude ouvir Marcelo gargalhar.
— É assim que se faz, criança -disse ele- Tem que aprender a se desviar dos golpes e não levar a vida tão a sério.
— Parece muito séria para mim ultimamente -retruquei- Hoje, depois de tudo, tenho a sensação que bati contra uma parede.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora