Capítulo 151

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— Vou passar na casa da Helena e conversar com a Grayce. –disse Henrique– Estarei de serviço esta noite, porque tenho um caso pendente, mas amanhã estarei de folga. –disse apontando o dedo para Luan– Você vá para casa e lave sua língua porca com sabão.
Luan abraçou o amigo de forma afetuosa.
— Você é o único homem que eu conheço que pensa que “biscoitos e leite” é um xingamento.
— Eu faço palestras sobre drogas para crianças –disse ele– Como seria se eu deixasse escapar um palavrão desses em uma sala de aula?
— Provavelmente essas crianças conhecem mais xingamentos do que você –intervi, sorrindo– Devia ouvir os pais delas no telefone quando ligam para a polícia.
— Eu sei. Escuto alguns as vezes –sorriu para mim– Sabe de uma coisa? Você é uma ótima atendente do 190. O Jonas gosta quando você está de serviço. Diz que você ilumina as noites sombrias.
— Ele diz? –senti meu coração bater mais forte.
— Pode parar com isso –Luan se intrometeu– Minha irmã vai voltar para a faculdade, se formar e se casar com um homem culto.
— Não vou voltar para a faculdade –retruquei tranquila– Não quero um diploma. E não vou me casar com nenhum homem, culto ou não, até que eu queira.
— Engole essa, Luan –disse o delegado.
Luan dirigiu um olhar furioso para mim, que correspondi imediatamente.
- É... Eu... Não alimentaria as esperanças em relação ao Jonas -disse Henrique, gentil e um pouco constrangido- Ele sofreu uma tragédia pessoal. Pode até agir de maneira normal, mas ainda não superou o trauma.
Me aproximei do delegado.
- Henrique, me conte -pedi com a voz baixa.
- Alguns anos atrás, -ele começou- houve um assassinato violento em Campo Grande. Na época, o Jonas estava trabalhando lá, disfarçado, com a polícia local. Era uma noite chuvosa de sábado, quando sempre temos muitas batidas de carro. Ele e o parceiro estavam mais próximos do que os outros policiais, pois a maioria estava ocupada, então eles se ofereceram para proteger a cena do crime. Jonas reconheceu o endereço e entrou correndo antes que o parceiro pudesse impedi-lo -Henrique fechou os olhos- Foi feio. Muito feio. -ele fez uma pausa-

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora