Capítulo 1 - Parte 3

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    Parte 3: No caminho para o Templo


    Eles entraram na trilha que os levou floresta adentro.

    - Parceiro, que legal! – Nilton suspirou empolgado, apesar da longa caminhada que faziam. – Deve fazer quase um ano que não vemos Lucas. Como será que anda o treinamento dele?

    - É mesmo. Acho que, pelas minhas contas, ele já deve estar no final do treinamento. – Daniel assentiu.

    – Quero aproveitar e conferir o quanto ele melhorou. – Nilton estalou os dedos. – Não é sempre que podemos reafirmar nossas habilidades.

    - Somos dois! O treinamento deles os transforma em ótimos lutadores.

    - Significa que é melhor você ficar fora da disputa. – Não resistiu a provoca-lo.

    - Concordo. Quando for decidido o vencedor, ele me enfrenta na final.

    - Há! Desde quando você faz piadas? – Cutucou-o com o ombro.

    - Desde o tempo que você é engraçado, ou seja, não faço. – Retrucou.

    Seguiram alternando entre se provocar e tomar atalhos que exigiam mais atenção nos locais que pisavam. As trilhas costumavam ser suficientemente abertas, uma hora ou outra um tronco caído ou cipós folhosos atrapalhavam o caminho, mas nada muito complicado. Porém, adentrar nas matas fechadas era um risco a mais, pois o chão revestido de incontáveis folhas poderia esconder formigueiros ou até mesmo cobras peçonhentas e a escuridão rapidamente tomava conta de tudo quando o Sol baixava. A visão também era restrita pelos troncos, se tornando fácil perder pontos de referência ou começar a andar em círculos. Felizmente, os dois tinham bastante experiência em viajar e avaliar aquele tipo de terreno, além de conhecer bem a região. Estava começando a escurecer quando atingiram uma região mais plana que desejavam, então cessaram a caminhada para encontrar locais de descanso.

    O Templo não ficava em cima da montanha de fato, mas sim localizado em um dos planaltos a cerca trezentos metros de altura, podendo ser acessado por aquela trilha aberta e bem definida, mas, com a visibilidade quase zero, não poderiam continuar nem mesmo por ela. Não era prudente caminhar pela floresta à noite.

    Eles encontraram uma clareira perto de um riacho e montaram acampamento, acenderam uma fogueira e prepararam um pouco da carne que tinham para o jantar.

    - Cobrimos bem mais da metade do caminho. – Comentou Nilton – Então vamos dormir bem porque quero estar bem-disposto amanhã, para quando encontrarmos Lucas.

    Daniel assentiu, mastigando com prazer a carne que ainda fumegava. Quando acabaram de comer, arrumaram seus sacos de dormir e se enrolaram neles. O sibilo do vento sobre a copa das árvores e o chacoalhar das águas do riacho ao atingirem as pedras, na opinião dos dois, deixavam o ambiente muito relaxante. Daniel foi o primeiro a dormir, deixando Nilton acompanhado do silêncio. Ele dedicou um pouco da noite para pensar nos próximos passos até que o cansaço venceu e ele adormeceu.

    Nilton não sabia dizer exatamente quanto tempo se passara, mas algo começou a incomodar seu sono. Carrancudo, abriu os olhos e começou a pensar no que poderia ser. Seu sono era extremamente leve, qualquer ruído o despertava, então procurou prestar atenção ao ambiente... O vento soprava suavemente e não havia sons de animais, além dos grilos, mas escutou o farfalhar de folhas em algum lugar não muito longe, destoando do padrão que se acostumara a ouvir. Poderia ser um animal noturno caçando, mas ele conhecia os vândalos da floresta e, para se prevenir, os dois dormiam junto com suas armas, porém era estranho... Geralmente aqueles marginais não se moviam além da Serra, que ficava na região norte da Ilha.

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