Guerreiros do Norte

Capítulo Final - Parte 8

    Parte 8: Choque de rivais

    Norah caminhava pelo castelo sem falar com ninguém, apenas seguia a rotina, saindo de uma sala para outra. Não trocava palavras com ninguém, apenas terminou as obrigações do dia e seguiu para seu quarto.

    Desde que retornou para Forsyth trazendo seu relatório fajuto da pequena estadia no forte dos Mercenários, Eniac a designou para cuidar da lapidação dos cristais do DNC. Ela, então, supervisionava a equipe de Eniac no trabalho junto com Sabrina. Neil e Chris cuidavam da fabricação das coleiras e das luvas enquanto Hal e Linus trabalhavam na montagem. Desde que começaram, já tinham produzido centenas de dispositivos e os estocavam no salão cientifico tão conhecido pelos discípulos. Originalmente, o salão era designado para estocar as invenções que aguardavam testes preliminares, mas foi desmontado exclusivamente para a chegada dos futuros alunos de Eniac, onde ele pretendia testar o feitiço das Situações. Agora que não havia mais necessidade de utilizar a sala para tal propósito, ela havia sido remontada e retornou para sua antiga forma, mas, dessa vez, como dito, ela estava estocando exclusivamente o par de dispositivos que formavam o DNC.

    Apesar desse tempo já ter se passado, Norah não deu uma palavra sobre o que realmente havia acontecido na Ilha do Norte e nem de seu plano para seus amigos. Ela não queria que houvesse possibilidade da informação se espalhar. Na verdade, manter a compostura era cada vez mais complicado. Ela sabia que seu pai já deveria ter entregado sua carta e o rei Vebern poderia chegar a qualquer momento. O nervosismo da jovem começava a ficar mais evidente. Ela procurava andar de um lado para o outro constantemente para escapar do olhar constante das pessoas. Talvez assim, seu nervosismo passasse despercebido.

    Ela estava apenas cuidando da comunicação entre os setores, informando aos companheiros o que estava sendo feito, andamento dos processos e o feedback geral. Como imaginava, Eniac não a deixou ver o irmão, mas agora que sabia onde ele estava e que o duque não pretendia maltratá-lo, não viu porque arriscar em insistir. Ela mal dialogava com os amigos e isso os deixava preocupados.

    Ao final do dia, ela só queria se trancar no quarto, se atirar na cama e ficar lá e foi exatamente o que fez quando eles foram dispensados dos afazeres do dia.

    Ela estava deitada com um dos antebraços cobrindo o rosto, tentando relaxar e dormir, quando ouviu baterem em sua porta.

    - Norah... – Chamou Sabrina. – Está acordada?

    Norah olhou para o relógio. Estava tarde. Se ela não respondesse, talvez Sabrina fosse embora.

    Bateram novamente.

    - Norah, por favor, nos deixe entrar... – Pediu Hal. – O que está havendo com você?

    Ela mordeu os lábios. Odiava ter que ignorar os amigos, mas não queria contar a eles o que tinha planejado. Ela pretendia apenas mandá-los embora quando as tropas do rei chegassem, mas duvidava que eles o fariam... Por outro lado, com certeza iriam querer explicações por parte dela. Esse era o motivo pelo qual não queria contar. Provavelmente ficariam com raiva dela.

    - Por favor... – Insistiu Chris. – Somos nós... Sabe que pode confiar.

    Norah se sentou na cama e encarava a porta. Até aquele dia, seus amigos ficaram a seu lado, não importava o que ela decidisse fazer, mas desde que Eniac os obrigou a ficar sob ameaça de ferir Phillip, ela se sentiu culpada. Mesmo que não fizesse sentido.

    As vozes pararam. Norah achou que eles foram embora, mas no fundo, não queria isso. Precisava de companhia... Ela se sentiu bem quando contou a seus pais sobre o plano e eles a apoiaram, confiando nela. Talvez fosse egoísmo de sua parte querer manter tudo para si. Num salto, ela se levantou da cama e correu para abrir a porta. Os três ainda estavam lá, de pé, de cabeças baixas, esperando para ver se ela os atenderia. Ela não sabia o que dizer a eles... Apenas abriu mais a porta e convidou-os para entrar.