Capítulo 127

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Eu vestia o mesmo vestido de veludo verde que usei no baile, o xale de pele de raposa e sapatos de salto alto da minha mãe.
Estava nervosa com a possibilidade de ter que me misturar com a alta sociedade de Campo Grande, mas meu amigo segurou minha mão e garantiu que as pessoas que estavam ali eram comuns, assim como ele.
Marcelo reconheceu um amigo e me apresentou. O homem era Alberto Vale, dono de uma das maiores fazendas de Jaraguari. Geralmente estava acompanhado de sua meia irmã, Cecília, mas naquela noite estava ao lado de uma mulher ruiva, que apresentou como sua noiva.
A mulher era metida e não muito educada. Arrastou Alberto para longe de nós minutos depois e o levou para perto do dono do jornal da cidade.
— Acho que não agradamos ela –disse Marcelo– É verdade que aquele velho ali é dono de um jornal, mas minha família poderia comprar tudo o que ele tem com apenas alguns trocados. Alberto vai dizer isso para ela em algum momento e ela vai puxá-lo para cá de novo, inventando que o velho é primo ou algo do tipo. A irmã do Alberto, Cecília, não se interessa por dinheiro. É amiga de pessoas que não tem um real no bolso. Mas, pelo que parece, a noiva dele só quer socializar com a alta sociedade.
Marcelo estava achando graça.
— É esse o tipo de pessoas que você conhece? –perguntei incomodada– Que te julgam pelo que você tem?
— O Alberto não é assim, mas tenho a impressão de que a noiva dele é. –ele franziu a testa– Estou pensando onde está a Cecília. É difícil não ver eles juntos.
— É mesmo? –perguntei curiosa– Irmãos não costumam fazer companhia para o outro em eventos desse tipo, não é?

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