Capítulo 168

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— Deixe ele matar o Jack -sugeri com frieza.
— Jack é o único amigo que eu tenho –meu pai respondeu- Ficou ao meu lado quando todos se afastaram.
— Não tenho nenhum dinheiro –afirmei– Trabalho como técnica em enfermagem e recebo um salário mínimo. Mamãe... –minha voz falhou– tinha algum dinheiro na poupança, mas está no nome dela e bloqueado por causa do testamento. Vai levar semanas para que eu tenha acesso ao dinheiro -eu não sabia se aquilo era verdade, mas pareci convincente.
Meu pai soltou um xingamento.
— Deve ter alguma coisa para vender.
— Minha mãe vendeu tudo. -retruquei.
Ele praguejou mais uma vez.
- Esses seus amigos, os Santana, tem dinheiro. Peça à eles!
- Eu não vou fazer isso!
- Sua vida está em jogo Helena -ele vociferou- Isso não é brincadeira! Jack disse que não tem nada a perder. Vai te matar se não nos ajudar.
Eu estava me sentindo muito mal. Minha mãe estava morta e eu quase morri também. Luan sabia do meu segredo terrível e com certeza não iria me querer mais, mesmo que ele também tivesse cicatrizes e que tivesse de mostrado compreensivo.
Eu não conseguia enxergar um possível futuro para mim mesma.
- Não ligo! -retruquei- Deixe que o Jack faça o pior. Talvez ele esteja até me fazendo um favor -concluí- Deus sabe que eu nunca vou ter um marido ou uma família com a minha aparência.
- Eu... Sinto muito -disse ele, falando pausadamente- Sinto pelo que aconteceu. Fiquei tão chocado que não consegui me mexer. Me sinto péssimo por isso. Não pensei na forma como essas cicatrizes poderiam afetar sua vida.
- É uma pena -falei, sentindo o ódio crescer dentro de mim- Até aquele momento, eu pensava que você gostava de mim.
- Eu gosto, do meu jeito - afirmou ele- Meus pais eram muito secos comigo. Acabei aprendendo que devemos cuidar de nós mesmos e não nos importarmos com mais ninguém.
- Minha mãe também -retruquei- Nenhum de vocês servia para ter filhos.

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