Capítulo 126

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— Não vou deixar você fazer isso –retruquei orgulhosa.
— Vamos supor que eu te faça um empréstimo?
— Não vou poder pagar. Minha mãe pode me emprestar um dos vestidos dela e seu xale de pele de raposa. Vou estar apresentável. Prometo.
— Tudo bem. Se você prefere assim... –disse ele com um pequeno sorriso nos lábios.
— E quanto ao segurança, você deveria perguntar ao delegado sobre isso –sugeri.
— Vou fazer isso. Agora, entre. Depois eu te ligo.
— Tem certeza que quer fazer isso? –perguntei enquanto abria a porta do carro– Talvez a Sophie volte com você.
— Não sei se eu quero que ela volte –retrucou– Vamos viver um dia de cada vez. Mas, se precisar de qualquer coisa, me avisa, tá?
Eu não iria precisar, mas mesmo assim sorri para ele.
— Sinto muito por ter te contado o que Luan disse –acrescentou ele, com a expressão séria– Isso te machucou.
— A vida machuca, Marcelo –respondi– Não tem como escapar disso.
— É o que todos dizem –ele se inclinou sobre o banco para fechar a porta– Na próxima sexta-feira, temos um encontro marcado.
— Vou pedir ao doutor Gustavo para sair mais cedo.
— Também vou pedir –disse ele.
— Você tem muita coragem.
— Sim, ouvi dizer que ele está fazendo da vida da equipe um inferno, nos últimos dias, mas nós nos damos bem –Marcelo soltou uma risada abafada– Eu te ligo. Até logo.
— Até.
Me despedi do meu amigo e fui para dentro de casa.

O segurança era na verdade um policial de Jaraguari que fazia trabalhos por fora, quando não estava em serviço na delegacia. Era um homem forte e parecia nunca sorrir.
Em vez de ir no carro junto com a gente, ele nos seguiu com seu próprio veículo até Campo Grande. Marcelo pagou a gasolina e até teria comprado um ingresso para o teatro também, mas o homem disse que preferia ser queimado vivo a ter que assistir a apresentação.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora