Capítulo 2 - Parte Final

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    Parte final: Um novo lar

    Nabal foi bem recebido pelos mercenários, que se apresentaram como os líderes do grupo, porém dispensaram qualquer tipo de conversa no momento, ao invés disso, ofereceram-no um quarto na fortaleza para que pudesse descansar da viagem que fizera o que, para ele, estava ótimo. Ele foi guiado por um homem chamado Nigel até se seu quarto no segundo andar da fortaleza de pedra. Ele notou que muitas pessoas residiam no local e se cumprimentavam e brincavam uns com os outros como velhos conhecidos e essa atmosfera o animou de certa forma. Odiaria ter que lidar com um grupo fechado, mal encarado e metido, pois seu temperamento poderia muito bem arruinar seu disfarce.

    O quarto era simples, mas confortável. Só possuía o essencial, como a cama, algumas prateleiras, uma mesa de madeira com duas cadeiras e um armário do mesmo material. Sentou-se na cama e levou as mãos ao rosto. As imagens dos últimos dias em Alao ainda o assombravam e de novo sentia vontade de chorar, mas não conseguia derramar uma lágrima desde que fugiu. Sentia ódio pelo duque e de si próprio pois, apesar do que Allan conversara com ele, não conseguia deixar de se responsabilizar pelo ocorrido. Será que todos que amava estavam destinados a morrer? Obrigou-se a parar de pensar no assunto e deitou-se. Ele tinha que se adaptar ao local por hora, tentar descobrir algo para não parecer um estrangeiro. Tentaria se misturar, frequentando alguns lugares populares daquela vila e se informaria sobre a ilha. Com o cansaço vencendo, ele adormeceu, acordando várias vezes ao longo da noite pensando ter ouvido gritos. Acabou que quase não conseguiu descansar...

    Na manhã seguinte, ele acordou com mais energia e disposição. Assumiu que o treinamento o adaptou a dormir pouco e se recuperar muito, mas ainda estava tenso. Levantou-se, alongou os músculos e esfregou os olhos. Havia uma bacia com água em uma das prateleiras onde lavou o rosto. Logo, procurou por algum relógio sem esperança de encontra-lo, mas acima da porta tinha um. Aparentemente dormira mais do que imaginava. Pôs-se de pé e foi sair do quarto quando viu um envelope no chão, embaixo da porta. Dentro dele, havia dois papéis: Um deles era uma carta, que escolheu para ler primeiro.

    "Bem vindo ao Grupo de Mercenários da Ilha do Norte, ou Mercenários do Norte, como é mais comumente chamado. Anexamos um mapa no mesmo envelope para que você possa se familiarizar com o lugar. Dentro de alguns dias, nossos líderes o procurarão para discutir sua situação. Não notamos nenhuma bagagem com você, então tomamos a liberdade de preparar mudas novas de roupa sem que haja necessidade de que você pague por elas, afinal, somos gratos por ter decidido nos ajudar. Sinta-se a vontade por aqui. Todos os membros do grupo estão à sua disposição se quiser mais informações sobre algo que não tenha compreendido. Agradecemos mais uma vez que tenha escolhido nos ajudar contra Balgor e prometemos que não irá se arrepender. 

C.A.S. – Central de Administração e Segurança"

    Nabal não entendeu aquela dinâmica muito bem e não fazia ideia de quem era "Balgor", mas resolveu ignorar por hora já que tinha prioridades. Checou o mapa: era bem desenhado e cheio de detalhes. Logo os campos de treinamento chamaram sua atenção, mas seu estômago rugindo de fome foi agraciado com a visão da área de refeições. Ela ocupava quase todo o primeiro andar. Vendo que ainda trajava a capa, retirou-a e abriu a porta. Uma trouxa de roupa estava do lado de fora, e ele achou melhor trocar-se antes de sair.

    Quando chegou a área de refeições, várias pessoas já se encontravam sentadas às mesas. Elas eram bem largas e no lugar das cadeiras, longos bancos eram posicionados em suas laterais compridas, dando espaço para umas cinco pessoas sentarem de cada lado. Notou aberturas em duas paredes laterais com mais ou menos um metro de altura por cinco de comprimento parecendo janelas. Uma espiada por elas de sua mesa fez com que visse várias mulheres e alguns homens trabalhando em panelas e retirando temperos e carnes variados de armazéns. Aparentemente, era ali a cozinha e a abertura, por onde serviam os pratos. Engenhoso, em sua opinião. Em alguns minutos, o lugar começou a encher e filas foram formadas. Rapidamente, ele entrou em uma delas e pegou seu prato. O prato do dia era porco assado com batatas coradas, arroz, feijão e algumas verduras. Praticamente uma bênção para quem comera ração, carne seca e pão duro por cinco meses seguidos. Sentou-se em sua mesa e começou a comer.

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