Parte 4: Agressão
No dia seguinte, o treinamento físico eliminou mais cinco pessoas, mas o Grupo 37 continuava firme e forte. De vez em quando, no decorrer do mês, o Marechal Aldir Betsar passava a cavalo por todos os grupos dos instrutores para observar os recrutas em treinamento, o que resultava, para a infelicidade deles, nos oficiais intensificando ainda mais os exercícios.
Depois de semanas seguidas de mais semanas, os recrutas começavam a perder a noção do tempo. Não sabiam dizer quantos dias se passaram desde que começaram, suas mentes vacilavam mesmo realizando tarefas simples e seus corpos, agora muito bem treinados, apenas executavam os exercícios apenas com a memória muscular.
Após mais um dia exaustivo de treino, Nabal retornou com seu grupo para o alojamento. A rotina de limpeza continuava, ninguém mais reclamava. Era como se suas mentes vagassem em um limbo repleto de gritos de repreensão ou mandando-os realizar tarefas, os fazendo sempre ficar em guarda pelo receio de estarem cometendo um erro. Ao término da limpeza, deitaram na cama sem ao menos trocar um desejo de "boa noite", como de costume... Jogado em sua cama, Nabal usava seus últimos vestígios de energia para colocar a cabeça no lugar. Ele cobria os olhos com o antebraço, calculando mentalmente quantos dias provavelmente teriam se passado, mas não conseguia identificar eventos de destaque para separar um dia do outro. Era como se estivesse vivendo a mesma coisa toda vez que levantava da cama... Por fim, desistiu, não era relevante, no fim das contas... Com mais alguns longos e sofridos bocejos, finalmente adormeceu.
Um solavanco fez com que acordasse com o coração na boca enquanto agarrava nas laterais da cama. Desnorteado, seus olhos foram guiados como uma mosca para um foco de luz próximo.
- De pé, de pé! – Alguém repetia.
Nabal apertou os olhos, já se acostumando com a luminosidade. Foi então que o viu ao seu lado e sacudindo a cama. Vestia apenas o peitoral da armadura e as tiras dos protetores de antebraço estavam precariamente presas.
- Levante-se recruta, vamos! É uma emergência!
- Sim senhor! - As palavras saíram pelo instinto.
Girando na cama, apoiou os pés no chão, já puxando as botas para perto. Enquanto calçava o mais rápido que podia, começou a olhar ao redor na tentativa de entender o porquê de estar sendo acordado no meio da madrugada. Ele viu alguns poucos soldados com a ponta do dedo indicador em chamas acordando seus companheiros da mesma forma até que todos estivessem de pé e vestidos.
- Vamos para os fundos, com cuidado! – Um soldado ordenou.
Os fundos do alojamento davam para uma porta onde um local cercado por uma meia-parede repleto de varais nos os recrutas do Alojamento 10 colocavam suas peças de roupa extra para secar. Extinguindo as chamas nas mãos, os soldados começaram a reunir as pessoas, fazendo o rapaz ruivo notar que todos os recrutas do alojamento estavam lá.
- Atenção! – O tom era sério, mas baixo. Decididamente não queria chamar atenção de alguém.
- Coronel Alburn, o que houve? – Uma voz sonolenta lhe dirigiu a pergunta.
- Silêncio e escutem com atenção! – Alburn repreendeu.
Ele se certificou de vasculhar bem os arredores e trocar gestos de confirmação com seus subordinados antes de prosseguir.
- Fomos invadidos pelos roldórnios! Calados! – Cessou os murmúrios desesperados antes que ganhassem força. – Foi um ataque surpresa, já tomaram o Forte Gilmore na divisa da Floresta da Fronteira.
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Guerreiros do Norte
FantasyUm jovem templário em uma ilha precisa juntar forças com uma dupla de mercenários para salvar os aldeões de um bandido sanguinário repleto de lacaios. Um jovem alista-se no exército de seu reino para adquirir a força que precisa para vingar a morte...