Capítulo 155

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Me aproximei da cama e me inclinei sobre ela, pousando uma de minhas mãos ao lado da cabeça de Helena, no travesseiro.
— Eles vão me matar se eu sentar aqui. Sei que você ainda está fraca e sentindo muita dor, mas quero que você sinta uma coisa –segurei sua mão direita e levei ao meu peito sobre a camisa pressionando em um determinado ponto e observando o olhar dela. Quando reconheci a percepção em seus olhos, fiz um gesto afirmativo com a cabeça.
— Tenho mais dessas –falei tenso, me levantando– Muitas. Uma que destruiu um pedaço do osso da minha coxa. Quando a Chloe me viu, lá na Alemanha, quando tiraram os curativos, saiu correndo do quarto. Estão com uma aparência melhor agora, depois de algumas cirurgias plásticas, mas as cicatrizes são muito profundas para serem completamente removidas e são notáveis. Não ando sem camisa –acrescentei– há anos.
— Nunca usei nenhuma peça de manga curta desde que eu tinha treze anos –ela retrucou em um tom de voz baixo– Quando eu tinha dezesseis, um rapaz de quem eu gostava me chamou para sair. Ele estava apenas me tocando, como os rapazes fazem, mas quando puxou minha blusa para baixo e viu as cicatrizes, que ainda eram recentes, –Helena fechou os olhos– ele abriu a porta do carro e vomitou. Ele me pediu desculpas, mas eu fiquei devastada. Naquele momento eu soube que nunca teria uma vida normal, que nunca me casaria ou teria... Filhos. –a voz de Helena falhou, enquanto as lágrimas escorriam em seu rosto.
Aquilo me afetou. Me inclinei mais uma vez e beijei seus olhos, nariz e as maçãs do rosto.
— Não chora. –sussurrei com a voz rouca– Você tem sido tão corajosa. Não suporto ver você chorar. Não chora, meu amor.

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