Capítulo 3 - Parte 8

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    Parte 8: Não há alternativa

    Acordaram cedo.

    Era cerca de sete horas quando partiram em vários carros para Alvagarte. O comboio possuía duas carruagens e cinco carroças, as quais carregavam os materiais de pesquisa, a enorme barraca que funcionava como centro de pesquisas móveis e mais alguns itens e acessórios pessoais de Eniac, além de pequenas bagagens de pertences de cada discípulo. Uma pequena guarnição montada e outra a pé acompanhavam todo o comboio. Eram eles que fariam a segurança do centro de pesquisa e montariam o acampamento.

    Norah viajava na carruagem que levava seus companheiros, enquanto Eniac viajava sozinho. A carruagem era bem bonita e mais espaçosa do que qualquer outra que tivesse visto. Era puxada por quatro cavalos para distribuir a força da cabine alongada e larga, que poderia comportar até oito pessoas com bastante comodidade. Era feita de uma madeira leve, porém, resistente e algumas partes de aço, conferindo um apoio adicional e resistência. Para suprir a beleza, a pintura em branco e dourado padrão do Duque, tinha traços suaves e belos e ostentava o Brasão Real de ambos os lados, no centro da carruagem, com a diferença de ter um "W" na intercessão dos raios cruzados. Só nobres de grande importância poderiam utilizar o símbolo real com a inicial de sua família inclusa. A carruagem de Eniac era bem menor, mas era uma carruagem particular. Era puxada por dois cavalos e os detalhes em ouro acompanhavam a pintura e enfeitavam o brasão, dando uma impressão de ainda mais importância. Apesar disso, não comprometia em nada a funcionalidade do carro. As carroças basicamente eram versões menos ornamentadas da carruagem dos discípulos. Tinha eixos reforçados para aguentar o peso das bagagens e, embora não tivesse uma cobertura integral, o cocheiro guiava os cavalos protegido por um toldo branco levemente enfeitado com bordados dourados. O Duque parecia fazer questão de carregar uma boa imagem até se tratando de meras carroças.

    Na carruagem dos discípulos, Hal conversava com Linus e Neil sobre assuntos aleatórios, mas os outros três encaravam o chão ou a paisagem que passava durante a viagem. De qualquer forma, eram olhares pensativos e preocupados. Os acolchoados macios combinados com um sistema de molas absorviam boa parte do impacto da estrada irregular, fazendo com que os distraídos alunos nem sentissem direito que estavam andando.

    Como era (ainda mais) frequente, Norah estava pensativa. Com um olhar cabisbaixo, ela tentava colocar seus pensamentos em ordem, mas a preocupação que sentia fazia com que não conseguisse se concentrar completamente.

    - Norah... – Chamou Sabrina.

    Norah se endireitou um pouco, suspirou e olhou para a amiga.

    - Sim?

    Sabrina também estava claramente aturdida pelos últimos acontecimentos. Ela não conseguia tirar a imagem daqueles alaos presos da cabeça e parecia que aquela imagem a assombraria para sempre. Como não conseguiu se desviar desses pensamentos achou que uma conversa a ajudaria a se acalmar. Mas não sabia por onde começar.

    - Acho que estamos passando pela mesma dificuldade... – Disse Norah.

    A amiga assentiu.

    - Eu não estava preparada para tudo aquilo. – Disse Sabrina. – Foi um choque e tanto.

    Norah concordou.

    - Tem acontecido tanta coisa em tão pouco tempo... – Continuou Sabrina. – E, pela primeira vez, me questiono sobre querer seguir em frente.

    - Como assim? – Perguntou Norah.

    - É que... Estudar sob a tutela do Duque sempre foi um sonho, mas eu não esperava que tudo fosse subitamente mudar para esse lado. Eu buscava conhecimento, Norah... E eu achei que estava conseguindo isso, mas... No final eu só estava me preparando para uma guerra.

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