Capítulo 2 - Parte 6

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    Parte 6: O pergaminho


    Allan terminou de comer e se levantou.

    - Acho melhor começarmos logo os turnos de vigia. Quanto mais vocês dormirem, mais descansados estarão quando tiverem que vigiar. Eu começo, como combinamos.

    Todos assentiram e Allan foi ao lugar que tinha escolhido.

    Os outros entraram nas barracas. Eram barracas pequenas e só cabiam duas pessoas em cada. Foi decidido que irmãos dormiriam juntos e a terceira barraca ficaria com Roderick e Nabal. Algumas horas depois estava na hora de Nabal render Allan. O jovem acordou e dirigiu-se ao posto de observação. Allan estava alerta e notou a aproximação de Nabal.

    - Já está na hora?

    - Sim. – Confirmou Nabal.

- Não notei movimento significativo em lugar algum, mas fique de olho naquela direção. Foi pra lá que o Grupo 9 fugiu. – Apontou.

    Os dois inverteram os postos. Nabal ficou vigiando e Allan foi dormir.

    Nabal sentou-se e ficou alerta, observando. Ao longo do período de vigia foi ficando cansado e entediado. Ele pegou um graveto no chão e ficou girando-o entre polegar e o indicador para manter a mente trabalhando, espantando um pouco a vontade de dormir e também sem deixar de prestar atenção na mata. Toda vez que ouvia algo parava e olhava para o local de onde tinha vindo o barulho. Quando via que era ou um animal pequeno ou o vento, voltava a girar o graveto. Os movimentos dos animais noturnos também o ajudavam a manter o foco, já que estava se acostumando com seus movimentos habituais, que difeririam do movimento de algo maior, como os demais grupos espalhados por ai. Era uma situação tensa, se parasse para pensar.

    Mas não era isso que se passava na cabeça do jovem naquele momento. Na verdade, ele pensava em seus companheiros do Grupo 37. Eles foram muito compreensíveis quando entenderam sua situação. O jovem percebeu que os respeitava. Ele finalmente se sentia menos angustiado na presença de outras pessoas desde muito tempo. 13 anos, para ser exato. Meses atrás, o que o motivou a fazer aquele pacto tinha sido sua vontade de sobreviver ao treinamento com um pouco de esperança de fazer parte de algo. Agora, ele finalmente conseguiu compreender.

    - Nabal?

    Ele se assustou e incendiou acidentalmente o graveto. Praguejou silenciosamente e se virou, encontrando Emily.

    - Me desculpe, deveria ter me aproximado mais tranquilamente. – Desculpou-se sorrindo. Ela se ajoelhou ao lado de Nabal.

    - Não, não... Não precisa se desculpar. Acho que estava focado demais nas coisas à minha frente e acabei não percebendo você chegar. – Justificou.

    Ele deixou o graveto no chão e preparou para apagá-lo com algumas palmadas, mas Emily interrompeu-o segurando sua mão.

    - Não precisa fazer isso. Veja.

    A jovem apontou a palma da outra mão para o graveto e se concentrou um pouco. Ela foi fechando a mão e a chama ia se extinguindo junto com o movimento. Quando a mão de Emily se fechou, a chama desapareceu.

    - Incrível! – Disse Nabal impressionado.

    Emily não conteve uma risadinha.

    - A maioria das pessoas não sabe que podemos extinguir chamas. Apaga-las pode ser mais fácil do que parece.

    Ela olhou para o fino graveto.

    - Talvez não seja muito útil com coisas pequenas. – Deu de ombros, com um pouco de humor na voz.

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