Capítulo 90

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— Por que os dois simplesmente não roubam um banco? –perguntei exasperada.
— Nem brinque com isso. –minha mãe se apressou em dizer.
— Desculpa, eu não devia ter dito isso.
Minha mãe foi em direção ao corredor.
— Vou dormir. Se tiver que sair, tome cuidado. Ligue para a delegacia e peça para os policiais te acompanharem.
— Farei isso.
No entanto eu estava pensando no irmão do delegado e como ele sofreu depois que o irmão morreu. Não suportava a ideia de estar envolvida de alguma forma, mesmo que eu não tivesse nada haver com isso.
Não fui me deitar de imediato. Fiquei saboreando a sensação de ter uma mãe de verdade pela primeira vez na vida. Mesmo que aquela mãe fosse a versão suave de uma assassina.
Dois dias depois Marcelo ligou, me convidando para o grande baile beneficente que aconteceria no centro comunitário no sábado. Eu não estaria de plantão, então não poderia recusar.
— Se isso não é desespero, então me diga o que é? –disse ele triste– É a única coisa acontecendo aqui em Jaraguari em um futuro próximo, ao menos que queira que eu nos inscreva para dançar quadrilha na festa junina –acrescentou ele irritado– Nunca vou conseguir me encontrar com a Sophie.
— Gosto de dançar –retruquei– Tudo bem. Você vai poder dar uma escapada que ninguém vai sentir sua falta. Depois, pode dizer que passou mal.
— Você é um gênio! –exclamou ele.
Na verdade, eu estava apenas me aperfeiçoando em mentir. Eu ainda estava preocupada com a farsa de Luan e com o fato de Marcelo estar mergulhando de cabeça em um desastre.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora