Capítulo Final - Parte 2

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    Parte 2: De volta para casa

    Norah caminhava pelas ruas da região do porto de Alvagarte com sua sacola de roupas. Ela andava cabisbaixa, refletindo sobre o que tinha acontecido nos últimos meses enquanto comparava sua vida de antes com o que tinha se tornado agora. Ela vinha se envolvendo em situações mais complicadas a cada dia que passava e aquele era só mais um dia onde as coisas se complicariam mais uma vez.

    Seu corpo seguia o caminho de casa quase involuntariamente enquanto sua mente trabalhava no que estava para acontecer. Depois que seu irmão foi feito de refém, ela teve poucas escolhas para tomar. Sua racionalidade dizia que a opção mais segura era obedecer Eniac, garantindo a segurança de Phillip, mas ela não podia ignorar tudo com o que estaria compactuando se escolhesse essa opção.

    Ela suspirou.

    Agora que resolveu tomar o caminho correto, porém infinitamente mais complicado e perigoso, tinha que ter força pra seguir em frente, mas ela não era tão forte assim. Não poderia simplesmente contar com seus amigos para resolver toda aquela situação. Não teriam chance. E foi por isso que decidiu buscar ajuda, o máximo que conseguisse. A única forma de competir contra a determinação insana do Duque era conseguindo um apoio ainda mais poderoso. Mas antes de continuar com tudo aquilo, precisava passar em casa, desabafar com seus pais, aliviar as frustrações e chorar um pouco, talvez... Todo aquele estresse esmagador havia minado quase todas as suas forças.

    Ela parou e olhou em volta.

    Estava caminhando há quase uma hora, mas só agora tinha chegado ao coração da capital, só à alguns minutos de casa. Seria bem mais eficiente se tivesse pagado um cocheiro para que a levasse em casa, mas ela decidiu que preferia ir andando mesmo. Com tudo que tinha na cabeça, não daria tempo de refletir antes que chegasse em casa.

    Ela retomou as passadas, dobrando em algumas vias movimentadas da grande área comercial e seguiu adiante. As ruas cheias de comerciantes e pessoas foram substituídas por vias mais largas, arborizadas e bem cuidadas. À sua esquerda, uma enorme cerca viva de arbustos folhosos compactos projetavam suas sombras sobre a jovem, que continuava sua caminhada. Aquela cerca era a de sua casa, mas a proximidade que estava de seu lar ainda não a confortava totalmente. Ela apertou o passo, respirando mais rápido, os olhos acompanhavam a cerca na esperança de que, a qualquer momento, surgissem os portões da mansão. Ela parou, virada para a esquerda.

    - S-Senhorita Kaspar! – Gaguejou um dos sentinelas, claramente surpreso.

    Norah ainda vestia aquelas roupas simples, os cabelos loiros estavam maiores e desgrenhados devido ao vento e a salinidade do mar. Ela tinha crescido alguns centímetros, mas ainda era visualmente a filha de seu senhor.

    - Por favor, digam que meus pais estão em casa. – Disse a jovem.

    - Estão sim, senhorita. Têm esperado pela sua chegada desde que receberam a carta.

    Norah soltou um longo suspiro. Então sua carta tinha sido entregue...

    Os dois guardas abriram os portões e, enquanto um tomou a dianteira para avisar da chegada de Norah, o outro a acompanhava até em casa.

    A mansão não possuía um grande jardim frontal, como era comum em residências semelhantes, mas compensava isso com a arborizada área nos fundos. Norah não levou muito tempo para chegar a porta de casa e logo que colocou os pés no chão polido da casa, ouviu os barulhos de passos apreçados descendo as escadas. Ela respirava depressa, tentando conter a ansiedade, mas não foi necessário por muito tempo. Logo seus pais surgiram correndo a seu encontro. Sua mãe tomou à dianteira e deu-lhe um abraço apertado.

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