Capítulo 49

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— Que tipo de animais seu pai criava? -Luan insistiu.
— Os mais comuns -respondi sem olhar para ele- Girafas, leões, macacos e um elefante.
— Leões africanos? -eu assenti.
— E uma onça pintada -acrescentei.
— São perigosas -Luan disse- Um dos meus funcionários teve que seguir uma e matá-la quando trabalhavam no Pantanal a alguns anos atrás. A onça estava matando o gado. Ele contou que a onça matou um dos seus cães farejadores antes que ele pudesse atirar nela.
— Eles tendem a ser agressivos como a maioria dos animais selvagens -concordei- Não fazem isso por mal. Apenas seguem o instinto.
— O que você fazia na reserva? -murmurou ele.
— Eu alimentava e dava água para os animais, e verificava se as jaulas estavam trancadas á noite, para que eles não fugissem -respondi.
— Não era um trabalho adequado para uma criança de doze anos -comentou ele.
— Éramos só eu e meu pai -retruquei- Exceto pelo velho Bento. Ele era aleijado. Caçou um leão que matou um homem na África e o animal atacou ele. Ele perdeu um braço e um pé na luta.
— Ele guardou a pele do leão quando matou? -Perguntou Luan e eu dei um leve sorriso.
— Fez um tapete, que servia de cama para ele todas as noites. Quando fomos embora, Bento levou com ele.
— Os pães estão bons -Luan disse de repente.
— Obrigada -agradeci tímida.
— Poderia arranjar um emprego de cozinheira -ele comentou e eu franzi a testa.
— Por que eu deveria abrir mão de trabalhar com o Gustavo? -Luan ficou sério.
— Deus sabe.
Bruna encarou o irmão, que logo percebeu seu rosto ainda inchado.

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