Parte 6: Retaliação
Uma cena terrível era mostrada a todos os sobreviventes do conflito. Para qualquer direção que se olhasse, corpos e mais corpos cobertos jaziam imóveis, muitos deitados sobre poças de sangue que tingiam um chão pacífico e o cheiro férrico enjoava as narinas. Embora inconsolável, para Lucas, a palavra que descreveria melhor seus sentimentos não era "luto", mas sim "revolta". Por algum motivo, notava uma atmosfera pesada, esmagadora e podia jurar que via vultos indistintos emanando dos sobreviventes, vultos estes que faziam sua espinha gelar. Será que estava perdendo a cabeça? Não. Estava mais focado do que nunca!
Ele se ergueu, andando pelo campo quando parou ao ver seu grupo de veteranos. Faziam um círculo. Não... Não mais um!
Lucas correu na direção deles, diminuindo os passos quando a visão eclipsada pelas lágrimas conseguiu reconhecer os dois deitados no centro.
- João... Julia... – Balbuciou. Ele deu mais alguns passos, chegando a eles. – Ei, Diego, Joshua... Digam que eles só estão cansados.
Os olhos marinados lhes responderam.
- Ela me protegeu... – Diego firmava a voz trêmula. – Tentou bloquear um golpe contra as minhas costas, mas sua lança não aguentou.
Ao lado do rapaz, a lança partida em dois repousava e Lucas sentiu empatia por ela. Era dessa forma que se sentia.
- João não deixou a linha de frente... – Foi a vez de Oswald relatar. – Ele gritou, afirmando que se não avançasse, vocês não teriam chance, mas foi sufocado por três, não conseguiu evitar a lança.
- Onde estão os outros? Por acaso você os viu? – Joshua perguntou com receio.
- Carlos e Roberto... Também não conseguiram. Eu não consegui ajuda-los, não os alcancei a tempo... Me sinto inútil, se tivesse usado meus poderes antes...!
Mãos repousaram sobre seu ombro e sua intuição lhe avisou: não estava sozinho. Todos compartilhavam o mesmo sentimento.
Foi a contabilidade mais difícil que já fizeram... Quarenta e seis bandidos mortos ou gravemente feridos... Vinte e sete templários mortos, sete gravemente feridos. As freiras e monges com conhecimento médico começava a tratar dos ferimentos, os corpos começavam a ser separados para um sepultamento e dois pares de pernas permaneciam inertes, olhando para o horizonte buscando evitar mais daquela visão.
- Fez o que pôde. – Daniel consolou o companheiro.
- Não tenho certeza. – Seu olhar era feroz.
- Não está pensando em... – Daniel se virou incrédulo para Nilton. – Ei, você não quer ir atrás dos bandidos, não é?!
- Quando eu disse que tínhamos que acabar com isso agora, não me referia só a essa situação. Eles vão continuar atacando até vencer, então precisamos dar um fim a eles antes disso e isso significa retaliar!
- Com o quê? Duas dúzias de templários?
Nilton abriu a boca para responder, mas o barulho nas árvores o interrompeu, colocando todos em guarda. Nilton grunhiu, não era possível que já tivessem se recuperado! Olhou para os lados, buscando conforto nos números, mas o moral era baixo, se recebessem outra pancada daquelas, estariam todos mortos!
Lucas se ergueu, apertando o machado com força, seus amigos postando-se a seu lado. Não desistiriam, mesmo que fosse o fim!
Mas a tensão durou pouco quando rostos familiares saíram das matas.
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Guerreiros do Norte
FantasyUm jovem templário em uma ilha precisa juntar forças com uma dupla de mercenários para salvar os aldeões de um bandido sanguinário repleto de lacaios. Um jovem alista-se no exército de seu reino para adquirir a força que precisa para vingar a morte...