Capítulo Final - Parte 11

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Parte 11: Culpado


    O campo de batalha foi completamente evacuado. Os dois exércitos recolheram os mortos e separaram os feridos para que fossem cuidados. Roldórnia recolheu todos para dentro do castelo abandonado por Eniac, enquanto Alao teve permissão para permanecer ao longo da planície só pelo tempo que determinassem o que seria da saúde dos prisioneiros libertados. Nenhuma outra tentativa de hostilidade era permitida, obviamente, mas Vebern fez questão de montar uma rígida vigia nos muros, só por garantia.

    Alao tratava da maioria dos feridos ali mesmo, no solo gramado do lugar, mas os prisioneiros receberam infraestrutura adicional, como barracas, cobertores e uma equipe de médicos e curandeiros altamente preparada. O Major Bahman, oficial responsável pelo Forte Gilmore foi chamado para trazer a relação dos soldados desaparecidos e suas fichas.

    Nabal e Allan esperavam do lado de fora da enorme barraca médica, aguardando notícias. Às vezes, ouviam os diálogos dos médicos que tratavam dos soldados em péssimas condições de saúde. Fazia dois dias que esperavam. Eventualmente, viam dois médicos saindo pelos fundos para chamar o Major Bahman para que ele fizesse o reconhecimento de mais um corpo segundo as fichas. A maioria estava num estado de desnutrição tão grande, que era difícil reconhece-lo só pelas descrições delas. Não restava nada além de leva-los de volta para então convocar as famílias, quando voltassem, para o reconhecimento direto. Em dois dias confirmaram cinco mortes. A cada morte, o coração dos dois saltava pela boca e seus nervos só se tranquilizavam quando entravam na barraca para ajudar no reconhecimento, mas notar que os quatro ainda estavam em tratamento. Da primeira vez que Allan pôs os olhos no irmão, o choque foi inevitável. Ele não tinha mais um dos braços. Os outros não estavam melhores. A cor era pálida, conseguia-se ver as costelas bem definidas, os rostos estavam esqueléticos e respiravam fracamente, de olhos fechados. Os curandeiros não podiam dar nenhuma certeza de que eles recobrariam a consciência, afinal, o trauma físico e mental era imensurável. Depois de cada susto, eram convidados e se retirarem da barraca e voltar a esperar do lado de fora. Era uma tortura.

    Os Mercenários foram convidados ao castelo, onde um banquete foi organizado para agradecer pelo auxílio para pôr fim ao conflito. Manoel e Oswald se apressaram em convidar Nabal, pois achavam que ele precisava abstrair um pouco daquela situação, mas o jovem recusou. Depois de tudo, o mínimo que poderia fazer era ficar junto de Allan esperando pelas notícias. Os dois mercenários apenas assentiram, desejaram sorte e deixaram o amigo onde ele queria estar. Se suas famílias estivessem naquele tipo de situação, também iriam querer estar junto deles. Então, sem insistir, foram para a festa. Eles foram muito bem recebidos.

    De onde estava, Nabal não poderia fazer ideia de como as coisas no castelo estavam indo. Ele apenas via algumas luzes das tochas dos vigias no muro e mais nada. Estava num estado tão tenso que não precisava de passatempos pra encarar a espera. Apenas ficava sentado ao pé de uma árvore enquanto via o movimento ao redor da barraca. Allan ainda saía de vez em quando para ajudar em algumas coisas no acampamento, o que o ajudava a se esquecer um pouco da situação, mas nada tão efetivo também.

    Era noite do terceiro dia de espera. Nabal dormia abaixo da árvore, como de costume. Não era muito fácil pegar no sono com tanta preocupação, mas o cansaço às vezes era muito e terminava vencendo. Allan acampava como os outros soldados, dormindo nas barracas compartilhadas.

    Ele foi abrindo os olhos vagarosamente, sentindo que alguém lhe tocava o ombro. Ele abriu os olhos e cobriu-os rapidamente, se protegendo da claridade da lamparina do homem que lhe acordou.

    - O senhor é o rapaz que salvou aqueles prisioneiros, correto? – Perguntou o homem.

    Nabal assentiu ainda sonolento.

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