Capítulo 85

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— Se ele usar isso contra você, também pode ser incriminado e preso.
— Eles teriam que pega-lo primeiro, não é? –perguntou– Seu pai esteve a vida inteira um passo a frente da lei.
— O que vocês fizeram? –questionei pensando que ela não me falaria nada.
— Vivi com essa culpa por anos –disse ela– Pensei que o que fizemos não me incomodaria. Pensei... –tomou um gole da bebida– Um garoto da cidade viu o César trazendo um carregamento de drogas e o escondendo em nosso porão. O menino ia contar para o delegado. Meu pai já havia ameaçado me deserdar por causa do seu pai. Se acontecesse um escândalo, nós dois seríamos processados e eu perderia tudo. Eles poderiam provar que eu... Paguei pelo carregamento que César iria vender nas ruas.
– E o que vocês fizeram? –perguntei apreensiva.
— O garoto era viciado –prosseguiu ela– Sempre estava drogado. Tinha uma fornecedora, um dos traficantes do seu pai. Prometemos que enviaríamos um quilo de cocaína se ele não nos entregasse.
Eu estava me sentindo tonta. Imaginava de quem ela estava falando.
– E...?
— Ele concordou. Na verdade, prometemos um pouco naquele mesmo instante. O que não dissemos a ele, é que era cem por cento pura. Então ele pediu que a fornecedora injetasse nele. O garoto morreu.
— Foi o Bruno, irmão mais novo do delegado Henrique, não foi? –perguntei.
— Sim. Vivi com essa culpa e medo durante todos esse anos, pensando na possibilidade do delegado descobrir. Ele não sossegaria até me prender. Henrique culpou outras pessoas e isso tirou a culpa de mim. Era a única esperança que eu tinha...

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